Bombas! - 15 história.



Há alguns dias foi achado um artefato militar próximo ao bairro Nova Campo Grande durante as escavações de construção. Chamaram o esquadrão anti-bomba do exercito para detonar a bala de canhão. No próprio bairro, ao fazerem uma reportagem sobre o assunto, descobriram que uma família usava uma bala de canhão como peso para segurar porta e para amassar latinhas (???). Também chamaram o exercito que se incumbiu de recolher o artefato para detonação. A área era usada como campo de treinamento de explosivos pelo exercito na primeira metade do século passado.

Neste caso absurdo de falta de inteligência consciência da população com objetos desconhecidos, essa família não está sozinha. No começo do século passado nas imediações do Forte Coimbra, muitas famílias usavam objetos ‘esquecidos’ durante a guerra Brasil/Paraguai. Eram bombas e balas de canhão não detonadas durante a guerra. A população, sem conhecimento do que se tratavam, as usavam nas casas, às vezes como peso de papel, como peso de porta e às vezes até como tijolos. Um exemplo era como uma família da fronteira usava o artefato como peso de papel, e às vezes ficava de um cômodo a outro da casa com alguma serventia, até que alguém achou feio, foi mandado para uma caixa de ferramentas e lá foi esquecida por muitos anos. Um belo dia, o dono da casa, ao manusear a caixa de ferramentas se utilizando do martelo pra um conserto qualquer, e curioso para saber o que tinha dentro, desceu o martelo na bomba. Explodiram ele, o carro e metade da casa. Menos mal é que a família não estava em casa neste dia.

Outro caso aconteceu em uma casa vizinha ao Forte Coimbra. O terreno todo estava tomado por balas e bombas. A população, não achando pra que servia aquilo fazia murinhos de contensão e no jardim para segurar as terras das plantas, eram usadas basicamente como tijolo. E sabem como o povo é criativo! Quando não tem churrasqueira em casa, o que o dono da casa faz pra segurar o espeto?! Tijolo, não é mesmo?! Neste caso balas de canhão em toda a volta do fogo. O dono da casa, que era paraguaio, fez o churrasco, convidou a família, vizinhos e amigos para festejar. Não sei como ele não conseguiu explodir todo mundo. O almoço foi tranqüilo, o problema, graças a Deus, aconteceu na hora da ciesta. As balas detonaram depois que todos já tinham ido embora, quando a casa estava vazia e na ‘churrasqueira’ só havia brasa. Explodiram todas e não morreu ninguém. Mas o episódio serviu pra chamar a atenção da polícia que chamou o paraguaio festeiro a prestar esclarecimentos e o acusaram de terrorismo. Foram chamados os chefões militares da época para descobrir o que acontecia. Guerra de novo? Foi quando um patente graúdo observou a mureta do quartel. Pilhas e pilhas de bombas não detonadas, umas sobre as outras circundando toda a base do quartel (desculpe-me, mas imagino agora a cara do caboclo). A ordem imediata era de percorrer toda a cidade e arredores e recolher todas as bombas e balas encontradas e colocadas em local seguro. A história do paraguaio ‘terrorista’ foi esquecida. Só ficou o alívio de nenhum churrasquinho explodisse a cidade toda.


Autor: Márcia Ferreira Marques


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