A escola que daria certo



Para falar de uma escola que daria certo, precisamos rever conceitos que abordam a prática de ensino, não somente como uma transmissão de conhecimentos, porém, como uma prática de construção de conhecimentos a partir dos saberes que todos os agentes que a integram têm e levam à escola e dos conhecimentos constituídos. A escola é uma instituição formadora e, portanto, precisa estar focada no desenvolvimento do ser humano como um todo para a vida e, não somente numa preparação acadêmica.

A escola é uma instituição que precisa valorizar as vivências em sociedade, partindo do conhecimento de si, do desenvolvimento da criticidade, da firmação como ser social e político. O próprio ambiente da escola é baseado na vivência em grupo. A escola, como diz Pichon Rivíère, trata-se de um grupo secundário imediato ao grupo primário que é a família e, por isso, ocupa um papel imprescindível no processo de crescimento e na construção do caminho que o cidadão vai trilhar na vida.

Pensando nessa escola para o desenvolvimento do ser humano, partimos de princípios básicos, totalmente ligados aos conceitos norteadores de convivência em grupo, logo, em sociedade. Os princípios de: ética, consciência dos agentes compostos e a dialogicidade, são bases extremamente importantes para se desenvolver um processo formativo capaz de contribuir, de fato, para o crescimento do indívíduo, enquanto parte integrante da sociedade.

Refletir sobre a ética no processo de formação nos remete ao pensamento político de Paulo Freire que nos adverte para a necessidade de assumirmos uma postura vigilante contra todas as práticas de desumanização e anuncia a solidariedade, enquanto compromisso histórico, como forma de luta capaz de promover e instaurar a “ética universal do ser humano”.

A relação entre os agentes: professor, aluno e conhecimento, é o desenvolvimento propriamente dito da prática e a busca dos conteúdos se dá através do diálogo entre eles. A sala de aula não pode ser vista como um espaço determinado e edificado e sim, uma junção dos agentes que realmente importam na prática de ensino-aprendizado. Ao constituir os agentes compostos do processo formador, constituímos a verdadeira sala de aula, independente do formato espacial edificado.

Depois de refletir sobre a ética e os agentes que compõem o processo educativo, pensamos na dialética como base de formação. Uma prática de ensino-aprendizagem significativa precisa promover o debate entre os agentes do processo formador e a partir dos saberes construídos, desenvolver o diálogo entre o homem, a sua realidade e o mundo em que vive. A prática dialógica prepara o indivíduo para as vivências sociais com as contradições, as diferenças, os conflitos e conscientiza-o da necessidade de intervir nesse tempo presente para a construção e efetivação do seu futuro.

As transformações são resultados da capacidade que o ser humano tem de se organizar em grupos através da dialogicidade. O educador que valoriza a troca de saberes na sala de aula permite a reconstrução dos conhecimentos relacionados ao objeto de estudo. Essa prática gera a possibilidade das diversas visões aos saberes que o educador já possui previamente da sua especialidade, do seu conhecimento e na medida em que essa reconstrução acontece, o educando se sente, também, protagonista do processo educacional.

Os princípios que foram abordados, resumidamente nesse texto, fazem com que a escola não seja vista apenas como uma edificação, um prédio, uma sala de aula, mas, um movimento de troca de conhecimentos, de formação, onde os alunos sejam preparados para à convivência em grupo para se tornarem parte efetiva de uma sociedade mais justa. A escola que daria certo precisa ter todos os agentes educativos como os gestores, coordenadores, professores, alunos e a comunidade escolar, comprometidos com os conceitos de formação do ser humano e a forma de aplicar os conteúdos estudados na vida e com o foco na formação técnica e cidadã dos alunos. 


Autor: Marcelo Marckbreaker


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