Tapera



 ... O por do sol laranja cobre a tapera, e o campo alagado  que outrora  fora bebido pelo gado...

O vento minuano açoita o velho casebre, a ruína do galpão enchia de tristeza até o mais rude peão, só silêncio no lugar do latir da cuscada , antes havia a fumaça persistente do fogão que devorava a lenha.

Era tudo harmonia nos braços de quem a casa se sustentava, o suor que pintava o casarão de branco, com cercas vivas de flores madresilvas.

Hoje sopra baixinho a ventania, parece ter respeito pela vida que existia na tapera, tão rude, lascava as mais belas lembranças, da matiada da aurora, até o final da lida das tardes de inverno que refuscas de noites de prata.

.... Chega o negrume e mancha a visão da tapera, que se encolhe, e o velho casebre se desfaz na escuridão, as lembranças da vida que ali existiu, como um quadro negro que se apaga, e só a noite corcoveia com seus pontos cintilantes, cavalga na história de mais um dia.

 Patrícia F Gouterres.                             

         

 


Autor: Patricia Fontela Gouterres


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