Os benefícios que os estagiários de enfermagem promovem em uma unidade hospitalar sob o ponto de vista da equipe de enfermagem



RESUMO

 

O estágio para o acadêmico de enfermagem, é considerado um momento oportuno para aprender na prática o que foi visto na teoria, atuando em benefício conjunto nos estágios com as atividades realizadas pela equipe profissional, porém ocorrem-se algumas vezes conflitos entre esses dois grupos. Assim é importante compreender o ponto de vista da equipe de enfermagem em relação aos estagiários e sua contribuição na unidade hospitalar. O presente estudo tem por objetivo demonstrar os benefícios que os estagiários de enfermagem promovem em uma unidade hospitalar sob o ponto de vista da equipe de enfermagem. Por meio de abordagem qualitativa, utilizou a análise temática das questões para o desenvolvimento dos dados de um questionário auto preenchível, com alternativas objetivas e dissertativas. Foram inclusos no estudo 40 participantes os quais pertenciam a equipe de enfermagem, como enfermeiros e técnicos de enfermagem da unidade hospitalar. Foi apontado e identificado os benefícios em ter estagiários de enfermagem em um hospital e compreendido a interação entre os dois grupos. Obtiveram resultados positivos para os profissionais de enfermagem quanto aos benefícios dos estagiários na unidade hospitalar em que atuam, apresentando a importancia do trabalho em equipe e a troca de informações e conhecimentos entre eles.

 

PALAVRAS-CHAVE: Estágios. Enfermagem. Vantagens. Hospital.

 

1 INTRODUÇÃO

 

O estágio de maneira geral é considerado um método de ensino que contribui na formação de profissionais e auxilia no preparo do enfrentamento dos desafios do mercado de trabalho. É o momento  oportuno de assimilar a teoria e a prática, onde o acadêmico compreende aquilo que tem aprendido e até mesmo o que ainda vai aprender teoricamente.

 

__________________________

 ¹ Artigo científico apresentado à Faculdade de Enfermagem da Fesurv - Universidade de Rio Verde, para obtenção do título de bacharel, sob orientação da Profª. Esp. Lara Cândida de Sousa Machado.

Por outro ângulo, o estagiário de enfermagem atua no mercado de trabalho em parceria com hospitais, clínicas, entre outras instituições. Inseridos na rotina de atividades exercidas, juntamente com os profissionais habituados no campo, tornando-se um novo integrante da equipe.

Os acadêmicos de enfermagem atuam em beneficio conjunto nos estágios, colaborando para o próprio aprendizado, somando esforços e auxiliando nas atividades realizadas pela equipe profissional, contribuindo para uma assistência melhorada ao paciente e trazendo pontos positivos para a unidade de saúde. Porém nem sempre ocorrem bons convívios entre estes dois grupos, destacando sobre o estágio curricular, que em muitos campos práticos onde os acadêmicos de enfermagem atuam, ocorre certa resistência da equipe de enfermagem em relação aos estagiários.

Esta pesquisa veio de encontro à demonstrar os benefícios que os estagiários de enfermagem promovem junto à unidade hospitalar em que atuam sob o ponto de vista da  equipe de enfermagem pertencente à mesma. Com intuito de trazer novos caminhos de interação tanto para a equipe, quanto para a comunidade acadêmica, promover publicações científicas relacionadas ao tema proposto, além de demonstrar como está a aceitação da equipe de enfermagem em relação aos futuros profissionais.

O presente estudo teve como objetivo principal demonstrar os benefícios que os estagiários de enfermagem promovem na unidade hospitalar, sob o ponto de vista da equipe de enfermagem. Para alcançar tal objetivo foi proposto no questionário a relevância aos benefícios dos estagiários de enfermagem no contexto hospitalar, o grau de satisfação em ter estagiários de enfermagem na unidade hospitalar, a contribuição dos estagiários de enfermagem na rotina da unidade, o nível de conhecimento dos estagiários em campo prático,  a aprovação da equipe de enfermagem em trabalhar juntamente com os estagiários de enfermagem e o nível de relacionamento entre estagiários de enfermagem e a equipe de enfermagem.

