Personagens bíblicos menos conhecidos



Personagens Bíblicos...

Reinaldo Bui

Eu, um personagem?                                                                                       

Convém que ele cresça e que eu diminua. João 3.30

 A Bíblia está repleta de personagens e suas histórias. Alguns são mais conhecidos e outros menos. Alguns são considerados “grandes homens de Deus" que realizaram importantes obras e outros nem tanto. O que acho mais interessante é que a Bíblia não esconde o pecado de nenhum destes personagens. Mesmo os "grandes homens de Deus" tiveram seus deslizes, cometeram erros crassos, ou nitidamente falando, pecaram feio. São provas vivas de que Deus executa Sua Obra através de nós e apesar de nós mesmos. Por isto considero a Bíblia como um livro de testemunhos, mesmo porque acima de tudo, o próprio Deus não se deixou ficar sem testemunho.

Existe ainda uma esmagadora maioria de anônimos e desconhecidos que fazem parte desta história. Assim como eu e você, são personagens aparentemente sem importância que às vezes não tem nome, idade, família, caráter ou personalidade (quero dizer que nada disto foi registrado para que outros viessem a conhecer). É o povo, a massa. Cada um deles - e nós aqui, hoje - fazemos parte desta multidão invisível das batalhas, dos massacres, das misérias, da pobreza, das doenças, mas também dos escapes milagrosos, das procissões, das festas, das alegrias entre tantos outros relatos. Somos essa massa. Não precisamos ser necessariamente a massa burra, meros "assistidores" de big brother e comedores de comida enlatada. Mas estamos inseridos nesta massa. Deus aí nos colocou. Por quê? Que importância temos nós, meros desconhecidos, neste processo, no projeto de Deus, dentro do nosso contexto? Muita. Podemos não ser o personagem principal desta história. Aliás, este papel (reivindicado por alguns) é de Jesus. Talvez não sejamos nem o ator coadjuvante. Talvez você esteja inconformado em ser mero figurante, mas preste atenção nisto: não se trata de ser o destaque ou não, mas de fazer ou desprezar a vontade de Deus aonde Ele te colocou.

Se somos filhos de Deus, temos nosso nome escrito no Livro da Vida. Isto é o que importa. Se temos o nosso nome escrito neste Livro, é incoerente querer que nosso nome se projete como "O Nome" aqui na Terra. Se quisermos agradar a Deus, procuraremos exaltar o Seu nome, não o nosso. Se vivemos para ele, não é o meu eu que deve ser exaltado. Se exaltarmos o Seu Nome, Ele nos exaltará. Se buscarmos nossa glória aqui na terra, poderemos até alcançá-la, mas é tudo o que teremos.

O perigo de querermos nos projetar é grande, e pode ser percebidos em todos os nossos planos, aspirações, sonhos, intenções e atitudes de nossa curta estadia neste mundo. Eu disse pode ser percebido, mas muitas vezes não é.

Ruth Harms Calkin captou isto em sua vida e descreveu com graça e poesia este perigo: A necessidade de buscar reconhecimento humano. Eis um pecado que tenazmente nos assedia! Devemos ler este poema como uma oração pessoal:

 Tu sabes, Senhor, como te sirvo

Com enorme fervor emocional

Quando estou debaixo de holofotes

Sabes como falo de ti ardentemente

Na reunião de Senhoras

Sabes com que entusiasmo promovo

Uma reunião de confraternização

Conheces meu sincero fervor

Em um grupo de estudo bíblico

Mas como será que reagiria            

Se me apontasses uma bacia com água

E me pedisses para lavar os pés calosos

De uma velhinha enrugada, arqueada

Todos os dias

De todos os meses

Num lugar recluso onde ninguém visse

E ninguém soubesse do fato?

 

Diga, com toda a sinceridade: como você reagiria se Deus lhe apontasse esta incumbência?

Por que deste sentimento de resignação?

Existe em você algum desejo secreto de ser a "estrela do show"? Ou ao menos querer exaltar alguma qualidade para ser reconhecido ou apreciado, mesmo que dissimuladamente?

Se você quer ser reconhecido pelos homens, muito provavelmente conseguirá, mas é tudo o que vai ter.

Se quiser ser reconhecido por Deus, procure cultivar o pensamento de João Batista:

 

"Convém que Ele cresça e que eu diminua!". Jo 3.30

 

Homenagem a uma ilustre desconhecida.                                                

Mt 26, Mc 14, Lc 7, Jo 12

 Os quatro evangelhos narram histórias de mulheres que ungiram Jesus. Uma tem nome e família: Maria, irmã de Lázaro e Marta. A outra é anônima, tratada apenas pelo título nada honroso de "pecadora". Uma ungiu os pés de Jesus; a outra sua cabeça. Uma história acontece em Betânia, na Judéia; outra em Naim ou alguma cidade próxima, na Galiléia. Ambos os anfitriões chamavam-se Simão, porém um era fariseu outro tinha o apelido de "Leproso". Uma narra a reação dos discípulos, mais particularmente de Judas; outra narra os pensamentos equivocados do fariseu sobre Jesus. Em alguns aspectos as histórias se fundem; em outros se confundem.

Para quem gosta de uma boa polêmica (daquelas de escola dominical, sabe...), estes textos são um prato cheio. Para quem quer criticar a Bíblia e dizer que "ela está cheia de contradições", também. Mas para quem gosta de um bom desafio de hermenêutica, taí um: conciliar estes textos.

Tiram-se os espinhos, aproveita-se a carne. Há quem prefira os espinhos, eu não. E tem muita carne aproveitável nestes relatos. Todos tratam de um assunto fundamental: pecado. Imediatamente pensamos na mulher, a pecadora (quero focalizar na anônima). Muitos a associam a uma prostituta, adúltera, safada e sem-vergonha. Mas a Bíblia não diz isto. Então precisamos prestar atenção em duas coisas: primeiro é o nosso conceito de pecado. Pecado não se resume apenas em adultério e prostituição. Em segundo lugar, a mulher não é a única pecadora presente nestas histórias. Judas está presente, o fariseu está presente, os discípulos estão presentes, os convidados estão presentes... Enfim, todos ali são pecadores, tão culpados e condenáveis quanto àquela mulher. É interessante também notar que em ambos os casos, Jesus analisa as intenções dos oponentes. Estas são invisíveis, difíceis de enxergar. Consideramos mais as ações das pessoas, mas Deus vê o coração. Jesus estava "vendo" a intenção de todos ali, inclusive da mulher. Agora, não bastasse ele permitir ela o tocar (escândalo para os judeus) Jesus ainda perdoa seus pecados (escândalo maior ainda), pois só Deus tem este poder. Jesus ainda declara abertamente: ela está me ungindo para minha morte, mas parece que a incredulidade dos presentes os impediu de compreender isto. Além disto, existem verdades muito maiores implícitas nestas narrativas: primeiro, Jesus aceitou adoração desta reles pecadora, enquanto o cumpridor da lei, ou mesmo seus discípulos mais próximos não o honraram como devia. Segundo, há algo que me intriga: o que levou aquela mulher a ter aquela atitude? Só uma pessoa dirigida pelo Espírito Santo poderia ultrapassar todas as barreiras existentes para praticar tal ação... e que coragem!

Terceiro, ela acertou em cheio a vontade de Deus. Não a obediência farisaica, nem a caridade humana, mas

 "Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus."    (Salmos 51.17).

 Finalmente: esta mulher foi honrada por Jesus de forma excepcional. Note a forma como Ele a homenageou:

 Em verdade vos digo: Onde for pregado em todo o mundo este evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua. Mateus 26:13

 

 Quem é ela? Não sabemos. Sua ação foi registrada, mas muito mais do que isto, seu coração, sua verdadeira intenção foi vista pelos olhos de Deus.

Quantas vezes deixamos de fazer o que é agradável a Deus por medo de represália, censura e desaprovação do farisaísmo que nos cerca? Arrazoamos em nosso coração: "o que os outros irão pensar?".

Em vez disto, deveríamos sempre perguntar: O que Deus vai pensar? O que Ele espera de mim? Procuro agradar a homens ou agradar a Deus?

 

 

 Um fariseu chamado Simão                                                                  

 

Lucas7.36 a50

 Existiam certas regras sociais que deviam ser observadasem Israel. Hospitalidadeera levada a sério pelo judeu. Ser hospitaleiro era uma obrigação para este povo, pois a lei dizia:

 Como o natural, será entre vós o estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-eis como a vós mesmos, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o SENHOR, vosso Deus. Amai, pois, o estrangeiro, porque fostes estrangeiros na terra do Egito.  Lv 19:34 e Dt 10:19

 Da mesma forma, o título "fariseu" dizia muito àquela sociedade. Um fariseu era extremamente zeloso quanto o cumprimento da Lei e conhecia muito bem a Torah. Certa vez, um fariseu chamado Simão convidou Jesus para jantar em sua casa. Jesus aceitou de bom grado. Este fato é muito curioso, pois havia uma disparidade enorme entre Jesus e os fariseus. Estes ficavam profundamente escandalizados com as atitudes do Mestre. Jesus andava com pecadores, comia com publicanos, conversava com prostitutas, tocava em leprosos e tinha fama de comilão e bebedor de vinho. Isto para não mencionar as curas e trabalhos nos sábados entre outras tantas "transgressões"...

Jesus fazia tudo isto de fato. E justamente por isso batia de frente com as tradições, o zelo doentio e as interpretações legalistas dos fariseus. Estes ficavam profundamente incomodados com seus atos e palavras.

Qual era, então, a intenção de Simão abrir as portas de sua casa e compartilhar a intimidade de sua mesa com este homem tão polêmico? Minha interpretação é que ele não tinha nenhuma intenção de honrar o Senhor Jesus, mas apenas especular "qual é a deste cara?". Sua falta nos cuidados sociais mínimos para com o hóspede deixa claro seu menosprezo à pessoa de Jesus: não ofereceu água para lavar seus pés, não o cumprimentou com um beijo nem forneceu óleo para ungir sua cabeça. Modos um tanto estranhos para nós, mas perfeitamente aceitável para aquela cultura. Simão, como muitos outros fariseus, sofriam do mesmo o problema básico: falta de vivacidade espiritual. Embora fossem autoridades religiosas, não tinham vida espiritual. Religiosidade nada tem a ver com espiritualidade. Aliás, religiosidade mata espiritualidade. Simão era indiferente às necessidades e sentimentos alheios. O religioso geralmente é egoísta; ama o comodismo; não demonstra nenhum amor e nenhuma preocupação por pessoas não salvas. Sua fé não tem alegria. Fala muito, mas é estéril. Suas orações são longas e bem elaboradas, mas carentes de piedade.

Sendo fariseu, Simão sabia de suas obrigações sociais para com seu hóspede, mas certamente contemporizava: Ele não é estrangeiro, então estou desobrigado de cumprir a Lei e posso abrir mão da minha "boa educação" que não estarei pecando. É assim que um fariseu pensa. Ele vive entre duas enormes muralhas: pode / não pode. Não conseguem ir além, ultrapassar estes limites.

Jesus conhecia bem o coração empedernecido dos fariseus, e por isso ele denunciava: Raça de víboras, vocês torcem a Lei para lhes favorecer (Mc 7.10-13).

Foi nesta ocasião que uma mulher de má fama entra e tocaem Jesus. Rapidamente Simãoanalisa a situação, julga e condena os dois em seu coração: "Esta situação é inaceitável! Além do mais, este Jesus não é um homem de Deus, senão ele saberia quem é esta mulher..." 

A mente de um fariseu é engessada e seca como uma múmia. Simão jamais conseguiu compreender o princípio fundamental da Lei: Amar a Deus e ao próximo. E foi isto que Jesus veio mostrar e demonstrar ao mundo.

Simão não conhecia palavras como amor, atenção, tolerância e perdão. Pessoas como ele só conhecem palavras como lei, transgressão, julgamento e condenação. E exclusão! Um fariseu não sabe o que é ser livre. Quando ouvem a palavra liberdade, logo associam com "pecar", nunca com "amar". Liberdade para pecar chama-se libertinagem. É o que o mundo oferece, o que todo mundo procura. A liberdade que aquela mulher experimentou, de se achegar a Cristo, beijá-lo, ungi-lo, molhar seus pés com suas lágrimas e enxugar com seus cabelos é uma liberdade que jamais seria entendida por Simão, tão absurda que ele possa achar. Mas esta é a liberdade que Cristo nos oferece. Não liberdade para pecar, mas liberdade para amar a Deus, amar o próximo, louvar, adorar e servir.

Nossas ações, todos vêem, nossas intenções não. Só você e Deus sabem.

E pode ter certeza: Ele está mais interessado nas nossas intenções do que nas nossas ações.

Analise sempre: quais são suas intenções ao planejar ou fazer qualquer coisa, por mais espiritual que você queira parecer. A quem louvará? Quem exaltará?

Segundo, não julgue ninguém pela aparência. Embora possa parecer espiritual ou não, somente Deus tem o poder de sondar nossos corações.

Terceiro, não busque sua própria honra, mas dê honra a quem é devida.

 

 

O bom ladrão                                                                                                  

Lucas 23:33-43

Antes de qualquer coisa quero esclarecer que simpatizo com a opinião do apóstolo Paulo (citando o Salmo 14 em Romanos): Não há um justo, nenhum sequer! O título “bom ladrão” foi dado a um dos crucificados com Jesus para identificar aquele que se arrependeu no último momento da sua vida e reconheceu que o Reino que Cristo anunciava não é deste mundo. A resposta imediata que ele obteve do Senhor foi:

“Eu te garanto: Hoje você estará comigo no paraíso”.

Lendo esta narrativa, alguns pensamentos vêm à minha mente. Um deles diz respeito à compreensão de quem era Jesus. É interessante notar a percepção deste condenado... Nem os discípulos de Jesus tiveram uma agudeza desta, por isso eles abandonaram Jesus na hora H; entristeceram-se profundamente; voltaram às suas atividades normais depois da crucificação; duvidaram da sua ressurreição e quando o viram ressurreto ainda insistiram na pergunta: É agora que o senhor vai restaurar o reino de Israel???  Poucos tiveram a percepção deste condenado. Talvez Simeão, a mulher samaritana, Zaqueu, ... Mas convenhamos, na posição que aquele homem se encontrava, não dava pra ter muitas esperanças não!

Outra questão que reporta a minha mente é a preocupação de muitas pessoas com aqueles que tiveram uma vida dissoluta e um dia se convertem. É muito comum ouvir este tipo de questionamento nas tardes de evangelização, e é maravilhoso poder explicar da graça e do perdão de Deus a TODOS os homens. Foi exatamente o que aconteceu com Jesus na casa de Simão:

Dirigiu-se Jesus ao fariseu e lhe disse: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. Ele respondeu: Dize-a, Mestre. Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinqüenta. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais? Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe: Julgaste bem. (Lc 7.41-43)

Invariavelmente, todo mundo tem um senso natural de justiça própria baseado na lei do merecimento. É justo que quem peca mais (segundo o “meu padrão”, lógico), deve sofrer mais. O não cristão pensa que Deus vai pesar numa balança pecadinhos e pecadões de um lado e comparar com as boas obras para ver se estamos em débito ou credito com Ele. O incrédulo não consegue conceber nem aceitar a idéia de perdão.   

Lemos em Colossenses 2.14 que  “[Jesus] tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu- o inteiramente, encravando-o na cruz”; e João relata:

“E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (I Jo 2.2).

Até os pecados do seu companheiro de sentença Jesus estava pagando! Aliás, dos dois... Ou melhor: os pecados de TODA humanidade foram pagos. O problema do pecado já está solucionado, de forma que ninguém será condenado por Deus porque peca mais ou peca menos. A pessoa é salva ou condenada pelo fato de aceitar ou não a salvação oferecida por Deus por intermédio de Jesus. É o que diz João 3.17-18:

Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.

