Educação física como promoção para a qualidade de vida e saúde na Escola Estadual José de Anchieta



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EDUCAÇÃO FÍSICA COMO PROMOÇÃO PARA A QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE NA ESCOLA ESTADUAL JOSÉ DE ANCHIETA
Hedicleuma Kaliny Costa dos Santos *
Renato Leite Modesto* Sergio Haykel Bezerra de Souza* Daniel Guilherme Marquezani Silva**
RESUMO
Este estudo tem como objetivos analisar se as atividades da Educação Física Escolar estão voltadas á aquisição e manutenção da saúde e qualidade de vida dos alunos; investigar quais procedimentos metodológicos estão sendo utilizados pelo professor de Educação Física para incentivar seus alunos a adquirir e manter a qualidade de vida e saúde verificando quais conteúdos o professor utiliza relacionados à aquisição. A metodologia baseou-se em levantamento bibliográfico e pesquisa de campo, atribuindo à temática caráter descritivo/qualitativo. A consulta literária consistiu na identificação de fontes documentais, analises e levantamento de informações a partir da consulta de sites específicos no campo da Educação Física. A entrevista foi destinada a 01 (um) professor do ensino fundamental e 35 (trinta e cinco) alunos da 6ª serie do ensino fundamental. Após o estudo compreendeu-se que o professor de Educação Física deve proporcionar informações e estimular os estudantes à adoção de comportamentos favoráveis para a manutenção ou aprimoramento de componentes do estilo de vida relacionados à saúde e qualidade de vida. Assim a Educação Física está estruturada em componentes que contribuem para a saúde e qualidade de vida, no entanto diversas investigações têm questionado as intervenções educacionais no que se refere à garantia de um contexto que promova não só o desenvolvimento de habilidades físicas, mas também de habilidades cognitivas, afetivas, e sociais que por fim reflitam em comportamentos mais conscientes e positivos em relação à saúde e qualidade de vida.
Palavras-chave: Qualidade de Vida, Saúde, Educação Física.
__________________ *Graduandos do curso em Licenciatura Plena da Universidade Vale do Acaraú – UVA. ** Professor Orientador Mestrando em Educação pela Universidade Del Salvador-ARG
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ABSTRACT
This study it has objective you analyze if the activities of the pertaining you school physical education ploughs eats back the acquisition and maintenance of the quality of life and health of the pupils; you investigate which metodologic procedures they ploughs being used will be the professor of Physical Education you stimulate its pupils you acquire and you keep the quality of life and health what you verify which contents the professor uses related you the acquisition. Bibliographical The methodology was based on survey and research of field, attributing you the thematic qualitative descriptive to character. The literary consultation consisted of the identification of documentary sources, analyzes and survey of information from the consultation of specific sites in the field of the Physical Education, amongst them: Scielo, Medline, Efdeportes and Academic Google. The interview was destined will be 01 (one) professor of beginner's all-purpose symbolic instruction code education, being located in 01 institution of public education. After the study it was understood that the professor of Physical Education must provide information and stimulate the students you the adoption of behaviors favorable will be the maintenance or improvement of components of the style of life related you the health and quality of life. Physical Thus the education ploughs structuralized in components that contribute will be the health and quality of life, to however diverse inquiries have questioned its “educational” interventions them will be the guarantee of context that not only promotes the development of physical abilities, but also of abilities cognitiv, affective, and social that finally reflect in lives conscientious and positive behaviors in relation you the health and quality of life.
Keywords: Quality of Life, Health, Physical Education.
INTRODUÇÃO
A Educação Física tem sido amplamente utilizada como um componente curricular específico na prática pedagógica de atividades físicas, com vistas a promover a saúde no ambiente escolar, beneficiando indivíduos de todas as classes e faixas etárias, proporcionando uma vida mais prazerosa e mais saudável. Para Guedes (1999) a Educação Física, no passado, era baseada em programas que tinham por objetivo a aquisição e manutenção da saúde, sendo o aspecto mais visível dessa tendência a execução de uma série de exercícios físicos com poucas repercussões sobre a formação educacional dos estudantes. Diferente disso, a escola precisa desenvolver programas e planejamentos voltados para o estímulo à conscientização dos alunos sobre a promoção da saúde na esfera educacional, independente do segmento educacional em questão.
Ao se refletir sobre essa situação, é importante evidenciar que o professor de Educação Física deve estar empenhado em elaborar e executar um
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planejamento pedagógico que contemple a promoção da saúde, e busque estimular a atividade física nos alunos no meio intra e extra escolar, tendo como um de seus objetivos promover a saúde. Em apoio a esse argumento, considera-se que todo o planejamento referente ao conteúdo de Educação Física precisa ser construído tendo como base a legislação e, simultaneamente, adequar-se aos conteúdos oferecidos no momento de se ministrar as aulas independente da interface selecionada para desenvolver as atividades (esportes, jogos, lutas e ginásticas, atividades rítmicas e expressivas e conhecimento sobre o corpo), levando em conta a faixa etária e as condições socioeconômicas da população escolar, enquanto componente curricular obrigatório articulado ao projeto pedagógico da escola. Por isso, Orfei e Tavares (2008) explicam que não resta dúvida de que a Educação Física é uma disciplina que favorece muito o desenvolvimento motor, propicia situações que promovam a socialização e ajuda os alunos a entenderem os limites do corpo com a conseqüente melhora da auto-estima, a auto-confiança e a capacidade de expressar suas percepções através da atividade física. Com base nisso, considera-se o tema “Educação Física na promoção da saúde e qualidade de vida” um assunto que precisa receber atenção especialmente por se perceber a falta da oferta de educação física em muitas instituições de ensino constituir um fator que realmente compromete a saúde do aluno. Além disso, a prática pedagógica do professor de Educação Física voltada para a promoção da saúde, quando bem trabalhada na escola, levará o aluno á desenvolver novos hábitos, atitudes e valores voltados à aquisição e manutenção da saúde, no trabalho em casa e nos demais momentos que estiver se relacionando na sociedade. Desta maneira, é viável que através deste estudo seja possível analisar o problema, para buscar a conscientização dos alunos através da promoção da saúde, tendo como foco central a prática pedagógica do professor de Educação Física.