 

2 REFERENCIAL TEÓRICO

 

2.1 ESTÁGIO DE ENFERMAGEM

 

O Conselho Nacional de Educação (CNE) e a Câmera de Educação Superior (CES) (BRASIL, 2001, p.2), no art. 7° afirmam que ao decorrer da graduação dos futuros profissionais de enfermagem, são necessários durante a vida acadêmica ensinos que envolvam teorias e práticas tendo como obrigatoriedade nas grades curriculares o estágio supervisionado, faltando um ano para a conclusão do curso. Em que estas práticas devam ser realizadas em instituições hospitalares, locais que não requerem internação como em ambulatórios, em setores de saúde pública e prestando assistências à população.

As atividades práticas em suas características contribuem aos acadêmicos, docentes e ao local onde é realizado o estágio. Em que se faz necessário ter uma harmonia entre estes três sujeitos para atender o objetivo principal neste cenário, que é o paciente (SILVA; SILVA; RAVALIA, 2009, p.40).

A supervisão do docente no estágio é muito importante, pois ele acompanha o processo de absorção do aluno fora da sala de aula, exercendo unidos as atividades e o conhecimento na prática dependendo que o estagiário se esforce (BOUSSO et al., 2000, p.220).

Os cursos de graduação em enfermagem possuem matrizes curriculares padrões, sendo divididas em ciências humanas, ciências biológicas e disciplinas específicas de campo prático. O campo prático é aquele em que o acadêmico promove assistência de enfermagem ao paciente, visando-o como um todo fisicamente e psicologicamente (CARVALHO et al., 1999, p.200).

O futuro da prática profissional da maioria dos acadêmicos de enfermagem, será o hospital e o contato durante os estágios que possibilitará a vivência do ambiente com seus respectivos problemas e assim aproxima o estagiário da realidade. Entretanto os docentes não devem julgar as unidades de saúde como somente um local para desenvolver os estágios (SECAF; LORENCETTE; MARX, 1989, p.80).

A função do hospital é de oferecer á população, assistência à saúde de forma á prevenir e garantir que o cliente saia curado, oferecendo serviços em ambiente domiciliar ás famílias, atividades para auxiliar o ensino da prática para futuros profissionais e contribuindo para estudos de pesquisas na área da saúde (CHERUBIN, 1977, p.4).

No estágio de enfermagem o acadêmico necessita saber sobre os setores e espaço físico da unidade em que atua e contribuir para o trabalho em equipe, interagindo com outros profissionais para o exercício do trabalho em grupo, prestando uma assistência a diversos pacientes em hospitais ou em rede básica de saúde, buscar estudar a patologia do paciente, ser organizado e ter planejamento ao prestar assistência, saber usar as ferramentas que o campo oferece para seu próprio aprendizado e contribuindo sempre ao paciente (SILVA; SILVA; RAVALIA, 2009, p.39).

Para um serviço de qualidade dos profissionais de enfermagem, é necessário o trabalho em equipe, pois depende desta cooperação para dar continuidade na assistência integral ao paciente nas 24 horas que ele precisar (CARVALHO et al.; 1999, p.203).

Envolver o convívio entre os profissionais do campo de estágio com os docentes e discentes, colaboram para o melhor aprendizado da teoria com a prática, entre os conteúdos vistos na universidade e contribuindo assim para a formação de futuros profissionais da área (CASATE; CORRÊA, 2006, p.328).

Nas atividades práticas as interações do acadêmico com o restante da equipe hospitalar e os serviços rotineiros apresentam-se neste cenário como elemento de contribuição e por outro lado deverão estabelecerem uma comunicação verbal não só pelos trabalhadores da unidade, mas sim principalmente entre os acadêmicos e professores com o restante deste grupo. Apresentando de forma unida uma assistência de qualidade ao paciente e um aproveitamento por parte dos estagiários, decorrentes destas interações (HIGARASHI; NALE, 2006, p.67).

Ter em definido as atividades de cada funcionário, em um regulamento como normas e rotinas do hospital, contribui no desenvolver das atividades e melhora o relacionamento da equipe. Mas torna-se importante manter uma ética profissional estabelecida por cada um dos membros da equipe, fazendo uma aliança ao bom relacionamento social que se destaca com maior importância (BARTMANN, 2010, p.25).