 Lembro-me do ministério que tinha no presídioem Santarém. Haviadois tipos de homens lá dentro: um era o que contava os dias, meses e anos que faltavam para ele sair daquele lugar, e só pensavaem vingança. Estenão queria nem ouvir palavras como amor e perdão. O outro sabia que estava ali porque cometeu um crime e tinha uma dívida com a sociedade, mas que Deus já o havia perdoado em Cristo e agora era nova criatura, teve sua vida completamente transformada!

Por último, penso muito sobre quem Deus escolhe para jogar no seu time. Note o que Paulo escreve aos coríntios:

Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. I Co 1.26-29

Gosto deste texto porque é um alívio para mim. O que aquele miserável tinha para oferecer a Jesus naquele momento senão a sua alma? Que mérito ele tinha? O que mais ele poderia fazer pendurado naquela cruz?

E nós? O que temos a oferecer para Deus? O que podemos oferecer a Deus em troca da nossa salvação? Deus amou o mundo... não porque viu em nós algo que o impressionasse. Deus nos ama porque Ele é amor e quer ver refletidoem o Seu caráter.

 

 

 Quem se lembra do pobre sábio?                                                           

 

Eclesiastes 9:13 a 18

 Pensando sobre as obras e destino humano, Salomão registra em Eclesiastes um caso específico que lhe chama a atenção:

Também vi este exemplo de sabedoria debaixo do sol, que foi para mim grande. Houve uma pequena cidade em que havia poucos homens; veio contra ela um grande rei, sitiou-a e levantou contra ela grandes baluartes. Encontrou-se nela um homem pobre, porém sábio, que a livrou pela sua sabedoria; contudo, ninguém se lembrou mais daquele pobre. 

Olhando para este caso, parece um desestimulo querer viver de maneira sábia. O que adianta? Ninguém vai perceber... vou cair no esquecimento mesmo!

Ainda mais desanimador quando consideramos o contexto deste mundo na qual estamos inseridos onde a crueldade e a injustiça predominam. O escritor observa:

"Vi ainda debaixo do sol que no lugar do juízo reinava a maldade e no lugar da justiça, maldade ainda. Então, disse comigo: Deus julgará o justo e o perverso; pois há tempo para todo propósito e para toda obra. Disse ainda comigo: é por causa dos filhos dos homens, para que Deus os prove, e eles vejam que são em si mesmos como os animais. Porque o que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão." 3:16 a 20

Salomão faz uma análise bastante realista, fria e desesperançosa  sobre a vida humana "debaixo do sol", ou seja, ele se restringe a observar e ponderar como as coisas funcionam neste mundo injusto e cruel. Observa, por exemplo, como o homem sem Deus e sem esperança corre atrás de um propósito para sua vida vazia. Como este homem procura motivação em coisas vãs como o materialismo, o hedonismo e o intelectualismo ... inutilmente! É tudo vaidade, conclui o pensador. A humanidade passa a vida correndo atrás do vento, daquilo que não vale nada. Nós somos humanos e estamos presos neste mundo. Somos testemunhas da vaidade humana. Assistimos diariamente as abstrusidades que o bicho homem produz contra o meio em que vive, contra o próximo e não percebe que faz contra si e por causa de si mesmo. Não neguemos os fatos: eu e você não estamos fora disto. Somos humanos. Estamos presos neste mundo. Seguimos todos o mesmo destino. O escritor declara:

"Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao perverso; ao bom, ao puro e ao impuro; tanto ao que sacrifica como ao que não sacrifica; ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento." 9:2

Crueldade de Deus? Não. Conseqüência do pecado. Ele ainda observa que as oportunidades que esta vida oferece não são necessariamente distribuídas de forma justa, igual a todos:

"Vi ainda debaixo do sol que não é dos ligeiros o prêmio, nem dos valentes a vitória, nem tampouco dos sábios o pão, nem ainda dos prudentes a riqueza, nem dos inteligentes o favor; porém tudo depende do tempo e do acaso." 9:11

Por mais que você busque, corra atrás, estude, se esforce, nada disto é garantia de sucesso. Pior ainda, não tem como saber o dia de amanhã:

"Pois o homem não sabe a sua hora. Como os peixes que se apanham com a rede traiçoeira e como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se enredam também os filhos dos homens no tempo da calamidade, quando cai de repente sobre eles." 9:12

Calma, não se desespere. Mesmo em meio a todo este caos em que estamos inseridos, há algum lampejo de esperança, afinal Deus ainda não desistiu de nós.

Salomão observa no caso que lhe chama atenção:

Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra, mas um só pecador destrói muitas coisas boas.

Embora a maldade reine neste mundo injusto e cruel, embora a maldade de um só possa destruir muitos, viver de maneira sábia ainda é melhor.

Então, disse eu: melhor é a sabedoria do que a força, ainda que a sabedoria do pobre é desprezada, e as suas palavras não são ouvidas.

As palavras dos sábios, ouvidas em silêncio, valem mais do que os gritos de quem governa entre tolos.

Este caso que Salomão conta não é uma parábola, aconteceu de fato. Os personagens são reais. Este homem pobre e sábio existiu mesmo. O seu apelo é que persigamos a sabedoria como estilo de vida. Mesmo olhando a vida simplesmente por esta perspectiva, "debaixo do sol", sempre haverá mais de uma maneira de se viver. Há o sábio e há o estulto. Um traz benefícios para o seu meio e o outro cumula malefícios. Infelizmente, como temos observado, o estulto prevalece e o sábio nem sempre é honrado como merece. Aliás, quase nunca é. Principalmente se for pobre!

Desesperador? Pode ser. Mas Salomão não nos deixa esquecer que estamos olhando sob uma perspectiva terrena, humana. Mesmo que você assuma este estilo de vida, não espere muitos aplausos do mundo. Aliás, nenhum aplauso. Principalmente se você for pobre!

Somente no final de seu livro, no último parágrafo, o escritor conclui:

“De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más." 12:13 e 14

A forma como vivemos e agimos no nosso dia a dia, mesmo quando achamos que ninguém está observando, será considerada por Deus no nosso juízo. Não que de nossas obras dependa a nossa salvação. Mas precisamos considerar que, como Salomão escreve em outro lugar:

"O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino." Pv 1:7

Podemos e devemos procurar andar de maneira sábia, pois isto certamente refletirá em grandes benefícios para nós, para o meio em que vivemos e para o reino, e lembremos ainda que nada do que fizermos será esquecido por Deus, quer seja bom quer seja mau.

 


Muito prazer, meu nome é Insensato.                                                    

I Sm 25

 É comum ver pais que se inspiram em personagens bíblicos para colocar nome em seus filhos. Mas o que muitos não se dão conta, é que na cultura hebraica, o nome geralmente estava ligado a personalidade ou alguma característica da pessoa. Como Jacó, por exemplo, que significa enganador e posteriormente teve seu nome mudado para Israel, aquele que brigou com Deus. Ou Mara, aquela mulher que se tornou amarga. Ou ainda Abrão, pai exaltado, para Abraão, pai de muitas nações. Em I Samuel25, vemos um caso curioso acontecido com um sujeito que tinha um nome bastante peculiar: Nabal. Este era casado com uma mulher chamada Abigail, que deu testemunho do próprio marido dizendo: "Não se importe o meu senhor com este homem de Belial, a saber, com Nabal; porque o que significa o seu nome ele é. Nabal é o seu nome, e a loucura está com ele..." 25.25. Já imaginou ter um nome deste? Nabal significa literalmente "tolo, louco, insensato". 

Nabal é o seu nome, e era exatamente isto que este homem era. Nem todas as pessoas nos conhecem pelo nosso nome, mas com certeza nos conhecem pelas nossas atitudes. Estas dizem o que somos. Sempre. Considerando a tendência humana de enxergar mais os defeitos do que as qualidades, uma pessoa tem que ser extremamente boa para ter um reconhecimento positivo. Se for ( + ) ou ( - ) será sempre vista como ( - ), pois um defeito fala mais alto do que dez qualidades.

Somos exigentes. Aliás, somos muito mais exigentes com os outros do que com a gente mesmo. Nabal era assim. Era um homem de muitas posses que sabia o que era bom para si mesmo. Mas quando se tratava dos outros era duro na palavra e no trato, egoísta, inflexível, auto suficiente, soberbo, estúpido, arrogante, ingrato e não respeitava ninguém - nem autoridade humana, nem autoridade constituída por Deus. Todo mundo sabia quem ele era, só ele que não se enxergava.

Muitos de nós somos assim, uns menos e outros mais. Não desvie seu pensamento para algum conhecido... penseem você. Somosduros e exigentes com os outros, mas esperamos que todos nos tratem com respeito e consideração, que sejam amáveis, flexíveis e compreensíveis com a nossa pessoa. Devemos refletir sobre nossa personalidade e como tratamos o próximo. Frases do tipo "falo assim ou ajo assim porque sou franco e honesto" são desculpas espúrias para a grosseria e falta de tato com as pessoas. Não estou dizendo que não devemos ser sinceros uns com os outros, mas sim que devemos tratar próximo como gostamos de ser tratados. Quer que os outros sejam tão francos assim com você? Sem se magoar, melindrar ou sentir-se ofendido por serem "honestos" com você. E se lhe disserem aquilo que você precisa ouvir e não o que você gostaria de ouvir? Muito provavelmente sua reação será "erguer mais os seus muros" e não "baixar a guarda". Nabal era assim. Uma pessoa que age como Nabal arruma problemas para si e para os que estão à sua volta. Está sempre provocando polêmicas e discussões. Basta alguém dar a entender que discorda de alguma opinião sua que já é visto como uma ameaça ou um inimigo. Todos enxergam, só o Nabal que não. O espírito de Nabal é teimoso e incorrigível. Constantemente quer discutir e fazer objeções. Freqüentemente utiliza formas de expressão dura e sarcástica com os outros. Sua atitude é obstinada e irreconciliável, seus modos impertinentes e senhoris. Nabal só se deixar demover com lisonjas. É pedante. Faz questão de demonstrar a todos seus sentimentos através de expressões de aborrecimentos e impaciência. Tem facilidade de ofender-se e melindrar-se e demonstra posição vingativa diante da contradição e crítica. O mais curioso, é que todo mundo vê, só o Nabal é que não se enxerga.

Como você tem lidado com as pessoas a sua volta? Com a sua família (pais, irmãos, avós, ...)? Com seus colegas de trabalho ou ministério na igreja? Com aquelas que não fazem parte do seu círculo fechado de relacionamento, mas fazem parte do seu dia-a-dia, como o caixa lerdo do supermercado, por exemplo? Com aquelas que divergem de suas opiniões e preferências? E com as que concorrem com você? Como você trata aqueles que te procuram pedindo algum auxílio?

Como você é conhecido pelos seus amigos, vizinhos, colegas de trabalho?

 

 

 A Insensatez e a Sabedoria em pessoa                                                   

I Sm 25

 O livro de Provérbios está repleto de advertências ao tolo, ao louco, ao insensato; mas por ser o que são, eles não enxergam.

Geralmente o insensato é extremamente egoísta. Ele desconsidera que vivemos em sociedade, e este fato implica mutualidade. Se agirmos beneficamente, criaremos uma sociedade igualmente benéfica e seremos beneficiados por ela. Mas o insensato despreza isto tudo e sua maleficência acaba voltando para si. Foi o que aconteceu com Nabal. Embora a presença de Davi e seus homens implicasse segurança para o rebanho de Nabal e seus pastores, este não reconheceu. Além de não reconhecer, Nabal ainda insultou a Davi e seus homens. Muitas vezes, a falta de temor e respeito não significa coragem, mas insensatez. Falar o que pensa (ou sem pensar), sem ponderar as conseqüências é típico de um tolo.

Nabal não sabia que ele estava atraindo desgraça para si e para todos os seus. Precisou alguém de fora, um empregado seu, perceber o mal que ele atraíra para dar o alarme. Este é o prudente. E além de prudente, mostrou-se sábio, pois de nada adianta tentar avisar o tolo sobre suas loucuras. Quer ser amado? Exorte o sábio. Quer ser odiado? Exorte um tolo! Era preciso recorrer a alguém dotado de bom senso, e este servo recorre a Abigail.  Esta era esposa de Nabal. Ao contrário do maridão, a Bíblia a descreve como uma mulher bonita e inteligente.

Enquanto Nabal preparava-se para se regalar nos seus prazeres (a única preocupação do tolo é consigo mesmo!), Abigail trabalhava para contornar a situação. Um insensato nunca percebe que arranja encrenca para os outros concertarem. Depois de tudo ajeitado, ela espera a ressaca do maridão passar para notificar (com muita sabedoria) o tamanho da besteira que ele fez. Abigail não usou de brigas, gritarias, xingamentos, ofensas. Só comunicou o que aconteceu. O impacto da notícia fez com que Nabal enfartasse. Nabal acabou sofrendo sozinho o dano da sua insensatez.

Sempre existirá mais de uma maneira de você lidar com as situações. O tolo sempre escolhe a pior. Justamente porque lhe falta sabedoria.

Não seja precipitado em abrir seus lábios. Morda sua língua. Não diga o que pensa. Até um tolo se passa por sábio quando fica de boca fechada.

O tolo é também soberbo. Gosta de falar de seus sentimentos. Alias, alimenta um sentimento engrandecedor no tocante ao sucesso e posição, boa educação, boa aparência, talentos e capacidade naturais, etc... Gosta de falar porque se considera importante e espera por elogios e honras, pois carrega um secreto desejo de ser notado, por isso, nas rodas de conversa, gosta de chamar habilmente a atenção sobre si. Gosta de sentir-se rei no seu medíocre mundinho. Sozinho!

Abigail não era assim. Ela pensa nos outros primeiro. Abre mão de suas posses por um bem maior. Vai ao encontro para concertar uma situação.

Não vacila em pedir perdão, mesmo que o erro não seja seu. O sábio é humilde. 

O servo também mostrou sabedoria ao calar-se em vez de querer argumentar com o patrão Nabal. Entendeu o perigo e buscou, em silêncio, ajuda com quem poderia ajudar. Os sábios trabalham em silêncio.

No final, sempre colheremos os que semeamos: Nabal acabou sofrendo o dano sozinho: bateu as botas. Abigail casou-se com o rei.

O servo? Muito provavelmente passou a fazer parte da comitiva de Davi. Não sei se alguém já o fez antes, mas quero homenageá-lo com estas palavras:

"O servo prudente goza do favor do rei, mas o que procede indignamente  é objeto do seu furor". Provérbios 14:35

A Bíblia é um livro de testemunhos! Temos tanto a aprender com os testemunhos registrados neste livro. Podemos aprender muito mais com a sabedoria de um empregado (que damos pouca importância) do que com a insensatez de um homem rico (que tanto valorizamos).

  

 

Encontrem Meribe-Baal.                                                                           

II Sm 9.1-13

 Autocomiseração é um sentimento altamente destrutível. Pode ser facilmente sanado quando detectado. O perigo é que as pessoas não o percebem porque ele é silencioso. Seu volume máximo não passa da altura de um sussurro, mas é extremamente venenoso para nossa alma.

A história de Meribe-Baal pode ser dividida em três fases bem distintas.

A primeira é a fase da realeza. Esta fase foi a mais curta, e durou apenas 5 anos. Desde o seu nascimento como um príncipe, filho de Jonatas, e neto do rei Saul, era herdeiro do trono de Israel. Seu nome significava Combatente contra Baal (I Cr 8:34 e 9:40) . Mas a insensatez de seu avô arruinou toda a sua descendência. Naquele tempo, quando um rei caía, todos os herdeiros eram mortos para que não houvesse o risco de algum descendente reivindicar o trono futuramente. Quando a ama de Meribe-Baal soube da morte de seu pai e avô, quis protegê-lo e fugiu com ele. Sucedeu que na fuga, o menino caiu, fraturou os pés e ficou aleijado. Viveram muitos anos clandestinamente em terras além do Jordão.