Na rede pública, nota-se que as percepções de muitos profissionais sobre a promoção da saúde e qualidade de vida, apesar de coerente, ainda é deficitária sob o ponto de vista pedagógico e físico, uma vez que se percebeu que a concepção destes sobre a saúde se limita “à importância da prática da atividade física e o hábito de uma alimentação saudável”, o que indica que existe a necessidade de maior embasamento teórico subsidiado pela prática destes professores, pois, segundo a literatura:
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[...] a educação para a saúde deverá ser alcançada mediante interação de ações que possam envolver o próprio homem mediante suas atitudes frente às exigências ambientais representadas pelos hábitos alimentares, estado de estresse, opções de lazer, atividade física, agressões climáticas, etc. (GUEDES, 1999, p. 2) É necessário especificar que as escolas ainda que, em alguns casos, tenham a disposição o Projeto Político Pedagógico, dificilmente utilizam esse documento para nortear as aulas de Educação Física, principalmente quando estas envolvem o tema promoção da saúde, o que denota indiferença para com as orientações que poderiam aprimorar o trabalho desenvolvido pelos professores de Educação Física. Assim, de acordo com a concepção de muitos profissionais, a promoção da saúde passa por dois aspectos fundamentais: o estilo de vida e a valorização da saúde física. Em termos práticos isso significa dizer que ao se pensar em promover a saúde, há a necessidade imediata de se adotar um estilo de vida pró-ativo e, conseqüentemente, poderá ser adquirido valorizando a saúde e a qualidade de vida. Por outro lado, nota-se que alguns professores preferem reforçar as aulas expositivas em forma de palestras e seminários com atividades práticas, por acreditarem que isso tem efeitos mais positivos sobre a aprendizagem dos alunos. Um aspecto importante a ser ressaltado é que os professores tem se esforçado para sugerir a elaboração e apresentação de trabalhos onde se exige do aluno não apenas o domínio teórico do assunto, mas também a capacidade de exemplificar na prática como a promoção da saúde pode ser estimulada no cotidiano social e familiar. Pires (2008, p. 10) afirma que: desta maneira podemos começar [a aula] discutindo a atividade física conceitualmente e o que ela representa para a sociedade, depois ampliar falando de saúde, mostrar seus conceitos e qual a origem destes para que se tenha um entendimento social sobre o fenômeno. Ao final podemos ampliar um pouco mais este leque de referência e mostrar os tipos de atividade física, alterações fisiológicas, benefícios e malefícios provocados pela atividade física [...]
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É oportuno acrescentar que os professores usam uma abordagem teórica que envolve componentes essenciais para que a promoção da saúde seja possível, incluindo-se: a necessidade de atividades físicas diárias, a importância de se evitar o sedentarismo e a abordagem dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física. Em vista a isso, a atitude do professor, inegavelmente, ajuda os alunos a perceberem o quanto o ensino de Educação Física pode contemplar a promoção da saúde em suas múltiplas dimensões. Na atualidade, a saúde e a qualidade de vida possuem relação com vários aspectos do ser humano e, por essa razão, tem servido como objeto de pesquisas e estudos realizados em Instituições de Nível Superior. Assim, a literatura especializada no campo da Educação Física, tem abordado esses aspectos que englobam variáveis como atividades mentais, físicas e emocionais.Por exemplo, em relação à saúde Pires (2008, p. 5) explica: ao invés de tratar da questão da doença, ou da falta de saúde, como um dado de responsabilidade individual, devemos observá-la como conseqüência de uma série de fatores que, associados, determinam o índice de magreza ou de gordura corporal, de desnutrição ou de hiper-alimentação, de stress associado à falta de repouso, de hipertensão, dentre outros aspectos. Estes dados estão diretamente ligados as questões como moradia, qualidade de ingestão de alimentos, tempo de repouso/tempo de serviço, questões sanitárias, econômicas, de possibilidade de atenção à própria saúde e até de informação. Porém, observa-se que mesmo diante dessa percepção sobre saúde, ainda prevalece à falta de um consenso sobre a relação estreita entre a saúde e a qualidade de vida. Especialmente no campo das relações educacionais e sociais, os termos saúde e qualidade de vida são empregados de maneira indiscriminada sem levar em conta que essas expressões significassem simplesmente que determinado indivíduo não possui doenças ou qualquer outra enfermidade que interfira em suas atividades rotineiras. Neste sentido, a Organização Mundial de Saúde (2008) definiu saúde como:
