O Mercado Pet Food – Um Mercado Saturado?



Vamos abordar algumas situações sobre o mercado pet food (alimentos para cães e gatos), que atualmente, venho observando e, em conversas com proprietários de pets shops,esta cada dia mais saturado devido ao excesso de produtos e lojas e industrias.

Há alguns anos esse mercado vem sendo explorado por empresas que dedicam-se, única e exclusivamente a alimentação de animais domésticos, e hoje esse segmento esta cada vez mais se complicando devido ao aumento no numero de industriasde rações para animais.

Pessoas que conviveram com animais domésticos durante sua vida, sempre tinham um cão ou um gato para companhia, guarda ou simplesmente por hábito de convivência. A alimentação fornecida para esses animais, em determinado período, tinha como base sobras de comida da família ou arroz especialmente preparado com carne e legumes, e hoje pelo baixo custo do arroz para cães em comparação com a ração industrializada esta voltando com força.

Visando esse tipo de consumidor, começou-se a cogitar a industrialização de alimentos específicos e balanceados para nossos animais, as chamadas rações. Durante um determinado período algumas empresas lideravam esse segmento, crescendo cada vez mais sua comercialização e elaboração de novos produtos. Sim quase todas as pessoas que conheço sempre conviveram com animais domésticos desde pequeno e, ainda o fazem. Esse segmento por ser promissor e ter atingindo uma fatia onde mais de 40% dos cães e 25% dos gatos são alimentados com rações industrializadas gerando um faturamento que agrada à muitas empresas, estimulou o aumento de indústrias voltadas para esse segmento. Hoje no país segundo pesquisa da ANFAL-PET, há 25 milhões de cães e 11 milhões de gatos. Só que, o que tenho observado hoje, é o continuo aumento de indústrias e produtos, e a queda no mercado consumidor.

Um fator que contribuiu, e muito para essa estagnação foi o aumento de comércios de produtos para animais, os chamados PETSHOPS, que concorrem deslealmente com os chamadosPET GARAGEM, que são lojas pequenas, normalmente administradas pelo próprio dono, um comércio pequeno que não é legalizado, não recolhe impostos e não emite nota fiscal concorrendo com outros legalizados, normalmente estão localizados nos bairros e funcionam nas garagens ou em salões pequenos na própria residência do comerciante, atuam com cadernetas, os consumidores compram e pagam no final do mês, o famoso fiado, coisa que nas grandes lojas não ocorre. Outra situação encontrada são as quantidades de marcas de produtos no mercado. Se toda loja pudesse comercializar todas as marcas que existem hoje, teríamos pontos de vendas que obrigatoriamente seriam maiores que hipermercados. O espaço físico desses pontos de venda são limitados. Existem os mega pets, mas 90% estão limitados no máximo a 100 m2, o que torna inviável a comercialização de todas as marcas. Então o comerciante opta pelos produtos onde não há à necessidade de trabalho, marcas já conhecidas e consagradas, o consumidor entra e pede, afinal na maioria desses pontos de venda tempo é dinheiro, para que ter trabalho de abordar clientes, fazer com que esses troquem de marca ou produto? É só visitar uma dessas lojas e perguntar por que não indica esse ou aquele produto.

Outro fator que podemos destacar para tal estagnação é que o aumento de indústrias, estimulou uma concorrência tão intensa que houve uma divisão de consumidores, não o aumento de consumo, mas uma troca simples de um produto mais caro por um mais em conta, ou de uma marca pela outra.

Outro detalhe importante, que talvez já tenha sido observado, são os preços atualmente de produtos para esse segmento, encontramos marcas que variam de R$ 15,00 até R$ 150,00, sem contar os produtos específicos e de multinacionais que com campanhas de merchandising acabam tomando parte do mercado de indústrias nacionais que, embora acreditem, não podem concorrer de igual pra igual. Outro fator também muito importante é que os maiores distribuidores desses produtos já atuam com bandeiras de empresas, normalmente multinacionais, que fornecem sustentabilidade devido ao trabalho feito em suas marcas. Empresas, mais novas, normalmente tentam sem sucesso formar novos distribuidores, ou comercializarem seus produtos em outros mercados, mas esbarram na logística, investimento, custos matérias primas, e estrutura para suportar de 12 a 48 meses de retorno de seus investimentos, o que acaba inviabilizando a comercialização, e praticamente limitam-se ao entorno de suas fábricas ou regiões. Isso se dá talvez por falta de uma pesquisa e analise mais profunda, e um planejamento determinando as estratégias que deveriam ser adotadas.

Mais um fator importante que talvez não esteja sendo levado em conta é que, hoje em dia os consumidores estão residindo em apartamentos de 50 até 90 m2, o que dificulta já pelo estatuto do condomínio, possuir um animal de estimação. Além de que o custo de um animal com procedência, saudável, varia em torno de R$ 400,00 até R$ 2.000,00 ou mais. Então vamos analisar uma situação que é a que eu tenho encontrado com freqüência: Um casal que mora em um apartamento com essas medidas onde os dois trabalham para o seu sustento, como tomar conta de uma animal que passará a maior parte do dia, das 7 hs até provavelmente 20 hs sozinho dentro de um apartamento? Chegando em casa depois de um dia de trabalho ao invés de descansarem para recuperarem as energias para o dia seguinte, ainda terá que limpar toda a sujeira que esse animal provavelmente fez. Haja disposição.

Outro fator não menos importante é que hoje em dia as crianças ao invés de pedirem um animal de estimação para companhia, estão cada vez mais entrando no mundo da informatização, então ao invés dos pais estimularem seus filhos a possuírem um cão ou um gato, estão estimulando a aquisição de computadores, palms, nootbooks e outros aparelhos de informática, alem, de celulares. Hora, o custo de um animal e a manutenção dele perde de longe para os computadores que existem hoje no mercado, sem contar que não comem, não sujam, e não requer atenção.

Tudo isso faz com que cada vez mais, esse e outros segmentos, venham apresentar saturação e dificuldade. Então chegamos à conclusão que, antes de qualquer empresa, seja de que segmento for, lançar um produto ou montar suas estratégias para alcançar seus objetivos, deverá levar em conta o que acontece não só no mercado em que atua mas também em outros segmentos que possam vir a interferir de maneira continua nasua evolução.

Uma análise profunda deverá ser realizada, para que situações não previstas, venham interferir no objetivo estipulado, por isso, deve-se, e muito levar em conta os profissionais envolvidos, as suas experiências e conhecimentos desses mercados e de situações que estão ai expostas para quem quiser ver, e antes de montar qualquer tipo de indústria ou comércio, deve-se ter em mãos todas as informações possíveis e disponíveis para se ter certeza do ramo de atuação.

Nelson B. Sousa.

Gestão e Adm. Comercial


Autor: NELSON BATISTA DE SOUSA


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