A segunda fase foi a da pobreza. Uma mulher, escrava foragida, com uma criança aleijada para cuidar não tinha muita chance de se sustentar. O menino, então, cresceu sob cuidados de um homem chamado Maquir, filho de Amiel.

Há, basicamente, dois motivos principais que alimentam a autocomiseração nas pessoas: o fato de não serem quem gostariam de ser e o fato de não terem aquilo que gostariam de ter. Provavelmente este tipo de pensamento começou a ocupar a mente de Meribe-Baal, que agora mudara de nome, passando a ser chamado de Mefibosete, literalmente Espalhador da Vergonha. Pessoas assim passam os dias lamentando a oportunidade que perderam ou que nunca tiveram, os5 cma mais que gostariam de ter, os olhos azuis que não herdaram da avó, lamentam o cabelo, o nariz, o defeito, ... Não conseguem enxergar mais nada além de seus defeitos e frustrações. Não vêem perspectivas de melhora em sua vida. Não lutam ou desistem facilmente de seus sonhos e projetos. Autocomiseração demonstra INCREDULIDADE de nossa parte. Ficamos desanimados em tempos de muito trabalho e de oposição. Tornamo-nos murmuradores e não conseguimos silenciar nossa alma para ouvir a voz do Senhor e nem confiarem Deus. Demonstramosforte tendência para nos preocupar, amedrontar e lamentar com necessidades, e até pobreza não confiando nas providências divinas. Cisma, dúvida, desconfiança e reservas passam a nos dominar mesmo diante da Palavra de Deus. Passamos a viver descontentes em toda e qualquer situação...

A terceira fase foi a da restauração. Anos depois de ter assumido o trono, Davi se lembra de seu amigo Jonatas e do compromisso de fidelidade que assumira com ele. Decide procurar algum descendente de seu amigo que estivesse ainda vivo e descobre, através de Ziba, um antigo empregado de Saul, que havia Mefibosete, um filho aleijado de Jonatas que moravaem Lo-Debar. Davimanda buscá-lo e, num ato de misericórdia e benevolência, restitui-lhe as terras de seu avô. Não bastando isto, convida-o a morar no seu palácio, dando a honra de comer diariamente à sua mesa. Nesta altura, Ziba, que ficara cuidando das terras de Saul, volta à sua função de servo da família, passando a trabalhar para Mefibosete.

Que sentimentos esta vira-volta em sua vida deveriam proporcionar? Mefibosete sabia que não era merecedor de nada daquilo. Como descendente de Saul, deveria ser morto junto com os homens de sua família, mas ao invés disto, agora come junto à mesa do rei. Nenhum mérito existe em um cão morto, como ele mesmo se definia, mas pela misericórdia de Davi ele permanecia vivo, e pela graça do rei, tinha agora muito mais do que merecia.

Será que isto foi suficiente para transformar, além da vida de Mefibosete, todos os seus sentimentos? Somente aquele que não reconhece o que Deus fez por ele continua alimentando sentimentos de autocomiseração e autopiedade. A misericórdia e a graça de Deus devem transformar nossas vidas. Elas não alteram nosso humor e sentimentos automaticamente, mas quando a compreendemos, mudanças devem acontecer. Esta compreensão deve gerar um profundo sentimento de gratidão que faz com que nossos defeitos e frustrações se tornem insignificantes, quase imperceptíveis até o ponto de desaparecerem de nossa vista.

Pare de se lamentar. Talvez você não seja quem você gostaria de ser ou como gostaria de ser, mas você é assim exatamente porque Deus o fez assim e deve se transformarem quem Elequer que você seja. Ele deve ser o Senhor da sua vida, da sua história. Deus está mais interessado no seu caráter do que na sua aparência e naquilo que você quer aparentar.

Saiba reconhecer o que Deus já fez por você e em você.

 

 

 Se Ziba quer, deixa pra ele!                                                                          

II Sm 16.1-4 e19.24 a30

 Ziba era um servo de Saul. Mas não era um servo qualquer, era o administrador dos bens do seu senhor. Ele tinha o controle das propriedades em suas mãos. Com a morte de Saul e seus descendentes, Ziba ficou numa posição privilegiada: continuou administrando os bens da família (inclusive os conservos) até que algum herdeiro legítimo viesse reclamá-los, caso contrário, tudo ficaria com a sua família e seus descendentes, uma espécie de usucapião. Ziba estava tranqüilo porque o único que poderia reclamar algo era o aleijado e foragido Mefibosete. Não havia nenhum risco deste aparecer, pois poderia ser morto por ser descendente da antiga família real. Portanto, este não representava ameaça alguma. Até o dia que Ziba recebeu um recado que Davi, o rei de Israel, queria falar com ele. Quando Davi pergunta se havia algum descendente vivo de Jonatas, Ziba não hesita em dedurar o paradeiro de Mefibosete. Com certeza Davi dará cabo desta ameaça, pensou.

Até então, não conhecíamos o caráter deste "humilde servo", como ele se apresenta. Quando nos sentimos ameaçados, nosso coração começa a traçar planos iníquos para se proteger. Ziba tinha filhos ... e servos... e desfrutava de uma posição que não queria perder. É conveniente que Mefibosete morra para que Ziba não perca "suas" posses. É melhor dar fim na existência daquele aleijado do que EU descer de nível. O ganancioso não considera nada nem ninguém além de si. São nestas situações que homens como Ziba mostram realmente quem são.

Mas o tiro saiu pela culatra. Para sua surpresa, Davi não manda matar Mefibosete. Manda restituir. Que desgraça esta, não? A inveja mata. Mata a alegria, o amor ao próximo, a inveja deseja matar e em muitos casos manda matar. Invejar é desejar atributos, posses, status ou habilidades de outras pessoas. O invejoso ri com os que choram e chora com os que riem.

O plano de Ziba falhou porque ele contava que o mal seria seu aliado. O invejoso odeia o bem quando não é ele o beneficiado. O invejoso não consegue fazer ninguém feliz porque não quer ver ninguém feliz além dele. A inveja cega!

Agora Ziba só pensava em uma coisa: reaver "suas" posses e status de volta. A oportunidade aconteceu quando Davi precisou fugir de Absalão. Ziba aproveitou a oportunidade para demonstrar sua astúcia egoísta. Deixa Mefibosete para trás, bajula Davi e inventa uma mentira. Seu plano dá certo! Agora as terras são "oficialmente" suas, dadas pelo rei. Ambição egocêntrica... nestas horas o individualismo fala mais alto, ou melhor, fala sozinho.  O egocêntrico carrega um amor exagerado a si próprio. Tem um pensamento equivocado sobre seu lugar no mundo e na sociedade. Insiste em firmar sua pessoa como a mais importante em toda e qualquer situação e quer ter prioridadeem tudo. Há uma predileção nata às coisas que são de interesse pessoal. Sua atitude egoísta aparece quando se trata de receber benefícios e se acovarda quando se trata de assumir responsabilidades ou beneficiar os outros. Ziba desconsiderou os sentimentos e necessidades alheias e foi Incapaz de demonstrar amor a Deus e ao próximo.  Mas ele conseguiu o que tanto desejou.

Só que a história não termina aí, e o desfecho desta não é o maravilhoso golpe de Ziba. O desfecho pertence aos nobres. No retorno de Davi, este encontra com Mefibosete que conta sua versão da história. Até então Davi só conhecia o relato de Ziba . Em quem acreditar? Muito sábio, Davi ordena que as terras de Saul sejam divididas. Aí Mefibosete mostra seu caráter:

- Dê ao ambicioso o que deseja sua ambição, pois é tudo o que ele terá!

Inveja, egoísmo, ambição, mentira e iniqüidade não prevalecem sobre a bondade, a generosidade, o sentimento de gratidão e o amor ao próximo. Mesmo que aquele pense que saiu ganhando.

Com quem você se identifica? Não hesite em abrir mão de seus direitos para ganhar um bem maior: o reconhecimento do Rei! Pense no que você já possui: um tesouro que ninguém pode tirar da sua mão. E quanto mais você compartilhar deste tesouro, mais você ganhará.

 

 

 O rico de Lucas                                                                                         

 

Lucas 12.13-34

 Um poeta cearense contemporâneo compôs os seguintes versos:

 “Minha dor é perceber

que apesar de termos feito

tudo o que fizemos,

ainda somos os mesmos

e vivemos como os nossos pais.”

 Os "jovens há mais tempo" lembram deste refrão. Ele faz parte de uma música que fez muito sucesso na década de 70, interpretada por Elis Regina. Esta canção foi escrita por alguém que viveu numa geração que ainda sonhava, brigava e questionava as gerações mais velhas. Por toda a história da humanidade foi assim, e como o poeta mesmo reconhece, envelhecemos e nos tornamos exatamente como os nossos pais eram. Sempre foi assim... menos nos dias de hoje! Somos a única geração que conseguiu destruir esta capacidade de sonhar, brigar e questionar dos jovens. E isto não é de forma alguma algo positivo, pois ao inverso do que faziam as outras gerações, nossos jovens estão cada vez mais aceitando o lixo tecnológico que proporcionaram a eles, e desejando se entorpecer em doses cada vez maiores do luxo, conforto e do ben vivant que lhes é oferecido. A atual geração sabe o que é bom, não é mesmo? E estamos ensinando os nossos filhos a ser como nós somos... uma geração materialista, consumista, medíocre e avarenta.

Nenhuma geração acumulou tanta riqueza aqui na terra quanto a nossa. Para nos justificar temos muitos ventos a nosso favor - a propaganda do mundo que diz: “é assim que deve ser”; a conivência do meio em que convenientemente procuramos viver; a desculpa de procurar oferecer o melhor para os filhos; a necessidade de sobreviver num mundo cada vez mais competitivo; etc.

Do contra, só para nos incomodar, apenas a palavra do Senhor que diz: “não acumulem tesouros aqui na terra...”.  Apenas? Apenas!  É pouco, pode não fazer muita diferença, mas seu peso é proporcional à nossa fé.

Para ilustrar isto melhor, certa ocasião Jesus contou uma história para um sujeito que estava muito preocupado com sua herança. Para quem não sabe, herança é aquele dinheiro que o velho avarento guardava debaixo do colchão e foi obrigado a deixar aqui na terra, pois morreu e ninguém fez sua última vontade - enterrá-la junto, por isso não foi possível levá-la consigo. Parece que esta “bênção” acabou se tornando objeto de cobiça e discórdia entre os filhos. Mas a história contada pelo Senhor pode muito bem ser a história do próprio pai daquele sujeito, ou a dos nossos pais, ou a nossa mesmo. Diz que o campo de um homem rico produziu com abundâcia. Note que ele já era rico, e ficou mais rico ainda. E este homem rico arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? Que problemão, né? Não tenho onde enfiar mais dinheiro! Então ele pensou: Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Isso é que é vida, mermão! Este é o alvo de muitos de nós... fala sério! Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Mas que pergunta, Senhor!!! Esta é uma pergunta retórica, mas para quem será? Refiro-me a pergunta, não ao tesouro.

Muitas vezes olhei esta história de forma equivocada: primeiro porque achava que era uma parábola, hoje penso que é bem verídica; e segundo, achava que Jesus falava de um homem ímpio. Mas cada vez mais acredito que não. Quantos crentes você conhece que pensam exatamente como este homem rico? O mundo está mergulhado num edonismo sem precedentes; e, lamentavelmente, a Igreja tem acompanhado este estilo de vida tão atraente! A Igreja, sim, o Corpo de Cristo tem juntado muitos bens para si. Sem dúvida. Mas se ela for arrebatada hoje, o que temos preparado, para quem será? Temo que o tesouro deixado aqui na terra (para os ímpios desfrutarem) será infinitamente maior do que o acumulado no céu (aonde vamos morar). Por isso Jesus conclui a históia: Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus, ou seja, vai, no mínimo, se decepcionar. E mais a frente Ele solta aquela máxima:

 “porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. Aprendemos ser generosos quando se trata da satisfação dos próprios desejos, mas somos sovinas no que se refere aos outros. É nítido, dentro de nossas igrejas, a má vontade de contribuir regularmente para a divulgação do Evangelho no próprio país ou em países distantes. E ainda pertencemos a uma geração que não sabe reconhecer, honrar, respeitar o próximo. Sempre o meu tempo, minha vontade, e meus bens são mais importantes que os dos outros.

O que temos construído com nossas vidas? Que legado deixaremos para os nossos filhos? Eles serão obedientes porque aceitam e pensam exatamente como nós pensamos? Onde está o nosso coração? Aonde v. quer que esteja o coração de seus filhos?                         

 

 

 Vózinha e mainha.                                                                                       

 

II Timóteo 1:1-5

 Os dois últimos versos do Salmo 127 nos ensinam o seguinte:

 Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade. Feliz o homem que enche deles a sua aljava; não será envergonhado, quando pleitear com os inimigos à porta.

 Naquele contexto, uma flecha era construída artesanalmente, sempre respeitando medidas e princípios para que ela fosse útil e certeira. Uma flecha mal construída não tinha muita serventia mesmo que na mão de um excelente arqueiro. Mas uma flecha bem construída alcançava êxito. É muito interessante esta comparação: como flechas... assim os filhos. Pense o seguinte: Um bom arqueiro, com uma boa flecha em seu arco entesado, faz a mira e quando solta a corda tem a certeza que ela atingirá o alvo. Assim deve ser com os filhos. Lapidamos seu caráter, indicamos a direção e quando os soltamos... esperamos que atinjam um objetivo nobre. Mas nem sempre é assim. Uma flecha não tem vontade própria, mas nossos filhos tem.

E por falar em educação, quero lembrar o exemplo de duas senhoras, Lóide e Eunice, respectivamente avó e mãe do jovem Timóteo. Este era filho de pai grego e mãe judia. Não sabemos muito sobre sua infância e educação, mas pelo que Paulo diz, tanto sua avó, como sua mãe souberam transmitir muito bem a este rapaz seus valores espirituais. Vózinha Lóide e mainha Nice transmitiram sua fé baseada nas “sagradas letras”, como Paulo esclarece:

 “...e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” II Tm 3:15

 Saber a Bíblia não é sinônimo de ser salvo. As Escrituras podem levar-nos a salvação, mas esta só vem pela féem Cristo Jesus.Nãopodemos nos deixar enganar. Não pense que se nossas crianças estiverem freqüentando a escola dominical e decorando todos os versículos que a tia mandou, ou até ganhando o papel principal na pecinha do final do ano, garante que elas estejam automaticamente salvas. Nem pense ainda que pelo fato de ter nascido em família de crentes, a criança nasce salva. Nem mesmo se o avô foi fundador da igreja e o pai pastor há mais de dez anos. Gato que nasce dentro do forno não é bolo.

Timóteo foi bem instruído por estas senhoras, mas o que o qualificava era a sua fé sem fingimento.  Timóteo era um verdadeiro crente por causa da graça que fora implantada em seu coração através do Espírito Santo. Ele era genuíno, sincero e sua fé o levava a trabalhar pela causa do Evangelho de Cristo por amor a Deus. Suas obras eram reconhecidas por Paulo e talvez por muitas outras pessoas do seu convívio .

A fé e as obras de Timóteo outorgaram a este jovem autoridade tal que o apóstolo Paulo passa a ele o bastão do seu ministério:

 E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a  homens fiéis e também idôneos para instruir a outros. II Tm 2.2

 Timóteo era como um filho para Paulo. Era também como uma flecha confiável nas mãos deste velho guerreiro. Instruído por sua avó e mãe, e posteriormente discipulado por Paulo, este agora, no fim de sua carreira, estava soltando a corda do seu arco, confiando que a retidão deste jovem discípulo o levará ao alvo estabelecido. É muito bom quando crianças imitam a fé e santidade de pais piedosos, e crescem seguindo seus passos por vontade própria. É muito ruim quando acordamos num belo dia e descobrimos que o tempo passou e não ensinamos nossas crianças como deveríamos, então percebemos que já não dá mais tempo.

Talvez você não tenha filhos, assim como o apóstolo Paulo, mas certamente é sua também a responsabilidade de ensinar esta geração para que transmitam às futuras.

