Pré campanha eleitoral começa com gafes de candidatos



Como em todo período eleitoral, os candidatos a cargos eletivos aparecem mais e correm mais riscos de se expor a gafes. As tropeçadas ou deslizes tornam-se um ‘pano pra manga’ para adversários e também para a imprensa.

Na sabatina a que foi submetido nesta quarta-feira (25/04/2012) pelos jornalistas do SBT e do Portal Terra, o pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, deixou claro que não sabia o endereço da Prefeitura da capital. Perguntado sobre o endereço para o qual enviaria uma carta ao Prefeito da cidade, o representante do PT apresentou a informação pela metade. Ele respondeu “Fica no Vale do Anhangabaú”. Com esse endereço incompleto, com certeza o carteiro não conseguiria entregar carta alguma.

Mas o efeito da resposta não satisfatória ao autor da pergunta, o jornalista Rodolpho Gamberini e aos telespectadores e internautas que acompanharam a entrevista ao vivo, foi minimizado pelo complemento feito por Haddad. Ao perceber que se enroscaria com uma questão tão simples, usou de um artifício salvador. Ele inseriu um ‘aliás’ no meio da frase e virou a página de forma espetacular .
Na tentativa de finalizar a insistência do jornalista na questão que revelaria sua falta de conhecimento sobre o endereço do local onde pretende trabalhar, Fernando Haddad lembrou a história do prédio onde funciona a administração central da cidade. O não-verbal de Gamberini mostrou descontentamento e, para encerrar o assunto, acabou informando ao pretenso prefeito so endereço da Prefeitura.

De alvo a atirador

No mês passado, Haddad ironizou o concorrente José Serra sobre uma gafe cometida também num programa de entrevistas. Entrevistado por Bóris Casoy, da Band, o pré-candidato do PSDB trocou o nome oficial do país e, ao invés de dizer República Federativa do Brasil, afirmou – em tom didático - que o nome é Estados Unidos do Brasil. Imediatamente após ter sido advertido pelo apresentador, Serra retrucou: “Mudou?”. A intervenção deixa dúvidas sobre a gafe: foi falta de conhecimento ou simples confusão?

Além do não saber ou se confundir, outro ato inimigo pode pegar de surpresa qualquer porta-voz que, em público, se apresenta ou defende uma causa: o esquecimento. Vítima desse lapso o governador do estado americano do Texas, Rick Perry, se esqueceu de uma das medidas que apresentava para cortar três agências federais, caso fosse eleito. Diante das câmeras num debate entre possíveis adversários do presidente americano, Barack Obama, em novembro do ano passado, ele listou: "Comércio, educação e qual é mesmo a terceira?”. O apresentador provocou, mas ele acabou confessando a falha e respondeu: "Não consigo, não consigo, me desculpe”.

Candidato: aprenda como evitar gafes

Errar é humano e qualquer um pode ser perdoado por um equívoco, menos quem está numa disputa, e se expõe constantemente diante de jornalistas e eleitores. A tacada tem que ser certeira, por isso um candidato a Prefeito não pode estar despreparado para uma entrevista ou debate.

Para tentar evitar essas ‘mancadas’ que alimentam programas humorísticos e ajudam a tirar o foco da campanha, é bom ficar de olho em alguns comportamentos que podem ser decisivos:

- Pedir desculpas é o ato mais humilde e sereno que alguém pode escolher ao perceber que ficou impossível se sair bem de uma situação de constrangimento.

- Ironizar a vítima da gafe é o mesmo que dar risada quando alguém escorrega na rua e cai de cara no chão. O que hoje pode ser vantagem, amanhã muda de lugar e, de atirador, você passa a ser o alvo. Diz o ditado que o ‘tiro sai pela culatra’.

- O candidato a cargo eletivo tem que estudar, conhecer os temas que cercam a administração pública, sua cidade, o trabalho dos antigos prefeitos e ter domínio dos principais assuntos locais, do país e também os do mundo. É imperdoável que um pretenso Prefeito não conheça a realidade. E não basta só ser abastecido pela assessoria, a iniciativa de conhecer e se aprofundar tem que ser do próprio porta-voz.

- Concentração é o que define. Se durante uma resposta, o candidato se dispersa por qualquer motivo, a fluidez do discurso pode ficar comprometida. Neste momento, esquecimento ou a troca de palavras e expressões podem aparecer e colocar o porta-voz numa situação constrangedora.

- A capacidade de memorização é outro aliado de quem enfrenta variadas sabatinas, principalmente no período eleitoral. Fazer associações de nomes; atribuir símbolos, gráficos, desenhos e até músicas para relacionar um assunto a outro e criar rimas (como na época do cursinho pré-vestibular) podem ser estratégias para organizar tanto conhecimento acumulado, que deve quase sempre ser apresentado de forma objetiva e clara.

- Ser capaz de dar volta por cima é outra atitude perspicaz exigida a um porta-voz. Encarar a falha com muita rigidez pode dar a ideia de alguém que ‘não dá o braço a torcer’. Algumas vezes é permitido levar na brincadeira, como fez o pré-candidato Fernando Haddad. Sem admitir explicitamente que não sabia o endereço da Prefeitura de São Paulo, ele disse: “Eu chego lá” e riu. Entretanto para ser capaz de tirar de letra uma situação como essa é preciso criar um clima amistoso. Um candidato que entra sisudo num debate, é formal demais e ataca mesmo sem ser provocado, pode ter a chamada visibilidade invertida e, ao invés de ganhar destaque pelo lado positivo acaba provocando crises de imagem.

- O uso de conectivos de comentário disfarça erros, esquecimentos ou troca de informação. Refiro-me a termos como aliás, inclusive, e outros advérbios como pelo contrário e na verdade. Só não vale repeti-los a toda hora para que não se transformem em muletas linguísticas que aparecem desnecessariamente no discurso como se fossem um apoio ao orador. Essas palavrinhas mágicas que podem mudar totalmente o rumo do seu discurso servem para destacar algo positivo e até reforçar uma colocação negativa.

As dicas aqui apresentadas não se esgotam, porque a cada dia aprendemos mais com as gafes incessantes que recheiam as páginas dos jornais e inspiram o bom humor dos artistas.


Autor: Aurea Regina De Sá


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