Esmola não é a solução



Muitos acreditam que dar esmolas é um ato obrigatório e de solidariedade àqueles que a pedem. Os pedintes, na maioria das vezes, parecem estar com fome e realmente precisando daquela colaboração alheia para sua sobrevivência, fazendo com que a sociedade pense que aquele pouco dinheiro irá amenizar sua fome e necessidade, e que negar esmolas é um ato de insensibilidade.

É evidente que certos casos, assim como a de um menino descalço, com frio, e aparentemente desamparado, comovem qualquer pessoa que se depara com essa imagem. Geralmente nessas situações, a pessoa se sente um desalmado se negar ajuda, e não consegue agir com a razão, pois a emoção toma conta. O princípio da igualdade gera sentimentos de caridade diante de situações contrárias, e torna confortante o ato de dar esmolas, fazendo com que a pessoa se deixe levar pelos afetos de compaixão e ternura.

Porém, é preciso ter consciência de que dar esmolas pode incentivar cada vez mais aos pedintes, além de ser humilhante e indigno. Os faz dependentes da caridade do próximo, estimulando o abandono à escola, ao trabalho, ao esforço para a conquista de um objetivo maior. Não tenhamos dúvida de que já foi oferecido cesta básica a um pedinte e este se negou a receber, pois estava agindo de má fé. Muitas, ou na maioria das vezes, a finalidade do dinheiro não será para suprir a necessidade básica de sobrevivência daquele indivíduo, mas sim para fazer uso de drogas, tanto lícitas, quanto ilícitas.

Portanto, se observado por este ângulo, dar esmola não ajuda a superar a situação, mas a mantém. Pessoas que necessitam de ajuda precisam ser assistidas por políticas públicas. Existem vários órgãos que encaminham e auxiliam essas pessoas. No caso de crianças e adolescentes, que são a maioria dos pedintes, devemos denunciar ao Conselho Tutelar da localidade, pois este tomará providências necessárias para encaminhamentos a programas, ações e ou projetos sociais que oferecem assistência social, educacional e psicológica. A permanência dessas crianças e adolescentes em tais programas dá condições de atendimento e acompanhamento também à família, além de serem beneficiadas com alguns tipos de auxílio, como por exemplo, bolsa família e auxílio alimentação. Dessa forma há a possibilidade de estruturação deste ambiente familiar, capaz de oferecer a base necessária para seus integrantes. Devemos lembrar do que dizia Herbert de Souza (o Betinho), que apesar de dar esmolas por não resistir àquelas “carinhas” de abandonados dos pedintes, tinha plena consciência de que “só a participação cidadã é capaz de mudar o país”. 

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Autor: Gisele Corbellini


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