Canibalismo social



Para muitas pessoas pode parecer estranho que haja o tal Canibalismo Social, isto visto que canibalismo está diretamente relacionado ao consumo de carne humana por humanos. Mas quando se refere a um canibalismo social está se referindo ao consumo humano do que vale um ser humano. Os valores e conceitos de ética e moralidade são exemplos claros de como o homem consome a si mesmo.

Uma sociedade controlada pelo interesse próprio em detrimento do seu auto-crescimento quer seja financeiro quer seja social empurra o homem a buscar caminhos que outrora eram repugnados por serem impossíveis e inconcebíveis porque passariam por cima do que se aprendeu que não se devia fazer. Por exemplo, é fácil ver como antigamente o respeito ao próximo e aos mais velhos, sem precisar mencionar minuciosamente o respeito aos pais, era a base de toda boa educação. Hoje é fácil andar em um ônibus e ver mães colocando crianças sentadas nos lugares reservados aos mais velhos enquanto estes se resignam a ficar em pé no corredor tendo como opção brincar com a criancinha sentada. É revoltante ver jovens rindo dos idosos que não conseguem subir os degraus de uma loja e ainda questionam porque “véi” sai de casa.

A verdade é que a sociedade está impregnada de um “EU QUERO, ENTÃO EU TEREI CUSTE O QUE CUSTAR”, independente dos meios que levem aos fins objetivados, é a máxima de Maquiavel: “os fins justificam os meios”. Infelizmente isto é levada às últimas consequências independente de quem vai servir de escada ou quantos tapetes serão puxados. O ser humano consumindo outro ser humano, inclusive até parentes.

Pais orientam os filhos a serem mais “espertos” para que não fiquem para trás. A educação dada não inclui ética ou moral para com uma sociedade cada vez mais banalizada pelas distorções permitidas e incentivadas por todos os canais de comunicação. Aliás, se tinha filhos por opção, hoje filhos são deslizes que são jogados em creches e escolas cada vez mais cedo que servirão de babás e educadores, enquanto os pais continuam a trabalhar cada vez mais para que mantenham o sustento da família em padrões de vida que julgam satisfatórios, porém nunca se alcança esse tal padrão porque quanto mais ganham mais querem, vira um vício ganhar para poder gastar. E os filhos? Segundo os pais modernos, não deixando faltar nada em casa é o que basta. Tendo como comprar coisas caras e da moda, podendo dar tudo o que os filhos pedem é o papel de pai ou mãe. Esquece-se que amor, carinho, tempo em família não tem dinheiro que pague e o que os filhos precisam de uma referência de família e não de trabalhadores escravos de um mundo capitalista em que o homem se torna escravo do consumismo infindável. Na verdade as escolas estão funcionando como depósito de filhos de pais ausentes. Os professores hoje são chamados de EDUCADORES, e os pais são o que?

Não tem como não chamar de canibalismo social o que acontece com os jovens trabalhadores que são impedidos de estudar porque patrões não liberam em horário condizente com as escolas e o governo ainda coloca horários cada vez mais cedo dificultando ainda mais. Depois vem com campanhas de que os jovens precisam de um aperfeiçoamento técnico para que o Brasil tenha profissionais capacitados. Até que muitos querem uma vida honesta, mas não deixam, os jovens estão sendo consumidos por uma ilusão que o trabalho dignifica o homem e que para trabalhar não precisa estudar tanto. Claro. Estudar dá condições de pensamento livre e questionador e qual patrão ou político quer um ser social pensante? O trabalhador estudante, os verdadeiros heróis brasileiros, ao contrário dos participantes de Reality Shows que buscam aparecer e enriquecer de forma fácil, é risco aos burgueses, tal qual na Idade Média em que os nobres tinham como bancar seus pimpolhos em alto padrão social graças ao trabalho dos servos analfabetos e incultos, a verdadeira Idade das Trevas.

O homem é o único animal que explora os mesmos da espécie por ganância e soberba. No entanto, se você quer conhecer um homem, dê uma boa olhada em como ele trata seus inferiores, não seus iguais.


Autor: Jomar Alves


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