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a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele vive, considerando seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (ARDENGHE E TEIXEIRA, 2008, p. 5). Essa concepção sobre saúde é adequada na medida em que se amplia a visão restrita aos aspectos físicos do indivíduo, reconhecendo que a saúde envolve expectativa, padrões e objetivos específicos na vida sócio-educacional. Na escola é freqüente relacionar a Educação Física como uma disciplina que trata da pratica pedagógica em sua dimensão corporal que especialistas chamam de “cultura corporal” (BETTI, 2007, p. 15). Entretanto, muitos profissionais da educação acabam por associar indevidamente a Educação Física apenas a esse campo do desenvolvimento humano, esquecendo-se que a cultura corporal é apenas um dentre muitas interfaces da proposta de trabalho com a Educação Física. Isso acontece porque, geralmente, é difícil para muitos estudiosos entender e estabelecer a relação entre os aspectos subjetivos das atividades físicas com a saúde e qualidade de vida. Devide (2002, p. 80) explica que: a partir do diálogo e da intervenção direta na escola, poderemos ampliar os horizontes da Educação Física no ambiente escolar, com vistas a desestabilizar a representação social hegemônica e circulante da disciplina dispensável, irrelevante, realizada nas horas de lazer, em que é desnecessário dedicar-se, uma vez que inexistem conteúdos além da prática desportiva. Assim, entende-se que a aptidão referente aos aspectos físicos é classificada em relação à importância que lhe é atribuída dependendo também do interesse pessoal demonstrado por aqueles envolvidos com as atividades propostas nas aulas de Educação Física. A própria Resolução nº 022/2010 estabelece os parâmetros para o ensino de Educação Física nos seguintes termos:
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Art. 3º A Educação Física Escolar requer a prática das atividades pertinentes à dimensão ética e lúdica, à mobilidade do corpo e à orientação para aquisição e manutenção da saúde, diferenciada das atividades esportivas voltadas ao desempenho olímpico, à prática esportiva de competição e ao esporte amador ou profissional. Quando se discute a importância da aptidão física é importante dar destaque aos aspectos referentes à saúde, associados permanentemente a capacidade para se desincumbir de tarefas próprias do dia a dia com energia e vigor. Quanto aos programas para a Educação Física voltados para a promoção da saúde, entende-se estes devem atender a formação integral através de métodos que contemplem uma educação para a saúde. Além disso, esses programas devem: proporcionar fundamentação teórica e prática que possa levar os educandos a incorporarem conhecimentos, de tal forma que os credencie a praticar atividade física relacionada à saúde não apenas durante a infância e a adolescência, mas também, futuramente na idade adulta. Dentro desta visão, é possível a intervenção no sentido de induzir modificações no comportamento apresentado pela sociedade quanto à aptidão física e à saúde, necessariamente deverá passar por reformulação dos atuais currículos de ensino na área da educação física. (GUEDES, 1999, p. 4). É necessário então que os programas de Educação Física na escola, especialmente aqueles que são relacionados à promoção da saúde sejam efetivados de um modo que estimule o aluno a querer participar daquilo que o professor propõem. Para isso, é essencial que o docente adote estratégias de ensino que envolvam não apenas o que pode ser realizado na prática, mas as percepções, os conceitos e princípios que venha a proporcionar fundamentos teóricos sólidos para que os alunos venham a adotar hábitos saudáveis durante e depois da prática de atividades físicas, fazendo disso uma atividade constante e satisfatória.
Os objetivos do trabalho consistem em analisar se as atividades da educação física escolar destacam a importância da aquisição e manutenção da saúde e qualidade de vida dos alunos; investigar quais procedimentos
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metodológicos estão sendo utilizados pelo professor de Educação Física para incentivar seus alunos a adquirir e manter a saúde e qualidade de vida. Assim, para a discussão desta temática o ponto de partida é constituído da seguinte questão: O professor de Educação Física tem promovido a saúde e qualidade de vida dos alunos durante o desenvolvimento das aulas?
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia da pesquisa baseou-se em levantamento bibliográfico e pesquisa de campo, atribuindo à temática caráter descritivo qualitativo. A consulta literária consistiu na identificação de fontes documentais. Inicialmente foi realizada a seleção das obras e artigos científicos que tinham relação direta com a temática. Em seguida foi realizado o fichamento das obras, buscando-se resumir as idéias principais dos autores, utilizando esses pressupostos como fundamento das análises que constam no estudo. Após isso, buscou-se elaborar o artigo científico, dando-se atenção para as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas e do Manual da Universidade Vale do Acaraú. Quanto à pesquisa de campo, utilizou-se como instrumento de investigação um questionário semi estruturado adaptado do artigo científico de autoria de Silva, Oliveira e Resende intitulado “Promoção da saúde como prática do professor de Educação Física do Ensino Fundamental: representações sociais”, com 05 (cinco) perguntas para os professores e 05 questionamentos dirigidos aos alunos (apêndice 1). Todas as perguntas utilizadas no corpus do questionário relacionavam-se com o trabalho do professor no contexto da promoção da saúde nas aulas de Educação Física. A pesquisa foi realizada na Escola Estadual José de Anchieta, desenvolvendo-se a investigação no segundo semestre do ano letivo de 2011. A entrevista foi destinada para 01 (um) professor do ensino fundamental e 35 alunos da 6ª série. O professor se colocou à disposição para responder as questões, após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a participação na pesquisa, mostrando-se dispostos em contribuir com a investigação. Esse professor, de maneira direta ou indireta, utiliza os exercícios físicos como promoção da saúde.