Quais são seus alvos? Você tem envolvido outras pessoas nesta obra como forma de discipulado? Que legado deixaremos à futura geração?

 

 

 Coração de Penina                                                                                

 

I Sm 1:1-20

 Houve um homem de Ramataim-Zofim, da região montanhosa de Efraim, cujo nome era Elcana.Tinha ele duas mulheres: uma se chamava Ana, e a outra, Penina. Penina tinha filhos; Ana, porém, não os tinha. O papel fundamental da mulher naquela época, naquela sociedade, era gerar filhos, deixar descendência do seu marido sobre a terra. Uma mulher estéril não tinha muito valor, pois basicamente perdia toda sua função. Além disto, a bigamia ou poligamia era perfeitamente aceitável, principalmente se a primeira esposa não pudesse gerar filhos. Era o caso de Ana. Elcana amava-a demais. Só o fato deste não a desprezar pela sua esterilidade já demonstra seu amor. Além disto, ele procurava recompensá-la de alguma maneira para suprir sua deficiência. Ana era profundamente frustrada com esta situação. Elcana procurava demonstrar a todo custo seu amor para consolá-la. Penina tinha filhos com Elcana, o sonho de Ana. Mas Penina não tinha o amor que Elcana dispensava a Ana. E isto gerava grande ciúme em Penina.

Quando ouvimos a palavra ciúme, logo pensamos num tipo mais comum entre casais, que é aquela disposição de suspeitar da fidelidade da pessoa amada. Esse tipo de ciúme também é doentio e só faz mal. Mas o ciúme de Penina nada tinha a ver com desconfiança conjugal. Seu ciúme era alimentado por aquela inveja oculta no íntimo de seu coração; aquele sentimento desagradável frente ao cuidado dispensado por Elcana. A pessoa ciumenta demonstra uma forte inclinação de falar mais de erros e falhas do que de capacidades e pontos positivos daqueles que são mais talentosos e benquistos. Era isto que corroia a alma de Penina e sua arma era irritar Ana ao máximo.

Penina ainda fazia-se valer da ocasião: quando subiam de ano em ano para oferecer sacrifícios, o ciúme piorava. Primeiro porque Ana, provavelmente, estava mais sensível nesta época: era quando ofereciam sacrifícios de gratidão ao Senhor que Ana mais sofria em seus questionamentos. Por isso Elcana separava para Ana uma porção dobrada daquela que ele dava a Penina e seus filhos. Isto gerava raiva em Penina e esta não perdia a oportunidade. Sua intenção era rebaixar e humilhar Ana, uma forma de sentir-se superior. A língua é uma grande aliada nestas horas. Pode ser através de palavras chulas ou usada de forma sutil mas cruel. É a nossa velha conhecida "língua afiada". Este ciúme acaba gerando muitos outros males: inimizades, brigas, acessos de raiva, ambição egoísta, desunião, divisões, e coisas semelhantes a estas.

Mas há aquele ciúme, menos barulhento,  que é próprio de quem cultiva uma mentalidade sectária e não tolera o sucesso e prosperidade de outro. É próprio de pessoas que demonstram mesquinhez na preferência de seu pequeno círculo de conhecidos bem como frieza e desamor diante dos que possuem opiniões e modos diferentes. Geralmente se retraem numa atitude de quem sabe sozinho ou sabe melhor, tratando os outros com desdém ou até sendo irônico com a opinião alheia. Este ciúme coroe como ácido. Não tem cor, cheiro, nem solta fumaça. É silencioso, mas é venenoso.

Não sabemos a forma que Penina utilizava para provocar Ana. Talvez ela não fosse tão ofensiva assim; talvez fosse "mui amiga" de Ana, e no momento adequado lançava um olhar, um sorrisinho, uma palavrinha apenas. Tem gente que sabe como fazer, e o faz muito bem! Às vezes um simples comentário funciona como cianureto: um veneno poderosíssimo que não necessita mais do que uma miligrama para acabar com uma vida. A língua é fogo, Tiago escreve, é um mundo de maldade, ocupa o seu lugar no nosso corpo e espalha o mal em todo o nosso ser. (Tg 1.26; leia também 3.5-8) 

Tiago ainda trata de como somos incoerentes no uso da nossa língua quando diz:

Usamos a língua tanto para agradecer ao Senhor e Pai como para amaldiçoar as pessoas, que foram criadas parecidas com Deus. Da mesma boca saem palavras tanto de agradecimento como de maldição. E pergunta: Meus irmãos, isso não deve ser assim. Por acaso pode a mesma fonte jorrar água doce e água amarga? (Tiago 3:9-11)

A resposta para esta pergunta é óbvia: NÃO. A  pessoa boa tira o bem do depósito de coisas boas que tem no seu coração. E a pessoa má tira o mal do seu depósito de coisas más. Pois a boca fala do que o coração está cheio. (Lucas 6:45).  Ou seu coração é bom ou mal. Não há meio termo.  

É interessante pensar que Ana deveria ter ciúme de Penina e não o contrário. Mas Ana orava, mesmo inconformada, ela orava. O que saía de seus lábios eram súplicas e petições ao Senhor. Ana soube confiar e esperar e Deus honrou sua fé. Mesmo quando tudo e todos parecem estar contra a situação, Deus pode agir favoravelmente. Mesmo quando seus lábios se movem silenciosamente, Deus escuta as palavras do seu coração... esteja você bendizendo ou amaldiçoando. Ele sabe o que se passa no seu coração! Isso é bom ou não? Tenho uma má e uma boa notícia para te dar: A má notícia é: seu coração é enganoso e desesperadamente corrupto. Ciúme é um ácido corrosivo que destrói alegria de viver. Sua língua é venenosa, ela pode matar. A boa notícia é: Se abrir seu coração para Deus agir, o fruto do Seu Espírito em nós gera amor, alegria, paz, longanimidade, bondade, benignidade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.

Como está seu coração? Há alguém cuja presença lhe incomoda? Por quê? Que sentimentos isto gera em você?

 

Status de Diótrefes                                                                                  

III Jo  9 - 11

 Você leu III João? Viu que absurdo! Quem este Diótrefes pensa que é? O cara teve a petulância de não receber ou não permitir que o próprio apóstolo João se achegasse à igreja? Que absurdo!!! Quem ele pensa que é??? A primeira vez que li este texto fiquei boquiaberto. Depois comecei pensar nos muitos Diótrefes que andam por aí nos dias de hoje. Igreja com dono existe desde aquele tempo. Você conhece alguma? 

Diótrefes não surge do nada e pronto: "Aqui quem manda sou eu!" Penso que no começo são crentes fiéis, humildes, dispostos a ajudar e aprender mais das coisas de Deus. Freqüentam a EBD, auxiliam na limpeza do templo quando tem mutirão, na coleta das ofertas, etc. Sua devoção e serviço logo são notados por todos. Diótrefes não é um cara tímido.

Não demora muito, ele já assume uma classe de escola bíblica ou um ministério qualquer. Na próxima eleição será indicado para diácono ou presbítero, e com muito orgulho, compra até um terno novo para ser empossado, consagrado.

Foi a alguns homens nesta posição que o apóstolo Paulo exortou: Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. (At 20:28-30)

Orgulho, soberba... é fácil cair. O pecado mais difícil de se admitir é o orgulho. O orgulhoso não admite que seja orgulhoso  justamente porque é orgulhoso. Quando as responsabilidades de Diótrefes vão se acumulando, suas decisões são cada vez mais importantes. Ele mesmo se considera importante, ou melhor, imprescindível em algumas situações e até mesmo insubstituível. Logo começam os atritos com irmãos que divergem de suas opiniões, seja na cor da tinta da sala de aula, seja na indicação dos nomes para a próxima eleição. Tudo deve ser feito segunda a SUA vontade. Todos devem ouvi-lo e obedecê-lo sem questionar. Até que um dia, só tem um homem mais importante do que ele na igreja - o pastor. Ele é o melhor amigo do pastor. É seu braço direito, o homem de confiança. Na ausência do pastor, Diótrefes resolve, decide, prega, ensina, assina... Agora ele precisa ser o n° 1. O ciúme e a inveja não o deixam descansar. Para alcançar seu objetivo vale tudo: CDD (campanha dissimulada de difamação); armação, conchavo, fofocas, promoções, casca de banana, etc. Qualquer coisa, contanto que seja feito no mais absoluto sigilo. Um dia ele consegue. O pastor não entende o que está acontecendo. Tem recebido indiretas, alguns membros estão lhe dando as costas, o trabalho parece estar enfraquecendo. Então ele busca conselho com o seu homem de confiança: Diótrefes. Até o dia que a situação fica insustentável e a corda se rompe. Quando o piedoso pastor percebe, é tarde demais. - Porque Deus permitiu que isto acontecesse?, questiona. Diótrefes toma a "liderança" e agora é o dono absoluto daquela congregação dividida.

Quando chega neste ponto, ele vive proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa da igreja.

Ambição, mesquinhez, egoísmo, ciúme, inveja e soberba são os elementos essenciais para se formar um Diótrefes. Absurdo, né? Pior ainda é saber que todos estes estão presentes em nosso ser. Este sujeito sabe que deve fazer o bem e não faz. Sabe que deve amar o próximo como Cristo amou a igreja, mas não ama ninguém. Não retribui bens, honra e direitos ao próximo. Não testemunha a verdade. Não dá de comer, de beber, não acolhe, veste, visita "como cristão". É conivente com a iniqüidade. É astuto, omisso e covarde. Foge do caminho da cruz.

Cada um de nós carrega um Diótrefes em potencial dentro de nós. Exagero? Paulo não pensava assim: Atendei por vós (...) dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.

Loucura é negligenciarmos nossa natureza pecaminosa. Cuide de você mesmo. A soberba é o pior dos pecados porque nem sequer admite que seja pecado! Ao primeiro sintoma desta doença, procure O Médico de nossas almas e confesse.

A Igreja do Senhor Jesus não tem dono, digo, aqui na Terra. A Igreja é de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Ele requererá de nossas mãos o cuidado com a Sua Igreja que nos tem confiado.

 

 

 Espírito de Gaio                                                                                          

III Jo 1-8

 Você leu III João? Viu que massa! Quem gostaria de ser como Gaio? Sua vida de piedade e demonstração de amor pelo próximo eram tão grandes que ele foi reconhecido por todos! Até quem não o conhecia dava testemunho de como ele andava. Isto alegrava grandemente o apóstolo João. Sua maior alegria era "ver seus filhos andando na verdade". Que contraste! Estou pensando no Diótrefes. Não quero voltar a falar deste sujeito, mas o termo "andar na verdade" contrasta com "andar na mentira, na falsidade". É o estilo do Dito-cujo.

Gaio era fiel. João escreve que recebeu visita de alguns irmãos que falaram a respeito da fidelidade de Gaio. É difícil encontrarmos pessoas que podemos realmente confiar. Que contraste, não?

Amado. É assim que João, o discípulo amado de Jesus que mais tarde veio a ser o apóstolo que mais escreveu sobre o amor o trata. João escreve como um pastor cuidadoso:

- "Amado, você tem sido fiel naquilo que faz pelos irmãos, mesmo quando são estrangeiros" (v. 5).  Gaio estava fazendo algo pelos outros. Normalmente, quando isto acontece, é sempre em prejuízo de si. O altruísta deixa de cuidar de seus próprios interesses para atender as necessidades do próximo. Pense, que contraste! O egoísta cuida dos seus interesses em detrimento das necessidades dos outros. E o que é mais impressionante, é que alguns que testemunhavam de Gaio nem sequer o conheciam!

É muito fácil atendermos as necessidades de quem conhecemos, não é verdade? Se formos honestos, verificaremos que não é fácil não. Porque se fosse fácil nenhum conhecido nosso passaria necessidade. Nós não atendemos as necessidades alheias porque é muito difícil deixarmos a nossa zona de conforto para acudir o irmão, o vizinho, o colega. Há aqueles que trabalham para todos verem, e só se movem por esta motivação. Penseem Gaio. Acudindoas necessidades de desconhecidos, não corria nem o risco de fazer para ser aplaudido. O que ele fez, fez para aqueles que sequer poderiam lhe agradecer. Mas só o testemunho deles já valeu. Simplesmente ficou registrado na Bíblia e dois mil anos depois louvamos sua atitude porque  ajudou um grupo de estrangeiros. Que contraste, heim? Tem gente que também teve seu nome registrado na Bíblia, mas...

Qual era a motivação de Gaio? Creio que ele realmente aprendeu com com O Mestre:

- "Nosso dever é receber com hospitalidade irmãos como estes, para que nos tornem os cooperadores em favor da verdade" (v. 8).

Esta era a intenção por traz da ação de Gaio: ser um cooperador de Cristo. João ainda escreve:

Amado, não sigas o mal, mas o bem. Quem faz bem é de Deus; mas quem  faz mal não tem visto a Deus. (v. 11)

Aquele que faz o bem, não só boas ações, mas motivado em suas intenções, este é de Deus. Aquele que faz o mau, mesmo numa ação aparentemente boa, mas cheia de maldade e veneno, não conhece a Deus, porque Deus é amor. No verdadeiro amor não há inveja, malícia, dolo, mentira, etc.

Há ainda, nesta pequena carta, lugar para lembrar de Demétrio:

Todos dão testemunho de Demétrio, até a própria verdade; e também nós testemunhamos; e vós bem sabeis que o nosso testemunho é verdadeiro (v. 12).

Quando aprendermos a andar como estes homens andaram, todos testemunharão de nós. E ainda teremos a nosso favor o testemunho da verdade. Que significa isto? Significa que quando algum falso testemunho de algum Diótrefes se levantar contra nós, não precisamos nos desesperar. Com o tempo, a verdade testemunhará a nosso favor e a mentira não prevalecerá.

Ande na verdade. Ande na Luz. "Deus é luz e não há nele treva alguma". (I Jo 1.5)

 Complete a frase:

  - Nossa história está sendo escrita. Cada ato, palavra, gesto, pensamento serão registrados para nosso (a)  ____________ ________________________­­___________.  (alívio, conforto, desespero, testemunho, vergonha, outros...)

 

 

 A mente de Amnon                                                                                     

II Samuel 13.1-20

Estou cada vez mais convencido de que os relacionamentos humanos são o laboratório de Deus para o aperfeiçoamento de nossas vidas. Não pense no que ou em quanto você pode lucrar com isto. Geralmente somos altamente prejudicados nestes relacionamentos. Nem pense no que os outros podem contribuir positivamente com você. Pense sim no que você pode fazer de bom pelo próximo.

Estou cada vez mais convencido, também, que vivemos para fazer diferença na vida dos outros. Se você não faz diferenças na vida de alguém, então você não faz diferença alguma. Agora, podemos deixar marcas positivas ou negativas naqueles que Deus coloca no nosso caminho durante nossa curta jornada neste mundo. Sejam vizinhos, colegas, amigos, companheiros de projeto, dupla de evangelismo e, principalmente, membros de nossa família, que muitas vezes tratamos com tanta indiferença.

Amnom foi um cara que deixou marcas profundas na vida de sua irmã. Você já tinha pensado por este ângulo? Tamar, na verdade sua meia-irmã, era uma mulher muito bonita e atraente, tanto que Amnom acabou se apaixonando por ela. Vamos ser bem honestos: Amnom era homem, Tamar mulher. É perfeitamente normal que ele sentisse alguma atração por sua beleza e formosura. Até aí, tudo bem. O problema é que se a mente de Amnom não fosse tão "poluída", ele controlaria seus hormônios masculinos, pois a própria Lei proibia o incesto (Dt 27.22). A história se encerraria aí. Ele apenas pensaria o seguinte:

- Minha irmã é uma tremenda gata... mas é minha irmã. Quem casar com ela será um homem de sorte!

