Primeiro de maio x trabalhador



PRIMEIRO DE MAIO X TRABALHADOR

 

O primeiro de maio nasceu dentro de um contexto que nesse pequeno espaço não há como escrever toda a sua história; mas sempre é bom lembrar de um defensor da classe operária, Karl Marx que na Inglaterra, em 1866 fundou a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), como seqüela da Revolução Industrial; entretanto, o primeiro de maio se relaciona com a proposta dos trabalhadores organizados na AIT, em Chicago (EUA), onde começa a luta, em 01/05/1886, por 8 horas de trabalho/dia. Pelo fato daqueles operários terem cruzados os braços, a repressão foi violenta: a polícia entrou em choque com os grevistas, deixando nove mortos. Em 04/05/1886, num ato público contra a repressão policial em Chicago, 15 mil trabalhadores se reunem, 80 são assassinados e mais de 100 ficaram feridos. Apesar das repressões, a partir de 1890 as manifestações de primeiro de maio ganharam força nos EUA, Europa e mundo, ganha ênfase o movimento pela jornada de 8 horas de trabalho/dia, fazendo de primeiro de maio data mundial de mobilização.

No Brasil, essa data é comemorada desde 1894, mas que tornou-se feriado nacional por decreto do ex-presidente Arthur Bernardes em1925. Ajornada de 8 horas de trabalho, incorporou-se na legislação por Getúlio Vargas na década de 1930 que também regulamentou o direito às férias e aposentadoria, promulgando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A atitude de Vargas, não deve ser entendida como ajuda do ‘pai dos pobre’, ela reflete às reivindicações dos operários desde 1910. Além disso, as industrias já davam esses benefícios a essa altura dos acontecimentos. A Constituição de 1988, incorporou as férias remuneradas, o 13º salário, a multa de 40% sobre o fundo de garantia em caso de demissão, licença maternidade, entre outros ‘benefícios’ conhecidos hoje.

Atualmente, com a adoção das políticas neoliberais dos últimos governos e com as novas propostas de ‘flexibilização’ das relações de trabalho, os trabalhadores perdem direitos conquistados após longa mobilização. Hoje quem têm carteira assinada é privilegiado, mas muitas vezes essa carteira assinada não garante cumprimento de direitos constitucionais; imaginem como deve ser a vida de milhões de brasileiros que não têm a carteira de trabalho devidamente assinada?

 Vivemos no tempo dos que tem trabalho com registro ou sem registro se sentem relegados ao segundo plano, pois as grandes centrais sindicais, infelizmente, transformaram-se em redutos burocráticos, com vistas apenas aos seus próprios interesses. Sinto-me e, creio que muitos também sentem, que vivemos como na Roma Antiga, na base da política do pão e circo, pois não bastasse as centrais sindicais, o governo também ludibria com suas tolas propagandas que vão dando força as centrais sindicais. Elas continuam fazendo do ‘primeiro de maio’ uma data de shows e sorteios milionários. Isso é vergonhoso e, demonstra que as políticas institucionais são ineficazes e não avançam nas conquistas de direitos.

Caro leitor, você que é trabalhador, assim como esse que vos escreve, não se deixe iludir, busque refletir a respeito de qual é o sentido do primeiro de maio e inspire-se na memória de tantos que lutaram e reivindicaram pelos direitos trabalhistas. Esse não é momento de cruzar os braços, pois todos devem ter vida digna obtida pelo seu trabalho. Participe das decisões, exerça sua libedade e expresse sua  indignação. Não deixe que a demagogia e falsidade desse ano de eleição tome conta do mundo do trabalho. Nunca esqueça que precisamos rememorar tantos que lutaram e lutam, por isso precisamos resgatar o sentido do primeiro de maio.

 

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Autor: Ciro Toaldo


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