Operário



OPERÁRIO

 

Nas madrugadas nuas

Vestem-se as ruas

De donos sem nome

Correndo da fome

São apenas homens

Rogando salários

Que como operários

No trabalho somem

É  João! É  José!

Empunhado a colher

Nutrido de fé

Constrói o que der

Não é o que quer

Mas quer o seu dono

Dos altos vitrais

Vislumbram a paz

Sonhadores que são

 Mas com o pé no chão

O sonho fenece

A esperança lhe esquece

   Sobram-lhes as mãos

Com a obra acabada

Lustrada a fachada

Pra que serve João?

José nem se fala!

Carrega num saco

A sua  profissão

De volta ao barraco

Ficou  para traz

Palácio e vitrais

E a doce ilusão

O prédio lustrado

É hoje morado

Por dono e patrão

Já é outro dia

Acorda Maria

Chamando o João

José já espera

Em  frente a tapera

Com o seu matolão

Com seus utensílios

Beijo nos os filhos

Da  mulher beija a mão

Partem para a lida

Teimando coa vida

Em busca do pão


Autor: FRANCISCO SOBREIRA


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