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EDUCAÇÃO FÍSICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE
A procura por uma condição melhor de vida, tem acarretado na sociedade uma inabalável e incansável disputa dos pesquisadores em achar um meio de beneficiar através da promoção da saúde o bem estar da população. Neste caso, tem provocado formar valores para o nível de condição melhor de vida, por meio de referências econômicas, taxas de natalidades, alfabetização, alimentação, prática de atividade física, como também a ordem social, como seu habitat, saúde, segurança e educação (DEVIDE, 2002). As atividades físicas por muitos anos vêm sendo estudadas como benefício à saúde, pois, somente nas últimas décadas com a confirmação de estudos epidemiológicos, confirmaram a importância da atividade física para a saúde dos seres humanos. Baseado na afirmação de Bier (2010, p. 43) “Vários estudos destacam que hábitos de atividade física, incorporados na infância e adolescência possivelmente possam transferir-se para idades adultas”. Neste caso, fica claro que a educação física trabalhada desde a base escolar, é de fundamental importância para um amadurecimento físico satisfatório das pessoas. Ao envolver seus alunos com a Educação Física vai precisar com que ele tenha o comprometimento e domínio da disciplina, para seduzir através de uma proposta a promoção da saúde no âmbito escolar, a qual os alunos com essa idéia passarão para os demais a importância de se exercitarem, pelo menos 30 minutos por dia, evitando assim a alta taxa de mortalidade, ocasionado principalmente por pessoas sedentárias. Segundo Nahas (2003, p.34) sedentarismo é: um indivíduo que tenha um estilo de vida com um mínimo de atividade física, equivalente a um gasto energético (trabalho + lazer + atividade domestica + locomoção) inferior a 500 kcal por semana. Para uma pessoa ser considerada moderadamente ativa, ela deve realizar atividades físicas que acumulem um gasto energético semanal de, pelo menos, 1.000 kcal. Isto corresponde, aproximadamente, a caminhar a passos rápidos por 30 minutos, cinco vezes por semana.
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Analisando a visão do autor sobre sedentarismo, é possível notar que surge a preocupação com o futuro dos nossos jovens, pois a tecnologia, assim como veio beneficiar a vida de milhões de pessoas vem prejudicar. Pois, todas essas facilidades acarretaram para o ser humano o comodismo, em que a tecnologia tem facilitado a vida das pessoas, de se locomover, de se divertir, de se alimentar, de brincar, de trabalhar, prejudicando assim, nossa saúde. É bastante claro que os fabricantes de materiais esportivos, estão preocupados em garantir a produtividade no mercado, não levando em consideração a saúde da população. Os empreendedores precisavam ter um novo conceito de vida, passando a perceber o individuo como um ser humano na sua plenitude biológica, psíquica e social, colocando a saúde como uma condição dependente de todos esses fatores. A importância da orientação do profissional de Educação Física na escola, como em todos os setores da sociedade, tornando esses conhecimentos comuns a todos, com certeza, é de fundamental relevância para termos uma população de crianças, jovens, adultos e idosos, com mais saúde, e mais aproveitamento nos seus ambientes de trabalhos. Pode-se dizer que Educação Física e saúde estão intrinsecamente relacionadas quanto aos seus objetos de estudos. Neste sentido, a atuação da escola deve constituir um campo onde se possa construir a auto-estima e a identidade pessoal, além do cuidado do corpo, a nutrição, a valorização dos laços afetivos, as boas atitudes e as implicações relativas à saúde. Os Parâmetros Curriculares Nacionais-PCNs, em seu texto de saúde, mostrou de forma clara e sem equívocos, as informações necessárias para promoção saudável do educando, mas que na prática tem se mostrado insuficiente em alcançar estes objetivos. Sendo assim, a Educação Física deve promover os mecanismos necessários para que implante de forma satisfatória, os procedimentos, os conceitos e as atitudes características da cultura corporal de movimento. Ferreira (2010, p. 56) faz um comentário importante sobre o assunto:
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a dimensão procedimental diz respeito ao saber fazer (...) nessa concepção, aprender a mover-se envolve atividades como tentar, praticar, pensar, tomar decisões e avaliar, significando (...) mais do que respostas motoras estereotipadas. A dimensão atitudinal está se referindo a uma aprendizagem que implica na utilização do movimento como um meio para alcançar um fim (...) não necessariamente se relaciona a uma melhora na capacidade de se mover efetivamente (...) o movimento é um meio para o aluno aprender sobre seu potencial e suas limitações (...) construindo seu auto conceito e a compreensão da realidade. A dimensão conceitual significa a aquisição de um corpo de conhecimentos objetivos, desde aspectos nutricionais até sócio-culturais. Acredita-se que a escola que se empenha com a educação para a saúde de seus alunos, consegue alcançar dois objetivos. Primeiro, funciona como referência para a prática de maneiras de vida saudáveis. Segundo, faz o tema tomar parte nos diferentes itens curriculares. A sociedade, as indústrias que produzem aparelhos destinados a prática de Educação Física, a mídia de modo geral, reproduzem uma ideologia voltada para o cultismo da forma, da beleza, da aparência e do status social, não se preocupando na maioria das vezes, com o bem estar da saúde das pessoas. Cabe ao profissional de Educação Física que trabalha com alunos no âmbito escolar, procurar soluções adequadas para desmistificar estes conceitos e efetivamente proporcionar aos alunos uma promoção de saúde através de seu planejamento de plano de ensino. Somente a interdisciplinaridade, focalizando conhecimentos específicos, pode analizar que os adolescentes construam um olhar amplo do que é saúde e como ela é fundamental. O interesse pode ser despertado, às vezes, por manifestações afetivas, conflitos ou casos de doença entre os colegas. Em outros momentos, o desenvolvimento do assunto pode aparecer por meio da organização de campanhas, seminários ou trabalhos artísticos, para movimentar diversas classes e divulgar informações. A Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Base da educação brasileira, Lei 9.394/96 veio determinar uma nova maneira de agir e pensar na educação no Brasil. Dentro desse novo panorama a Educação Física deverá promover o desenvolvimento bio-psico-social do aluno.