Ou qualquer coisa parecida. Porém, Amnom vinha alimentando sua mente com sabe-se lá o que. A impureza em seu coração é evidente. Pessoas que sofrem deste mal tem uma permanente inclinação para o prazer carnal. Suas conversas, confidências e familiaridade com pessoas do sexo oposto são sempre inadequadas. Suas idéias, pensamentos e atos são impuros. Sua fantasia é sempre contaminada e seus olhos ávidos de prazer. Nunca olha para o sexo como algo puro e bom. Existe algo no coração que não se pode confiar, principalmente se surgirem situações favoráveis para um contato mais íntimo. É um vício. Uma pessoa como Amnom jamais abriria seu coração para pedir conselhos a uma senhora piedosa de sua congregação. Ele sabia que seu primo Jonadabe era "o cara" e que poderia dar a dica certa para ele atingir seu alvo. O astuto Jonadabe bola um plano e Amnom põeem prática. Oplano dá certo. Só a Tamar que não queria colaborar muito, então Amnom precisa dar uma "forçadinha" para obter sucesso. Cruel, não? A combinação hormônio + mente carnal entraem ebulição. Amnomficou cego. Não considerou a Lei, a família, a sociedade nem os apelos desesperados de sua irmã. Não considerou nada nem ninguém além da sua satisfação pessoal. Degradante, não? Revoltante. O pior ainda estava por vir.

Depois do ato consumado, o desejo e paixão por sua irmã transformaram-se em repulsa e vergonha. É isto que o pecado faz. Torna tudo nojento. Ainda assim, Tamar implora: Não piore a situação! Novamente Amnom não dá ouvidos. Agora ele está surdo, não ouvirá mais nada nem ninguém. Amnom também não considerou os sonhos e desejos de sua adorável irmã. Não considerou o futuro de Tamar. Como todo ser humano, ela tinha planos. Como toda mulher, ela sonhava (até este dia), em encontrar um bom marido que a amasse e respeitasse, que fosse carinhoso e atencioso. Queria construir um lar. Queria ser mãe, amamentar, acariciar e criar seus filhos. Mais tarde, ver os filhos casarem, conhecer seus netos e envelhecer ao lado daquele quem ela sempre amou, honrou e cuidou.

Amnom assassinou todos estes sonhos. Destruiu por completo sua vida. Tamar foi desonrada violentamente e, por ser desvirginada, não poderia se casar com mais ninguém.  Amnom não considerou nada disto. Só quis se satisfazer por alguns minutos. Bem, esta foi a marca que Amnom deixou.

Que marcas temos deixado na vida dos outros? Ok, nada tão grave ou repulsivo assim. Mas usei este exemplo tão extremado para dizer o seguinte:

A marca que deixaremos na vida das pessoas à nossa volta será diretamente proporcional ao quanto influenciamos estas pessoas, seja positiva ou negativamente. Nós só poderemos influenciar positivamente se nosso coração for adequadamente alimentado. A atitude de Amnom simplesmente foi condizente com seu coração. Então a questão é: Com o que você tem alimentado seu coração? O que se passa pela sua mente diariamente? O que você pensa enquanto ninguém sabe o que você está pensando? Fantasia contaminada e inclinação carnal só trarão desgraça para você e para o próximo.

Para poder amar o próximo como Cristo nos amou, é preciso ter um coração sadio, limpo.

Como você tem influenciado as pessoas à sua volta?

Que marcas você deixará na vida delas?

 

 

Cobra criada em casa.                                                                                  

II Samuel13.23 a33

 Vingança é um prato que se come frio, ensina o mundo. Não sei há quantos anos existe este adágio popular, mas a prática é tão velha quanto o pecado na humanidade.

Absalão seguiu à risca este princípio. Depois do lamentável caso de violência contra Tamar, houve um silêncio de dois anos. O mais grave foi o silêncio de Davi. Como rei, ele deveria julgar e punir seu filho. A condenação para este tipo de pecado era pena de morte. Davi foi "livrado" desta pena algum tempo antes, no caso com Bate-Seba. Talvez ele tenha pensado em estender este perdão a Amnom, talvez estivesse numa sinuca, afinal este era o herdeiro do trono... Isto não temos como saber. Uma coisa é certa: Davi estava completamente desmoralizado para julgar este tipo de caso, qualquer que fossem as pessoas envolvidas. A conseqüência dos nossos pecados é mais extensa que podemos imaginar. Não quero justificar Amnom, mas este teve um exemplo dentro casa: "Se você quer muito uma mulher, faça de tudo para consegui-la", foi o que seu pai ensinou.

Absalão também seguiu o exemplo do pai. Primeiro no silêncio. "Se meu pai que é o rei não vai se pronunciar, tampouco eu". Mas ele tinha outras intenções. Aprendera, também em casa, que "se alguém estiver no seu caminho, dê um jeito logo no infeliz". O estrago que o pecado causa é mais grave do que podemos imaginar. Absalão põe em prática aquilo que aprendeu. Espera baixar a poeira, se faz de amigo e manda o empiastro do Amnom para a cidade dos pés juntos.

No meio de toda esta trama familiar, tem lugar um sujeitinho de nome Jonadabe, sobrinho de Davi. Foi ele quem deu o empurrãozinho que Amnom precisava para violentar sua irmã. Só que ninguém sabia.

A Bíblia o descreve como sagaz. Na tradução Almeida Revista e Corrigida, esta palavra só aparece duas vezes na Bíblia toda: neste texto, referindo-se a Jonadabe e em Gênesis 3.1, para descrever a serpente, a mais sagaz de todos os animais selváticos. Lembro-me da vez que levei uma jibóia para casa. Soltei-a na sala, e calmamente ela começou a reconhecer o espaço. Então ela detectou o ponto mais estratégico daquele ambiente e subiu até o alto de uma prateleira, enrolou-se e ficou imóvel o resto daquela manhã, apenas observando todo movimento à sua volta. Imóvel. Só observando.  Isto é sagacidade. Mas além de sagaz, Jonadabe era falso, mascarado.

Ante a equivocada notícia de que todos os filhos de Davi haviam sido mortos, Jonadabe "conforta" o rei: Foi só um! O astuto já tinha farejado as intenções de Absalão desde o dia que Amnom violentou sua irmã. Surgem algumas perguntas. Se ele já tinha percebido a intenção de Absalão, por que não advertiu Amnom? Ou melhor, por que não advertiu o rei? E por que este prestativo e querido sobrinho do rei não revelou que ele tinha parte da culpa nesta história? Que foi dele o plano para atrair Tamar ao quarto de seu violento irmão?

É porque gente como ele tem prazer em ver o mal, mas é covarde. É extremamente hábil em contornar, virar, encobrir a verdade e esconder os próprios erros, ainda que isto resulte em prejuízo de outros.

Você conhece algum Jonadabe? Pode ser que conheça, mas dificilmente irá perceber. Ele se esforça para causar uma impressão melhor do que seria compatível com a verdade. Por pior que sejam suas motivações, sabe disfarçar muito bem. A palavra hipócrita (gr. hupokrites) significa intérprete, ator, artista de teatro. A origem deste termo vem daquelas máscaras características utilizadas nos teatros que expressavam um rosto alegre ou triste. O nome desta máscara era hupokrites. Por isto, o sujeito falso, dissimulador, impostor recebe este carinhoso apelido: hipócrita. Ele esconde-se atrás de máscaras. Outra palavra para descrever Jonadabe é insinceridade. A palavra sincero significa literalmente sem cera. Este termo teve origem quando comerciantes de objetos de mármore (vasos, estátuas) escondiam imperfeições e trincas nas peças usando uma mistura de cera com pó de mármore. Depois de lustrada, a peça ficava perfeita. Mas quando aproximada do fogo, aquela cera derretia e mostrava a farsa. Insinceridade, então, seria a característica do enganador. Jonadabe é bajulador: demonstra ser prestativo, mas isto não passa de dissimulação carregada de falsa modéstia. Dificilmente reconhece e confessa seu pecado. Aprendeu a bolar planos como seu tio, mas não tinha um coração penetrável, sondável, e moldável como o de Davi. Talvez Jonadabe precisasse tomar para si o salmo do titio que dizia:

Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mal e guia-me pelo caminho eterno. Sl 139.23-24

Faça deste Salmo uma oração pessoal. Você precisa abrir mão de algo para chegar diante de Deus com sinceridade? Peça para Deus sondar seu coração. Confesse e concerte. Ainda que possa ser um prejuízo para você, pode ter certeza: vale à pena.

 

 

 Cabra frouxo                                                                                          

 

Juízes 4.4-24

 Cinco cegos estavam apalpando um elefante para tentar descrevê-lo. O que apalpava a pata dizia: é igual uma árvore. O que apalpava o rabo dizia: é semelhante uma cobra. Outro, que ficou na frente, apalpava a tromba e afirmava: parece uma mangueira de jardim. O quarto estava apalpando sua barriga e contrariava os outros: é uma enorme bola suspensa. E, por último, o que apalpava a orelha afirmava: sem dúvida, elefante é um enorme pássaro.

Algumas passagens bíblicas são alvos de discussões porque não consideramos o todo, e nos apegamos apenasem detalhes. Porque estou escrevendo isto? Porque o texto que vamos abordar certamente pode causar alguma polêmica.

Para começar, o livro de Juízes relata uma época aonde Israel ia de mal a pior. O versículo chave deste livro mostra o contexto em que viviam:

Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada qual fazia o que achava mais reto. Juízes 17:6; 18.1; 19.1; 21.25

Não havia rei, nem patriarca, e nem davam a mínima para o governo teocêntrico que o Senhor queria instituir em Israel. Aquelasociedade era marcada pelos 3 is: imoralidade, idolatria e indiferença. A coisa estava tão feia, que Deus estava usando uma mulher para julgar a nação! Calma. Algumas podem ficar indignadas com esta afirmação. Conheço esta discussão. Mas considere o seguinte: Naquela sociedade patriarcal (não confundir patriarcal com machista), Deus colocar uma mulher para exercer liderança era vergonhoso para os homens. Débora manda chamar Baraque e lhe puxa a orelha: "Porventura, o SENHOR, Deus de Israel, não deu ordem...?" (4.6). Aparentemente, Deus já havia dado uma ordem para Baraque, mas este não atendeu. E declara diante de Débora: Só vou se você for... Baraque estava com medo! Calma. Alguns podem ficar indignados com esta afirmação. Talvez fosse melhor dizer que foi insegurança ou incredulidade dele. Mas estes sentimentos se traduzem na palavra medo. O medo reflete aquele temor carnal perante pessoas; fugir de repreensões e deveres; desviar-se da cruz; medo de sofrer; temerosidade que se deixa paralisar por pessoas eminentes; tendência a contemporizar; falsa reserva, etc. O medo fica evidente quando dizemos: prefiro não me envolver (não confundir com prudência), ou só vou se você for!  Baraque estava admitindo que acreditava mais na segurança que Débora podia transmitir do que na Palavra de Deus.

Débora responde: "Vou, mas você não ficará com as honras da vitória, pois o SENHOR Deus entregará Sísera nas mãos de uma mulher." (4.9).

Cruéis e bem armados, os cananitas possuíam uma frota de carros de guerra, equivalente nos dias atuais  a um destacamento de tanques blindados. Malemá teve batalha. Dizem os comentaristas que era inverno, e o vale do rio Quison ficava alagado. Provavelmente aqueles pesados carros de ferro atolaram e o exército ficou tão vulnerável que Sísera deixou seu carro e fugiu a pé! Deus havia criado aquela situação favorável para Israel. Sísera esconde-se na tenda de uma mulher, chamada Jael. Por ser inverno, Sísera deveria estar molhado e com frio. Jael lhe dá um copo de leite e um cobertor. Do jeito que Sísera estava cansado, dormiu feito um anjinho. Jael pega uma marreta e uma estaca de prender barraca e atravessa a cabeça do anjinho dorminhoco cravando-o no chão. Que braço, heim?

Tá vendo? Deus usa outra mulher! Utilizou sim, mas para vergonha dos homens. Mas antes que a polêmica se instaure, precisamos olhar o elefante inteiro em vez de ficar brigando pelo rabinho dele. Precisamos entender que a principal personagem desta história não é Débora, nem Baraque. O herói desta história não é o exército de Israel e nem Jael. O principal personagem e herói absoluto desta batalha é o Senhor, nosso Deus! Numa sociedade patriarcal negligente e decadente Ele diz: "Posso usar uma mulher para dar uma lição nestes marmanjos!" Diante de um comandante incrédulo e receoso Ele diz: "Sou eu quem vence!" Mesmo o mais cruel e temível vilão para os homens não passa de um gatinho assustado para Deus: Ele entregou "de bandeja" para a delicada Jael.

O que nos amedronta? Será que é o fato de não querermos correr o risco de ceder um milímetro de nossas opiniões para analisarmos outras possibilidades? Medo de abrir mão de argumentos para não perder uma discussão e aparentarmos mais fracos ou inferiores? Medo de se rebaixar? De se humilhar?

O medo foi o primeiro sentimento pecaminoso pós queda registrado na Bíblia:  "...tive medo, e me escondi."  (Gn 3.10)

Há um medo natural que nos preserva. É ele que nos impede de brincar no parapeito do 20° andar ou sair correndo numa avenida movimentada. Mas há aquele medo doentio que nos paralisa e impede que prossigamos a diante. Este medo é carnal. Demonstra nossa incredulidade e insegurança. A pessoa insegura está sempre tentando se defender contra-argumentando com todos. Está sempre com a "guarda levantada". Sente que todos à sua volta são uma ameaça. Não confia em si nemem Deus. Temosmedo que os outros descubram quem somos, por isso usamos máscaras. Por isso sempre nos pegamos tentando justificar nossos atos e procuramos um culpado em tudo o que acontece. Anos antes, quando Josué estava prestes a entrar naquela terra, Deus havia falado

"Não to mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o SENHOR, teu Deus,  é contigo por onde quer que andares." (Js 1.9)

Baixe a sua guarda. Deixe de falsas reservas e falsa modéstia. Confie no que Deus fala, senão o medo te impedirá de se relacionar, entregar, confiar, avançar e enfrentar seus problemas e vencer a batalha.

 

 

 Ídolos do coração                                                                                         

 

At19.23 a27

 Há um fato bastante curioso nesta narrativa: ela conta como funciona um sistema religioso. Ídolos são como marionetes. Tem boca e não falam, tem ouvidos e não vêem, tem pés e não andam, ... Por isso, alguém tem que fazer por eles. Esta narrativa conta quem estava por trás da "grande deusa" Diana e qual o interesse destes homens. Por trás de todo sistema religioso há pelo menos duas motivações para sustentar a mentira da idolatria: um é político e outro financeiro. O primeiro busca poder e domínio sobre os homens. Suas armas para controlar as massas são a ignorância e o medo. Este grupo também lucra com o sistema, mas não tanto quanto o segundo que monopoliza o comércio promovido sobre os medrosos e ignorantes. Demétrio encontra-se neste grupo. Talvez ele não fosse tão religioso assim, só não queria perder sua fonte de lucro. O único deus que realmente importa para este tipo chama-se Mamom. O máximo de sua religiosidade vale-se da crendice popular. Se você comprar esta imagem ou medalhinha, dizem eles, então nosso deus te protegerá, você prosperará e nenhum mal irá acontecer. E por aí vai. Caso algum enviado de Deus chegue naquele local para pregar a Verdade (nada mais do que a Verdade) será tido como grande ameaça. Por quê? Porque a mentira teme a verdade. Porque a Verdade liberta. Porque a Verdade salva. Porque a Verdade é Jesus. Demétrio não queria saber do Caminho, da Verdade e da Vida. Jesus não interessava para ele e não queria que ninguém se interessasse também. Jesus estragaria seu negócio!

