Comunicação no setor público: A eficácia das ferramentas de comunicação interna para o cumprimento do acordo de resultados na visão dos servidores da SETOP



1. INTRODUÇÃO

                       Este trabalho tem como proposta investigar o papel  da comunicação no âmbito das organizações públicas.

A partir da década de 1990, o mundo vivencia um cenário de profundas transformações. O desenvolvimento acelerado das tecnologias de informação e comunicação significou em mudanças estruturais na sociedade, nas políticas econômicas e culturais (Batista, 2007).

Atualmente, a comunicação organizacional tem sido considerada uma ferramenta importante para o crescimento de uma organização, tendo como escopo principal informar e motivar seus colaboradores, dos diferentes níveis hierárquicos, transmitindo informações com clareza e objetividade, assim colaborando para o cumprimento de metas.

Nas organizações, que podem ser definidas como “ambiente onde pessoas trabalham coletivamente, realizando ações para atingir metas, cumprindo objetivos comuns” (Houaiss, 2004, p. 535), notou-se que, a partir deste desenvolvimento acelerado, a informação assumiu um papel de recurso estratégico que impulsionou a aprendizagem organizacional, ampliando a competitividade das organizações (Batista, 2007).

Quanto às organizações públicas, a informação é considerada um recurso essencial e decisivo na determinação da conclusão de ações, sendo fundamental para reestruturações administrativas, melhoria na prestação de serviços, necessitando também de gerenciamento (Batista, 2007).

Para nortear este trabalho, será utilizado como objeto empírico a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas do Estado de Minas Gerais (SETOP). A SETOP é considerada uma das secretarias de destaque dentre aquelas que compõem o governo mineiro, dada a especificidade de suas atribuições e aliada à demanda crescente por novos investimentos em infra-estrutura das diversas regiões do Estado.

A SETOP é um órgão da administração direta responsável pelo transporte e pelas obras públicas no Estado de Minas Gerais e sua missão é formular e implementar soluções integradas de transportes e obras para garantir a mobilidade e acessibilidade de bens e pessoas e a realização das políticas públicas do Estado de Minas Gerais.

A Secretaria advém de várias reestruturações realizadas pelo Estado de Minas Gerais, após a constituição da Administração Estadual ocorrida na primeira reunião do Congresso em Ouro Preto, que culminou na elaboração da Lei nº 6, de 16 de outubro de 1891, por meio da qual foram criadas as Secretarias do Interior, de Finanças e da Agricultura, Comércio e Obras Públicas.

Devido à necessidade de adequação dos órgãos públicos à demanda da população, foi preciso fazer mudanças administrativas, tendo sido a Secretaria reestruturada várias vezes. As reformas feitas se traduzem na própria denominação da Secretaria, que também sofreu alterações ao longo do tempo, acompanhando a reestruturação que lhe fora imposta. Atualmente, é regida pela Lei nº 14.354 de 17/08/2002, que reorganiza a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas e por meio da Lei Delegada nº 128 de 25/01/2007 que dispõe sobre a estrutura orgânica da Secretaria e regulamentada pelo Decreto nº 44.608/2007 que trata da organização da Secretaria, e por meio do organograma que mostra a divisão de departamentos da SETOP, de acordo com o anexo 1 deste trabalho. As competências da SETOP são descritas no anexo 2 deste trabalho.

Interessa-nos particularmente analisar como a comunicação dentro do setor público pode contribuir ou não para a implementação do Acordo de Resultados[1] de 1ª etapa da SETOP.

O Acordo de Resultados de 1ª etapa, celebrado entre o Governo do Estado de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas de Minas Gerais (SETOP), foi pactuado em junho de 2007, estabelece objetivos e prazos para o cumprimento das prioridades da Administração Pública, divide-se por unidades admistrativas, identificadas como essenciais para contribuir com a visão do Governo de “Tornar Minas o melhor estado para se viver”. Após a assinatura da primeira etapa do Acordo, o trabalho dos servidores vem sendo orientado de forma alinhada aos objetivos definidos pelo Estado, visando alcançar metas que serão percebidas pelos cidadãos.