A Carta Magna Brasileira estabelece em seu Art. 205 que a educação é direito de todos e, que é dever do Estado, da família e da sociedade garantir este direito. Assim, Araújo (2010, p. 39) cita:
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a educação, direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Assim Araújo (2010, p. 42) também fala: “O dever do estado com a educação será efetivado mediante a garantia de, está enunciado como forma a garantir o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” A prática da Educação Física também está garantida na Constituição Federal de 1988, em seu Art. 217, Inciso II que exclarece: dever do estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, e como direito de cada um e a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento. Assim sendo, nota-se que nos artigos da Constituição Federal acima mencionado, encontramos referências à educação como direito de todos, incluindo o portador de necessidades especiais, a indicação à Educação Física e por fim a caracterização da inclusão ao explicitar "preferencialmente na rede regular de ensino publico". Além disso, a Resolução 022/2010 acrescenta que: Art. 1º Estabelecer diretrizes para o ensino de Educação Física, como componente curricular obrigatório em todos os períodos, anos/séries e modalidades da Educação Básica, integrantes da proposta pedagógica da escola. Art. 2º A Educação Física Escolar tem por finalidade oportunizar aos alunos o desenvolvimento de suas potencialidades nos aspectos cognitivo, motor, afetivo e social, objetivando seu aprimoramento como seres humanos, excluindo a seletividade e hiper-competitividade.
No aspecto legislacional é importante também considerar que a Lei de Diretrizes e Base da educação brasileira (Lei 9.394/96) passou por muitos anos em
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discussão no Congresso Nacional e, por causa de problemas políticos se arrastou de maneira não satisfatória no que diz respeito à prática de Educação Física nas escolas. Após oito anos de andamento, de caminhos e descaminhos temos a nova LDB, trazendo-nos a Educação Física como componente curricular obrigatório, mas sendo obrigatória a sua prática por um profissional devidamente habilitado em Licenciatura Plena na Educação Física nas etapas da educação infantil e séries iniciais. Brasil (1997) mostra como ficou a redação da LDB sobre Educação Física: Art. 26º. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. § 3º. A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos. Entender a Educação Física e compreender o método educacional em seu todo constitui que, é preciso estabelecer uma Educação Física que seja para todos os alunos. Não basta somente o professor ter o conhecimento da LDB, é necessária a informação para que possamos propiciar as discussões democráticas sobre os entendimentos educacionais que nos levarão a encarar os desafios, a acolher a todas as partes da sociedade e a colaborar com o universo escolar. Precisamos de um alerta para que nos movimentemos e realizemos o que acreditamos de fato ser a educação. Quando se fala de estilo de vida, Nahas (2003, p. 151) é enfático ao dizer que: deve-se sempre ter em mente que qualquer dos possíveis objetivos específicos da Educação Física representam passos na direção de objetivos educacionais mais amplos, visando propiciar aos indivíduos uma vida com qualidade e uma participação ativa na sociedade.
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O autor ressalta a importância da qualidade de vida dos indivíduos, com participação ativa na sociedade, que deve ser o papel fundamental da prática da Educação Física quando acontece o planejamento dos objetivos educacionais. Nahas (2003, p. 152) abordando sobre objetivos e conteúdos para um estilo de vida ativo, tem a preocupação de mostrar que: “Nada pode fazer mais sentido nos dias de hoje, quando as principais doenças e causas de morte estão fortemente relacionadas com os estilos de vida das pessoas.” Começar a programar novas idéias que sirvam para a qualificação dos professores de Educação Física no sentido de melhorar o estilo de vida de seus educandos, deverá ser o primeiro passo rumo à mudança. Nahas (2003, p. 154) sobre o assunto diz o seguinte: “È preciso começar implementar mudanças de forma modesta e gradual, pois o sucesso em pequenos empreendimentos deverá motivar colegas, pais e alunos para experiências mais arrojadas.” Para que haja realmente uma mudança radical no estilo de vida das pessoas e principalmente dos alunos, é necessário que haja uma mobilização total da comunidade escolar. Nahas (2003, p. 160) é determinante ao dizer: antes de tudo, porém, é preciso que nossos governantes tenham vontade política para que as mudanças possam ocorrer. Enquanto isso não acontece, professores, alunos e pais (a comunidade escolar) devem se mobilizar para sensibilizar os dirigentes e governantes de que vivemos uma era em que o estilo de vida, mais que outros fatores, pode determinar como e quanto viveremos. A escola deverá estar preocupada com os hábitos saudáveis de seus alunos, para que a promoção em saúde seja eficaz e desenvolver todos os aspectos referentes ao equilíbrio físico Araújo (2010, p. 43) ressalta o seguinte: boa saúde permite que as crianças de funcionar eficazmente com os seus pares, bem como viver a vida que eles têm de aspirar a tanto tempo quanto possível. Planejamento e educação em saúde adequado para crianças serve como base para toda a vida de hábitos saudáveis.
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Os pais dividem a responsabilidade enorme no ensino de nossas crianças a respeito de hábitos saudáveis, valores e atitudes sobre suas vidas. Mas somente uma alimentação saudável e atividade física não se tornam hábito durante uma noite. Leva tempo e esforço para torná-los parte de uma rotina diária. A primeira infância é uma época excelente para ajudar as crianças a adquirirem hábitos saudáveis ou comportamentos que promovam um estilo de vida saudável. A escola deve conhecer a realidade de seus alunos a respeito de seus hábitos para que possa trabalhar de maneira favorável a manutenção ou não desses hábitos. Rodrigo (2010, p. 69) destaca: uma boa alimentação e hábitos saudáveis, como fazer exercícios, são imprescindíveis para um bom crescimento, um desenvolvimento correto e podem impactar significativamente na saúde e prevenir contra o desenvolvimento da obesidade em longo prazo. Além disso, os exercícios contribuem para um melhor nível de bem-estar e melhoram o rendimento escolar dessas crianças. Deve-se ter muita cautela quando da utilização dos conceitos de promoção em saúde, nos projetos de programas de atividades físicas, e que, no caso de países como o nosso, as ações de promoção em saúde na área de Educação Física devem ser conduzidas com base nos fatores determinantes da saúde constituindo-se como parte integrante do dia-a-dia da população.