A palavra idolatria (do grego eidolatreia) significa primordialmente adoração a deuses falsos. É uma composição das palavras eidolon (deus falso, imagem, réplica) + latreia (serviço retribuído por salário, realizar serviços sagrados, serviço e adoração a Deus de acordo com os requerimentos da lei levítica). Idolatria, na forma mais pagã e grotesca que conhecemos significa um serviço religioso, que deveria estar sendo prestado a Deus, dirigido a um falso deus representado, geralmente, por uma imagem. No Antigo Testamento, a palavra usada para definir idolatria tem uma conotação um pouco mais forte. Zanah significa literalmente praticar fornicação, ser uma meretriz, agir como meretriz, levar a cometer adultério, forçar à prostituição, cometer fornicação. É assim que Deus vê a idolatria. Este é o sistema pagão de idolatria. É dominador, dá muito lucro e é fortemente combatida pelos crentes. É o tipo mais visível mas não é tipo mais comum.

Existem outros tipos de idolatria, muito sutis, que estão mais perto do que imaginamos. Tão perto, que muitos crentes os carregam pra cima e pra baixo e não o percebem. Estes ídolos estão dentro de nós. A própria palavra grega eidolon traz um significado secundário, referindo-se a cobiça, como adoração a Mamom. É dominadora, visa o lucro pessoal e é fortemente praticada pelos crentes. Não é visível (a não ser em alguns casos...) mas é muuuuuuiiiito comum.

De modo geral, podemos definir um ídolo como qualquer coisa ou pessoa que ocupe prioridade em nossa vida. Portanto, ocupa o lugar que cabe a Deus. Por exemplo: se colocamos a nossa segurança quanto ao futuro em coisas ou pessoas que não Deus, estamos praticando a idolatria. Estamos, com isto, negando os caminhos de Deus e tentando impor os nossos caminhos para alcançar objetivos mesquinhos e pessoais. Talvez eu faça dívidas e ainda assim durma tranqüilo porque confio mais na estabilidade que meu emprego proporciona, ou na minha capacidade, ou mesmo porque sou amigo pessoal do chefe. Mas ignoro que fazer dívidas não é a forma que Deus espera que cuidemos de nossas finanças. Com isto, estou comunicando: "mesmo que Deus não aconselhe fazer dívidas, posso fazer porque sou funcionário público e, graças ao Lula,  tenho meu salário garantido no fim do mês!". 

Isto está intimamente ligado a outra grande forma de idolatria: o consumismo. É um grande mal do nosso século. Cair na conversa enganosa das propagandas fraudulentas de lojas e cartões, prometendo vantagens e facilidades, para que você se sinta bem ou mais importante, é tão danoso quanto cair no conto da medalhinha do santo que protege. Consumismo escraviza. A grande maioria (esmagadora) dos crentes gasta mais com roupas e acessórios do que com a obra missionária. É fiel no crediário mas não nas contribuições. Gastamos mais com coca-cola do que com missões. Como disse Jesus, Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. (Mt 6.24). Um dia, Deus dará um peteleco no seu ídolo, aí, então, sua casa cai. Este tipo é equivale àquele grupo que explora a idolatria comerciável, o grupo do Demétrio.

Mas há ainda, uma outra forma de idolatria no meio evangélico, muito mais sutil ainda, muito mais perigosa e muito mais difícil de detectar e combater. Ela é facilmente engolida por muitos, pois têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético, todavia, não têm valor algum contra a sensualidade (lit. os impulsos da carne). (Cl 2.23). Seu aspecto religioso dá um ar espiritual e piedoso, mas é carnalidade pura. Equivale ao grupo sacerdotal dominador, estilo fariseu. Este tipo tenta "domesticar" Deus através de rituais, tradições, regrinhas, preconceitos, ascetismo, etc.  A base do raciocínio deste sistema funciona exatamente igual ao sistema animista pagão: se eu fizer tal coisa, agir de tal modo, pronunciar tais palavras, se só usar determinada roupa, então Deus estará a meu favor e me socorrerá. Você já ouviu alguma pregação que ensina que se você freqüentar o culto todos os domingos, ou se der o dízimo fielmente, então (somente então) Deus vai te abençoar?  Muitos crentes oram "em nome de Jesus" como se fossem palavras mágicas (tipo abracadabra). Ir ao culto no domingo, dar suas ofertas, orar em nome de Jesus são coisas boas, mas não podemos fazer estas coisas pensando que desta forma dominaremos Deus para ter controle sobre a nossa vida e o mundo que nos cerca. 

Um ensino deficiente das Escrituras tem levado muitos crentes fiéis e sinceros a cometerem erros crassos. Alguns líderes religiosos no meio evangélico (mal intencionados) sabem disto e, da mesma forma que os sacerdotes pagãos, procuram manter suas ovelhas no medo e na ignorância a fim de dominá-las e manipulá-las.

O melhor remédio contra a idolatria é conhecer a vontade de Deus registrada nas Escrituras, estudar a Palavra, ler a Bíblia. Dois capítulos antes do ocorrido em Éfeso, Lucas registra que "os de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim". (At 17.11). Sigamos o exemplo dos Bereianos!

Não seja enganado. Não acredite em tudo o que você ouve, principalmente nos nossos dias, mesmo que venha embrulhado em papel de Bíblia, tenha o rótulo de evangélico e seja acompanhado com um "em nome de Jesus".  Ainda é bem atual a exortação do apóstolo João:  

  -   Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. (1 João 5:21)



Demas era ou não era?                                                                          

II Timóteo 4.9 -11

 Recentemente surgiu uma discussão no seminário a respeito de perda de salvação. Imagine: temos lá estudantes batistas, presbiterianos e assembleianos entre outras denominações. Mas creio que esta discussão não é exclusiva da "nossa" escola. Todo seminário, todo círculo evangélico, discute isto. Há anos, ou melhor, há séculos! A disputa trava-se basicamente entre duas torcidas: calvinistas x arminianistas. Quem apresenta base bíblica melhor cala o adversário mais cedo. Mas este não se dá por vencido e aprofunda-se nos comentaristas mais convenientes para, numa nova ocasião, sacar argumentos cada vez mais teológicos-eruditos-mirabolantes-convincentes. Calhou de estarmos no meio desta série sobre personagens menos conhecidos, quando nos deparamos com um sujeito chamado Demas. Ex companheiro de viagem de Paulo, Demas, tendo amado o presente século, me abandonou (a Paulo) e se foi para Tessalônica (II Tm 4.10).

 

Além deste texto, Demas tem seu nome registrado em mais duas passagens do NT (Cl 4.14 e Fm 1.24). Coincidentemente, nos três textos aparece o nome de outro personagem que também abandonou Paulo numa viagem. Seu nome é Marcos. Qual a ligação entre estes personagens e a velha disputa Calvino x Armínio? Não pretendemos esgotar o assunto, mas gostaríamos de trazer um pouco mais de luz sobre ele, de forma que este estudo não é necessariamente um devocional, mas uma reflexão. Cremos ainda que a compreensão deste assunto seja fundamental para a vida cristã, pois não pode haver crescimento onde há insegurança.

O elo está na seguinte questão: Demas perdeu a sua salvação? A resposta a esta pergunta é a discussão. Ou melhor, a batalha. Não, uma guerra! Acreditem: esta rixa já mandou muita gente para a fogueira!

Quando falamos em SALVAÇÃO, logo pensamos na "condição da pessoa que aceitou Jesus, e que vai para o céu se não pecar mais", daí vem o raciocínio que se Demas caiu no mundo, perdeu sua salvação. Taí o erro. Nós devemos ter em mente que a Bíblia trata de salvação em três fases ou momentos distintos.

A primeira diz respeito ao nosso passado - fomos salvos da condenação do pecado. Cristo morreu pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também de todo o mundo. Portanto a questão do pecado na humanidade está definitivamente resolvida. Ninguém será condenado porque peca mais ou peca menos. Salvação é pela graça. Salvação é um dom de Deus. Salvação não é pelas obras. Salvação é pela féem Cristo Jesus e ponto. Então nós temos dois tipos de pessoas freqüentando nossas congregações:

1. O crente em Cristo, ou seja, todo aquele que depositou fé genuína, verdadeira, autêntica em Jesus e por meio desta fé é salvo. Este crente tem a vida eterna. A vida eterna começa quando cremos que a obra de Cristo na cruz é suficiente para nos salvar. Quando se perde vida eterna? Jamais, porque senão não seria eterna. Somos selados com o ES, adotados como filhos, passamos a fazer parte da Igreja de Cristo e da família de Deus, enfim o "pacote" de bênçãos é muito extenso.

2. Outro tipo é o crédulo que respondeu a um apelo tomado pela emoção, ou pelo ambiente. Achegou-se porque quer fazer parte daquele grupo, ou porque foi constrangido a levantar a mão e depois a se batizar, ou porque os pais sempre o levaram à igreja, ou porque queria parar de beber e fumar, etc. Humanamente é impossível saber quem é do primeiro ou do segundo grupo, embora algumas evidências possam nos indicar ... ou confundir. Mas sabemos que emocionalismo um dia acaba.

A segunda fase ou momento diz respeito ao nosso presente: estamos sendo salvos do poder do pecado. É a esta fase que o apóstolo se refere quando escreve:  "...desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor" (Fp 2.12). Nós, que cremos em Cristo, recebemos o ES, fazemos parte do Seu corpo, entramos agora num processo de santificação. É um processo de crescimento espiritual onde o ES nos dá vitória sobre o pecado, mas não imunidade ao pecado. Santificação também não é por obras, mas por aprender a depender do ES. "Andai no Espírito e jamais satisfareis a vontade da carne" (Gl 5.16). A mesma fé desprendida para a salvação é necessária para a nossa santificação. O crédulo fica por aqui, porque o emocionalismo não resiste aos apelos do mundo face às dificuldades da vida cristã. Foi aqui que Demas pulou fora.

A terceira e última fase diz respeito ao nosso futuro: a glorificação. É o momento em que estaremos salvos da presença do pecado. Isto só se dará no céu. A mesma fé que nos introduziu no corpo de Cristo nos levará até este último momento. Toda exortação que encontramos na Palavra sobre perseverança na fé visa este momento. O crédulo que baseou sua decisão em emocionalismo ou qualquer outra coisa jamais esperará por esta hora. Ele quer prá já. E quando não obtém o que espera, abandona o barco. Costuma-se dizer: "caiu da fé", mas uma fé que nunca teve.

Portanto, a pergunta não deve ser se Demas perdeu ou não a sua salvação, mas se ele era ou não salvo. Embora a pessoa tenha respondido a um apelo (?), decorado os versículos da escola dominical, auxiliado o pastor, nascido em lar evangélico, ter sido nomeado diácono, etc... nada disto significa que seja salvo. Não sabemos o que motiva pessoas como Demas, mas a hora que sua motivação acaba, tchau Paulo, vou cair na estrada! Ao contrário do que aconteceu com Marcos que, embora tenha em algum momento se sentido desmotivado de prosseguir viagem, sua fé não terminou quando desanimado. Ela perdurou a ponto de Paulo reconhecer posteriormente que Marcos lhe era útil, além de se tornar um dos autores dos quatro evangelhos de Jesus Cristo. Não podemos crer que Marcos perdeu momentaneamente sua salvação e depois a recuperou novamente, pois esta idéia é completamente contrária a toda escritura. Tendo a acreditar que Marcos nunca perdeu aquilo que Demas nunca ganhou.

Onde está baseada a sua fé? Você entendeu que Cristo pagou o preço do pecado e que somos salvos apenas pela fé? Você tem crescido nesta fé? Você entende que Cristo nos libertou para que andássemos em amor e temor ao Senhor? Como você tem respondido a esta fé? Você espera algum tipo de recompensa neste mundo ou aguarda a coisas infinitamente melhores no dia da glorificação?

 

 

 

 Um homem, uma mulher.                                                                        

 

João 3 e 4

 O ser humano tem alguns vícios que parecem ser incuráveis. Um deles é classificar pessoas pelo sexo, cor, formação, classe ou posição social, histórico de vida, etc. Hoje em dia não é diferente de como era nos dias de Jesus. Os capítulos 3 e 4 do evangelho de João trazem duas narrativas seqüenciais bastante curiosas e contrastantes. Trata-se de dois encontros que Jesus tem com pessoas bem diferentes: no capítulo 3 com um fariseu chamado Nicodemos e no 4 com uma mulher samaritana. A comparação das duas narrativas é bastante surpreendente, pois podemos aprender um pouco mais com o Mestre sobre como lidar com pessoas. Normalmente vamos ao encontro daqueles que possuem boa fama, que podem nos acrescentar algo e evitamos os mais desfavorecidos da nossa sociedade. Jesus agiu diferente. Ele recebeu a visita de um príncipe dos fariseus, mesmo este vindo procurá-lo à noite porque ou estava muito ocupado durante o dia ou não queria ser visto com Jesus. Nicodemos tinha um nome e um título, mas não tinha tempo para Jesus. Com a mulher foi diferente. Normalmente um judeu não pisava no território da Samaria, mas o texto diz que era necessário Jesus passar por lá. Por quê? Simplesmente porque Jesus queria encontrar aquela mulher sem nome e sem título, simplesmente uma samaritana, à hora sexta. Bem à luz do meio dia. Nicodemos foi até Jesus simplesmente para especular: Quem é você? O que há de especial em você? A mulher levava consigo muitas dúvidas: quem sou eu?  O que há de errado comigo? Nicodemos inicia sua conversa cheio de lisonjas mas Jesus logo corta a bajulação. A mulher evita o máximo dialogar com aquele judeu que a importunava na beira do poço, mas Jesus insiste até ganhar sua atenção. Jesus dialoga com Nicodemos e diz que ele precisava nascer de novo. Nicodemos precisava crer! Era religioso, mas precisava crer... que sua religiosidade não lhe servia para nada e crer no Filho unigênito de Deus para ter a vida eterna. Também dialoga com a mulher dizendo claramente que ele é o Messias que ela esperava. Ela cria, mas precisava conhecer... que Jesus é a água que ela tanto ansiava. Não sabemos o resultado da conversa com Nicodemos, apenas que ele guardou a sua fé consigo e foi um “discípulo oculto” de Jesus. A mulher não se conteve, e através dela muitos samaritanos vieram a se converter. As comparações não param por ai. Quanto mais nos aprofundamos nestas duas narrativas, mais impressionados ficamos com a riqueza dos detalhes. Mas quero chamar a sua atenção justamente para o fato de que não podemos fazer diferença com as pessoas.

Tiago, o irmão do Senhor, relata em sua carta:

 Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem com anéis de ouro nos dedos, em trajes de luxo, e entrar também algum pobre andrajoso, e tratardes com deferência o que tem os trajes de luxo e lhe disserdes: Tu, assenta-te aqui em lugar de honra; e disserdes ao pobre: Tu, fica ali em pé ou assenta-te aqui abaixo do estrado dos meus pés, não fizestes distinção entre vós mesmos e não vos tornastes juízes tomados de perversos pensamentos? Ouçam, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que para o mundo são pobres, para serem ricos em fé e herdeiros do reino que ele prometeu aos que o amam? Entretanto, vós outros menosprezastes o pobre. Não são os ricos que vos oprimem e não são eles que vos arrastam para tribunais? Não são eles os que blasfemam o bom nome que sobre vós foi invocado? (Tg 2.1-7)

Tiago é muito prático e objetivo. E o que mais incomoda é que ele é categórico quando afirma: vocês menosprezam os pobres. Admita: nós fazemos isto. Somos transgressores. Preferimos a companhia de príncipes como Nicodemos e não de uma mulher como esta samaritana, e racionalizamos: o que os outros vão pensar?  Tiago escreve: este tipo de pensamento é perverso! E conclui:

 Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem; se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo argüidos pela lei como transgressores. Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. (Tg 2.8-9)

 Em primeiro lugar, não há um mandamento para amarmos a nós mesmos. Deus sabe que nossa natureza é egocêntrica e propõe um desafio: Ame o próximo do jeito que você se ama. Segundo, precisamos lembrar que “Deus não faz acepção de pessoas” (Dt 10.17 e Rm 2.11). São onze passagens bíblicas (4 no AT e 7 no NT) que tratam deste assunto, inclusive há um mandamento para que não façamos (Dt 16.19)! E terceiro, precisamos entender o que significa: “Deus não faz acepção de pessoas”. O apóstolo Paulo explica em Rm 2.12 :

 “Assim, pois, todos os que pecaram sem lei também sem lei perecerão; e todos os que com lei pecaram mediante lei serão julgados”.