A comunicação facilita ao desempenho da assistência ao paciente e o convívio da equipe entre si, que devem saber se comunicarem. Os indivíduos que se interagem de forma comunicativa compreendem-se um ao outro, tornando possível evitar conflitos e convictas idéias (SILVA, 2006, p.17, 22).

Envolvidos na interação de acadêmicos com outros profissionais da saúde, nem sempre os ideais são iguais, havendo uma discordância no desempenho das atividades, principalmente com os profissionais que estão em contato mais próximo ao paciente, podendo apresentar uma falta de coletividade em trabalhar em grupo devido a sobrecarga de trabalho. Já o acadêmico em campo aprimora as técnicas no estágio para seu aprendizado e os profissionais estando adaptados com a rotina, desempenham individualmente suas atividades podendo ocorrer desacordos entra estes dois grupos (CARVALHO et al., 1999, p.201).

O enfermeiro dirige a equipe e tem a sua influência no desenvolvimento do acadêmico nos estágios. Se ele não apresentar uma boa receptividade aos estagiários de enfermagem, a equipe terá influências e seguirá o mesmo relacionamento, não facilitando a interação e o ideal do acadêmico que é aprender com o campo prático. (ECHER et al., 2003, p.241, 242).

Os acadêmicos se relacionam melhor no exercício regido pelo profissional enfermeiro, tendo conhecimento da prática e tornando mais fácil a experiência no mercado de trabalho, por terem convivido com as normas que regem o funcionamento da instituição (SILVA; SILVA, 2004, p.103).

Segundo Echer et al. (2003, p.242) “o aluno é um ser que está aberto a novas experiências, mas com dúvidas e receios, necessitando de atenção e compreensão da equipe para aprender”.

        

3 MATERIAIS E MÉTODOS

 

Foi privilegiado neste presente trabalho uma análise de estudo descritivo/quantitativo com abordagem qualitativa, buscando demonstrar os benefícios da atuação dos acadêmicos de enfermagem para a unidade hospitalar, sob o ponto de vista da equipe de enfermagem, cuja coleta de dados realizou-se no mês de agosto do segundo semestre de 2011, no Hospital Presbiteriano Doutor Gordon de Rio Verde- GO, através de um questionário aplicado diretamente aos participantes.

Como critério de inclusão no estudo foi entrevistado enfermeiros e técnicos de enfermagem da unidade onde acadêmicos de enfermagem realizam suas atividades práticas ou estágios supervisionados, sendo verificado o tempo de trabalho dos participantes de ao menos 5 meses dentro da unidade e aqueles que mantiveram contato com os estagiários durante seu turno de trabalho. Foram excluídos da pesquisa, profissionais da equipe médica, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos, profissionais de recursos humanos e administrativos, funcionários da limpeza e funcionários que cuidam da segurança da unidade de saúde e aqueles que resolveram não assinar o termo de compromisso.

A coleta de dados foi iniciada somente após a autorização do Comitê de Ética em Pesquisa da FESURV e foram entrevistados 40 participantes, os quais pertencem à equipe de enfermagem da unidade como enfermeiros e técnicos de enfermagem. Foram abordados nos horários em que se encontravam nos postos de enfermagem da unidade hospitalar .

Os dados foram analisados através de gráficos, análise das entrevistas por meio do questionário e alguns dos resultados expressos em porcentagens. Cumpriram-se os aspectos éticos contidos na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Este estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) em que obteve aprovação e autorização do Gestor de Humanização do Hospital Presbiteriano Doutor Gordon de Rio Verde-GO. Os nomes dos participantes da pesquisa estiveram em total sigilo, já que os sujeitos foram identificados por números.

 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Para analisar e interpretar os dados do questionário, foi realizada uma construção de seis unidades temáticas: Relevância aos benefícios dos estagiários de enfermagem no contexto hospitalar, o grau de satisfação em ter estagiários de enfermagem na unidade hospitalar, a contribuição dos estagiários de enfermagem na rotina da unidade, o nível de conhecimento dos estagiários em campo prático,  a aprovação da equipe de enfermagem em trabalhar juntamente com os estagiários de enfermagem e o nível de relacionamento entre estagiários de enfermagem e a equipe de enfermagem.