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Para facilitar a observação e melhor entendimento dos resultados, os dados foram organizados em quadros, os quais descrevem as respostas individuais para cada questionamento.
Na fase de exploração do material, foram organizados 7 quadros, utilizando-se como unidade de registro: no quadro 1, o personagem (classificação das pessoas seguindo diferentes indicadores: sexo e formação acadêmica) e nos demais quadros, o tema (asserção sobre o assunto determinado pela pesquisa).
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Desta forma, incorporando as unidades de registros, os quadros puderam ser organizados (Quadros 1 a 7). Respostas do professor às questões do roteiro de entrevistas e um resumo das respostas dos alunos. (dados pessoais e da formação profissional): sexo, formação acadêmica, e se trabalha em outra escola (privada).
Quadro 1:
Professor e alunos Da Escola Publica Gênero Formação Acadêmica e Escolar Outras formações
Professor Alunos
Masculino Masculino e Feminino
Pós-Graduado 6ª serie
Não Não
Durante a pesquisa realizada com o professor, na escola pública foi observado à disposição em oferecer suas opiniões sobre a temática proposta. E o interesse dos alunos em oferecer seu conhecimento e opiniões para um importante entendimento do trabalho do professor nas aulas. De acordo com o grau de formação do professor, observa-se que a base conceitual das respostas encontra-se mais compatível com o que é estabelecido pela literatura atual, o que demonstra a importância da formação profissional continuada.
Quadro 02:
Pergunta 1: O que representa para você a promoção da saúde?
Professor Escola Pública
Resposta
Buscar conscientizar o aluno de como prevenir-se e combater doenças com o intuito de melhorar suas condições de saúde. É a oportunidade que temos de trabalhar e conscientizar os alunos da importância de conhecer o corpo, e os benefícios que a prática regular de uma atividade física lhe proporciona.
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De acordo com as respostas encontradas, percebe-se que a concepção do profissional em Educação Física está em harmonia com os princípios e práticas associadas à promoção da saúde, pois segundo Orfei e Tavares (2008, p. 83): a escola é o local ideal para a transmissão dos conteúdos da Educação Física para a promoção da saúde. Os professores devem dirigir a sua prática no sentido de conscientizar os alunos a respeito da importância da criação de um estilo de vida ativo e de hábitos de vida saudáveis, pois a aptidão física relacionada a saúde representa um papel importante na promoção de uma vida longa e saudável [...] Nas escolas existem professores que apresentam uma visão bem mais abrangente da importância de se promover a saúde nos conteúdos da Educação Física. Além disso, o trabalho desenvolvido por esses profissionais tem sido voltado para a promoção da saúde enquanto item indispensável no conjunto de atividades cotidianas dos docentes. Na rede pública, nota-se que as percepções dos profissionais sobre a promoção da saúde, apesar de coerente, ainda é deficitária sob o ponto de vista pedagógico e físico, uma vez que se percebeu que a concepção destes sobre a saúde se limita “a importância da prática da atividade física e o hábito de uma alimentação saudável”. Isso indica que existe a necessidade de maior embasamento teórico subsidiado pela prática no fazer pedagógico destes professores, pois, segundo a literatura: [...] a educação para a saúde deverá ser alcançada mediante interação de ações que possam envolver o próprio homem mediante suas atitudes frente as exigências ambientais representadas pelos hábitos alimentares, estado de estresse, opções de lazer, atividade física, agressões climáticas, etc. (GUEDES, 1999, p. 2).
É necessário especificar que as escolas ainda que, em alguns casos, tenham a disposição o Projeto Político Pedagógico, raramente utilizam esse
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documento para nortear as aulas de Educação Física, principalmente quando estas envolvem o tema promoção da saúde, o que denota indiferença para com as orientações que poderiam aprimorar o trabalho desenvolvido pelos professores de Educação Física. Assim, de acordo com a concepção do professor, a promoção da saúde passa por dois aspectos fundamentais: o estilo de vida e a valorização da saúde física. Em termos práticos isso significa dizer que ao se pensar em promover a saúde, há a necessidade imediata de se adotar um estilo de vida pró-ativo e, conseqüentemente, poderá ser adquirido valorizando a saúde em todas as suas dimensões. Outra questão direcionada ao professor buscava saber se nas aulas práticas o educador já haviam utilizado o tema promoção da saúde e de que maneira desenvolveram esse trabalho.
Quadro 3:
Pergunta 2: Nas suas aulas práticas, você já utilizou o tema promoção da saúde? Sim – De que maneira? Se não por quê? Professor Escola Pública
Resposta
Sim, afinal de contas esta temática se faz presente sempre pois para atingirmos uma formação cidadã é necessário cuidados com a saúde. Estes são utilizados junto dos temas transversais com exposição de vídeos e palestras, apresentações de trabalhos, etc.
Fonte: Pesquisa de campo setembro/2011 Observa-se que o professor busca trabalhar com o tema promoção da saúde nas aulas práticas, utilizando para isso recursos didático pedagógico de modo a despertar interesse em participar das aulas. Entre esses recursos observa-se a pratica de atividades físicas, recreativas e aulas expositivas. a atividade física regular melhora a saúde de pessoas de todas as idades, independentemente do sexo, propiciando os seguintes benefícios: reduz o risco de morte prematura por doenças cardíacas e outras condições; reduz o risco de desenvolver diabetes, hipertensão, câncer de cólon e de mama; auxilia no controle do peso, ganho de massa muscular e preservação das articulações; reduz o sentimento de depressão e ansiedade; e promove o bem-estar psicológico. (DUMITH E SILVEIRA, 2010, p. 9)
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De acordo com esses achados observa-se uma coerência junto a proposta curricular para a Educação Física, pois entre seus principais focos trabalha com a promoção da saúde, numa perspectiva social e emancipadora, oferecendo aos alunos possibilidades de conscientizá-los sobre a importância dos aspectos relacionados à saúde. A questão seguinte busca investigar se os educadores trabalham o tema promoção da saúde nas aulas teóricas.
