Luz da Consciência de Don Juan



O ego de Don Juan exaltava-se a cada conquista quando de sua passagem terrena. Só que ele não sabia que sua ascensão na espiral vibratória da consciência dependia da percepção das sutilizas envolvidas nesta conquistas. No divã com seu analista espiritual em cessões de tempo exímio tenta desesperadamente a compreensão das nuances de suas aventuras para elevar-se de nível antes de cair no seu vale profundo, escuro e frio. “Por favor? Por favor? Só mais uma pergunta? Por que a última mulher que tive disse que não poderia continuar, pois era só sentimento e . . .” Nem pode terminar a indagação, pois a Luz da sua Consciência era chamada às alturas, onde ele não poderia acompanhar. Só, no seu vale, perguntas se faziam num enigma sem fim. Como? Por quê? Mas. Todavia. . . Até que o expediente de seu treinamento de pastorear o exigia por completo num abrir e fechar de porteiras sem fim. Tinha que contar as manadas ao passar por elas,  no mínimo três vezes, pois o resultado tinha que ser idêntico em todas as repetições. Se não, tinha que refazer todo o processo: de juntar, separar em lotes padrões e recontar. Se pelo menos ao terminar pudesse sentar e contemplar. Mas não! Nunca terminava. Era uma quantidade infindável de ovelhas em infindáveis piquetes e sem luz. Tinha que usar um tipo de vela à mão. Às vezes na boca, pois precisava das duas mãos pra cercar, empurrar, abrir e fechar as ovelhas iguais. Quando tinha êxito na tarefa, ou seja, padrões idênticos de tipo, de cor, de tamanho e quantidade exata era permitido a ele nova entrevista com a Luz da Sua Consciência. “Entendi, entendi. Por favor? Por que a penúltima disse no fim: “é muito profundo nossa relação. Na profundidade não se vê a beleza da superfície. Como os apneístas que vão tão fundo e, assim, não podem ver os corais”. “Mas por que? Não tem sentido se ela não suportava a superficialidade na sua vida e . . . ”  Não adiantava mais continuar a Luz da Sua Consciência, saía bruscamente, já não estava mais lá para ouvi-lo. A pergunta perfeita era a chave para o entendimento. E se ele estivesse no caminho da compreensão verdadeira a jornada de pastorear era encurtada. Ou seria facilitada? Não dava para saber. Ali naquele seu novo mundo, o astral, não havia o fluxo do tempo que dava sentido à vida. A vida nem sequer podia ser tirada. Sabia que já havia morrido a muito tempo. Era inexorável aquela sensação: sem pulso de arrancada, sem descanso do fim. Surpreendentemente, sem aviso, chegava a oportunidade de nova entrevista com a Luz da Sua Consciência. “Acho que entendi. Ok. Oh! Desculpe-me. Por favor, por favor, outra questão: “porque a antepenúltima disse que não podia continuar, pois a incomodava a obceção minha por leitura. Mas como se ela aproximou-se de mim, justamente pelo seu amor aos livros e . . . ”” Já estava só, não adiantava continuar. Assim com compreensões em compreensões o número de piquetes diminuíam. As ovelhas tornavam mais humildes aos seus comandos e diminuíam em número. E as contagens, misteriosamente, certas; apesar dos atropelos naquelas porteiras dos piquetes e da escuridão. Assim, as oportunidades de entrevistas com a Luz da Sua Consciência eram mais amiúdes. Se entusiasmava Don Juan com seu progresso. Lá naquele nível do mundo astral o senso de propriedade era invertido. Ricos eram aqueles que não tinham ovelhas nenhuma para contar. Estes pequenos despertares alegrava a alma de Don Juan. Era mesmo engraçado. O verso de tudo parecia estar em frente. O anverso no verso. O dinâmico no estático e o estático no dinâmico. Nova entrevista. “Entendi! Não!  Não entendi! Desculpe! Oh! Sério, é assim. Não! Não pode ser. Desculpe-me. Outra questão, por favor? Por que a anterior da antepenúltima não aceitou viverem outros três anos juntos de forma superficial como se vive todos os casais, no arroz com feijão do dia a dia? Já que no três anos anteriores  reclamava tanto de minhas inquietações e das minhas buscas existenciais e . . . ”  Novamente teve que interromper antes de finalizar a pergunta. Mas começava a entender por que morreu só, apesar de várias tentativas de se estabilizar com alguma delas. Será que era por que Deus o havia chamado para o serviço sacerdotal ao 12 anos e ele negado a esse chamado. Oh! Será? Até que surge outra oportunidade de entrevista com Luz da Sua Consciência. “Sim! Compreendo. Oh! Mesmo? Entendo. Vou esforçar-me doravante”.  “ Cuidado! Não prometa o que não possa cumprir. Dizia a Luz da Sua Consciência. “Tá bom. Desculpe-me. Mais uma questão, por favor? Por que a anterior da anterior disse ao terminar que eu era o pior dos homens. Como? Se não fiz nada a ela? Como? Se ela havia dito à mãe ser eu o homem que ela sempre sonhara estar e ...” Estava novamente só. Restava apenas a Don Juan refletir. Não poder envelhecer com nenhuma delas seria conseqüência de minha repulsa ao segundo chamado para o serviço sacerdotal aos 19 anos. Pensava consigo mesmo. Parecia haver algum sentido nestas suas especulações? Na nova oportunidade de entrevista com a Luz da Sua Consciência quem sabe poderia entender. Chegava o momento : “Sim, sim, compreendo. Oh! Está mais claro agora. Muitíssimo Obrigado. Mais uma questão, por favor? Por que a anterior da anterior da anterior disse ao terminar que não conseguiria fazer-me feliz. Sendo que esta era a minha missão: fazê-la feliz, pois eu já era feliz com a magia daquele reencontro e ela. . . ” Luz da Sua Consciência estava agora sem pressa. Então falou a Don Juan: “ Não queira ir tão longe na compreensão das mulheres, pois nem Deus a entende. Deus a partir da costela de Adão levou 30 mil anos para chegar ao modelo final da mulher . Era para ser a perfeição absoluta. Mas o Deus designado para este trabalho de aprimoramento não conseguiu no departamento de invenção do céu o  privilégio de patente de invenção como foi dado ao Deus que desenvolveu o homem. À mulher coube apenas modelo de utilidade. Indignado. Este Deus, então,  para confundir o mundo  dos homens, o mundo da imagem e semelhança de Deus, mexeu num líquido do cérebro da mulher, seu modelo de utilidade de 30 mil anos de trabalho. Aquele líquido que justo com os dedos dos pés, são responsáveis pelo nosso equilíbrio, como bicípites, na superfície terrestre. É por isso, meu irmão, estes rampantes de falta de bom senso delas. “HAHAHA .” Uma crise de riso abateu-se em Don Juan. Conseguiu parar e se desculpou. Mas naquele dia a Luz da Sua Consciência estava tão disponível, e pode continuar um diálogo leve e tranqüilo com a Luz da Sua Consciência. Ela disse: “_É apenas uma brincadeira, uma piada,” completou. É claro que um Deus da linhagem principal do Deus Superior, o criador não faria uma maldade dessas com os humanos. No mundo desses Deuses  maldades e maldições não existem.  O fato, meu querido irmão, é que em todo projeto de melhoria há necessidade de se fazer compensações. Como suas criações lá na terra. Os engenheiros ao projetar automóveis, por exemplo, quando querem melhor o conforto do veículo são obrigados a mexer na suspensão, certo? E ao tornar a suspensão mais macia perde-se no quesito segurança veicular. Na criação do mundo de Deus acontece a mesma coisa. Para fazer as curvas estonteantes na mulher. Dar a ela visão global. Capacidade de expansão de qualquer assunto sem igual. Fazer e pensar várias coisas ao mesmo tempo. Para todas essas melhorias e outras mais, é claro, teve que perder em outras partes do projeto para desenvolver a companheira perfeita para o homem não viver sozinho quando ambos forem materializados na face da terra. Para fazer tais compensações este Deus foi obrigado a mexer naquele líquido do cérebro que já te falei. Este Deus foi obrigado por uma questão técnica de projeto. Entende? Assim, calorosamente, a Luz da Sua Consciência despediu-se e disse a ele: “_não terei mais permissão para voltar, outra alma de luz irá instruí-lo na sua nova jornada no mundo do além”. Maravilhado e feliz pelo seu salto na espiral evolutiva depois de quase cem anos em treinamento. Ele havia percebido claramente os seus erros de suas conquistas. O que outrora elevava o seu ego, na verdade eram ciladas colocadas no seu caminho. Sacou bem o porquê de suas reprovações nos testes com todas elas e o quanto sofreu no além para compensar seus erros. A grande verdade, era ele conquistado, não o conquistador. Foi sim, sempre passivo em toda a sua história, pois seu teste em vida era apenas dizer n ã o. A negativa dele não só o aprovava nos testes como elevaria a vibração da consciência delas também em espiral ascendente. A atração daqueles encontros arranjados meticulosamente nos céus os levaria à busca do sublime. Ele foi preparado nos céus para atrair e ao atrair teria que dizer somente n ã o. Nascera encantador, tinha elegância e atitude para atuar em qualquer ambiente, além de inteligência miraculosa para as artimanhas da vida. Se não fosse interessante a elas, o teste seria muito fácil. Então, seu charme, sua elegância, seus modos, sua postura, suas artes, seu físico e até os seus ideais foi lhe dado, não como prêmio, mas sim para dificultar seu teste em vida. Pois é leitor! As escolhas da vida não são tão simples também para aqueles que invejamos, pois todos deparam com situações sem nexos e sem a lógica humana, pois há outras inteligências testando nossa capacidade de discernimento o tempo todo, pois ainda estamos em uma diminuta dimensão terrestre.

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Autor: Paulo Rabelo Guimaraes Machado Diniz


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