Planejamento Familiar



PLANEJAMENTO FAMILIAR: PERFIL E DIFICULDADES ENCONTRADAS POR MULHERES ATENDIDAS NA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO TOMBA IV DE FEIRA DE SANTANA-BA, SETEMBRO-OUTUBRO DE 2011.

Family planning: profile and difficulties encountered by women in health unit served family of Tomba IV in Feira de Santana-BA, september-october 2011.

 

KAROLINY ARAÚJO SILVA

RAFAELLA MORAES GUIRRA

ROSANA FRAGA NETO DA SILVA

 

 

 

 

RESUMO:

 

Estudos apontam que a atenção ao Planejamento Familiar continua ser marcada pela ausência da livre escolha do usuário aos métodos anticoncepcionais, ora pela limitação destes nos serviços públicos, ora pela forma de realização das consultas de Planejamento Familiar, não proporcionando um esclarecimento satisfatório ao usuário. Através do estudo de levantamento com uma abordagem quantitativa, peça de fundamental importância para este estudo, o perfil e nível de esclarecimento dos usuários foram colhidas em questionário e analisados, o que confirmou a necessidade de uma maior disponibilidade de métodos contraceptivos e da capacitação dos profissionais envolvidos no Programa de Saúde da Família, afim de que disponibilizem um atendimento qualificado e diferenciado, com uma linguagem clara e apropriada para o entendimento de cada usuário, pois cabe aos profissionais apenas auxiliar no sentido de que a escolha do método anticoncepcional seja a mais adequada e segura para estes usuários. Desta forma é destacado que a limitação dos métodos contraceptivos disponibilizados nas Unidades Básicas de Saúde, somados com a forma de realizar o planejamento familiar vem comprometendo a efetivação do objetivo principal do programa, planejar quando ter filhos.

 

Palavras-Chave: Programa de Saúde da Família; Planejamento Familiar; Educação em Saúde; Anticoncepção.

ABSTRACT

Studies show that attention to Planned Parenthood continues to be marked by the absence of free choice of contraceptive methods to the user, either by limitation of these public services, sometimes by the execution of a family planning consultation and does not provide a satisfactory explanation to the user. Through the study with a quantitative survey, part of fundamental importance to this study, the profile and level of awareness among users in the questionnaire were collected and analyzed, which confirmed the need for greater availability of contraceptive methods and the training of professionals involved in the Family Health Program in order to make available a qualified and distinguished service, with clear language and appropriate to the understanding of each user, as it is for professionals only assist in the sense that the choice of contraceptive method is best suited and safe for these users. Thus, it is noted that the limitation of contraceptive methods available in Basic Health Units, together with how to conduct family planning is compromising the effective ness of the main goal of the program, plan when to have children.

 

Keywords: Family Health Program, Family Planning, Health Education, Contaception.


1.INTRODUÇÃO:

 

Esta pesquisa propõe como tema: “Planejamento Familiar”, tendo a propensão de investigar o seguinte problema: Qual o perfil e o nível de esclarecimento das usuárias incluídas no programa de Planejamento Familiar da USF do Tomba IV de Feira de Santana- BA?

O Planejamento Familiar é um conjunto de ações em que são oferecidos todos os recursos para a concepção, como também para a anticoncepção. Esses recursos devem ser cientificamente aceitos e não colocar em risco a vida e a saúde das pessoas, com garantia da liberdade de escolha. (BRASIL, 2006).

Silva; Alves; Silva (2007) ressalta que, o Planejamento Familiar têm importância fundamental e pode causar impacto positivo sobre o bem-estar de toda a família, principalmente na vida de mulheres e crianças. Os métodos anticoncepcionais reduzem a probabilidade de gravidez de risco, gravidez não-planejada, ajuda a diminuir a incidência de abortos, melhora a saúde sexual e reprodutiva dos indivíduos exercitando sua sexualidade com responsabilidade e segurança, prevenindo a mortalidade materna e infantil, desacelerando o crescimento populacional e no que diz respeito a camisinha que é um método contraceptivo de barreira, esta vai atuar simultaneamente nos pontos abordados anteriormente e também evitando a proliferação de DST’s, tais como a hepatite B, o cancro duro (sífilis), o condiloma acuminado (HPV), a AIDS dentre outras.