Tendo como demonstração dos resultados nas unidades temáticas, usou-se as falas dos participantes do estudo, apresentados no questionário os quais foram identificados com a letra p seguido de um algarismo (p1, p2, p3...).

 

1. Relevância aos benefícios dos estagiários de enfermagem no contexto hospitalar

 

A relevância aos benefícios dos estagiários foi enfatizada de maneira positiva pelos profissionais da equipe de enfermagem que participaram do estudo. Alguns relataram como um compartilhamento de conhecimentos que os acadêmicos auxiliam na distribuição do excesso de trabalho.

Ilustrou-se esta unidade, através da seleção de alguns depoimentos, que evidenciaram os benefícios trazidos pelos estagiários de enfermagem:

 

“Sim, trazendo sempre novidades na área de saúde e mostrando aos funcionários a importância dos EPIs e forma de cuidados para a não contaminação e para não haver acidente de trabalho” (p1).

“Sim! Diminui o excesso de carga de trabalho da equipe de enfermagem e eles têm mais tempo para dar atenção aos pacientes, são atenciosos com a equipe também, somos gratos” (p2).

“Claro que sim, pois mais tarde eles serão profissionais que irão atuar dentro da unidade hospitalar” (p3).

Num estudo semelhante Casate e Corrêa (2006, p. 322) afirmaram que a participação de estagiários nas práticas hospitalares acarreta importantes valores, pois o acadêmico enfrenta problemas cotidianos da unidade como o sofrimento do próximo, deixando-os muitas vezes mais sensíveis despertando e valorizando a importância do cuidar e se depara com a realidade da profissão.

Em outro estudo Echer et al. (2003, p. 239) também afirmam que para haver uma aprendizagem de forma completa, é necessário uma organização nos objetivos pessoais e o acadêmico de enfermagem em suas práticas, compara seus saberes com as demais experiências dos trabalhadores de enfermagem, para que seus conhecimentos sejam aprimorados.

Segundo Casate e Corrêa (2006, p.323), nos diferentes cenários das práticas em que os estagiários passam, o ambiente hospitalar se destaca pelo discente apresentar o cuidado humanizado com pacientes, pois conseguem sentir as dificuldades que o outro passa, como ocorrido de costume com o serviço rotineiro não se dá o merecido valor á humanização.

Como enfatizado pelos autores e de acordo com os resultados apresentados pode-se afirmar que o estágio hospitalar requer uma maior atenção aos estagiários, pois é um local complexo que exige dos conhecimentos científicos para exercer a prática, trazendo assim benefícios a todos envolvidos neste contexto. Pois tendo um campo mais complexo exige também dos estagiários uma maior atenção aos procedimentos e conhecimentos já obtidos na universidade, trazendo por parte dos alunos conhecimentos atualizados, técnicas inovadoras e um bom resultado para a assistência e melhora do paciente.

 

2. O grau de satisfação em ter estagiários de enfermagem na unidade hospitalar

 

Foram calculadas em porcentagem as respostas dos participantes (figura 1), em que (20 participantes) 50% da equipe de enfermagem opinaram por ótimo e os outros (20 participantes) 50% responderam que a satisfação dos benefícios dos estagiários é bom.

 

FIGURA 1: O grau de satisfação que a equipe de enfermagem demonstra em ter estagiários de enfermagem na unidade hospitalar.

 

 

Fonte: recursos próprios.

Os ideais de acadêmicos, docentes e enfermeiros são os mesmos na sua formação que é buscar uma assistência de qualidade na saúde, apesar de terem profissões diferentes. E para que haja um ensino completo na formação do aluno de enfermagem é necessário o trabalho em conjunto, fazer que aconteça uma troca de informações e diálogo, ter responsabilidades e estar habituado no ambiente que o conduzirá na aprendizagem formadora (KAISER; SERBIM, 2009, p.638).

