Interdisciplinaridade: fundamentação literária x EJA



INTRODUÇÃO

 

Ao longo dos anos, o mundo foi varrido por mudanças profundas. A revolução científica e tecnológica, enquanto fato global mudou os paradigmas de produção e transformou, radicalmente, o cotidiano das pessoas. A prática do estágio supervisionado faz com que os discentes possam avançar sobre o conhecimento químico específico, tendo assim o compromisso de recriá-lo em ambiente escolar e na mente das gerações jovens da humanidade. Com isso o professor também deve estar familiarizado com as ciências humanas, entre elas as ciências da educação de acordo com as bases legais dos Parâmetros Curriculares Nacionais.

Cabe ao ensino, dentro das instituições sociais específicas, fazer a mediação intencional para que novos significados sejam produzidos e um sistema conceitual coerente se constitua em cada individuo.

Tal análise permite a conclusão de que a questão epistemológica é mais importante do que uma preocupação apenas da comunidade científica. O conhecimento produzido, pelo componente tecnológico que sempre o acompanha, afeta todas as pessoas, por isso o processo de avaliação de um conhecimento produzido e seu desdobramento tecnológico precisa incorporar os elementos sociológicos e psicológicos em seu processo.

Esses elementos deverão estar presentes nos conteúdos escolares, por isso a real importância da prática do estágio supervisionado através da Docência Orientada. Tal percepção incentiva o estreitamento da relação professor-aluno seja da rede federal, estadual, e ou municipal permitindo mudar metodologias, buscar novas maneiras que possibilitem o ensino, aprendizagem.

Nesta prática de estágio a ser realizado o discente deve desenvolver uma metodologia diferenciada com o objetivo de proporcionar, ao professor-aluno uma sistemática do desenvolvimento da prática pedagógica enquanto professor-pesquisador.

A qualificação de professores para o exercício da docência no Ensino Médio, apesar de não ser uma prioridade estabelecida com rigor no contexto das Políticas Educacionais nos últimos anos, torna-se a cada dia mais necessário, uma vez que o professor deve assumir o complexo histórico de constituição da sua área de atuação. Tendo o conhecimento específico de sua área de atuação como instrumento de mediação na relação entre a instituição educacional e a sociedade, o professor-estagiário necessita possuir um domínio aprofundado deste conhecimento específico para que possa introduzir o aluno no domínio dos métodos da ciência.

Em conjunto ao domínio do conhecimento específico de sua área, é primordial, também, que o professor do ensino médio tenha profunda competência pedagógica, como sendo um requisito importante para trabalhar a formação de seus alunos.

O sistema educacional brasileiro está enfrentando uma crise, referente ao seu quadro de professores com desempenho no ensino. A referida crise não reside apenas na escassez de massa crítica, mas, sobretudo no cumprimento da exigência de qualificação, de titulação e de formação pedagógica necessárias ao exercício da docência.

O trabalho realizado foi baseado nas discussões encontradas na literatura sobre o tema da interdisciplinaridade. Através de entrevistas realizadas na cidade de Araporã-MG com alguns alunos e professores das turmas do Ensino Médio do EJA (Educação para Jovens e Adultos), foram levantados dados que caracterizaram a prática interdisciplinar nessas turmas. A partir de 2006 as aulas ministradas para o primeiro ano do Ensino Médio do EJA, na instituição analisada, por determinação as Secretaria Estadual de Educação passaram a se basear em um projeto interdisciplinar. Houve a integração de conteúdos entre a química e a biologia a qual recebeu o nome de área Sócio-Químico-Biológica.

 

OBJETIVOS

 

São essas dificuldades e desafios encontrados na prática do estágio, que abrem espaço para que cada vez mais se reconheça que a docência no âmbito educacional é uma profissão que, como tantas outras, pressupõe formação profissional específica. O processo de ensino-aprendizagem, a despeito do nível de formação em que ocorre e longe do que o senso comum imagina, exige por parte do docente a aquisição de um conjunto de competências específicas, que vão muito além do domínio de um saber historicamente acumulado. Saber um determinado conteúdo não é sinônimo de saber ensinar esse mesmo conteúdo. O domínio de um determinado conteúdo, e o do respectivo saber fazer (saberes profissionais diversos), não se transformam automaticamente em saber didático que permita ao professor-estagiário realizar suas atividades com competência  no ensino. Isso significa dizer que aqueles que escolhem exercer a atividade docente precisam adquirir desenvolver e construir esses conhecimentos e habilidades específicas.

