O meu velho baú de vime



Abri os olhos numa manhã, sem me preocupar com o horário, pois estava de folga. Tinha planejado dormir até mais tarde, mas isso não funcionou. Resolvi me levantar, tomar um café da manhã caprichado e fazer uma grande faxina.

Comecei a limpeza pela cozinha: lavei as louças, arrumei os talheres na gaveta, passei pano com desinfetante no chão, recolhi o lixo e finalizei a limpeza naquele cômodo com outra xícara de café, afinal de contas, ninguém é de ferro.

Iniciei a limpeza do banheiro alagando tudo com água e sabão, formando espumas, troquei a cortina do “Box”, organizei o armário do banheiro e terminei com um belo solo musical.

Ignorei a sala por um instante e iniciei a limpeza do quarto. Comecei dobrando os lençóis, os cobertores, troquei as fronhas, organizei as camisetas na gaveta, observei minha imagem no espelho, espremi algumas espinhas e cheguei à conclusão de que precisaria iniciar uma dieta: afinal, a barriguinha estava contundente. Pelo espelho, observei o meu velho baú de vime sobre o guarda-roupa e me lembrei que precisava organizar os livros velhos e os materiais que se encontravam dentro dele. Percebi há quanto tempo não abrira o antigo Baú e resolvi espiá-lo. Tinha muito pó e, por isso, espirrei várias vezes, mas insisti com os espirros e continuei a exploração do velho baú dos segredos.

– Nossa! Quantos livros antigos! Nem me lembrava mais que os tinha lido. Meus desenhos do primário, o meu ioiô e o meu caderno do segundo ano: como eu adorava essa capa, como a minha letra mudou! Meus exercícios de Matemática! Uma prova de Português a qual eu tinha tirado oito e lembrei-me até quando a professora explicou sobre as Classes das palavras. Desenhos e poesias me fizeram lembrar a Diana, aquela namoradinha que havia roubado o meu coração. Quanta coisa eu vivi no segundo ano! Quantas saudades! Desejei estar naquela sala de aula, com aqueles professores, aos quais antes, eu os considerava chatos, com aqueles amigos e com a Diana, claro, para novamente, reviver todos aqueles momentos de alegria que estavam registrados ali, naquele velho e simples caderno do segundo ano.

O tempo passou e quando me dei conta, a noite havia chegado e a minha faxina foi interrompida pelas lembranças que aqueles registros escritos, rabiscos e desenhos me proporcionaram. Viajar pelo túnel do tempo, revivendo um momento da minha história por intermédio de um simples caderno do segundo ano, aguçou a minha memória.


Autor: Marcelo Marckbreaker


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