Política x liberdade!



POLÍTICA X LIBERDADE!

Professor Me. Ciro José Toaldo

Muitas vezes procuro refletir a respeito da máxima que desde criança ouço: “em terra de cego quem tem um olho é rei”. Em ano de eleição é muito oportuno fazer essa reflexão com um grande público. Aprofundando essa questão, lembro que no último feriado, 21 de abril, muitos brasileiros foram para as ruas protestar contra a corrupção e as falcatruas existentes no meio político; esses protestos demonstram o quanto é importante fazer a relação entre a política e liberdade, pois ainda convivemos com politiqueiros, na verdade “coronéis” que conseguem impor ao povo sua doutrina e tudo fazem de forma “paternalista” para a população bater palmas a eles, com a finalidade de se perpetuarem no poder e dele tirar proveito próprio (quantos fazem da política sua forma de ganhar a vida!).

Por essas razões é oportuno, nesse ano eleitoral, refletir a respeito no valor da liberdade, principalmente relacionada com a política. Infelizmente continuamos tendo pessoas perseguidas e mortas pelo fato de exercer a liberdade de expressão, isso existe desde o tempo do Brasil Colonial. Cito o exemplo de Joaquim José da Silva Xavier – Tiradentes – cujo feriado foi em sua memória no último sábado, ele foi um dos casos que teve morte brutal em 21 de abril de 1792 pelo fato de acreditar na liberdade e se colocar contra a política vigente na época.

A política em nosso país é algo impressionante e, o caso de Tiradentes é atualíssimo, pois os historiadores comprovam que ele foi o mártir da liberdade política brasileira, era um herói popular, mas de memória proibida, tanto no Rio de Janeiro como em Minas Gerais, logo após sua execução em 1792. A ‘sabedoria’ dos que desejam se perpetuar no poder redescobriu Tiradentes em 1889, muito tempo após sua morte, quando queriam a República (pela qual Tiradentes morreu) e passaram a considerá-lo herói nacional. Que barbaridade essa forma de fazer a ‘política’ em nosso país, conforme o interesse da elite política se é bandido ou herói. Fico imaginam como os professores em nossas escolas, especialmente da Educação Básica transmitem aos alunos esse dimensão de Tiradentes (se que o fazem) e de seu grande ideal de liberdade pela política brasileira, não esquecendo que a historiografia oficial, aliada aos interesses de muitos políticos, consegue desvirtuar esse mito do ideal da liberdade política.

Contudo, precisamos terá coragem e desmistificar essa historiografia oficial que não é comprometida com todos os seguimentos sociais. É preciso lembrar-se da escritora Cecília Meireles que em seus romances demonstra a saga dos Inconfidentes Mineiros e luta pela liberdade; do historiador Francisco Iglesias que destaca a generosidade e o símbolo do homem livre; do compositor Fernando Brant que rememora o corpo espalhado em quatro cantos alimentando a vida e esperança de um povo; do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho afirmando que o sonho de liberdade de um mártir não morre, mesmo quando esquartejado e, também lembrar o romancista, Otto Lara Resende que cita um rapaz meio maluco e sonhador, acendedor de uma chama que não pode se apagar e que sua utopia é atualíssima, cabe numa palavra: liberdade.

 

Caros leitores, a verdadeira e legitima política (que nunca deve ser confundida com politicagem – a que mais temos no Brasil) precisa ser mais difundida, pois convivemos com péssimos exemplos de coronéis desejosos em se perpetuar no poder e continuar perseguindo quem luta e sonha com a liberdade. Não vamos deixar que a memória e saga de Tiradentes e de tantos outros que se indignaram pela falta de liberdade, tome conta dessa nação. Triste mesmo é um povo sem memória e que não se indigna e não reivindica a chama desse grande aprendizado: política sem liberdade não combina.

 

 Pensem nisso e até o próximo.

 

Obs: Membro da Associação dos Poetas e Escritores de Naviraí MS.

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Autor: Ciro Toaldo


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