O Acordo de Resultados é composto por quatro áreas distintas: Resultados Finalísticos, Projetos Estruturadores, Agenda Setorial e Racionalização do Gasto. O controle e monitoramento das metas pactuadas e dos resultados de todas as secretarias estaduais são realizados pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG), por meio de reuniões periódicas.

Parte-se do pressuposto que a comunicação tem importância fundamental na divulgação das políticas de governo, como o Acordo de Resultados, e principalmente, para o discernimento dos servidores sobre seu papel no cumprimento das metas fixadas que, se forem cumpridas com bom aproveitamento, acarretam em premiação pela produtividade dos servidores. Um de seus objetivos, além de gerar maior transparência na gestão, é melhorar a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos do Estado de Minas Gerais.

Tendo em vista as questões brevemente discutidas aqui, chega-se ao seguinte problema de pesquisa: as ferramentas empregadas na comunicação interna da SETOP são eficazes para o cumprimento das metas do Acordo de Resultados, a partir da visão de seus servidores?

Este trabalho de pesquisa justifica-se do ponto de vista pessoal, por este pesquisador exercer atividades na SETOP desde março de 2007. A partir daí, houve o interesse de explorar as ferramentas utilizadas na comunicação interna para o cumprimento das metas do Acordo de Resultados. Sendo a SETOP um órgão público, voltado para o controle, execução, planejamento e avaliação das ações do Estado de Minas Gerais referentes às obras públicas e transportes, este estudo torna-se de interesse também para o meio acadêmico e para o mercado, pois há poucos trabalhos sobre Comunicação na esfera pública.

A divulgação interna do Acordo de Resultados é feita pela Comissão de Acompanhamento e Avaliação de Resultados, a qual está a cargo da Assessoria de Gerenciamento de Projetos (AGP), responsável pela divulgação deste Acordo no âmbito da SETOP. A divulgação é feita por meio de reuniões formais entre Comissão de Acompanhamento e Avaliação de Resultados com os assesores-chefes e superintendentes da SETOP e também obtidas , as informações sobre o Acordo de resultados podem ser obtidas também no site[2] do próprio Acordo.

Espera-se que a análise das estratégias de comunicação interna possibilite o apontamento de novas ferramentas, contribuindo para a valorização, integração e transparência do setor e, consequentemente, venha a contribuir, ainda que dentre outros fatores de igual importância, para o futuro cumprimento das metas do Acordo de Resultados.

Esta pesquisa poderá ainda contribuir para o desenvolvimento de ferramentas para o gerenciamento de informações de órgãos públicos e privados, promovendo melhorias contínuas na comunicação interna, por meio de um planejamento estratégico de comunicação, contribuindo para a propagação da informação.

 1.2 Objetivos

 1.2.1 Objetivo geral

 Verificar se as ferramentas empregadas na comunicação interna da SETOP são eficazes para o cumprimento de metas do Acordo de Resultados, a partir da visão de seus servidores.

 1.2.2 Objetivos específicos

 Identificar as ferramentas de comunicação interna existentes na SETOP;

  • Analisar a eficácia de tais ferramentas em relação à divulgação do Acordo de Resultados;
  • Propor a implantação de novas ferramentas de comunicação interna, com vistas a auxiliar o cumprimento de metas do Acordo de Resultados.

 2. REFERENCIAL TÉORICO

 Este capítulo apresenta uma estrutura em dois tópicos. No primeiro será discutido o conceito de Comunicação, com vistas ao melhor entendimento do objeto de estudo. No campo da comunicação, possibilita fomentar ações para a comunicação externa e interna, por meio de modalidades como a comunicação organizacional e ou empresarial, comunicação administrativa, comunicação mercadológica, comunicação institucional e veículos de comunicação, destacando o foco deste trabalho que é a comunicação interna.

No segundo tópico será abordada a pesquisa que norteará sobre a eficácia da comunicação interna no âmbito da SETOP. A comunicação interna atualmente é uma ferramenta importante tornando-se estratégica, sendo responsável pelo crescimento contínuo de uma organização. A comunicação interna de uma organização tem como responsabilidades informar e motivar seus colaboradores dos diversos níveis hierárquicos, para que eles contribuam para o cumprimento de metas.

