Eram a Amazônia e a Mata Atlântica unidas no passado?



EDILSON LEAL DA CUNHA

Eram a Amazônia e a Mata Atlântica unidas no passado?

INTRODUÇÃO

A mata atlântica originalmente estendia-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, e ocupava uma área de 1,3 milhão de quilômetros quadrados. Era a segunda maior floresta tropical úmida do Brasil. Atualmente restam apenas cerca de 5 % de sua extensão original.

A Floresta Atlântica é semelhante fisionomicamente e em composição florística à Floresta Amazônica. A existência de grupos semelhantes de espécies entre a Amazônia e a Mata Atlântica sugere que essas florestas se comunicaram em alguma fase de sua história, disponível em (educar.sc.usp.br/licenciatura/trabalhos/mataatl.htm) Acessado em 03/06/2012.

A Amazônia e a Mata Atlântica englobam as mais diversas florestas tropicais do mundo. Entre estas duas florestas reside um cinturão de vegetação mais aberta, a Caatinga no nordeste do Brasil e o Cerrado do Brasil central, este tem sido considerado como uma importante restrição à migração de espécies entre as duas regiões da floresta tropical. Mas se, à primeira vista, a Amazônia e Mata Atlântica aparecem amplamente isoladas, mapas da vegetação de hoje mostram claramente que as matas ciliares e séries de fragmentos de floresta decídua e semi-decídua constituem conexões passadas entre elas.

Estudos de Leonora (2003), indicam que a maior parte da fauna de mamíferos do Cerrado é composta por espécies características de domínios Mesic, e que a composição das espécies de mamíferos em matas de galeria é muito semelhante aos da Amazônia e Mata Atlântica. Entre as 100 espécies de mamíferos conhecidas que ocorrem no Cerrado, somente 11 são endêmicas, com 55 sendo encontradas também na Amazônia e 74 na Mata Atlântica.

Baseado em padrões de distribuição de mamíferos, o registro fóssil e fisiologia ecológica, Vivo (1997) sugeriu que a floresta mesic capaz de suportar os mamíferos de florestas arbóreas chuvosas existiu na área atualmente ocupada pela Caatinga, ligando a Amazônia Oriental com a Mata Atlântica. A Amazônia e outras florestas eram provavelmente contínuas no passado, separando-se com aridez crescente no terciário originando o cinturão de formações xeromórficas entre eles.

QUESTIONAMENTOS

Várias questões surgem quando se propõe a explicar essa correlação:

1) Como os táxons de pequenos mamíferos da Amazônia são filogeneticamente distintos em relação aos seus parentes da Mata Atlântica, e vice-versa?

2) O cerrado e a caatinga desempenham um papel importante na distribuição geográfica da diversidade genética e diferenciação de pequenos mamíferos entre a Amazônia e a Mata Atlântica? Em caso afirmativo, quais são as afinidades filogenéticas dos pequenos mamíferos que vivem no interior dessas florestas no que diz respeito aos mamíferos que vivem nos dois domínios de floresta tropical?

3) Tendo em vista a distribuição geográfica dos clados, há um padrão consistente de relação de área entre taxa?

4) Se antes a Mata Atlântica era vista como uma área desconectada, muito separada da Amazônia, essa visão mudou com a inclusão de amostras de florestas no Brasil central. Dada a distribuição geográfica dos subtipos e os níveis de divergência encontrados, a área central brasileira não se comporta como uma região separada, mas é complementar à Amazônia ou a Mata Atlântica?

5) Como conseqüência, as florestas do Brasil central são parte integrante da história evolutiva de pequenos mamíferos da planície?

FINALIZANDO

A vicariância comumente é usada para explicar o processo de formação histórica da distribuição de taxons. No entanto deve-se levar em consideração os confusos efeitos da dispersão. As barreiras de dispersão aparecem e desaparecem ao longo da história da terra e podem ter efeitos diferentes sobre a história evolutiva de espécies diferentes. Muitos eventos regionais, variando em dimensão e idade, foram os responsáveis pelos padrões que nós observamos hoje.

REFERÊNCIAS

VIVO, M. Mammalian evidence of historical ecological change in the Caatinga semiarid vegetation of northeastern Brazil. Journal of Comparative Biology, 2, 65–73. 1997

 LEONORA, P. C. (2003). The historical bridge between the Amazon and the Atlantic Forest of Brazil: a study of molecular phylogeography with small mammals ey, Journal of Biogeography, 30, 71–86, 2003.


Autor: Edilson Leal Da Cunha


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