Os paradigmas da educação superior



BEHRENS, Marilda Aparecida. DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA NUM PARADIGMA DA COMPLEXIDADE: Possibilidades de formação continuada no stricto sensu. 

Marilda Aparecida Behrens, professora do Mestrado e Doutorado em Educação e do Curso de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Curitiba, PR – Brasil. 

A presente obra trata-se de um artigo que relata um dos processos de intervenção do Grupo Paradigmas Educacionais e Formação de Professor (PEFOP) que, por meio de pesquisa-ação, focaliza uma proposta de formação pedagógica continuada dos professores que frequentaram a disciplina de “Paradigmas educacionais na pratica pedagógica”, no Mestrado e Doutorado, no stricto sensu do Programa de pós-graduação em Educação (PPGE), Da pontifícia Universidade Católica em Educação do Paraná (PUCPR). O Grupo PEFOR atua na Linha de Pesquisa “Teoria e Pratica pedagógica na formação de professores”.

A pesquisa foi desenvolvida pelo grupo “Paradigma Educacionais na Prática Pedagógica” (PEFOR) e focalizou as contribuições para a qualificação da docência na Educação Superior, tornando como objeto de estudo a “Prática Pedagógica dos Professores Universitários”.

Os Participantes da pesquisa (Professores que foram contemplados pela pesquisa) advém de varias áreas de conhecimento, e neste universo representado no relato, foram envolvidos 39 participantes das ciências humanas, 21 participantes das ciências biológicas e da saúde, 21 participantes das ciências exatas e tecnológicas, 11 participantes das ciências jurídicas e sociais e 6 participantes das ciências agrárias.

O envolvimento para participar na pesquisa-ação é feito por meio do convite e se realiza desde o início da disciplina. Os professores são consultados e podem, com liberdade, não aceitar participar da pesquisa.

Para elaboração do artigo, a autora fundamentou-se em diversos teóricos como Assmenn (1998), segundo o qual não há paradigma permanente, pois ele são historicamente multáveis, relativos e naturalmente seletivos. Assim, com a evolução da humanidade, modificam-se os valores, as crenças, os conceitos e as ideias acerca da realidade. Conforme o mesmo pensamento, os paradigmas não se anulam linearmente, mas se entrelaçam e invadem o pensamento da sociedade científica e tomam força por um determinado tempo histórico.

Outro teórico que fundamentou o trabalho foi Behrens (20000), que afirma que o paradigma Newtoniano-Cartesiano agregou à ação docente uma visão reducionista linear de ensinar e de aprender. Ainda afirma que o paradigma Newtoniano-Cartesiano está muito presente na docência de muitos professores universitários que caracterizou a pratica pedagógica assentada em atividades que envolvem ações como escute, leia, decore e repita, isto é, os processos de memorização e repetição tornaram-se o foco essencial da docência.

O artigo em analise restringiu-se a descrever uma das ações desenvolvidas pelo o grupo PEFOP, ou seja, a proposição da vivência na disciplina “Paradigmas Educacionais na Pratica Pedagógica”, mediada pela docente e coordenadora do grupo, num processo que agrega os professores universitários e tem sido um fórum permanente de discussão dos pesquisadores e dos alunos participantes. O processo investigativo da pesquisa realizada pelo Grupo PERFOP teve sete fases, cuja primeira trata da discussão e proposição da disciplina pelo grupo, para tanto, começam discutindo e avaliando o contrato didático elaborado pela professora com: ementa , problematização, objetivos, contextualização, programação temática, metodologia e procedimentos, recursos, indicação de leituras e avaliação.

Na segunda fase da pesquisa, os participantes tomam por base uma proposta de ementa que pode ser reformulada de acordo com as ideias dos mestrandos e doutorandos. O acolhimento das sugestões dos docentes participantes do processo gera a cada ano a construção da proposta refletida na ementa da disciplina, que, em geral, tem apresentado temas como: paradigmas educacionais: conservadores e inovadores. O paradigma Newtoniano-Cartesiano e as abordagens conservadoras que visam a reprodução do conhecimento: tradicional, escolanovista e tecnicista. A superação do paradigma Newtoniano-Cartesiano e a ruptura do paradigma Cartesiano e a busca do paradigma da complexidade na ação docente, entre outros.

A questão da problematização foi enfatizada já numa terceira fase do caminho investigativo. Problematização esta, que foi composta e discutida com o grupo e com os alunos no inicio de cada processo. Desse modo, observa-se que ao longo dos cinco anos de pesquisa-ação, a problematização tem se apresentado em torno da mesma temática, ou seja, o desafio de construir uma docência relevante, pois a maioria dos professores universitários tem proposto uma prática pedagógica assentada em um paradigma conservador baseado no pensamento Newtoniano-Cartesiano. Como a problemática é complexa, ela é tratada também na quarta fase.

Discute-se, na quinta fase, a relevância da proposta / disciplina e neste momento auxilia os alunos a entender a importância do processo da formação continuada no stricto sensu para a formação pedagógica. Essa discussão sempre focalizou os participantes e gerou o entendimento de um compromisso com a busca de uma docência universitária inovadora.

  A partir da proposição da contextualização permite dar uma visão geral das temáticas que precisam ser desenvolvidas na disciplina. Assim, na sexta fase, os participantes tomam conhecimento desde o início dos referenciais teóricos que compõem o processo temático.

A metodologia e procedimentos também foram propostos para discussão na sétima fase da investigação junto com os alunos participantes. A metodologia contempla a análise e discussão crítica dos paradigmas pedagógicos brasileiros conservadores e a sua influência no processo educacional e na docência focalizada na reprodução do conhecimento. 

O método de avaliação utilizado pelo grupo foi o processo avaliativo contínuo em que se levou em consideração diversos critérios como: presença; pontualidade e participação nos encontros;investigação na rede de informação e na literatura sobre a temática proposta; leituras criticas realizadas com anotações e comentários; produção de síntese individual e coletiva em quadros sinópticos dos referenciais dos paradigmas conservadores e inovadores, etc.

Ao final do processo, o grupo pesquisador pode constatar que a grande maioria dos processos envolvidos aponta nos relatos sobre o processo investigativo que as dificuldades que enfrentam na docência estão muito atreladas à falta de formação pedagógica.

Ademais, a problemática que acompanha grande parte dos professores que atuam na universidade é que, apesar de estarem insatisfeitos com a metodologia aplicada nas aulas, não sabem como inovar, não sabem como reconstruir sua prática pedagógica. 

Por: Feliciano Araújo Rodrigues      

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