Ou seja, para Deus todos são pecadores. Assim Jesus via tanto em Nicodemos quanto na mulher samaritana almas que necessitavam de salvação, independente de quão religioso ou ímpia eles eram.

Como tratamos as pessoas que nos cercam? Como tratamos o flanelinha, a faxineira, o gari, o porteiro ou o servente? Preocupamo-nos com eles, sua salvação e seu bem estar ou os desprezamos por causa de sua condição humilde?  O ideal de Cristo para a sua Igreja é que todos sejam honrados. Não pela aparência, sexo, cor, títulos ou nível social, mas pelo que realmente são: pessoas (pecadoras como eu e você) pelas quais Jesus deu sua vida para salvar.

 

 

O antagonismo de ser crente e desobediente                                        

 

Marcos 1:40-45

 Outro vício muito sério que macula a nossa alma é a desobediência. É um tema bastante polêmico se pensarmos em autoridades humanas. Se por um lado a Palavra de Deus nos exorta a sermos submissos às autoridades, há um precedente em não obedecer àquelas autoridades que nos proíbem de cumprir com a vontade de Deus ou ferem algum princípio cristão.

Portanto, quero falar para homens e mulheres que já foram agraciados por Deus, conhecem a Jesus, submetem-se voluntariamente ao Seu senhorio e buscam fazer a vontade dEle em suas vidas. Quero também falar não sobre leis esdrúxulas vindas de ditadores obstinados, mas de ordens vindas diretamente da boca de nosso Senhor, como no caso do “crente” curado de sua lepra por Jesus. Dizer que aquele homem era leproso não significa necessariamente que ele era portador de hanseníase, pois naquela sociedade, qualquer doença de pele (sarna, micose ou psoríase, por exemplo) era diagnosticada como lepra e havia cuidados especiais que deveriam ser despendidos a estes males, cuidadosamente abordados no AT.

A “lepra” tinha uma conotação didática e espiritual: caracterizava o pecado no meio do povo. Tanto a lepra como o pecado eram considerados “impuros” e deviam ser evitado a todo custo, fazendo, assim, com que o leproso fosse alguém excluído da sociedade. Esta era a situação do nosso amigo da narrativa de Marcos.

O doente ouviu falar de Jesus, creu que Cristo poderia curá-lo e foi até ele. Seu pedido foi simples e objetivo:

- Se quiseres, podes purificar-me.

Compadecido da situação do nosso amigo, Cristo prontamente atendeu seu pedido. Jesus demonstra tanta compaixão que chega a tocar no leproso, ato condenável para qualquer judeu. Assim Ele faz com qualquer um que reconhece sua situação miserável e se achega até Ele. Imediatamente a lepra desapareceu. Imediatamente somos purificados dos nossos pecados. Não é maravilhoso?

- Bem, agora serei um crente fiel, pois Cristo me resgatou da minha condição de impuro e me justificou perante o Pai, portanto tudo o que Ele disser, eu vou fazer.

É bom pensar assim e seria melhor se assim procedêssemos. Mas nunca acontece isto. Jesus fez o que o nosso amigo pediu. Fez o mais difícil, fez o impossível para nós. Então Jesus também faz um pedido (duplo) ao recém purificado, bem simples e fácil de ser atendido: 

- Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou para servir de testemunho ao povo. Mas, tendo ele saído, entrou a propalar muitas coisas e a divulgar a notícia...

O estereótipo de crente recém purificado pisou feio na bola. Não fez o que deveria ser feito e fez o que não era para fazer. Desobediência pode se manifestar através de um sonoro não! Mas também se demonstra por meio de um silencioso sim. Sim à minha vontade em detrimento dos interesses de Deus para minha vida e Seu reino. Se sim ou se não, ela invariavelmente nasce através de um sutil questionamento: por que...? Por que não? Por que devo obedecer? Por que do seu jeito e não do meu? Por que...? Estas perguntas podem ser altamente destrutivas porque elas determinarão convenientemente quem você seguirá (seu ego ou a Deus), quais serão suas crenças (quem ocupará o primeiro lugar em sua vida) e como você viverá (a quem você obedecerá). Mas note: elas também podem ser saudáveis, dependendo da situação que o crente se encontra (de novo: quando a ordem for contrária à vontade de Deus).

Existem duas palavras gregas que são traduzidas como desobediência no NT, cada uma enfoca um aspecto diferente do mesmo pecado: parakoe, que significa indisposição para ouvir e apeitheia, que significa literalmente obstinação e denota uma oposição acirrada à vontade de Deus. De qualquer forma, o desobediente não acata ordens, comandos ou prescrições, por mais simples e úteis que sejam. Fora você mesmo, conhece mais alguém que já agiu assim alguma vez na vida?

E quais são os resultados da desobediência? Na narrativa de Marcos, vemos que o ministério de Jesus foi prejudicado, pois ele não podia entrar mais publicamente em qualquer cidade, provavelmente por causa da multidão. Alguém pode interpretar este resultado como sendo altamente positivo para a popularidade de Jesus, mas creio que não era esta a Sua intenção: ser popular. Alguns relatos de cura e milagres vieram acompanhados de uma clara advertência para que a pessoa beneficiada não contasse nada para ninguém. O motivo desta ordem é que Jesus queria ser conhecido pelo que pregava (A Palavra) e não pelo que fazia (os milagres). Estes serviam “apenas” para autenticar sua autoridade. Por fim, de qualquer forma, o propósito de Deus é alcançado:

  ... mas permanecia fora, em lugares ermos; e de toda parte vinham ter com ele.

 Jesus arcou com o prejuízo, mas manteve seu programa. Quando desobedecemos, o programa de Deus continua. Mesmo prejudicado, com ou sem nossa participação.

No que você tem desobedecido? Há algum mandamento ou área na sua vida que você tem racionalizado para não obedecer?

 

                  

Questão de obediência                                                                                

Marcos 5.1-20

Certa vez Jesus acalmou uma tempestade que estava incomodando um pouquinho seus discípulos. Na verdade eles estavam atemorizados com ela, ou melhor, com medo de morrer por causa dela. Advindo grande bonança, diz o texto, “...eles, possuídos de grande temor, diziam uns aos outros: Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Mc 4.41).

Esta pergunta é muito pertinente. De toda a criação, somente Satanás e o ser humano não obedecem a Jesus. Mas agora o caso é outro. De desobediência a gente já tá cheio. Vamos pensar um poucoem obedecer. Nasequência, entrando no capítulo 5 de Marcos, vemos o caso do endemoninhado gadareno. Provavelmente este pobre homem era uma figura bem conhecida na região onde morava. Também era alvo de compaixão pois várias tentativas de conter aquele infeliz foram feitas, mas frustradas.

Descendo Jesus em terra, o endemoninhado vai ao seu encontro. Jesus, entao, liberta aquele miserável de uma legião que o atormentava. Longe de mim tentar criar qualquer doutrina sobre como entrevistar demonios ou classifica-los por território, organização social e política infernal, etc. Nem tampouco acredito que este foi o propósito do autor. Simplesmente vejo neste texto que os demonios reconhecem a autoridade de Jesus e tremem diante dele, mesmo sendo uma “legião”, fazendo alusão ao temível exército romano. E o mais espantoso é ler que os demonios lhe obedecem.

Obediência implica reconhecimento de autoridade. Para o descrente, a figura da autoridade que merece obediência pode ser uma pessoa ou uma comunidade, mas também uma ideia convincente, uma doutrina ou uma ideologia e, em grau superior, a própria consciência. Mas para os crentes, a autoridade deve ser Deus e a sua Palavra deve bastar para nós.

Obedecer a Deus implica, em diverso grau, a subordinação da nossa vontade à Sua autoridade, seja no acatamento de uma instrução, no cumprimento de um pedido ou na abstenção de algo proibido. Na antiga aliança, o medo das consequências previstas na Lei serviam de incentivo. Hoje não vivemos mais sob a pena da lei, mas debaixo da graça. Obedecer, para o crente, implica numa observação cuidadosa de nossos atos, palavras e pensamentos em sintonia com a vontade de Deus, considerando a liberdade que temosem Cristo. Implicasimplesmente em escolher fazer o que nos é requisitado, fazer a vontade de Deus, que por sua vez, implica em procurar saber Sua vontade, em se empenhar a conhecê-lo e reconhecê-lo. Lembre-se que uma das palavras que traduzem desobediência significa simplesmente “indisposição para ouvir”.

Os resultados da rápida visita de Jesus aos gadarenos foram diversos. Jesus foi expulso daquela região porque os porqueiros estavam mais preocupados com o prejuízo de sua manada do que com a restauração de uma vida. A gratidão do homem que fora endemoninhado ascendeu nele o reconhecimento da autoridade de Jesus e um desejo irresistível de segui-lo. Mas o que quero destacar, foi sua obediência à ordem de Jesus:

 - Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti.

 Então, o texto relata, ele foi e começou a proclamar em Decápolis tudo o que Jesus lhe fizera. Ou seja, ele obedeceu! Decápolis era como se denominava um grupo de dez cidades que ficavam quase todas do lado leste do lago da Galiléia. Os seus moradores eram gentios. A obediência daquele homem certamente levou esperança e salvação para muitos daquela região, pois o texto conclui que com o seu testemunho “todos se admiravam”.

Convenhamos; obedecer não é tão complicado assim... mas exige de nossa parte uma decisão positiva ao chamado de Deus e boa dose de fé. Quando me refiro a fé, estou pensando em uma via de duas mãos: Confiança e Fidelidade. Obedecer implica confiar e ser fiel. Podemos falhar na nossa fidelidade, mas Deus não. Deus é fiel, por isso podemos confiar que Ele jamais nos desamparará, pois Ele sabe das nossas limitações. Não tenha medo de errar ao tentar obedecer. Acredite, é melhor do que errar por não obedecer.

 O que suas atitudes têm demonstrado sobre este assunto? Você tem sido totalmente obediente ou tem deixado alguma área da sua vida fora do controle de Deus. Isto demonstra falta de fé ou rebeldia?

 

  

Uma carroça para Deus.                                                                               

II Samuel 6:1- 5

 A Arca da Aliança nunca foi tratada como um simples objeto pelo povo hebreu. Pelo menos não deveria ser. A Arca significava a presença de Deus (YHWH Elohiym) no meio do seu povo. Foi o próprio Senhor quem deu todas as coordenadas para a confecção, transporte e guarda da Arca aos hebreus por intermédio de Moisés, e tudo deveria ser feito estritamente conforme ordenado. O conhecimento e cuidado para com a arca pairavam principalmente sobre os levitas, encarregados de transportá-la e os sacerdotes, encarregados da ministração no tabernáculo/templo e únicos autorizados a adentrarem no lugar Santíssimo. Por estarem debaixo de uma aliança condicional, tudo correria bem se aquele povo obedecesse as leis e os estatutos divinos conforme ordenado. Eles deveriam ter zelo para com as coisas de Deus com entendimento, bem como entendimento das coisas de Deus com o devido zelo.

A Bíblia conta que a irreverência fez com que a Arca da Aliança fosse parar nas mãos dos filisteus, mas o pavor que tomou conta deste povo fez com que eles a devolvessem rapidinho. Depois de uma turbulenta jornada, ela voltou às mãos dos hebreus e por vinte anos a Arca ficou guardada na casa de um levita chamado Abinadabe em Quiriate-Jearim.

Quando Davi assumiu o trono, quis levá-la para a recém conquistada Jerusalém. Local onde estava o tabernáculo e onde Davi planejava construir um templo. Foi aí que “alguém” (aposto que foi um levita...) teve uma idéia mirabolante para não precisar carregar a Arca do Senhor:

- Vamos ser práticos. Por que temos que carregá-la nas costas já que ela chegou aqui de carroça? Vamos construir um carroção novinho em folha especialmente para transportá-la! Se deu certo com os filisteus, então deve estar tudo OK.

Demonstraram grande zelo pela Arca, mas sem nenhum entendimento. Não tenho dúvida que procuraram construir o carroção com o maior esmero possível, escolheram os bois “a dedo”, mas não procuraram saber se era realmente isto que Deus queria.

Nossa sociedade também age assim. Talvez pudéssemos fazer uma comparação com o pragmatismo tão comum no meio evangélico, principalmente nas igrejas mais tradicionalistas que importou e adotou um modelo de adoração extremamente engessado. O AT era basicamente composto de leis e estatutos, portanto muito mais preso a formas e aparências. Esta era a didática de Deus para educar seu povo, mas a lei controlava apenas o homem exterior. Vivemos debaixo de uma Nova Aliança, onde deveríamos atentar mais para a essência do que para a forma. Vou exemplificar. No livro Quebrando Paradigmas, o pastor Ed René Kivitz utiliza o “quarteto” culto-templo-clero-domingo para discutir um pouco mais sobre os princípios que devem reger a nossa vida de devoção a Deus. Fomos ensinados que para a verdadeira adoração acontecer deve haver uma liturgia sagrada, num local sagrado, através de um sacerdote sagrado num dia sagrado. Nada contra a liturgia (ordem no culto), um local apropriado para nos reunirmos, e o ministério pastoral num dia que seja mais conveniente. Estas coisas em si não são más, o problema é catalizar a forma e sacralizá-la. A liberdade que temos em Cristo deveria ampliar nossas fronteiras a ponto de descobrirmos e entendermos que a verdadeira adoração acontece em qualquer lugar, de várias formas, sem mediadores humanos e todos os dias da nossa vida. Deus busca adoradores que o adorem em espírito e em verdade! A busca a uma vida de adoração e santidade deveria ser o alvo de todo crente. Esta busca requer zelo de nossa parte, mas deve ser necessariamente sadia e equilibrada – com entendimento.  

Freqüentar todos os cultos da semana, dar o dízimo, trancar-se num mosteiro, fazer voto de pobreza, penitenciar-se, distribuir tudo o que tem aos pobres, oferecer seu corpo para ser queimado, deixar o cabelo crescer até arrastar no chão, usar terno e gravata em pleno sol do meio dia num domingão de verão, falar

“oh glória” pelo menos 70 vezes ao dia, passar sábado inteirinho sentado no sofá, acordar as pessoas às 7 da manhã no domingo para vender literatura religiosa, e coisas semelhantes a estas podem parecer sinal de santidade, mas não são.

O papel primordial da Igreja (salvos por Cristo) é pregar o Evangelho. Para isso utilizam-se formas, planos e estratégias. Porém, o que está acontecendo hoje nas igrejas (agrupamentos de crentes) é uma inversão de valores. Eventos, programas, shows, calendários e relatórios têm se tornado a razão de existir de muitas organizações eclesiásticas. Igualmente, o alvo de agências e missionários deve ser levar o Evangelho a povos ainda não alcançados e fazer discípulos (evangelização e ensino). Isto requer, além de santidade, dedicação, presença e acompanhamento. Mas também nos campos do Senhor temos assistido muitos carroções desfilando com o rótulo de missões: projetos sociais, turismo evangélico, assistencialismo, etc. Para isso, muito dinheiro é empregado sem nenhum resultado. Precisamos nos voltar constantemente às Escrituras para saber o que Deus quer e como quer. Senão corremos o risco de obter do Senhor alguma resposta indesejada como:

- Não foi isto que pedi.

- Não foi isto que ordenei

- Não foi assim que ensinei.

- Não era nada disto que eu esperava.