A relevância social dessa temática é explícita quando se atenta para os altos custos à saúde pública devido à aceleração do crescimento populacional, além dos óbitos decorrentes das complicações da gravidez de risco e a grande incidência de abortos o que torna esse estudo e suas análises importantes não só para a população incluída em Unidades Básicas, mas para todas as classes sociais. Os benefícios que o Planejamento Familiar traz ao sujeito e a relevância científica para a enfermagem, considerando uma intervenção que traz reflexões a cerca da atenção primária de prevenção à saúde, somados à afinidade dos pesquisadores pela área, provoca a inquietação destes pela temática do Planejamento Familiar e as melhorias que o enfermeiro pode trazer a esse contexto. 

A hipótese levantada é a de que a operacionalização da lei nº 9.263/96, reduz o número de gestações indesejadas e propicia condições para que a mulher possa escolher o momento certo para a concepção.

O objetivo geral da pesquisa é analisar o perfil e o nível de esclarecimento das usuárias incluídas no programa de Planejamento Familiar na Unidade de Saúde da Família do Tomba IV de Feira de Santana-BA. A especificidade desse objetivo visa conhecer o perfil, identificar os métodos contraceptivos mais utilizados e conhecer a participação das usuárias na escolha do método.

 

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO FAMILIAR

 

2.1 UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA

 

Os ambientes destinados à prestação dos serviços de saúde de diferentes naturezas retratam, de certa forma, os diversos caminhos percorridos pela saúde pública no Brasil. Os espaços físicos desses ambientes, em especial das instituições destinadas ao atendimento ambulatorial, sempre foram construídos ou adaptados para atender ao modelo sanitário dominante, focado na doença, em detrimento das ações de promoção à saúde. As representações sociais desses ambientes, vindas da sociedade e, em especial das Unidades Básicas de Saúde, evidenciam, também, os vários modelos assistenciais que predominaram no país ao longo do Sistema de Saúde brasileiro. (BRASIL, 2004).

A implantação do Programa de Saúde da Família (PSF), como estratégia de reorganização da atenção básica, trouxe expressivo aumento no número de estabelecimentos de saúde, devido à necessidade de abrigar as equipes do referido programa; sem contudo, permitir que essa reorientação repercutisse na concepção estruturante, concebida pela estratégia, onde é defendido a idéia de um ambiente adequado para as atividades que são desenvolvidas pelo programa, ou seja espaços para realizar reuniões de grupos, encontros com a comunidade, realização  de atividades preventivas como vacinação, consultas médicas e de enfermagem. (BRASIL, 2004).           

Segundo Brasil (2006) as equipes de saúde das USF devem desenvolver as seguintes atividades:

  • Mapeamento da área de abrangência e dos equipamentos sociais presentes nesse território como escolas, associações comunitárias, ONGs, etc.
  • Planejamento, busca ativa, captação, cadastramento e acompanhamento das famílias de seu território.
  • Acolhimento, recepção, registro e marcação de consultas.
  • Ações individuais e/ou coletivas de promoção à saúde e prevenção de doenças.
  • Consultas médicas e/ou de enfermagem.
  • Consultas e procedimentos odontológicos, quando existir a equipe de saúde bucal.
  • Realização de procedimentos médicos e de enfermagem;
  • Atendimento em urgências básicas de médicos, de enfermagem e de odontologia.
  • Realização de encaminhamento adequado das urgências, emergências e de casos de maior complexidade.