É importante que a enfermagem seja organizada em sues serviços, para que aqueles que são cuidados receberem de forma qualificada o cuidado prestado e adequado (ECHER, et al., 2003, p.243).

Diante do que foi apresentado cabe ressaltar como a organização do serviço, o trabalho em equipe e a compreensão dos demais profissionais do campo é indispensável para um bom desempenho dos estagiários e através dessa prática poderão sair preparados para o futuro profissional. E ter a oportunidade de estarem mais tranqüilos para dividir suas dúvidas com a equipe de enfermagem também, que com a prática diária podem passar seus conhecimentos aos estudantes, isso é trabalhar em equipe, um ajudar o outro e juntos realizarem benefícios coletivos.

 

3. A contribuição dos estagiários de enfermagem na rotina da unidade

 

A maior parte da equipe de enfermagem afirmou que os estagiários contribuíram nas tarefas de rotina da unidade hospitalar, porém houve queixas diante da falta de interesse de alguns acadêmicos.

 

“Sim, pois além de contribuir na rotina, ajuda aos técnicos a cuidarem melhor dos pacientes e acompanhantes” (p.4).

“Alguns importam somente com os pacientes e não ajudam na rotina da unidade” (p.6).

“Sim, quando os mesmos têm interesse ajudam na rotina, às vezes encontramos estagiários desinteressados, esses sim atrapalham” (p.13).

 

Os acadêmicos esperam ser bem recebidos pela equipe, o paciente e pelo professor além de aguardarem a chance de praticarem seus conhecimentos teóricos nos estágios com as condições físicas apropriadas na unidade. E nem sempre ocorre situações agradáveis, por exemplo, o que foi aprendido na universidade não ser feito na prática, dificuldade na interação com paciente e desacordos com os próprios profissionais, ficando em conflito interno, ansiosos e desestimulados (BOSQUETTI; BRAGA, 2008, p.695).

O campo de estágio hospitalar apresenta maior responsabilidade sobre a oferta dos serviços realizados e menor tempo de realização, trazendo dúvidas e complicações os discentes e docentes, em se relacionar junto da equipe neste pouco espaço de tempo (SILVA; SILVA;RAVALIA, 2009, p.39).

Diante dos resultados apresentados pela pesquisa e também pelos autores acima descritos, pode-se afirmar que os estagiários contribuem nas tarefas de rotina da unidade. Porém, é necessário ter um docente supervisionando os acadêmicos de forma direta e qualificada nos estágios hospitalares, para que o desinteresse não ocorra, pois a unidade não pára sua rotina para auxiliar aos estudantes, assim o acadêmico necessita se esforçar para acompanhar e aprender a prática.

Tendo um professor supervisor ele poderá sentir segurança ao realizar suas atividades, pois se houver dúvidas há quem os oriente e o acadêmico que chegar ao estágio com falta de interesse ele deve ser advertido pelo professor supervisor, pois todo campo prático é um aprendizado fora da sala de aula e necessita da colaboração principalmente do aluno para tornar proveitoso o estágio e não atrapalhar nenhum dos profissionais do campo.

 

4. O nível de conhecimento dos estagiários de enfermagem em campo prático

 

De acordo com o resultado (7 participantes) 18% opinaram que os estagiários de enfermagem apresentaram um ótimo conhecimento sobre o que é realizado em campo, (24 participantes) 60% considerou bom o conhecimento e (9 participantes) 23% marcaram regular, as demais alternativas não apresentaram respostas (figura 2).

 

FIGURA 2: A porcentagem do nível de conhecimento que os estagiários demonstram em campo prático.

 

 

          Fonte: recursos próprios.

Os acadêmicos de enfermagem passam por uma fase de transição no momento de estagiarem, pois se trata de sensações novas e acompanhadas de incertezas que alteram a forma de pensarem e decidirem, necessitando de compreensão e paciência dos demais profissionais (SILVA; SILVA; RAVALIA, 2009, p.39).

Colocar em prática o que antes haviam visto em teorias traz ao estagiário insegurança ao novo, que intimamente se sente despreparado para cuidar de outra pessoa podendo sofrer desajustes emocionais (SCHERER; SCHERER; CARVALHO, 2006, p.290).

