Ponto de vista



Ponto de Vista

Wanderson Vitor Boareto

Graduado em História e Bacharel em Direito, Pós Graduado em História e Construção Social, Docência do Ensino Superior e Educação Empreendedora.

Resumo

O pensar vem sendo destruído pelos fatores geradores de conhecimento, e o ponto de vista que necessita de uma formação pensante vem sendo substituído pelo achismo popular e sem propósito. As pessoas não querem ser pensantes e sim reproduções dos meios que regem o poder em nossa sociedade.

Palavras Chave

Ponto de Vista, Achismo, Ser Pensante, Sociedade.

 

O Ponto de vista na sociedade contemporânea não é discutido dentro das instituições que regem a formação da sociedade de massa nem da sociedade pensante do Brasil. Qual o motivo de o ponto de vista não ser tão importante? Talvez sejam, devido à formação do pensamento da sociedade de base, ou talvez os fatores geradores deste pensamento que não deixam lacunas para pontos de vistas diferentes que podem produzir mudanças nos meios de produção, nas propostas políticas e na diferença exorbitante nas classes sociais de nosso país.

O ilustre Professor Doutor Aristides Ribas de Andrade Filho ensina que: “Que um ponto de vista é apenas um ponto, nos muitos pontos que regem a sociedade brasileira.” Pensando assim, o ponto de vista seria uma afirmação do pensamento de cada indivíduo. No entanto, ponto de vista é a afirmação de convicções, pensamentos e posturas, sendo assim, ele vem sendo substituído pelo: “eu acho”, ou seja, quem acha não tem fundamentação do pensamento e sim do achismo que é mudado a qualquer instante, não tem compromisso com o meio que o individuo está inserido ou com a comunidade que frequenta, não é fiel às ideias. Sendo assim, é mais fácil já que não tem compromisso, nem necessidade de pensar ou de explicar o seu achar. No caso do ponto de vista a realidade é outra, já que para você defender uma ideia, no caso o ponto de vista tem que ser fundamentado no pensamento empírico ou no pensamento erudito (acadêmico), e nesse caso necessita de análise e entendimento.

Defender o ponto de vista é defender o pensamento sobre alguma coisa, é defender o que é importante para o ser pensante. Voltaire ensina que: “Eu não concordo com o que você pensa, eu não aceito o que você pensa, mas lutarei contra tudo e contra todos para defender o seu direito de pensar”.

No entanto, o teólogo e escritor Frei Betto diz: “Que temos que aprender a aprender”. Neste sentido, os “meio” educadores, que são os responsáveis pela formação do individuo, deixam a desejar.

Esta semana ouvi de um aluno de segundo ano do ensino médio de uma escola pública de Varginha Sul de Minas Gerais, a seguinte afirmação: “professor pensar doe”. Essa fala levou-me a entender que cada dia os alunos querem pensar menos e reproduzir pensamentos já prontos, ou melhor, são vendidos nos meios de comunicação. O empreendedorismo tão comentado nos dias atuais aumenta ainda mais o adestramento do achismo e a perca do ponto de vista.

Esse adestramento vai mais além, ouvi de uma especialista de uma escola de Elói Mendes – MG, em uma reunião pedagógica, a seguinte afirmação: “temos meta a cumprir”, ou seja, temos que preparar os alunos para a prova e não para vida, já que para a prova nós os adestramos e para vida teríamos que ensiná-los ter ponto de vista, ter personalidade.

Na verdade, para a maioria das pessoas o pensar é perca de tempo. Não se tem uma necessidade de pontos de vistas diferentes e sim um achismo reproduzido e condicionado, a vontade de uma parte da sociedade que rege o poder político e financeiro de nosso país. Mudar isso é o grande desafio da Pós Modernidade.

Bibliografia

VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez, Ética, Ed Civilização Brasileira, 2005, Rio de Janeiro, RJ;

MASCARO, Alysson Leandro, Filosofia do Direito e Filosofia Política, Ed Atlas, 2003, São Paulo;

TARNAS, Richard, A Epopeia do Pensamento Ocidental, Ed Bertrand Brasil, 2002, Rio de Janeiro, RJ;

CARDOSO, Fernando Henrique, Homem e Sociedade, Ed Companha Editora Nacional, 1975, São Paulo, SP.


Autor: Wanderson Boareto


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