O presente trabalho aborda por meio dos autores: Barbosa (2001), Rabaça (2001), Brum (2007), Bueno (2003), Corrado (1994), Duarte (2003, 2006), Houaiss (2004), Kunsch (2003, 2004), Oliveira (2007), Rego (1986, 2004), Rosa (1992) e Spiller (2006) os aspectos relevantes da comunicação interna, com o escopo de examinar a forma mais adequada e identificar as ferramentas de comunicação mais apropriadas para o cumprimento de metas.

 2.1. Comunicação

  A primeira parte deste trabalho analisa a definição da palavra Comunicação, que é derivada do latim communicare, que tem seu significado como compartilhar, integrar, por em comum (Houaiss, 2004). A comunicação é importante, pois possibilita a propagação da informação, promovendo a integração entre pessoas e possibilitando a confluência de objetivos (Barbosa; Rabaça, 2001).

A comunicação estabelece-se por meio de processos entre as pessoas e os grupos que coexistem na esfera de sua situação, assim mostrando que uma organização necessita de uma comunicação forte para se relacionar com seu público interno e externo. Para se abranger melhor o estudo será analisado o termo comunicação empresarial ou organizacional.    

 2.2. Comunicação empresarial ou organizacional

 A comunicação organizacional surgiu na Europa no século XVI, com as cartas comerciais que circulavam pelo continente; podem ser consideradas as primeiras formas de jornalismo e também as primeiras formas de house organs (Duarte, 2003). O termo house organ é usado para designar o jornal voltado para o público interno das organizações (Barbosa; Rabaça, 2001). O objetivo do jornal era se opor à imprensa sindical e facilitar  a integração do operário oriundo do campo ao ambiente das fábricas, além de facilitar a sua compreensão dos objetivos organizacionais.

De acordo com Duarte (2003, p.257), no Brasil, “o primeiro jornal de empresa nasce em 1926, publicado pela multinacional General Motors”. As empresas brasileiras só começaram a desenvolver jornais a partir dos anos 60, quando foi fundada a Associação Brasileira de Editores de Revistas e Jornais de Empresas (ABERJE), em 1967, hoje conhecida pela mesma sigla, mas com o significado de Associação Brasileira de Comunicação Empresarial. Com o surgimento da ABERJE, a comunicação empresarial ganhou importância para as organizações, sendo esta instituição responsável pela propagação do conceito de comunicação empresarial e organizacional no Brasil, (Duarte, 2003. p.257).

No Brasil, os termos comunicação organizacional, comunicação empresarial e comunicação corporativa são usados para designar a comunicação feita dentro das organizações. De acordo com Kunsch (2003):

 “Comunicação organizacional”, “comunicação empresarial” e comunicação corporativa” são terminologias usadas indistintamente no Brasil para designar todo o trabalho de comunicação levado a efeito pelas organizações em geral (Kunsch, 2003, p. 149).

 A comunicação organizacional ou empresarial abrange um conjunto de valores e crenças, histórias, formas de relacionamento, tipos de gestão, de distribuição da autoridade e se integra a diferentes modalidades de comunicação direcionadas para as organizações. São elas a comunicação institucional, comunicação mercadológica, comunicação administrativa e a comunicação interna, voltadas tanto para o público interno quanto externo.

A comunicação organizacional contribui para a otimização de resultados e de metas organizacionais destinadas ao público interno, tanto quanto para o público externo. A mensagem voltada ao público interno deve conter informações que transmitam segurança e credibilidade ao receptor. O público interno é importante devido ao seu envolvimento no processo comunicacional, pois sem o interesse do receptor, a organização pode sofrer conseqüências desfavoráveis ao ambiente organizacional. Para se criar uma área que desenvolva ações voltadas para o processo organizacional, a comunicação organizacional é parte integrante. Com ela pode-se desenvolver pesquisas, estratégias e táticas que, se bem gerenciadas, podem agregar valor ao público-interno. De acordo com Rego (2006):

 A comunicação organizacional deve ser conduzida por um centro de coordenação responsável pelas pesquisas, as estratégias, as táticas, as políticas, as normas, os métodos, os processos, os canais, os fluxos, os níveis, os programas, os planos, os projetos, tudo isso apoiado por técnicas que denotem uma cultura e uma identidade organizacional (Rego, 2006, p. 105).