É indispensável o acompanhamento do docente no campo prático, o acadêmico sente acolhido e o observa tendo ou não como referencial suas ações contribuindo para uma melhor absorção do aprendizado (CASATE; CORRÊA, 2006, p.327).

A equipe de enfermagem aguarda os estagiários com grande expectativa em relação a conhecimento teórico, porem conforme afirma os autores acima os estagiários sentem-se inseguros e ansiosos por se tratar de situações novas. Assim reafirma-se a importância da presença do docente/orientador para reduzir ou auxiliar esses sentimentos.

 

5. A aprovação da equipe de enfermagem em trabalhar juntamente com os estagiários

 

Houve uma boa receptividade quanto ao trabalho em grupo com os estagiários de enfermagem, demonstrando o auxilio em que os estagiários promovem na distribuição das tarefas e a resistência de alguns quanto à presença dos estagiários.

 

“Sim, eles também precisam ter oportunidades” (p.2).

“Sim, com a presença dos estagiários o serviço rende mais” (p.5).

“Tem alguns que se dedicam ao máximo, outros são despercebidos” (p.8).

“Sim, pois são muito úteis, prestativos e colaboram muito com a equipe de enfermagem” (p.10).

 

O diálogo favorece o aprendizado dos discentes no estágio e ele promove uma ligação entre a equipe propiciando um relacionamento entre estes dois grupos (PRADO et al., 2010, p.490).

Os locais que contribuem para o estagiário aprender, muitas das vezes não agradam os seus funcionários que prestam serviços e acarretados com seus afazeres podem apresentar um desconforto com os docentes e discentes, que tem o propósito de aprendizado dentro da unidade. Onde necessita de certo tempo para adaptação da equipe, oportunizando o acadêmico a realizarem suas atividades práticas (SILVA; SILVA; RAVALIA, 2009, p.40).

A enfermagem é uma profissão que requer trabalho em equipe, união e cooperação de todos os membros que a compõe, ainda mais tendo uma unidade hospitalar como local de trabalho. O estagiário de certo modo altera a rotina aumentando o número de pessoas nos postos de enfermagem, porém estas desvantagens são pequenas perto da contribuição que os mesmos promovem para os pacientes que necessitam de um maior tempo e cuidado humanizado.

Apesar das instituições hospitalares abrirem as portas para os estagiários realizarem suas atividades práticas junto à realidade da rotina da unidade, é necessário que os profissionais estejam preparados com orientações para receber esses acadêmicos também. Pois muito das vezes, o serviço rotineiro da equipe, pode se tornar mais lento ou dividido pelos estagiários que se encontra nos setores em que trabalham. Fazendo assim o descontentamento e a falta de interação entre estagiários e profissionais de enfermagem.

 

6. O nível de relacionamento entre estagiários e a equipe de enfermagem

 

A equipe de enfermagem demonstraram um relacionamento favorável aos estagiários em que (20 participantes) 50% responderam como ótimo o relacionamento, (15 participantes) 37,5% consideraram bom e (5 participantes) 12,5% opinaram por regular o relacionamento entre eles, as demais alternativas não obtiveram respostas (figura 3).

 

FIGURA 3: O nível de relacionamento entre os estagiários e a equipe de enfermagem.

 

 

                          Fonte: recursos próprios.

O ambiente hospitalar para a realização do estágio é o local mais complexo, pois surgem reações que não colaboram com os alunos devido à divisão do campo de trabalho, na forma de organizar e cumprir as atividades de rotina (BOSQUETTI; BRAGA, 2008, p.695).

Se antes da entrada do estagiário na prática o professor preparasse os alunos e o campo prático seus funcionários com recomendações quanto à paciência e compreensão entre si, resolveria muitos conflitos de convivência, favorecendo o aprendizado, o cuidado ao paciente e o relacionamento em equipe (CARVALHO et al., 1999, p.204).

O estagiário de enfermagem é um aprendiz no campo prático e o profissional que está habituado com a rotina pode ser uma peça fundamental para o conhecimento e ensino dos futuros profissionais, basta uma relação harmoniosa sem conflitos e competitividade que a assistência ao paciente será de uma melhor qualidade, porém o relacionamento em equipe apresenta certas dificuldades, tal afirmativa vem de encontro aos resultados encontrados no presente estudo e corroborando com os estudos de Bosquetti e Braga.

