Lendada vaca jogada no precipício



Um mestre e seu discípulo viajando a pé pelo interior. Já tarde decide pedir pouso num casebre muito pobre. Apesar da pobreza absoluta naqueles campos áridos. Foram eles bons anfitriões.

O discípulo perguntou como eles conseguiam o sustento.

A senhora respondeu: “com o leite daquela vaguinha fazemos meio queixo diariamente e trocamos toda semana por alguns mantimentos na venda da vila. Com ela e a graças a Deus a gente vai se virando.

O mestre antes de se recolher deixou avisado que sairiam na madrugada seguinte antes de todos acordarem.

Tiveram que dormir no paiol, pois a casa era muito pequena e família muito numerosa.

A inquietação do discípulo de como aquela família conseguia viver era maior que o desconforto daquele paiol e antes mesmo de começar a dormir o mestre já estava levantando para seguir viagem.

Assim que dobrou a curva o mestre ordenou ao discípulo volte lá, traga a vaguinha e empurra-a neste precipício.

Não se nega uma ordem de um mestre. Mesmo incrédulo e desconcertado o discípulo cumpriu a ordem.

Passou-se 20 anos e o discípulo, sem se agüentar, com a crise de consciência por ter matado o único sustento daqueles cordiais anfitriões decide voltar àquele casebre para compensar seu erro. (Não se sabe se este ex-discípulo alcançou a iluminação ou não)

O fato que depois de uma longa viagem, apesar de localizar o precipício que jogou a vaguinha, ele não localizava o casebre. Já estava desistindo de tanto procurar quando decide perguntar a um jovem saindo com um conversível na frente de uma mansão, pelo fulano de tal que morava com sua família num casebre por perto.

O jovem muito prestativo desceu do carro e perguntou: - O senhor conhece o meu pai desde aquela época? Irei chamá-lo, pois com certeza ele ficará muito contente em recebê-lo.

Aquela mansão esbanjava riqueza. Tinha até quadro de Van Gofe na parede.

A recepção foi calorosa, pois o velho senhor lembrava-se daquele homem que hospedara há tanto tempo atrás. E foi chamando a todos para cumprimentá-lo e já foi dizendo: _aquela noite que eles pernoitaram no paiol foi um marco divisório em nossas vidas. A noite que nossa vaguinha caiu no precipício. Um desespero para todos. Mas depois do tumulto inicial, cada um saiu atrás do sustento. E nesta busca descobriram novas potencialidades que desconfiavam existir. Resultado! Só crescemos depois daquele dia. Por isso nunca irei esquecer aquela fatídica noite.

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Autor: Paulo Rabelo Guimaraes Machado Diniz


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