CEFAPROS e Educação Pública: A favor da formação continuada de professores



CEFAPROS E EDUCAÇÃO PÚBLICA: A FAVOR DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

Este artigo tem por finalidade comentar a Política de Formação dos Professores da Rede Estadual de Mato Grosso, implantada pela Secretaria Estadual de Educação (SEDUC/MT) e implementada pelos professores formadores dos CEFAPROs - Centros de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica. Este centro visa o fortalecimento da formação continuada dos professores da rede estadual, ocorrida no “Projeto Sala do Educador” no lócus escolar como um dos principais instrumentos na melhoria do processo ensino-aprendizagem bem como da melhoria da qualidade da educação em Mato Grosso.

A partir de um projeto originado na Escola Estadual Sagrado Coração de Jesus em Rondonópolis/MT, em 1997, em função de um grupo de professores que se reunia para estudar, movidos pela necessidade formativa dos próprios colegas, a SEDUC cria os CEFAPROs. Foram criados no ano de 2003 três centros: Cefapro de Cuiabá, de Rondonópolis e de Diamantino. A formação continuada estabelecida nestes espaços, através do “Projeto Sala do Professor” e posteriormente, em 2011“Sala do Educador”, expandiu-se gradativamente e hoje, Mato Grosso conta com (quinze) 15 CEFAPROs.

O CEFAPRO de Rondonópolis/MT conta com 22 professores formadores em áreas diversas, que são professores efetivos da rede estadual de ensino, selecionados através de seletiva contendo prova escrita e aula expositiva: Alfabetizadores; Linguagens, Códigos e suas tecnologias; Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias; Ciências Humanas e Sociais e suas tecnologias como também as Especificidades: do e no Campo, EJA (Educação de Jovens e Adultos), Diversidade, Educação Especial e Tecnologia Educacional, o Pólo constitui-se de 14 municípios e 79 escolas.

Como papel principal cabe aos formadores o de implementar, orientar, aprovar, intervir, acompanhar e avaliar os projetos elaborados pelas Unidades Escolares contribuindo para a melhoria do ensino e da aprendizagem em toda Educação Básica, bem como aprovar, acompanhar e avaliar, periodicamente, a execução do Projeto Sala de Educador em cada unidade escolar. Tem também a responsabilidade de realizar a formação dos coordenadores pedagógicos das unidades escolares, tendo em vista a formação com grupos específicos de professores e funcionários, na unidade escolar. De acordo com as dificuldades que ainda não foram dirimidas pelo grupo, após trabalho entre os profissionais da educação, procura-se identificar os desafios que podem ser superados, para isto, deve considerar o diagnóstico elaborado pelo coletivo da escola e os indicadores do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), da Provinha Brasil e do SIGA (Sistema Integrado de Gestão da Aprendizagem).

Diante dos desafios impostos pelo mundo globalizado, a educação exige olhares inovadores para uma realidade tão complexa, colocando desafios aos educadores, novos caminhos e incessantes tarefas.

Assim, a formação continuada oportuniza ao professor pesquisar e conhecer as questões da educação e as diversas práticas analisadas na perspectiva sócio-histórico-cultural, bem como analisar o desenvolvimento do aluno em seus múltiplos aspectos: afetivo, cognitivo e social. Possibilita transformar a escola em um espaço de troca e de reconstrução de novos conhecimentos, partindo do pressuposto da educabilidade do ser humano, numa formação que se dá num continuum, em que existe um ponto que formaliza a dimensão com orientações e acompanhamento desse processo.

Trazemos aqui a voz de Garcia (1999), para que o professor possa melhorar o seu trabalho com o conhecimento na sala de aula, é fundamental a apropriação de um referencial teórico-metodológico que oportunize conhecer como se dá o conhecimento no processo pedagógico. É importante destacar que a formação continuada, traz a valorização da prática docente no cotidiano da escola, na qual acontecem aprendizagens significativas por parte dos alunos, também em verificar suas necessidades e, mais que isso, provocar o despertar de atitudes que venham realmente a se manifestar em reflexão e em mudanças.

A reflexão permite ao professor (re) examinar seus objetivos, seus procedimentos, suas evidências e seu saber, ingressando em um círculo permanente de aperfeiçoamento, já que teoriza sua prática, seja consigo mesmo ou na interação com os demais.

Dessa maneira, a formação continuada é, em si, um espaço de interação entre as dimensões pessoais, profissionais e institucionais, em que a todos os envolvidos é permitido apropriarem-se dos processos de formação e sentido no quadro de suas histórias de vida. Para Lima (2003), a formação continuada de professores deve ser compartilhada entre as agências formadoras e o desejo do próprio professor no seu desenvolvimento profissional. E reafirma que “[...] um profissional reflexivo não se limita ao que aprendeu no período de formação inicial, nem ao que descobriu em seus primeiros anos de prática, mas exerce sua reflexão sobre o seu pensar e seu fazer ao longo de sua carreira docente”.

Concordamos com Mizukami, (2002) quando diz: Os professores demoram a perceber que soluções “vindas de fora”, não submetidas a análises críticas no interior da escola, não contribuem para o desenvolvimento profissional nem para a autonomia; servem, quando servem, apenas para apagar os focos de incêndio que os ameaçavam emocional e profissionalmente.

Nóvoa (2009) nos diz que o paradigma do professor reflexivo, que pensa que elabora em cima dessa prática é o paradigma hoje em dia dominante na área de formação de professores e que a formação continuada deverá pautar-se em estudos de temas, elencados pelo coletivo de professores, que buscaram diagnosticar os entraves no processo ensino aprendizagem de cada educando, e através das teorias ali estudadas, realizarem a práxis pedagógica bem como as intervenções necessárias.

A construção coletiva se instala sobre a metodologia dialógica, que consiste numa investigação criativa, através de uma discussão entre as pessoas que pertencem ao mesmo grupo ou diferente, com finalidades de levá-las a trabalhar com as idéias, descobrir, apropriar e sistematizar o saber de forma cooperativa, dialética e construtiva. Um ator fundante neste processo é o coordenador pedagógico que enfrenta inúmeros desafios: buscar a sua auto-formação e contribuir para a formação continuada do coletivo, além de coordenar e direcionar suas ações no sentido de oportunizar mudanças. Assim, é fundamental que o coordenador conheça e se aproprie das dimensões do processo de formação continuada e faça delas o núcleo de suas ações.

Sílvia Maria Cavalcante Silva Bezerra é mestranda da UFMT/CUR/PPGEdu, membro do Grupo de Pesquisa em Alfabetizaçao ALFALE e Professora Formadora Alfabetizadora do CEFAPRO de Rondonópolis, atua na rede estadual há 24 anos.

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