Ainda sobre um tempo que passou



Todos os encontros e desencontros (acontecimentos) contemporâneos são frutos ou conseqüências de uma modernidade mal ou bem sucedida? Somos fatos de um prelúdio de cientificidade burguesa, bastante nefasta, que domina todos os campos do conhecimento, mas, que em si, todos os ideais de cientificidade são fracassados pelos seus próprios ideais de domínio social e força política.

Como conseqüência deste ideal de poder, vemos na atualidade dogmas e mais dogmas se afunilando com forma avassaladora em segmentos sociais desprovidos de autonomia crítica, é uma força desorientadora.

Existe ainda o enfraquecimento do discurso filosófico, devido ao fato de o apogeu cientifico ter decretado a própria morte da filosofia por meio da centralização do conhecimento, nos mais diversos ramos das ciências humanas, principalmente a centralidade e o imediatismo de uma pseudo-história, como construtora de conceitos e princípios (sociais) cosmológicos do homem. Com isso, os acontecimentos (enquanto verdadeiros fatos de estudo de uma história interessada) passam a ser estigmatizados como se fossem apenas lutas e conflitos entre burguês e proletariados, em busca do poder.

Como fonte ordenadora (e destruidora da pós-modernidade), temos a dogmatização da razão filosófica, como engenharia filosófica arquitetada por Descartes, fruto também de um período medieval mal sucedido, como projeto religioso. Vemos no alvorecer do Iluminismo o mundo virar (modificar seus conceitos) completamente. Na mesma medida em que o mundo se modifica, os padrões se modificam e começam a ocorrer também inversões de valores, principalmente pela falta de identidade de uma filosofia que deixou de ser escrava da fé, para se tornar serviçal da aristocracia e servir somente aos seus caprichos burgueses, como fonte e ordem de uma imediata ação ou pelo forte apelo filosófico em favor de uma verdade única e absoluta.

Com isso, ocorreu a supervalorização dos experimentos e da própria técnica científica, se sobrepondo à abstração filosófica. Mas, existem filósofos que resistiram bravamente a tal projeto. Nietzsche foi um dos bravos filósofos que não só resistiu como também rompeu com todos os discursos filosóficos de modernidade, pelo fato de situar o homem moderno como um projeto póstumo, fruto de suas próprias ilusões discursivas, tanto de uma metafísica quanto de uma lógica nada formal, e a partir dele, o homem é projetado como o novo, em uma nova roupagem, é a aurora do super-homem, onde a fé (dogmática) quanto a ciência (também dogmática) deixam de ser a centralidade das nossas preocupações, deixam de ser objeto de especulações filosóficas, assim, o homem se torna sujeito e objeto de sua própria mudança, e a verdade é fruto de valores substanciais de cada homem.


Autor: Leonildo Dutras De Oliveira


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