Quadro 4:
Pergunta 3: Nas suas aulas teóricas, você já utilizou o tema promoção da saúde? Sim – De que maneira? Se não por quê? Professor Escola Pública
Resposta
Sim. Basicamente todos os conteúdos como benefícios da atividade física. Sim, como conteúdo para que o aluno perceba que as aulas de educação física não é apenas desenvolver os músculos
Fonte: Pesquisa de campo setembro/2011 A resposta do professor evidenciou que este trabalha nas aulas teóricas a promoção da saúde. Porém, utilizam de diversas estratégias para que essa abordagem venha a atingir os objetivos desejados. Percebeu-se que utiliza palestras e seminários por compreenderem que esses recursos facilitam a assimilação dos conteúdos, movendo os alunos à ação. Por outro lado, nota-se que alguns professores de Educação Física na rede pública preferem reforçar as aulas expositivas em forma de palestras e seminários com atividades práticas, por acreditarem que isso tem efeitos mais efetivos sobre aquilo que o aluno aprende. Um aspecto importante a ser ressaltado é que o professor tem se esforçado para sugerir a elaboração e apresentação de trabalhos onde se exige do aluno não apenas o domínio teórico do assunto, mas também a capacidade de exemplificar na prática como a promoção da saúde pode ser estimulada no cotidiano social e familiar, sendo que isso contribui muito para que o tema seja recorrente nas atividades do dia a dia nas aulas de educação Física. Pires (2008, p. 10) afirma:
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desta maneira podemos começar [a aula] discutindo a atividade física conceitualmente e o que ela representa para a sociedade, depois ampliar falando de saúde, mostrar seus conceitos e qual a origem destes para que se tenha um entendimento social sobre o fenômeno. Ao final podemos ampliar um pouco mais este leque de referência e mostrar os tipos de atividade física, alterações fisiológicas, benefícios e malefícios provocados pela atividade física [...] É oportuno acrescentar que o professor usa uma abordagem teórica que envolve componentes essenciais para que a promoção da saúde seja possível, incluindo-se: a necessidade de atividades físicas diárias, a importância de se evitar o sedentarismo e a abordagem dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física. Em vista a isso, a atitude do professor, inegavelmente, ajuda os alunos a perceberem o quanto o ensino de Educação Física pode contemplar a promoção da saúde em suas múltiplas dimensões. Na seqüência, apresenta-se a resposta relativa a prática pedagógica do professor relacionando os conteúdos teóricos e práticos.
Quadro 5:
Pergunta 4: Na sua prática pedagógica você associa os conteúdos teóricos e práticos? Sim – de que maneira? Não – Por quê? Professor Escola Pública
Resposta
Sim. Apesar das dificuldades apresentadas pela falta de material e interesse dos alunos. Mas com dificuldades, pois os alunos vêem a educação física como a prática pura e sem aula prática estes não acreditam que participaram de uma aula.
Fonte: Pesquisa de campo setembro/2011 No ensino de Educação Física, conforme se observa na resposta do professor, teoria e prática devem se inter-relacionar. O professor busca estabelecer a ponte entre o que se afirma no campo da teoria e o equivalente na vivencia prática do aluno. Dessa forma, as evidências apontam para uma preocupação do professor em relacionar teoria com a prática. Entretanto percebe-se que muitos professores nas escolas públicas se preocupam apenas em transmitir conteúdos ou, ao contrário, apenas a prática acreditando talvez que a prática sozinha é capaz de formar o aluno e conscientizá-lo sobre a importância da promoção da saúde. Guedes (1999, p. 02) afirma:
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nessa perspectiva, a função proposta aos professores de Educação Física é a de incorporarem nova postura frente à estrutura educacional , procurando adotar em suas aulas, não mais uma visão de exclusividade à prática de atividades esportivas e recreativas mas, fundamentalmente, alcançarem metas voltadas à educação para a saúde , mediante seleção, organização e desenvolvimento de experiências que possam propiciar aos educandos não apenas situações que os tornem crianças e jovens ativos fisicamente, mas, sobretudo, que os conduzam a optarem por um estilo de vida saudável ao longo de toda a vida. Nota-se que entre as dificuldades para desempenhar suas funções e mediar adequadamente o conhecimento sobre a promoção da saúde no espaço escolar incluem: a falta de material didático. Essa é uma questão que tem sido apontada como barreira para um trabalho mais efetivo com o tema promoção da saúde nas escolas. Entretanto, deve-se partir do pressuposto de que um professor capacitado teoricamente tem condições de usar a criatividade e inventividade para elaborar materiais concretos visando desenvolver uma prática pedagógica dinâmica. Finalmente, questionou-se junto aos professores, o que incluí uma política educacional voltada para a promoção da saúde.
Quadro 6:
Pergunta 5: Na sua opinião, o que estaria incluído em uma política educacional voltada para a promoção da saúde? Professor Escola Pública
Resposta
Desenvolver mais atividades de pesquisa dentro das escolas. Criar laboratórios onde os alunos vivenciariam mais a prática. Campanhas diretamente com os alunos. A oferta de práticas desportivas, onde a população tenha acesso gratuitamente a condições e hábitos alimentares saudáveis.