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Os benefícios dos estagiários de enfermagem no contexto hospitalar foi apresentado de uma forma aceitável pelos profissionais de enfermagem, enfatizando como é necessário o trabalho em equipe e a oportunidade dos acadêmicos mostrarem novos conhecimentos técnicos científicos.

Foram apontados juntamente aos benefícios dos acadêmicos as contribuições que os mesmos desempenham nas atividades de rotina da unidade, sendo ressaltado por parte de alguns participantes que o estagiário necessita se empenhar e não somente querer aprender mas também contribuir aos serviços que a demanda da unidade requer.

A satisfação da equipe de enfermagem com o desempenho dos estagiários no campo prático obteve um resultado estatisticamente positivo. Este fato é importante para os acadêmicos, pois cabe um bom convívio entre estes dois grupos para ter uma boa passagem pelo estágio e fixação do aprendizado por parte dos alunos, que espera boa receptividade dos pacientes, acompanhantes e funcionários do hospital.

O conhecimento do estagiário em campo prático obteve em questão saldo de nível regular, onde chama atenção para os docentes supervisores e discentes estagiários, necessitando serem esclarecidos pontos que causam essa queda nos parâmetros do conhecimento aos procedimentos práticos, apresentados sob a opinião da equipe. Muitas vezes relatadas pelos autores ser um estado de insegurança ao novo, a pressão por parte de serem avaliados ou pela falta de paciência encontrada pela equipe que já está adaptada com o serviço rotineiro.

A equipe de enfermagem apresentou através do estudo ter afinidade com os estagiários e aprovar a presença dos mesmos, executando as tarefas rotineiras em grupo. Tanto no quesito relacionamento interpessoal os participantes demonstraram também estatísticas positivas, levando a concluir que os estagiários de enfermagem são bem recebidos pela maior fatia dos trabalhadores da equipe de enfermagem, favorecendo assim aos acadêmicos entrarem mais confiantes em seus estágios hospitalares e as universidades formadoras destes futuros profissionais continuarem aliadas a estas instituições de saúde que tanto oportuniza e favorece o aprendizado.

Por fim, vale ressaltar a importância da divulgação do presente trabalho juntamente às equipes de enfermagem dos hospitais, demonstrando a importância do trabalho em equipe na interação do aluno com a equipe de enfermagem. E também para o acadêmico conhecer a opinião de profissionais sobre a presença deles no ambiente hospitalar, os elogios e também as críticas para de certo modo se sentirem motivados a desempenhar suas funções e atribuições nos estágios. Destaca-se também a importância da continuidade da pesquisa em hospitais e até mesmo outros locais que recebem estagiários, a fim de dividir novas experiências e informações obtidas durante o estudo, em que demonstram a importância de ter estagiários para a unidade hospitalar que oportuniza os estágios curriculares.

 

REFERÊNCIAS

 

BARTMANN, M. Enfermagem cirúrgica. Rio de Janeiro-RJ: SENAC Nacional, 2010. 232p. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=S83lnNgCPf4C&lpg=PA227&dq=Enfermagem%20cirurgica%2C%202010&hl=pt-BR&pg=PA25#v=onepage&q&f=true>. Acesso em: 02/08/2011.

 

 

BOSQUETTI, L. S.; BRAGA, E. M. Reações comunicativas dos alunos de enfermagem frente ao primeiro estágio curricular. Revista da Escola de Enfermagem USP, São Paulo-SP, v.42, n.4, p.690-6, 2008.

 

 

BOUSSO, R. S.; MERIGHI, M. A. B.; ROLIM, M. A.; RIESCO, M. L. G.; ANGELO, M. Estágio curricular em enfermagem; transição de identidades. Revista da Escola de Enfermagem USP, São Paulo-SP, v.34, n.2, p. 218-25, jun. 2000.

 

 

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação (CNE). Câmara de Educação Superior (CES). Parecer CNE/CES n°3, de 7 de Novembro de 2001. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Brasília-DF: MEC, 2001. 3p. Disponível em: . Acesso em: 02/04/2011.

