Tempos modernos



O nome que escolhi como título é também o de um filme que retrata as aventuras de um personagem feito por Charles Chaplin, que vive em meio a explosão da Revolução Industrial. Nesse contexto histórico, o cenário social e psicológico vai se transformando ao lado de todo o sistema comercial.  A Revolução trouxe um forte avanço tecnológico e fez com que as pessoas vivessem com mais pressa, quase entrando em estado de ebulição em contato com tanto vapor! Trabalhavam não tendo direito aos seus direitos e serviam somente para produzir mais. Eram tratadas como máquinas. Isso foi favorável à greves e movimentos socialistas em geral, que estavam vendo o capitalismo se apoderar do mundo de forma desenfreada.

O ser humano perdeu seu valor para o tal do capital concentrado, ficamos todos escassos, levamos uma vida que não nos leva a nada. E o mundo, tentando mascarar a situação, começa a pintar sua fachada mentirosa, formada de famílias perfeitas, polícia eficiente, política de desenvolvimento... Escondendo as falhas enormes de um sistema que não se auto-sustenta, que sempre precisa usar alguns para se erguer. Tapam a boca dos cidadãos. Formam o estereótipo de mulher que só serve para o lar. De homem que precisa trabalhar e crescer cada vez mais.  E de criança que é tratada como um pote vazio, que é obrigada a assentir tudo o que lhe é dito.

Foi o começo de uma estrada em que caminhamos até hoje. Desde os séculos passados vivemos nas mesmas cadeias, comemos o mesmo lixo – agora um pouco mais plastificado – e convivemos em liberdade. Sim. Em liberdade. Estamos libertos das mãos do Estado que não se preocupa conosco e nunca se preocupou, libertos para viver dentro de muros e grades que nos protegem de um mal invisível: a falta de voz e de vez.

“Viva como se não houvesse amanhã.” Ou “Só se arrependa do que não fez.” São frases comuns do nosso dia-a-dia que a gente ouve ou lê, mastiga, mas não interpreta com outros olhos. Traduzindo, ficaria mais ou menos assim: “Compre como se não houvesse limites no cartão de crédito. Procure viver na plenitude do made in china, não se preocupe com o amanhã! Não se preocupe com nada... Nós vamos cuidar de tudo, roubar de tudo, enquanto vocês estarão com os olhos atentos nos novos produtos, nas liquidações. Só se arrependa de não ter gasto, não ter tido o que as outras pessoas tiveram.”

E é isso. Parece brincadeira, mas é isso o que acontece. Já está implantado em nossas mentes que devemos crescer e adquirir cada vez mais dinheiro, encher os bolsos, correr contra o tempo. Porém, é tão vazio viver assim. Com um Norte tão limitado, o dinheiro. Enquanto a lei não nos ampara, enquanto policiais se transformam em bandidos, médicos em assassinos, presidentes em fantoches, nós estamos fazendo parte de uma outra dimensão, a da produção e obediência. A mídia e toda a mediocracia vigente do século, nos faz acreditar em horizontes que não existem e que talvez, nunca existiram. Sempre haverá um peixe maior quando se trata de organização sócio-política. Isso não é errado. O ruim é quando os peixes maiores se aproveitam demasiadamente do resto do oceano. Sem perguntar, instigar novas ideais, procurar novos caminhos. Eles só nadam nos mesmos mares e com isso todos os problemas permanecem. E se um outro peixe se incomodar, ele que se retire. Que tente viver longe dali ou que nem tente, afinal, é só mais um peixe dentro de um gigantesco cardume.

Quando foi que a gente pensou, que para viver, é preciso crescer cada vez mais, pisar cada vez mais fundo? A Terra é só mais um planeta dentro do infinito. Nós vivemos em uma caverna. Achamos que sentimos, que falamos, que agimos. Mas não fazemos nada mais que girar uma enorme engrenagem.

E existem pessoas que dividem essa enorme caverna, que se portam como se fossem diferentes de todas as outras, por terem mais papéis-moedas que indicam que tipo de pessoas elas são. O mundo não nasceu para a igualdade, posso concordar. Mas também não pode ter nascido para a injustiça, para a falta de decência.

Os extremos humanos são tão ridículos!

Como podemos dormir em paz sabendo que pessoas de nossa mesma composição química, não têm o que comer, o que viver? Elas deveriam, pelo menos, ter acesso a dignidade, a uma família, a um conceito próprio sobre o mundo.

Algo, em algum lugar lá atrás, deve ter dado muito errado...

Trabalho de Sociologia, Tainá de Araujo. 2012. 


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