Vocês entenderam?



Ao terminar uma eficiente explicação sobre determinados conteúdos de álgebra, o professor perguntou aos alunos se eles tinham entendido o assunto abordado. Como era de se esperar, ele teve uma porcentagem alta de respostas negativas. E com isso, ele prosseguiu na cansativa missão de torná-los detentores dos saberes em questão:

- Vocês entenderam?

Naquele momento, conseguiu algumas respostas positivas, mas ainda era a minoria que conseguiu assimilar tais raciocínios.

- Quem ainda não entendeu?

Ao perceber que a maioria tinha levantado o braço como sinal do não entendimento do assunto, ele pensou o quanto aqueles alunos não estavam preparados, afinal, era considerado o melhor professor da escola, que só aprovava os alunos que realmente resolviam as questões que ele aplicava nas provas. Questões, que eram detalhadamente escolhidas por ele com um alto grau de dificuldade.

Diante do dilema, algumas perguntas que não saíam do pensamento do professor eram: como os professores anteriores permitiram que esses alunos fossem aprovados? E a escola que não fornece condições necessárias para o trabalho do professor? Sem contar o salário que é baixo. E os alunos que não querem nada com nada?

No dia seguinte, sem muitas esperanças quanto ao entendimento dos alunos, o professor sentou-se na velha cadeira em frente à turma e resolveu mudar a conotação da pergunta após a sua explanação do conteúdo:

- O que vocês entenderam sobre esse assunto?

O professor se surpreendeu com as respostas dos alunos ao demonstrar a parte do problema que não conseguiam resolver. Nisso, o professor iniciou um diálogo específico atuando onde cada aluno tinha a sua dificuldade. O professor percebeu, também, que o sentido da pergunta faz a diferença. Quando a pergunta era: entendeu? A resposta era impessoal, geral, seca e viciosa: Não! Mas, quando ele perguntava: O que vocês entenderam sobre esse assunto? O que vocês sentiram? Vocês já conheciam alguma parte desse assunto? A resposta era pessoal, individual, viva. E essas perguntas tornavam o processo de ensino mais produtivo, permutável e interessante.

Nesse ano letivo todos os alunos da sua classe foram aprovados. 


Autor: Marcelo Marckbreaker


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