Fonte: Pesquisa de campo setembro/2011
A resposta do professor foi bastante diversificada. Observou-se, por exemplo, que as orientações práticas provenientes de profissionais cada vez mais habilitados é um ponto chave para que a aprendizagem dos alunos seja efetiva. Isso indica que não adianta teorizar sobre promoção da saúde quando isso não provoca mudanças no comportamento dos alunos. Para que seja possível promover a saúde o ensino do professor deve provocar no aluno a atitude de adotar hábitos positivos e saudáveis com atividades físicas prazerosas e eficazes e isso inclui proteger a
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saúde, ter uma alimentação adequada e convivência humana com base na ética cidadã. Outro aspecto importante relacionado às políticas públicas visando a promoção da saúde tem haver com a divulgação de campanhas na escola. Essa é uma iniciativa importante na medida em que coloca o corpo discente em permanente contato com essa temática, alterando sua atitude diante da necessidade de se ter e manter a saúde. Também a existência de profissionais qualificados na escola para discutir e promover discussões, reflexões e debates sobre o assunto é outro aspecto primordial. Sem os professores comprometidos e devidamente habilitados para orientar os alunos, torna-se difícil ajudar os jovens a entenderem a importância de promover a saúde no discurso e na prática. enquanto educador, o profissional da área deve estar ciente das implicações de uma concepção equivocada frente ao relacionamento da Educação Física com a saúde [...] O professor de Educação Física deve estar atualizado ao conceito multifatorial da saúde e a dinamicidade do que pode ser interpretado por saúde e qualidade de vida, (DEVIDE, 2002, p. 82). Finalmente, não se pode esquecer que as políticas públicas direcionadas a promoção da saúde envolve o aprofundamento e ampliação na quantidade de estudos e pesquisas sobre o tema. O arcabouço teórico sobre saúde deve ser diversificado à ponto de alunos e professores contarem com diferentes concepções atualizadas a respeito do assunto. Assim, é preciso conceber uma perspectiva de formação ética e cidadã que venha a contribuir para que o aluno se torne um agente crítico e participativo com pleno domínio de suas capacidades físicas, mentais e emocionais, dentro de um conceito de promoção da saúde que envolva o ser humano em suas mais variadas dimensões.
Quadro 7:
Quanto aos alunos, a pergunta dirigida a estes buscava saber o que achavam das atividades relacionadas à saúde e qualidade de vida nas aulas de Educação Física.
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Alunos Escola Pública
Respostas
A1 – Penso que a saúde e qualidade de vida devem ser indispensáveis dentro e fora da escola. A2 – Saúde e qualidade de vida têm haver com hábitos alimentares saudáveis e a prática de exercícios físicos. Aliados aos esportes. A3 – Qualidade de vida e saúde nas aulas de Educação Física lembra bem estar.
Fonte: Pesquisa de campo setembro/2011 Observa-se que na opinião dos alunos as atividades de Educação Física que enfatizam a saúde e qualidade de vida não se restringem a escola ou as propostas curriculares sugeridas pela instituição, mas abrange todo um contexto que envolve os veículos de comunicação, a educação familiar, os hábitos culturais e a própria orientação recebida na escola através do trabalho com os temas transversais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
Conforme a pesquisa realizada junto ao sujeito participantes do estudo, conclui-se que o professor mantém um conceito adequado em relação ao que realmente significa promover a saúde relacionando teoria e prática, contribuindo assim para a conscientização dos alunos a respeito da importância do envolvimento ativo nas aulas de Educação Física. Cabe ressaltar que os objetivos do trabalho foram alcançados, pois as atividades da Educação Física escolar tanto nas escolas públicas estão voltadas para a aquisição e manutenção da saúde dos alunos. O professor na escola investigada tem utilizado procedimentos metodológicos para incentivar os alunos a adquirir e manter a saúde mediante o uso de palestras educativas, atividades físicas e exposição de aulas objetivas e dinâmicas.
As hipóteses elaboradas durante a fase inicial do estudo foram confirmadas, pois a prática pedagógica dos professores de Educação Física orienta medidas para a aquisição e manutenção da saúde. Além disso, os conteúdos trabalhados pelo professor estão voltados para orientações sobre a aquisição e manutenção da saúde dos alunos. Finalmente, é preciso ressaltar que o projeto político pedagógico das escolas não contempla ações voltadas a promoção da
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saúde dos alunos, além do que os professores raramente utilizam esse documento para nortear o trabalho desenvolvido nas aulas de Educação Física. Como forma de contribuir para que nas escolas públicas e particulares o tema promoção da saúde receba maior destaque cabe sugerir que os professores tenham a disposição cursos voltados para o tema em questão a ponto de aprofundarem os conhecimentos acumulados durante os anos de prática. Com esse conhecimento teórico refinado, será possível os educadores transmitirem aos alunos noções mais concretas a respeito do sentido e importância da promoção da saúde e qualidade de vida, de modo a se sentirem motivados a agir para preservar e promover a saúde no cotidiano familiar e social. Diante disso, compreende-se que o acompanhamento do professor e a prática de atividades físicas constituem direitos do ser humano e precisam ser garantidos, cabendo a instituições como a família, a Escola e ao Estado estarem atentos em suprir ao indivíduo os elementos em termos materiais e afetivos com ênfase na promoção da saúde e qualidade de vida, o que lhe possibilitará o usufruto de uma vida plena e feliz. Dessa forma, para o profissional que se propõem a trabalhar para a melhoria da saúde e qualidade de vida das pessoas, é necessária a articulação permanente com outros campos do conhecimento científico, no sentido de qualificar a assistência ao aluno, formando uma rede de referência em torno da questão relacionada à Educação Física e a promoção da saúde e qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
AMAPÁ. Governo. Conselho Estadual de Educação. Resolução nº 022/2010-CEE/AP: estabelece diretrizes para o ensino da disciplina Educação física nas escolas que compõem o sistema de ensino do estado do Amapá, e revoga as resoluções nº 05/2000-CEE/AP e nº 073/2003-CEE/AP. [s.l.] : [s.n.], 2010.
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