Espaços educadores sustentáveis, juventudes e envelhecimento



A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o “envelhecimento ativo como processo de otimização, de oportunidades, de saúde, participação e segurança, de forma a promover qualidade de vida à medida que se envelhece”.

O que era no passado privilégio de poucos passou a ser uma experiência de um número crescente de pessoas em todo o mundo. Hoje somos um país que chega a 72,7 anos de expectativa de vida, o que nos faz especular que vamos superar, no ano de 2025, o limiar simbólico de 75 anos, mas com o desafio de ainda estar envelhecendo em pobreza. Igualdade sem equidade é desigualdade!

Imagine que no Japão, dos 82 anos vividos, 75 deles são com boa saúde; já em Serra Leoa, dos miseráveis 34 anos, apenas 28,6 são vividos com saúde. E no Brasil? Como é envelhecer considerando toda a diversidade territorial? As desigualdades sociais? As áreas de risco? As populações tradicionais? A concentração de renda? E os espaços educadores? Acessibilidade?

Afinal, somos a 6ª economia do mundo! Porém..., sem distribuição equitativa dos recursos e sem justiça socioambiental! Estão evidentes os desafios para a sociedade que queremos construir, uma sociedade que terá menos trabalhadores na classe produtiva (economicamente), fazendo que aqueles que são “mais dependentes” (em especial os idosos) perfaçam grupos crescentemente maiores. Sim!Teremos que repensar muito bem o que fazer.

Valorizar o fato de uma pessoa ter mais de 60 anos e gozar de saúde, é um recurso para sua família, para sua comunidade, para a economia. A autoconfiança se torna mais possível quando nos concentramos no bem-estar não material, cuidando de nós mesmos e dos outros sem produzir ou consumir recursos materiais desnecessários. Aceitando a responsabilidade pessoal para nossa situação, tanto quanto possível, ao invés de culpar os outros, nós nos fortalecemos quando agimos coerentemente respeitando os fluxos naturais da vida. E assim, reconhecer que a sabedoria se encontra dentro do grupo e que podemos trabalhar com outros para trazer os melhores resultados para todos os envolvidos nessa mesma caminhada como sociedade humana.

A Permacultura prevê um envelhecimento digno, trazendo também para os idosos, inúmeras atividades sadias de manejo da natureza, hábitos e alimentação saudável, estabelecendo uma rica troca de conhecimentos entre praticantes de idades semelhantes ou distintas e prevendo uma morte digna, sem distinção.

Queremos criar uma cultura de envelhecimento que seja de solidariedade, justiça, com distribuição de recursos de forma equitativa, entre o público e o privado do Brasil, de norte a sul. Não é admissível abusar e maltratar a pessoa humana, assim como não é admissível maltratar ou abusar da pessoa idosa, da criança ou de outra forma de vida. É preciso assegurar políticas públicas que colaborem para a construção de um presente alicerçado no respeito aos direitos dos idosos, da pessoa humana em sua totalidade.

Valorizar materiais, técnicas e culturas tradicionais e também investir em novas tecnologias que visam utilizar os recursos naturais de maneira inteligente, racional e criativa, evitando desperdícios. O papel da Permacultura frente ao Envelhecimento poderá ocorrer de inúmeras maneiras.  Por isso, replanejar o futuro da humanidade, o futuro dos novos espaços educadores e descobertas de novas estruturas materiais e imateriais para a educação podem ser as melhores opções que temos para dar continuidade a uma humanidade aprendente. É despertar para uma abordagem transdisciplinar da Educação, abarcando diferentes áreas do conhecimento humano como Biologia, Engenharia, Medicina, Ecologia, História, Ciências Sociais e Econômicas, integrando estas com novas áreas de conhecimento como a Permacultura e a Biomimética. 

Com visão integral e integradora, a idéia de espaços educadores sustentáveis favorece um entendimento da responsabilidade da ação humana em realizar seus abrigos e espaços comuns, oferecendo um ambiente construído saudável para seus usuários e sustentável para o coletivo planetário.

Enfim, resgatar hábitos antigos e reinventar novas formas de sermos mais ecológicos, responsáveis por nossa existência neste planeta, conscientes dos fluxos e padrões naturais da vida, deveriam ser conceitos intrinsecamente conectados aos nossos processos de aprendizagem de forma prática e metodológica.

Com certeza é imprescindível promover a solidariedade entre o jovem e o idoso. Promover a atração natural, da união que existe entre o jovem e o idoso. E que a Permacultura e a Educação estejam juntas no centro das reflexões.

 Camila Bianchi

LEGAN, Lucia. A escola sustentável – Eco-alfabetizando pelo ambiente. 2ª edição. Pirenópolis/São Paulo: Ecocentro IPEC e Imprensa Oficial, 2007.

 ORR, David. Prólogo. In: STONE, Michael K; BARLOW, Zenobia (orgs.) Alfabetização Ecológica – A educação das crianças para um mundo sustentável. São Paulo: Cultrix, 2006.

 Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, 1992. Disponível em http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/tratado.pdf .

Acesso em 22/01/2010.

 VIGOTSKI, Lev. La imaginación y el arte en la infancia. 8ª edição. Madrid: Ediciones Akal, 2007.

WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

 

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Autor: Camila Santos Tolosa Bianchi


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