Quanto vale ou é por quilo



QUANTO vale ou é por quilo? Direção: Sérgio Bianchi. Produção: Paulo Galvão. Roteiro: Sérgio Bianchi, Eduardo Benaim, Newton Canitto. Intérpretes: Ana Carbatti, Herson Capri, Cláudia Mello, Caco Ciocler, Ana Lúcia Torres e outros. [S.I]: RIOFILME, Petrobras e Agravo Produções, 2005. Cor (107 min). Site oficial disponível em: http://www.quantovaleoueporquilo.com.br/ 

Resenha: 

O filme, Quanto Vale ou É Por Quilo?, faz uma analogia entre a época da escravidão e atualidade através de um paralelo entre o antigo trabalho escravo e a exploração da miséria, o filme começa como uma narrativa histórica clássica, em pleno Brasil Colônia. Na cena de abertura do filme, o cineasta Sérgio Bianchi nos remete a um episódio envolvendo uma negra forra, e o rapto de seu escravo por um proprietário branco.  Ao tentar fazer valer um direito seu que fora desrespeitado, a ex-escrava segue os Capitães-do-mato, munida dos papéis que lhe asseguram a posse de seu escravo, legalmente adquirido, entretanto o que consegue é ser condenado por perturbar a ordem. A questão de valores é colocada logo no inicio do filme uma negra que já sofreu com a escravidão briga por um escravo seu, ou seja, e ainda não tem direito nenhum ao bater de frente com um branco, essa sociedade escravocrata que é a base da sociedade atual o ser humano é tido como produto, pois no passado os escravos e atualmente a miséria.

Questões que aparentemente ficaram para trás vem à tona com força total no filme, tais como: a luta pelos direitos democráticos, a discriminação contra negros e pobres, o desrespeito, a lavagem de dinheiro através de projetos sociais, a corrupção, o superfaturamento, empresas fantasmas entre outros. O que mudou foi a roupagem, o opressor é o mesmo, a exploração da miserabilidade humana fica clara a todo instante, o pobre, preto e favelado são explorado das mais diversas formas, em uma das passagens uma “negra” criada como alguém da família é usada para quitar uma dívida.

A exploração da pobreza é disfarçada em atos de solidariedade das Organizações Não Governamentais – ONGS, que demarcam seu território e escolhem seus produtos de exploração.

Outro fator que deve ser observado com um olhar critico é o sistema prisional brasileiro que é comparado pelo personagem do ator Lazáro Ramos a um navio negreiro com a diferença de não saber até quanto tempo ficarão no mesmo, celas lotadas que nunca irão servir para inserir novamente seus ocupantes para um contexto social, novamente traçando um paralelo entre a época da escravidão onde o mesmo personagem de Lazáro Ramos diz que e somente o importante é:  “O que vale é ter liberdade para consumir”, a todo instante o ser humano é tido como mercadoria e somente importa o seu valor no mercado, quanto mais miserável, melhor para ser explorado.

O preso se sente injustiçado a todo instante e também quer receber uma fatia do bolo assim achando que haverá um ajuste de conta com a sociedade e a reparação de tanta injustiça surge o seqüestro com requinte de violência, onde o seqüestrador mutila sua vitima, pois quanto mais chocar mais rápido chegará a seus objetivos, uma momento no filme que pode estarrecer muito, porém se vermos pelo lado “olho por olho, dente por dente”, os empresários que exploram a miséria humana também mutilam a todo instante as sua “vítimas”, uma mutilação sutil, disfarçada, mas uma mutilação da dignidade e dos direitos humanos.

A protagonista que a todo o momento tem lapsos a época da escravidão e enxerga os seus como escravo, está inserida dentro de um contexto onde primeiramente uma escrava que foge grávida e seu algoz um capitão-do-mato a recaptura entregando ao seu dono mesmo relutando para não voltar  pois tinha consciência que seria castigada não consegue convencer o capitão pois para ele a mesma é apenas moeda de troca onde poderá sustentar os seus capturar os negras era o que faziam e a única alternativa que tinha para ganhar dinheiro ao trazer para a época atual é retratado um jovem que casa e com a mulher grávida se encontra desempregado e morando de favor na casa da tia da esposa que o trata mal a tooo instante pois o mesmo deixa de ser interessante a partir do momento que perde a condição de empregado pois o ser humano é o que tem, para sustentar sua família e sair da condição de excluído o jovem vira um “matador de aluguel”, sua moeda de troca passa ser a vida de miseráveis como ele.

O que fazer diante de tanta injustiça, de tanta violação, denunciar? É o que tenta fazer a protagonista, primeiramente conversando com uma amiga que sabe de tudo porém é funcionária da ONG e defendendo o seu quinhão não acha certo ainda critica amiga pois está pensando no coletivo, mas o jogo vira e ao ser demitida é a primeira a querer “justiça”, porém ao tentar fazer com que as falcatruas venham a tona o que ganha é o castigo, pois pobre, preto e miserável tem mais é que se conformar com sua condição o mesmo jovem pertencente ao mesmo contexto social pode cir a virar  o algoz ou não da protagonista, pois uma das coisa intrigantes é justamente os finais, pois o diretor nos brinda com dois finais onde primeiramente o matador faz seu serviço e chega em casa com a recompensa do seu ato deixando todos no seu contexto familiar feliz sem nem sequer questionar de onde vem o dinheiro e um segundo final onde sucumbida por todo o contexto ao qual foi inserida fica uma interrogação acerca do que realmente acontece pois se o problema é dinheiro a solução proposta por Ermerinda é seqüestrar aqueles que a querem vem morta e todos os outros que usam da miséria do ser humano para tirar vantagem, ao fazer isso será que a mesma está realmente fazendo justiça ou se igualando a seus algoz? Seja qual for a resposta ao terminar de assistir o filme Quanto vale ou é por quilo? Valores deverão ser revisto, questionamentos levantados e uma certeza “você é o que você tem”, pois as épocas mudam mas os problemas continuam os mesmo.

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Autor: Dilmara Gomes Dos Santos Passos


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