 Como o autor afirma acima, a comunicação organizacional deve ser gerenciada por uma área na organização. As organizações direcionam as modalidades de comunicação para a área de comunicação. Por meio da área de comunicação, são desenvolvidos métodos e ações para que a organização desenvolva a cultura organizacional e uma identidade visual. De acordo com Bueno (2002):

 A comunicação é o espelho da cultura empresarial e reflete, necessariamente, os valores das organizações. Se eles caminham para valorizar o profissionalismo, a transparência, a responsabilidade social e a participação, a Comunicação se orienta no mesmo sentido (Bueno, 2002, p.04).

 De acordo com Bueno (2002), a comunicação e a empresa são ligadas concomitantemente orientando-se para o desenvolvimento de uma confluência entre elas. Com isso a empresa busca através dos tipos de comunicação desenvolver ações para seu crescimento, conforme veremos a seguir.

 2.2.1. Comunicação mercadológica

 A comunicação mercadológica tem como escopo promover ações para o reforço da imagem de marcas, produtos e/ou serviços de uma organização perante o seu consumidor.

Para o desenvolvimento das ações mercadológicas as organizações usam a publicidade e o marketing para direcionar suas ações.

A área de marketing das organizações é a responsável por subsidiar informações para a comunicação mercadológica, segundo Kunsch (2003):

  A propaganda, a promoção de vendas e todas as outras ferramentas que compõem o mix da comunicação de marketing têm de ser abastecidas com informações colhidas com pesquisas de mercado e do produto, que normalmente estão a cargo do departamento ou setor de marketing das organizações (p. 163).

 O departamento de marketing das organizações fica responsável pelo gerenciamento das informações que possibilitam a utilização do mix de comunicação.

De acordo com Kunsch (2003, p. 163), “tradicionalmente, a publicidade/ propaganda foi a arma mais poderosa para a divulgação de produtos e serviços e a conquista de consumidores e mercados-alvo.” As ações empregadas, contribuem para a absorção da mensagem empregada pela publicidade e propaganda e para despertar atração por produtos e serviços.

 2.2.2 Comunicação institucional

 A comunicação institucional é, de acordo com Kunsch apud Fonseca (2003, p. 164), “como conjunto que são procedimentos destinados a difundir informações de interesse público sobre filosofias, as políticas, as práticas e os objetivos das organizações, de modo a tornar compreensíveis essas respostas”. E segundo Kunsch apud Rego (2003):

 A comunicação institucional objetiva conquistar simpatia, credibilidade e confiança, realizando, como meta finalista, a influência político-social; utiliza, para tanto, estratégias de relações públicas, tanto no campo empresarial como no governamental, de imprensa, publicidade, até técnicas e práticas de lobby (p. 164).

 A comunicação institucional, dessa forma, por meio de instrumentos como relações públicas, jornalismo empresarial, assessoria de impressa, publicidade institucional busca conquistar o fascínio e a confiança do público alvo. Com isso a comunicação institucional diferencia-se da mercadológica, pois a institucional trabalha para reforçar os aspectos relacionados a missão, valores, visão e  filosofia da organização, enquanto a mercadológica busca reforçar a imagem da marca, a venda do produto e/ ou serviço.

 2.2.3 Comunicação administrativa

  A comunicação administrativa é a que processa os fluxos administrativos de operacionalização de informações nas organizações.

Os fluxos envolvidos na comunicação administrativa são descendentes, ascendentes, horizontal, transversal e circular.

O fluxo descendente ou vertical está ligado ao trâmite de informações da direção da organização, sendo a comunicação dos superiores para os inferiores situados na composição organizacional.

O fluxo ascendente é o trâmite contrário ao descendente, em que os funcionários da base da composição organizacional transmitem informações para os seus superiores. Segundo Kunsch (2003, p. 85), as informações enviadas ao superiores podem ser feitas “(...) por meio de instrumentos planejados, como caixas de sugestões, reuniões com trabalhadores, sistemas de consultas, pesquisas de clima organizacional e satisfação no trabalho”. Os instrumentos citados pela autora facilitam aos funcionários a transmissão de informações aos seus superiores. Este fluxo é permeado por informações objetivas, pois precisam ser absorvidas por seus superiores.

