Desmemoriando



A cultura imaterial é um conceito usado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, para classificar o tipo da cultura considerada patrimônio imaterial que abrange todas as formas tradicionais e populares de cultura, que são transmitidas através da fala ou através de gestos.  É a preservação da cultura, é a preservação do conhecimento através da palavra.  Podemos dizer que é a história viva, guardada na memória e passada de geração a geração. Convém ressaltar aqui a importância da fidelidade na oralidade, o cuidado para que não aconteça o equívoco.

Hoje, porém, podemos observar a mudança radical que está acontecendo com o avanço da tecnologia, a memória começa a entrar em declínio. Ao mesmo tempo em que existe um excesso de informação, nós não precisamos mais armazenar em nossa memória tudo o que recebemos. Eis aí a nossa nova memória: A internet. Com um simples clic, nós ativamos e trazemos para a tela, que agora também é a substituta da nossa imaginação, àquele conhecimento guardado. São novos tempos. Tempos de esvaziamento da nossa memória. Porém, nossa mente não foi feita para desmemoriar. E é aqui que entra novamente o valor do conhecimento guardado na memória. Não podemos aceitar que, se houver um apagão no sistema de informática, a nossa memória também esteja esvaziada.

A leitura é o modo mais eficaz de manter ativa a nossa memória, e, assim sendo, estarmos adquirindo conhecimento.

Lembro de uma frase que minha mãe sempre dizia: _ Saber não ocupa lugar.  É um ditado popular, porém, na simplicidade da frase, podemos observar que, independente do tipo do conhecimento, a sua importância sempre foi notada. Não podemos dizer que conhecemos algo, sem que por primeiro, nossa memória tenha arquivado esse conhecimento. No momento em que estou lendo sobre algo, a minha memória começa a trabalhar, começa a assimilar, usando minha imaginação, que, nesse momento, já está percorrendo vários lugares, está viajando em alta velocidade em busca de algo que pela razão, e através dos conceitos pré determinados, me traga um novo conhecimento.

A nossa memória, precisa estar sempre ativa, pois sem ela, não temos referencial. Ela é a nossa fonte de dados. A tecnologia deve ser usada em nosso benefício, como um auxiliar, como um aliado, e nunca como algo que veio para atrofiar a nossa memória, para desmemoriá-la, pois o ato de pensar, de raciocinar, de expandir é o que nos diferencia de outros seres vivos, é o que nos torna humanos. Sem nada na memória não temos referencial, e sem referencial não temos história. Portanto, sem referencial e sem história, não somos não existimos.

(Edi Mail Bohrer - Licenciada em Filosofia, Sociologia e Psicologia e Pós-graduada em Práticas Pedagógicas Multidisciplinares.)

Autor: Edi Mail Bohrer


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