A atividade docente é uma atividade de educação. Considerando a educação como prática social, então a atividade docente é também uma prática social. Para exercer a atividade docente é requerido preparo e segundo Benedito apud Pimenta e Anastasiou,                       "o professor universitário aprende a sê-lo mediante um processo de socialização em parte intuitiva, autodidata ou (...) seguindo a rotina do 'outros'". Muitas vezes a ausência de uma formação continuada, principalmente no que se refere à ação pedagógica, leva o professor do ensino médio a rememorar-se de suas experiências no ensino superior; isso, de certa forma, torna-se uma orientação de sua prática. Assim, as experiências que foram vivenciadas enquanto estudante, que são assimiladas nas conversas aleatórias com colegas e/ou que são observadas nos exemplos ou em obras de educadores reconhecidos em sua área de atuação, marcaria ou conduziria as ações educativas do futuro professor.

Já o ensino de Química, teria uma prática docente semelhante aos demais profissionais da educação, pois não faltariam conhecimentos pedagógicos, principalmente pelos docentes egressos de cursos de graduação com licenciatura. O que se pode ressaltar é que muitas práticas educativas seguem uma pedagogia tradicional, centrando o ensino no professor. As aulas limitar-se-iam à exposição do conteúdo pelo professor e ao aluno competiria fazer anotações, estudar para as provas e/ou elaborar os trabalhos de "pesquisa bibliográfica" propostos pelo professor. Este tipo de ensino está baseado em um pressuposto simples e "natural": de que o bom aluno aprende "naturalmente", enquanto o mau aluno é aos poucos ejetado pelo sistema educacional. Ora, isto nada mais é que a aplicação cômoda da Lei de Seleção Natural, postulada por Darwin, na Educação. Reflexo de séculos de mentalidade pouco ou nada democrática, este modelo se reproduz até hoje, com defensores em todos os níveis e classes sociais. Daí a necessidade de se realizar esta pesquisa tendo estes como seus principais enfoques:

Gerais: Sistematizar dados que caracterizam a prática interdisciplinar nas turmas do Ensino Médio do EJA na cidade de Araporã-MG.

Específicos: Pesquisar e entrevistar sobre a atuação dos profissionais da área de Química. Elaboração de um estudo de caso; Proposta e implementação de nova abordagem interdisciplinar.

 

JUSTIFICATIVA

 

Visto que a nossa prática docente como um todo tem um resquício muito forte do ensino tradicional,  mesmo com as mudanças  proposta nos Parâmetros Curriculares  Nacionais,  ainda trabalha-se com disciplinas, seguindo conteúdo dos livros didáticos, trabalhando conceitos prontos e acabados, sem relacionar com  outras disciplinas, com o contexto atual  e com a realidade do aluno, um ensino mecânico que não desenvolve no educando  as habilidades e competências necessária para transformar sua realidade. Por isso a necessidade de um planejamento que leve em conta o contexto da realidade do aluno e faça conexões com outras disciplinas. Isso envolve a necessidade de mudanças na maneira de pensar e fazer. Por isso a prática do estágio supervisionado por professores-estagiários deve tentar buscar temas significativos  e através destes explorar os conteúdos  das quatro disciplinas (Química, Física, Biologia, Matemática) da área de maneira significativa e que pudesse proporcionar ao estagiário oportunidades de repensar sua prática pedagógica, de conhecer novas propostas, de apostar na mudança e procurar viabilizá-la, acreditando e valorizando o potencial de cada mestre, e ao educando se desenvolver de maneira plena.