O fluxo horizontal ou lateral é a comunicação feita entre funcionários com grau hierárquico similar. É a comunicação feita entre setores, seções, serviços que hierarquicamente são similares na composição organizacional. Esse tipo de comunicação possibilita a sinergia de áreas permitindo a solução ou desenvolvimentos de ferramentas para a redução de custos organizacionais.

O fluxo transversal é a comunicação que se entrelaça com todos os fluxos descendentes, ascendentes e horizontais, permitindo o desenvolvimento de interações entre eles.

O fluxo circular é a comunicação que engloba todos os níveis sem se ajustar a uma direção tradicional, podendo o seu conteúdo ser mais abrangente, quanto maior for os níveis de relações interpessoais.

 

Os fluxos de comunicação são feitos por instrumentos como reuniões, entrevistas, palestras, escritos, vídeos institucionais, clipes eletrônicos, correio eletrônico, contatos pessoais, telefone, memorandos, cartas, circulares, publicações, entre outros.

Para os fins deste trabalho, interessa saber a descrição de endomarketing e comunicação interna.

  2.2.4 Endomartketing

             O endomarketing é definido por Brum[3] apud Kotler “como um triângulo estratégico entre a empresa, funcionário e o cliente”. O endormating é o marketing voltado para dentro da empresa. De acordo com Brum[4] o termo:

 Endomarketing é uma evolução do marketing, conceito de marketing: primeiro, o marketing só trabalhava o produto/serviço após a sua concepção; depois, o marketing passou a atuar dentro da fábrica, participando do processo e da concepção do produto/serviço (incluindo itens como tamanho, cor, embalagem, etc.); e, hoje, o marketing preocupa-se, também, com quem produz o produto ou presta o serviço: o ser humano.

 O Marketing deixou de ser algo apenas voltado para a venda do serviço e/ou produto, com a sua evolução se tornando em Endomarketing as empresas, de acordo com Brum[5], entenderam que o Endomarketing: “passa a ser muito mais do que vender a imagem da empresa para dentro, tornando-se um esforço educativo capaz de trazer inúmeros benefícios para o crescimento tanto da empresa quanto do ser humano que nela trabalha”.  Com base na afirmação do autor, pode-se analisar que o Endomarketing é essencial para o mercado interno de uma empresa ou organização, pois, por meio de ferramentas próprias ele busca estabelecer uma relação mais próxima com o funcionário (colaborador), já que o seu escopo é voltado para o mercado interno. O termo usado para classificar a classe trabalhadora de uma organização era empregado, mas com o decorrer dos anos foi evoluindo passando por funcionário e chegando até hoje como colaborador, de acordo com Spiller (2006). Ainda segundo o autor esta constante evolução do termo ajudou as organizações a valorizarem mais o seu público interno, já que ele é o principal ator no cumprimento de metas.  

 2.2.5 Comunicação interna

 A comunicação interna é a forma de comunicação entre uma organização e o seu público interno. Pode ser feita através de vários meios de propagação de informação, pois, de acordo com Rosa:

 Cientes da necessidade de comunicação com seu público interno, uma empresa poderá utilizar-se de diversos meios para transmitir informações aos funcionários, como: quadros de aviso, murais, comunicados oficiais, boletins internos, jornal interno, sistema de rádio ou televisão dentro da empresa, enfim até mesmo de chefias e lideranças, através de reuniões informais (Rosa, 1992, p. 12).

 Segundo a autora, há vários canais que podem informar o público interno. É importante analisarmos a melhor maneira para a informação ser transmitida nas organizações, ou seja, se a informação está sendo trabalhada de forma adequada para atingir objetivos institucionais.

Com a necessidade de comunicação nas organizações foi possível o desenvolvimento de ferramentas para comunicação interna. Por meio de ações para o público interno é possível a integração e o desenvolvimento dos funcionários. 

As ferramentas de comunicação interna são muito usadas para a persuasão do público interno que, com informações bem direcionadas em linguagem direta e simples, consegue construir valores e culturas de integração entre setores. Com a integração dos setores.