   Diante das características das atividades desenvolvidas nas USF, é necessária a construção ou ampliação de espaços físicos compatíveis com essas atividades, visto que a infra-estrutura física adequada é fundamental para acolher o cidadão com dignidade e respeito e para oferecer aos profissionais de saúde condições adequadas para sua atuação, sem que possa vir oferecer riscos aos mesmos. (BRASIL, 2004).

 

2.2 PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

 

O Programa de Saúde da Família foi implantado em 1994, com o objetivo de promover uma reorientação do modelo assistencial, possibilitando assim a integração e promoção da organização das atividades em um território delimitado, com o propósito de enfrentar e resolver os problemas identificados naquela área de abrangência da USF. Este programa é operacionalizado pela implantação de equipes multiprofissionais que devem orientar a assistência em práticas e ações de saúde de forma integral, contínua e equitativa. (BRASIL, 2009).

O modelo de atenção proposto pelo PSF apresenta uma visão ampliada do processo saúde-doença, que supera a antiga proposição de caráter exclusivamente centrando na doença, passando a ter na família e no meio no qual ela vive o centro da atenção à saúde, uma vez que não aguarda a demanda que chega à unidade de saúde, ao contrário , pretende reorganizar a demanda à medida que busca agir preventivamente, identificar as necessidades em saúde daquele território e organizar a demanda a partir da comunidade, das famílias e dos domicílios (MONNERAT; SENNA; SOUZA, 2006).

   Apesar do impacto positivo, especialmente relativo a indicadores de cobertura e utilização, o desempenho e a qualidade dos cuidados de saúde prestados à população brasileira pelo programa de saúde da família são ainda pouco conhecidos. São evidenciados problemas de qualidade na gestão e no cuidado da população, que compromete os serviços oferecidos aos usuários, justificando assim a necessidade de avaliações periódicas e de capacitação dos profissionais que atuam no PSF. (BRASIL, 2009).

 

 

2.3 PLANEJAMENTO FAMILIAR

 

Antigamente o programa de Planejamento Familiar, tinha orientação claramente demográfica e dava prioridade quase exclusiva ao cumprimento de objetivos quantitativos, com escassa ou nula importância a satisfação individual dos usuários no nível de qualidade da atenção oferecida. (DIAZ; DIAZ, 1999).

Segundo Brasil (2002) o Planejamento Familiar deve ser tratado dentro do contexto dos direitos reprodutivos, tendo, portanto, como principal objetivo garantir às mulheres e aos homens um direito básico de cidadania, previsto na Constituição Brasileira: o direito de ter ou não filhos/as.

O planejamento familiar foi oficializado, através da Portaria 3.660, e da lei nº9.263/96 que regula em seu §7º do Art. 226 da Constituição Federal que o Planejamento Familiar orienta-se por atividades educativas, preventivas e clínicas, e pela garantia de acesso igualitário a informações, meios e métodos disponíveis para concepção e anticoncepção. (CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA, 1996).

No seu artigo 2º, a lei define Planejamento Familiar como um conjunto de ações de regulação da fecundidade que garantam direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. (CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA, 1996).

 

3.METODOLOGIA

 

3.1 Aspectos metodológicos da pesquisa

 

3.1.1 Tipo do estudo

 

Trata-se de um estudo de levantamento que segundo Gil (2010) é considerado fonte de levantamento quando há uma interrogação direta das pessoas, cujo comportamento deseja conhecer, usando como base de pesquisa a cerca do problema estudado um grupo significativo de pessoas. O estudo também teve uma abordagem quantitativa onde foi permitido uma aproximação focalizada, pontual e estruturada utilizando-se de dados quantitativos, possibilitando a análise direta dos dados.

Teve ainda caráter descritivo que segundo Gil (2010, p. 27 e 28), “Salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental, etc”.

 

3.1.2 Amostra

 

3.1.2.1 Critérios de Inclusão

 

Idealizou-se para o estudo uma amostra de no máximo 100 mulheres em idade fértil incluídas no PSF do Tomba IV. Esta amostra foi diminuída para 50 mulheres dentro dos padrões já citados.