Por isso a interdisciplinaridade e o planejamento do estágio deve ser um processo que desencadeia mudanças.  Esta possibilidade de desenvolver um processo de mudanças no interior da escola, para que  haja um ambiente educacional agradável e eficaz, na qual o aluno sinta prazer em aprender, onde possa criar e recriar conceitos, trabalhando com experimentos,  observações, pesquisas e  aulas de campo seria o Projeto Interdisciplinar, começando desde o planejamento. A formação do professor propicia reflexão, o ponto fundamental para promover mudanças. Porém, a verdadeira mudança é construída no dia-a-dia, na  atuação consciente e responsável de cada educador,  no planejamento e diálogo  coletivo.

A pesquisa e a implementação desta nova abordagem, devido às observações realizadas, nota-se que, ao contrário do esperado em um curso que se quer interdisciplinar, as aulas explicitavam basicamente conteúdos biológicos. Necessita-se compreender o que seria uma intervenção interdisciplinar para aqueles alunos, dentro da proposta do projeto e de que forma poderia contribuir para a formação dos jovens adultos com os quais desenvolveria o projeto interdisciplinar com o tema “O que a química tem a ver com isso?”.

 

METODOLOGIA

 

No presente projeto foi utilizado como recurso a pesquisa bibliográfica, e questionário contendo perguntas que direcionavam o aluno a mostrar a interdisciplinaridadeem química. Apriori fora realizada a análise das respostas apresentadas aos alunos e aos professores sob a forma de questionário. Percebem-se nesse procedimento pontos que corroboravam momentos de elevada interdisciplinaridade nas respostas apresentadas pelos entrevistados. Tais dados podem ser confirmados segundo diversos referenciais teóricos consultados.

 

RESULTADOS OBTIDOS

 

Concepções de interdisciplinaridade que prevalecem:

1) A química, além de ter ficado diluída na biologia e a serviço dela, pouca ênfase se deu aos conteúdos químicos.

2) Verifica-se que os professores vêem a necessidade de pré-requisitos para ensinar determinadas idéias, ou seja, é necessário introduzir determinados assuntos para aprender outros.

Alguns problemas identificados:

1) Alunos possuem conceitos químicos e sobre a química inadequados.

2) Assuntos são abordados de forma extremamente superficial.

3) Falta de planejamento conjunto das aulas.

4) Dificuldades e despreparo dos professores para ministrar aulas interdisciplinares.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Objetivos já alcançados:

1) Uso de contextos sociais durante as atividades dentro de sala de aula.

2) Aprovação das aulas com integração dos conteúdos, pelos alunos, professores e direção, mas com algumas ressalvas.

A forma como essa integração tem acontecido no EJA na instituição analisada deixa a desejar na medida em que não é totalmente aprovada pelos mesmos, havendo discordâncias sobre os prós e contras. Em relação aos alunos a discordância reside principalmente nos objetivos que cada aluno pretende alcançar na formação do Ensino Médio. Ou seja, há uma preocupação com a capacitação que possibilite futuramente a continuidade dos estudos. Visto as principais dificuldades encontradas pelos professores do EJA para a concretização de aulas com integração de conteúdos e sabendo que essas dificuldades refletem na qualidade do ensino, e conseqüentemente, no aprendizado dos alunos, com o intuito de apenas introduzir uma reflexão para a avaliação de possíveis mudanças no atendimento aos alunos do EJA, foram apresentadas sugestões:

1) Repensar a proposta pedagógica do curso.

2) Propor uma definição mais clara de objetivos a serem alcançados.

3) Promover um trabalho de capacitação e formação continuada dos professores e monitores.

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

 

BORGES, Liana & DI PIERRO, Maria Clara. Sistematização do Encontro de Educação de Jovens e Adultos no Seminário de Educação Popular, 2002.

CAMINI, L (coord.) e outros. Educação pública de qualidade social: conquistas e desafios. Petrópolis: Vozes, 2001.

MAXIMO, A. O caráter de interdisciplinaridade nos planos de ensino do curso de pedagogia. Brasil, 2002.

Pimenta, S. G.; Anastasiou, L. das G. C.; Docência no ensino superior, Cortez: São Paulo, 2002.

Futuro Congressos e Eventos Ltda; Temasem educação II: Ribeirão Preto – SP, 2003.

Lowman, Joseph: Dominando as técnicas de ensino. São Paulo: Atlas, 2004.


Autor: Rafael Rodrigues Gomes


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