De acordo com Corrado (1994, p. 44), “a comunicação mais eficiente com os empregados é vista como um meio para melhorar a produtividade e proporcionar um entendimento das metas organizacionais”. A comunicação interna consegue motivar e direcionar o público interno para o cumprimento das metas acordadas, desde que consiga persuadir e atingir de forma clara e objetiva os funcionários da organização.

Nos dias atuais as empresas entenderam a necessidade de investir em seu público interno, que pode se tornar o seu maior aliado nas ações que envolvem racionalização de custos e a melhor operacionalização de serviços e produtos.

 2.2.5.1 Veículos de comunicação interna

 As barreiras são obstáculos que atrapalham a comunicação e inibem a sua propagação, pois geram os ruídos que anulam o efeito e a transparência da comunicação. As barreiras podem ser mecânicas ou físicas que se relacionam com o meio ambiente onde ocorre a comunicação, sendo que elas acontecem quando o ambiente possui equipamentos inadequados para a transmissão da comunicação; Fisiológicas estão ligadas a distúrbios na fala e mal formação de palavras; Semânticas são as que derivam do uso de uma linguagem diferente da que o receptor consegue identificar e então compreender as informações contidas naquela forma de comunicação e Psicológicas estão ligadas a crendices, idéias mal concebidas e experiências anteriores já vivenciadas, que se relacionam diretamente com a cultura das pessoas.

As barreiras pessoais acontecem de acordo com a personalidade de cada pessoa, relacionam-se com seus valores sentidos, percepções em que cada pessoa pode ter um comportamento em um ambiente organizacional. (Kunsch, 2003, pág.75).

As barreiras administrativas/burocráticas acontecem de acordo com o trâmite de informações geradas pela organização, como a distância entre uma empresa e a outra, a diferença mediante a diferença de poder na organização; Excesso de informações também é considerado uma barreira, por meio do uso de várias ferramentas como, murais, comunicados oficiais, jornal interno, reuniões informais, que saturam o ambiente em que está inserido o receptor; Comunicações incompletas ou parciais constituem informações quebradas, alteradas ou dominadas por imprecisões em dados não comunicados ou ocultados.

Ainda segundo Kunsch (2003, pág 75), “é impossível as pessoas observarem e assimilarem todas as mensagens com que são bombardeadas no seu ambiente social e nas organizações onde trabalham”.

Com as barreiras organizacionais, de maneira geral, o comunicador pode planejar melhor o uso de suas ferramentas comunicacionais a mensagem seja absorvida pelo público-alvo.

A comunicação organizacional pode ser feita por meio de jornais, revistas, boletins, folhetos, memorandos, comunicados, quadro de avisos, murais, reuniões grupais, conversas individuais, intranet, entre outros. Esses produtos, se mal direcionados e com linguagens não objetivas para o público interno, não serão eficazes para a transmissão da informação. Por isso, a área de comunicação deve fazer um planejamento estratégico para direcionar melhor o uso de cada tipo de canal de informação.

A escolha da melhor ferramenta a ser aplicada na comunicação organizacional pode ser feita pelo planejamento estratégico de comunicação que ausculta a organização, diagnosticando pontos fortes e fracos. Através dele, é possível planejar melhor as ações de comunicação organizacional. De acordo com Rego (2004, p. 58), “a escolha dos canais está associada ao porte da organização, à dimensão espacial de suas unidades centrais e periféricas, aos tipos de público que se quer atingir e a sua periodicidade.”

Os veículos de comunicação mais usados na década de 1990, de acordo com Duarte (2003, pág. 272) eram o Informativo/ boletim, uma ferramenta que frisa a informação imediata, com informações objetivas e curtas, usado na forma de uma folha frente e verso com aparência simples. Tem a circulação diária ou semanal, sua propagação deve ser ágil para garantir a atualidade na informação. É usado para comunicar aos empregados de uma empresa. O autor cita também o Informativo digital uma ferramenta parecida com a do boletim, porém seu custo pode ser reduzido por ser um meio eletrônico, sua aplicação é mais ágil e direta ao leitor. Pode ser usado como comunicação para clientes, empregados de diversos setores de uma empresa. Duarte refere-se ainda ao Jornal um informativo que possui uma temporalidade maior que o informativo, pois é desenvolvido com mais informações.