 

 

Valeu a boa intenção...                                                                         

II Samuel 6:6- 11

 Mas será que vale simplesmente uma boa intenção? Dizem que o inferno está cheio delas. Na seqüência da narrativa que trata do transporte super zeloso da Arca da Aliança num carroção novo, assistimos o desfecho trágico desta mal sucedida empreitada humana. Uzá, um dos filhos de Abinadabe, dirigia o carro novo com seu irmão Aiô.  Pense na cena: a Arca estava voltando ao lugar dela, uma comitiva foi destacada especialmente para isto – e o rei estava junto, o carango novo é a grande vedete do desfile e você está lá na direção! De repente, os bois tropeçam. Então você se dá conta que os engenheiros construtores não pensaram num dispositivo para segurar a Arca em caso de capotamento (que mancada!). A Arca vai cair e alguém tem que segurá-la, rápido. O que você faria? Foi exatamente o que Uzá fez: estendeu a mão para “salvar a pátria”. Por um breve momento, mas muito breve mesmo, ele pensou que seria um heró...

Pobre Uzá, não deu tempo nem de concluir seu sonho.  

Mas de quem foi mesmo a idéia de transportar a arca numa carroça? Bem, acho que foi algum levita, né? O texto diz: Construíram... Puseram... Não sei quem foi (nestas horas “não foi ninguém”). Mas alguém tem que ser o culpado! Antes: tudumundu tava di acordo, mas agora: num sei di nada... eu qui num fui. Pobre Uzá... foi segurar a Arca prá não cair e mor-reu (pronuncia-se mo-rreu)!

Crueldade de Deus? Não. Apenas uma advertência para tomar cuidado com as coisas do Senhor. O texto diz que Uzá usou de irreverência. Entendimento sem zelo é tão prejudicial quanto zelo sem entendimento.

Se você pretende fazer algo em prol do Reino, primeiro procure saber se Deus determinou, preestabeleceu alguma forma específica para isto. Exemplo: Pode até mandar fazer um carroção novo, pintado de ouro encravado de diamantes. Se for idéia humana não vale nada! Segundo, se não há uma forma específica, verifique os princípios que devem reger esta ação. Terceiro, dê preferência para as escrituras antes da tradição. Tradição mata qualquer entendimento: fazemos assim porque sempre foi feito assim!, sendo que Deus nunca mandou fazer assim ou assado. Copiar uma forma porque dá certo pro outro não significa que está de acordo com a vontade de Deus. Criticar ou condenar a forma do outro porque não faz da sua forma também não está certo. Inventar uma nova forma que fira princípios bíblicos só para mostrar que é “diferente” pode acarretar graves conseqüências – e/ou ser um erro mortal.

Zelo sem entendimento leva à intolerância, à teimosia, à superficialidade. Entendimento sem zelo leva à irreverência, à libertinagem, à profundidade vazia. Este é o extremo oposto do tradicionalismo: Não tratar Deus com a honra devida, referindo-se a Ele como “o cara” ou o “homi lá de cima” só para não parecer tão quadrado quanto um decano monge celibatário conservador de monastério beneditino.

Na substituição das velhas formas (culto-templo-clero-domingo, por exemplo) que zela pela tradição, hoje peca-se pela irreverência às coisas de Deus. Daí começamos ver o nascimento de formas bastante estranhas de evangelizar e testemunhar de Cristo como carnaval gospel, boate gospel, comércio gospel, e até prostituição gospel. Não é mentira. Assisti o testemunho de duas jovens que usavam seus corpos para atrair homens e depois da noitada (demonstração de amor, dizem elas) evangelizá-los! A idéia vigente é: Qualquer coisa vale, qualquer forma e de qualquer jeito desde que se atinja o objetivo. Tendo pensar (e temo) que com Deus não é bem assim.

Reverência pressupõe zelo pelas coisas do Senhor, mas também entendimento sobre a Sua vontade.

Uzá morreu porque sua “boa intenção” foi vista como irreverência aos olhos de Deus (v.7). Irreverência significa desrespeito por alguém ou algo (em função das virtudes, qualidades que possui); desprezo, desconsideração.

O uso do nosso tempo, do nosso dinheiro, do nosso corpo, da nossa inteligência, dos nossos dons e talentos (enfim, de qualquer coisa que Deus nos dá), de maneira desleixada, sem levar em consideração o que Ele espera de nós é demonstração de irreverência de nossa parte.

Vale a pena lembrar o Salmo 1:1-3

 “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto,   cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido”.

 Medita na lei do Senhor! Para se meditar é preciso conhecer. Não se contente em se alimentar com os tele-evangelistas (marketing gospel) ou com CDs de música evangélica. Muitos destes trazem veneno escondido em suas mensagens e letras, e terríveis erros teológicos. Busque a vontade de Deus diretamente na fonte: Com ZELO, mas também com ENTENDIMENTO. 

Tudo quanto fizer será bem sucedido não significa que você ficará rico se assim proceder, mas que será aprovado por Deus em todas as suas obras!

 

AUTOCONFRONTAÇÂO

 

Será que todo mundo gosta de ser do contra... ou sou eu? Será que todos estão cegos? Será que não enxergam o quanto sou importante?

Dê um passo para fora de si. Procure se analisar. Como um observador, que analisa externamente, examine suas atitudes, suas ações e sua conduta nas diversas situações da sua vida.

Nosso relacionamento social é resposta dos sentimentos e opiniões que carregamos sobre nós mesmos, sobre os outros e as leituras que fazemos do nosso comportamento.

A questão é: o que vai dentro de nós? Em geral, nós mesmos não enxergamos quanto veneno abrigamos e quanto nossa alma pode ser nociva.

Apresentamoos a seguir um guia de confissão. Em espírito de oração, coloque-se diante de Deus sem nenhuma máscara e abra se coração para que o Senhor o sonde, mostrando onde o pecado se esconde. Ore como o salmista:

 “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos;  vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”. Sl 139:23-24

 EGOCENTRISMO Amor exagerado a si próprio. Pensamento equivocado sobre seu lugar no mundo e na sociedade. Insistência em firmar sua pessoa como a mais importante em toda e qualquer situação e prioridadeem tudo. Predileção ao que é interesse pessoal. Atitude egoísta quando se trata receber benefícios e covarde quando se trata de assumir responsabilidades. Desconsiderar os sentimentos e necessidades alheias. Dificuldade de amar a Deus e ao próximo. 

      

SOBERBA  Sentimento engrandecedor no tocante a sucesso e posição, boa educação e boa aparência, talentos e capacidade naturais; mentalidade de quem se considera importante; predileção por elogios e honras; secreto desejo de ser notado; preferência por governo e domínio visíveis; intenção de, na conversação, chamar habilmente a atenção sobre si.

      

TEIMOSIA  Espírito teimoso e incorrigível; constantemente quer discutir e fazer objeções; forma de expressão dura e sarcástica; atitude obstinada e irreconciliável; modos impertinentes e senhoris; deixar-se demover apenas com lisonjas; pedantismo; expressões de aborrecimentos e impaciência; facilidade de se ofender e melindrar-se; posição ofendida e vingativa diante da contradição e crítica.

      

IMPUREZA  Permanente inclinação para o prazer carnal; confidência e familiaridade indevidas com pessoas do sexo oposto; idéias, pensamentos e atos impuros; fantasia contaminada; olhos ávidos de prazer; existência de algo no coração em que não se pode confiar, caso surjam condições suficientes e favoráveis; vício.

      

INSINCERIDADE  Contornar, virar, encobrir a verdade; esconder os próprios erros; esforço de causar impressão melhor do que seria compatível com a verdade; exagero; falsa modéstia; hipocrisia; inautenticidade nas motivações.

      

TEMOR  Temor carnal perante pessoas; fugir de repreensões e deveres; desviar-se da cruz; medo de sofrer; temerosidade que se deixa paralisar por pessoas eminentes; tendência a contemporizar; e falsa reserva.

      

CIÚME  Inveja oculta no coração; sentimento desagradável frente a sucesso e prosperidade de outro; inclinação de falar mais de erros e falhas do que de capacidades e pontos positivos daqueles que são mais talentosos e benquistos; mentalidade sectária; mesquinhez na preferência de seu pequeno círculo de conhecidos; frieza e desamor diante dos que possuem opiniões e modos diferentes; retrair-se numa atitude de quem sabe sozinho ou sabe melhor, quando seria necessário testemunho em conjunto.

      

AVAREZA  Generosidade quando se trata da satisfação dos próprios desejos, sovinice no que se refere aos outros; má vontade de contribuir regularmente para a divulgação do Evangelho no próprio país ou em países distantes; roubar honra, tempo e bens dos outros.

      

INCREDULIDADE  Desânimo em tempos de muito trabalho e de oposição; falta de silêncio na fé e de confiança em Deus; tendência para preocupar-se, amedrontar-se e lamentar-se com necessidades, pobreza e providências divinas; cisma e dúvida; desconfiança e reservas diante da Palavra de Deus.

      

FALTA DE VIVACIDADE ESPIRITUAL  Indiferença e tepidez; carência de poder espiritual na fé e na oração perante Deus; egoísmo; amor ao comodismo; nenhum amor e nenhuma preocupação por pessoas não salvas; fé sem alegria; verborragia; esterilidade.

      

OMISSÃO  Saber o bem que deve ser feito e não fazê-lo. Ter os mandamentos, mas não guardá-los. Não retribuir bens, honra, direitos do próximo. Não testemunhar. Não cumprir o "em tudo dai graça". Não dar de comer, de beber, acolher, vestir, visitar "como cristão". Ser conivente com a iniqüidade. Abrigar a preguiça, a covardia, fugindo do caminho da cruz.

      

IDOLATRIA Colocar a minha segurança quanto ao futuro em coisas/pessoas que não Deus. Consumismo. Abrigar imagens mentais idolátricas. Tentar "domesticar" Deus através de rituais, tradições, preconceitos, buscando ter controle sobre a minha vida e o mundo que me cerca. Negar os caminhos de Deus e tentar impor os meus caminhos para alcançar objetivos.

 

      

Na obediência constante, na purificação cotidiana, na comunhão diariamente renovada com o Senhor Jesus, reside o segredo da pureza de coração, do poder espiritual e da autoridade para vencer o pecado e para servir os homens.

 

 

Estas perguntas servem de ajuda para sua meditação e para que aprenda a perscrutar de modo sistemático perante Deus todas as esferas da sua vida. É importante que em todos os relacionamentos mencionados faça a pergunta: Como atua a minha fé nessa esfera da vida? Ou: Ela ainda permanece inatingida pelo poder salutar, ordenador e construtivo do amor do Senhor Jesus?

      

MINHA RELAÇÃO COM DEUS: Como está minha vida de oração? Minha relação com as Sagradas Escrituras? Estou fazendo progressos, crescendo na compreensão? Crescendo no amor a Jesus? Que faço por Ele na prática e como? Acaso sei algo a respeito de adoração em Espírito e em verdade?

      

MEU RELACIONAMENTO COM A IGREJA: Estou unido “com todos os que invocam o Senhor de coração puro”? Acaso exercito essa união na comunidade local sempre que me encontro com irmãos e irmãs? De que maneira estou colaborando e sofrendo com as tarefas e dificuldades da comunidade de Deus no mundo ? Como obedeço eu ao encargo missionário a todos os povos, dado por Cristo a sua comunidade?

      

MINHA RELAÇÃO COM O PRÓXIMO: É viva e frutífera, ou vazia e enfadonha? Sou solitário, presunçoso, massificado? Conheço os mais próximos, preocupo-me com os seu bem? Como me porto diante de meus pais e irmãos?

      

MINHA RELAÇÃO FRENTE À PROFISSÃO: Trabalho pela fé, para o Senhor? Dou com ela um testemunho? Estou livre da obsessão pelo trabalho? Sou preguiçoso ou ambicioso no meu trabalho? Como é meu relacionamento com subordinados, superiores e os de meu nível?

      

MINHA RELAÇÃO COM O DINHEIRO: Sou avarento ou esbanjador? Dou regularmente e com alegria algo para a obra de Deus? Dou com reflexão e oração? Como aplico meu dinheiro? Mantenho a ordem?

      

MEU RELACIONAMENTO COM O MUNDO (Sistema): Desprezo-o e reprimo-o ou sou secretamente um contemporizador e aproveitador? (relações: estado, povo, arte, ciência, leitura, jornal, literatura, revista, rádio, filme, povo, moda, etc.). Qual é a minha missão e a minha contribuição ao mundo e à sua miséria?

      

MINHA RELAÇÃO COM O MUNDO (Criação): Experimento-a como criação de Deus? Entendo-me como parte da criação toda? Como me posiciono diante das flores e dos animais? E da chuva? Acaso sinto que a criação suspira e anseia pela redenção? Aprendo a agradecer por todas as dádivas da criação? Porventura praguejo contra o mau tempo?

      

MINHA RELAÇÃO COM O DESCANÇO: Vivo meus finais de semana, as minhas férias, minhas horas de lazer como bem entendo ou na procura da vontade de Deus? Sou capaz de desistir de algo?

       

MINHA RELAÇÃO PARA COMIGO MESMO: Estou também sozinho comigo mesmo, e como? Distancio-me de mim, faço ordem no curso da minha vida, possuo a avaliação correta, proveniente de Deus, quanto a meus dons e minhas fraquezas, bem como a relação entre eles?  Aceito a mim  mesmo como quem se recebeu das mãos de Deus ou encontro-me lutando contra a minha vocação?

      

MINHA RELAÇÃO COM O MEU CORPO: Tenho diante dele uma posição como convém a Deus? De que forma o disciplino? Como tenho cuidado do corpo, como me tenho vestido? Como são meus hábitos ao comer, minha oração à mesa, meu sono, o tempo em que estou acordado, o início e o fim do dia?

      

MEU RELACIONAMENTO COM O FALAR: Sou falador ou pouco comunicativo? O que falo é a expressão verdadeira do meu íntimo? É superficial, é leviano, ou edifica os outros? Sei calar-me? O que sai da minha boca é o que vai em meu coração? Com o que tenho alimentado meu coração? O que assisto e leio? Como tenho usado a internet? O que escrevo ou repasso?

      

MEU RELACIONAMENTO COM MINHA SEXUALIDADE: Reconheço e aceito a minha sexualidade? Como reajo a impulsos físicos e psíquicos? Porventura sei distinguir entre tentação e pecado? Que consideração tenho em minha sexualidade, pelo sexo oposto?

      

MEU RELACIONAMENTO COM MEUS SOFRIMENTOS E CONTRATEMPOS: Procuro reconhecer neles sentido divino ou revolto-me contra eles? Tenho temor aos sofrimentos, ou minha posição diante do sofrimento e a dor é doentia? Sinto medo ou pavor ao pensar na possibilidade de passar por alguma tribulação? Isto demonstra confiança ou fé de minha parte?

      

MINHA RELAÇÃO COM O PASADO: Reconheço os caminhos de Deus comigo no passado? Acaso sou grato pela sua orientação e proteção? Lembro-me delas? Sinto como acontecimentos da infância e juventude atuam positivamente ou negativamente sobre meu presente? Que peso e importância dou para estas experiências? Vivo escravizado por elas? Tenho buscado orientação de Deus para transformar lembranças destruidoras em experiências saudáveis e engrandecedoras?

      

MINHA RELAÇÃO COM MINHAS EXPERIÊNCIAS: Porventura tenho experiências próprias, ou vivo apenas das experiências dos outros? Aprendo com minhas próprias, ou vivo apenas das experiências dos outros? Aprendo com minhas experiências e observações? Por exemplo: Terei descoberto dentro de mim a contradição humana na prática de que eu quero e também não quero algo? Noto acaso, que eu leio, ouço e vejo algo, mas faço um conceito totalmente inadequado de modo que me permanece estranho, porque me atenho ao seu aspecto exterior? Conheço a arte da transposição: como se apresenta isso ou aquilo agora na minha vida? Em que percebo, por exemplo, "paz" na minha vida, ou "graça", "pecado", ou "crescimento", ou "concretização", ou "paciência", ou "serenidade"?

      

MINHA RELAÇÃO COM A MORTE: acaso penso na minha morte, incluo na minha vida? Isso tem conseqüência para o meu relacionamento com o mundo, com os outros e comigo mesmo?


Autor: Reinaldo Bui


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