A síndrome de artêmis



A Síndrome de Artêmis

Viviane é médica e nunca casou. Desde criança, diante das dificuldades que atravessou na infância e das injustiças que presenciou, descobriu-se tão forte quanto qualquer homem. Mulher bonita e independente, nunca dependeu de homens. Muito pelo contrário, já defendeu várias vezes sua irmã do marido bêbado. Ela é muito sensual mas não gosta de maquiagem.

A dois meses envolveu-se num relacionamento rápido com um dentista. O namoro acabou mas ficou uma cicatriz. Uma cicatriz que nunca mais desaparecerá. Ela ficou grávida. Logo mais, a cicatriz terá braço, perna, nome e voz. Quando descobriu que estava grávida, ela entrou em depressão. Chorou durante duas semanas e até hoje ainda toma antidepressivos para dormir. Para uma mulher livre e autosuficiente, ser mãe era a última coisa que ela desejava.

O filho é a manifestação física do final de seus sonhos e projetos de vida. Aquele ser frágil, vulnerável e dependente lhe inspirará nojo e repúdio, mais do que afeto e compaixão. Viviane sofre da síndrome de Artêmis. Considerada a mais pura e casta dentre as sete deusas gregas, Artêmis deseja equiparar-se aos homens de igual para igual e a sua sexualidade tende a se manifestar de forma mais masculina. Muitas vezes adia a maternidade em função de outras metas.


A mulher do tipo Artêmis não lida bem com questões emocionais e mantém uma distância dos outros. Viviane é uma Artêmis moderna. Sucesso em tudo que faz. Realizada na profissão, está sempre superando-se em seus trabalhos. O mercado tem necessidade desse tipo de mulheres. Elas não são passionais, tampouco confundem amizade com trabalho. São eficientes, competentes e responsáveis. Dê-lhe qualquer tarefa que será executada com perfeição. Ela adora ajudar os outros mas não apega a ninguém.

Respeitada, sabe viver só e sente-se bem assim. Pode ser vingativa e cruel, se ultrapassarem o limite imposto por ela mesma no seus encontros. Esse arquétipo possibilita a mulher sentir-se completa sem um homem. Gostam de crianças mas não querem a maternidade. Por isso, a notícia da gravidez desequilibrou seu mundo.

Para deixar nascer dentro de si seu sentimento maternal, vai precisar sufocar sua natureza artêmis e desenvolver outros talentos que não possui. Quem sabe, não seja isso que a vida está querendo dela. Talvez sua experiência como Artêmis tenha chegado ao fim e agora, está começando um novo ciclo de vida. O filho vai lhe trazer mil oportunidades. De conhecer a si mesma, de descobrir ternura e afeto em si, de fazer desabrochar seu lado sensível.


Cap. 6

"Trecho do livro Espelhos da Vida - João Márcio"


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