O jornal interno é reconhecido pelos colaboradores de uma organização, como uma ferramenta que possibilita uma absorção maios de informações. Por meio dele a transmissão das mensagens é propagada através de notícias, artigos e reportagens que ajudam a diminuir a formação da rádio-peão nas organizações. O efeito da rádio-peão é gerado quando há a falta de um veículo que organize e conduza de forma clara as informações da organização para o público interno de acordo com Kunsch (2004, pág. 86).

  3. METODOLOGIA

 Este projeto de pesquisa possui como público-alvo os servidores da SETOP. A amostragem de funcionários foi escolhida através da análise do organograma (ANEXO I). Conforme especificação, foram entrevistados os servidores das Superintendências deste órgão, totalizando em 60 indivíduos. A relação constando os nomes de cada servidor/colaborador foi disponibilizada pela Diretoria de Recursos Humanos. Paralelo à pesquisa bibliográfica que trabalha a comunicação organizacional, foi utilizado o método qualitativo, por meio de entrevista fechada. O questionário busca pelo método descritivo analisar as ferramentas de comunicação que são empregadas para o cumprimento do Acordo de Resultados são eficazes.

A partir desta análise pode-se sugerir, ou não, a adoção de novas ferramentas para a comunicação interna. Espera-se contribuir, assim, para uma melhora no desenvolvimento e no cumprimento das metas do Acordo de Resultados.

O Estado de Minas Gerais por meio da Lei Delegada n°174 de 26/01/2007, padronizou a terminologia DAD que refere-se aos cargos em comissão nos Grupos de Direção e Assessoramento do Quadro Geral de cargos de provimento em comissão. Os cargos DAD são divididos em 10 níveis sendo que para provimento dos cargos de nível 1 e 2 é exigido a conclusão de curso de nível médio de escolaridade e para o provimento nos cargos de nível 3 a 10 a graduação em curso de nível superior de escolaridade, destinados a chefia de unidades administrativas, equipes de trabalho, projetos e programas e o assessoramento técnico ou especializado nos órgãos da Administração Direta, podendo ser recrutamento limitado, quando o servidor é concursado ou de recrutamento.

A SETOP possui 172 servidores que são divididos de acordo com o Anexo 1. Por meio deste anexo, observamos que a SETOP possui 7 Superintendências onde estão alocados os Superintendentes detentores de DAD 9, 19 Diretorias com DAD 6, uma Auditoria Setorial com DAD 6, uma Assessoria Jurídica, uma Assessoria de Comunicação Social, uma Assessoria de Gerenciamento de Projetos, uma Assessoria de Apoio Administrativo, uma Corregedoria e uma Assessoria de Estratégia de Transportes e Obras, onde estão alocados os assessores-chefes com o DAD 6, e dentro de cada Superintendência, Diretoria, Auditoria e Assessoria existem servidores com cargos DAD 1 a DAD 5. Há também a figura do Secretário de Transportes, Secretário de Obras, Chefe de Gabinete, Secretário-Adjunto e Secretário de Estado. A amostragem foi feita a partir da análise do Organograma, pois esta pesquisa buscou entrevistar servidores dos cargos de DAD 1 a DAD 6 de todas as áreas da  SETOP, levando em conta a estrutura e a quantidade de servidores lotadas nas superintendências.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


[1] Disponível em: http://www.acordoderesultados.mg.gov.br/acordos-celebrados-/139-transportes-e-obras-publicas.     Acessado em: 21 de setembro de 2010.

 

 

[2] Disponível em: http://www.acordoderesultados.mg.gov.br. Acessado em: 21 de setembro de 2010

[3]Disponível em: http://www.mundodomarketing.com.br/17,2296endomarketing-educando-pessoas.htm. Acessado em: 21 de     setembro de 2010.

[4]Disponível em : http://www.happyhousebrasil.com.br. Acessado em: 21 de setembro de 2010.

 

 

[5] Disponível em: http://www.mundodomarketing.com.br/17,2296endomarketing-educando-pessoas.htm. Acessado em: 21 de     setembro de 2010.

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Autor: Adelmo Pinto De Souza


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