 

 

CARVALHO, M. D. B.; PELLOSO, S. M.; VALSECCHI, E. A. S. S.; COIMBRA, J. A. H. Expectativas dos alunos de enfermagem frente ao primeiro estágio em hospital. Revista da Escola de Enfermagem USP, São Paulo-SP, v.33, n.2, p.200-6, jun. 1999.

 

CASATE, J. C.; CORRÊA, A. K. Vivências de alunos de enfermagem em estágio hospitalar: subsídios para refletir sobre a humanização em saúde. Revista da Escola de Enfermagem USP, São Paulo-SP, v.40, n.3, p.321-8, 2006.

 

 

CHERUBIN, N. A. Rotinas Hospitalares. Editora Sociedade Beneficente São Camilo, 1977. 471p.

 

 

ECHER, I. C.; LUCENA, A. F.; KERN, I. L. C.; DIAS, D. R. O Estágio Voluntário na Percepção de Acadêmicos de Enfermagem. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre-RS, v.24, n.2, p.238-46, ago. 2003.

 

 

HIGARASHI, I. H.; NALE, N. O estágio supervisionado de enfermagem em hospitais como espaço de ensino-aprendizagem: uma avaliação. Revista Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá-PR, v.5, Supl., p.65-70. 2006.

 

 

KAISER, D. E.; SERBIM, A. K. Diretrizes Curriculares Nacionais: percepções dos acadêmicos sobre a sua formação em enfermagem. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre-RS, v.30, n.4, p.633-40, dez. 2009.

 

 

PRADO, C.; FREITAS, G. F.; PEREIRA, I. M.; MIRAI, V.L.; LEITE, M. M. J. Avaliação no Estágio Curricular de Administração em Enfermagem: perspectiva dialética. Revista Brasileira de Enfermagem REBEn, Brasília, v.63, n.3, p. 487-90, mai. - jun. 2010. Disponível em: . Acesso em: 03/04/2011.

 

 

SCHERER, Z. A. P.; SCHERER, E. A.; CARVALHO, A. M. P. Reflexões sobre o ensino da enfermagem e os primeiros contatos do aluno com a profissão. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v.14 n.2, p.285-91, mar. - abr. 2006.

 

 

SECAF, V.; LORENCETTE, D. A. C.; MARX, L. C. Enfermagem: o estágio extracurricular remunerado. ACTA Paulista de Enfermagem, São Paulo-SP, v.2, n.3, p.79-5, set. 1989.

 

 

SILVA, D. M.; SILVA, E. M. V. B. Ensino clínico na formação em enfermagem. Revista Millenium, n.30, p. 103-19, out. 2004. Disponível em:

. Acesso em: 22/03/2011.

 

 

SILVA, M. J. P. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações interpessoais em saúde. 4.ed. São Paulo: Loyola, 2006. 136p. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=oQtgEYISzbYC&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 23/07/2011.

 

 

SILVA, R. M.; SILVA, I. M.; RAVALIA, R. A. Ensino de Enfermagem: reflexões sobre o estágio supervisionado. Revista Práxis, Volta Redonda-RJ, ano I, n.1, p.37-41, jan. 2009. Disponível em: . Acesso em: 20/02/2011.

 

 

 

 

 

 

 

Download do artigo
Autor: Cintya Guimaraes De Queiroz


Artigos Relacionados


O Despreparo Dos Graduandos Em Enfermagem...

O Profissional De Enfermagem E O Relacionamento Com A Família Do Paciente Terminal

A Importância Do Estágio Extracurricular Para A Formação Dos Acadêmicos De Enfermagem: Relato De Experiência

O Conhecimento Dos Acadêmicos De Enfermagem Sobre A Atuação Do Enfermeiro No Programa Saúde Da Família (psf)

A Atuação Da Enfermagem No Gerenciamento Hospitalar E Seus Desafios: Um Estudo Bibliográfico.

A Enfermagem Em Saúde Mental No Brasil

Humanização: Atendimento Humanizado Na Unidade De Saúde Hospital Dia.