 

3.1.2.2 Critérios de Exclusão

 

Foram exclusas do estudo as mulheres que não mais ovulava, visto que estas não encontram mais condições naturais para a concepção.

 

3.2 Coleta de dados

 

   Nesse estudo, os dados foram coletados por meio de entrevistas individuais, para os quais se utilizou entrevistas semi-estruturadas que foram preenchidas pelos pesquisadores. Essas entrevistas continham perguntas fechadas onde se avaliou o perfil dos sujeitos, assim como perguntas abertas das quais se avaliou a percepção dos entrevistados sobre planejamento familiar. As respostas foram transcritas textualmente no momento do interrogatório. A coleta de dados foi realizada pelas pesquisadoras no mês de novembro de 2011.

 

3.3 Análise dos dados

 

Após a aplicação dos questionários os valores encontrados foram analisados estatisticamente, utilizando gráficos e tabela, com o auxílio do Excel For Windows(2007), buscando inferir a partir da média, o nível de esclarecimento das usuárias da USF do Tomba IV.

 

3.4 Aspectos éticos

 

   Neste cenário de estudo, os sujeitos foram convidados a participar voluntariamente da pesquisa, após serem informados dos objetivos, sendo assegurado o seu anonimato e convidados a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, (APÊNDICE A), onde constam informações do estudo.

Este trabalho trouxe ferramentas para o confronto entre o material colhido e as informações obtidas através da literatura, o que proporciona condições de identificar possíveis falhas e melhorar o serviço prestado a comunidade.

 

4.RESULTADO E DISCUSSÃO

 

Participaram do estudo 50 indivíduos, em idade fértil, com vida sexual ativa. Onde estes foram questionados quanto entendimento sobre o contexto do planejamento familiar, a livre escolha do método, conhecimento sobre os métodos, dupla proteção, renda familiar, satisfação com o serviço dentre outras variáveis. Constatamos que dentre os métodos anticoncepcionais citados no decorrer deste trabalho o mais utilizado é a pílula anticoncepcional.

O presente estudo teve seus objetivos alcançados, verificamos que o perfil das usuárias é caracterizado pela carência não só de renda, como também de esclarecimentos gerais e acerca do tema. Visto que os graves problemas sociais do país estão essencialmente relacionados à questão de renda, tanto em termos de carência (trabalho precário e desemprego), como de distribuição não eqüitativa.

Diante dos dados coletados a faixa etária predominante das mulheres analisadas compreende entre os 21 e os 35 anos, maior parte vive com conjugue, sendo algumas com uniões estáveis e outras casadas e apesar de não ter nenhuma analfabeta no quadro notou-se também que embora houvesse o número significativo de 23 depoentes que concluíram o ensino médio ainda assim a escolaridade nos chamou a atenção, observou-se uma significante carência nas respostas oferecidas perante perguntas simples, onde denota não só a falta de domínio da gramática como dificuldade de comunicação.

A profissão/ocupação conforme dados obtidos nos mostra que em sua maior parte são do Lar (28 depoentes), e uma pequena parcela compreende as usuárias que possuem alguma ocupação (13 depoentes), e as demais são estudantes e desempregadas. Esses dados justificam as baixas rendas familiares conforme observado, e diante dos estudos percebemos que as populações mais pobres geralmente são as que estão expostas as maiores dificuldades como o acesso, baixa escolaridade, condições físicas das unidades precárias, como exemplo podemos constatar na Unidade do Tomba IV.

 

4.1 PERCEPÇÃO DAS USUÁRIAS SOBRE O PLANEJAMENTO FAMILIAR

 

De acordo com as observações e as falas dos sujeitos entrevistados, foi observado que poucos têm um real conhecimento sobre o que é proposto pelas consultas de Planejamento Familiar, que algumas são incapazes de citar ao menos uma palavra chave relacionado ao assunto, enquanto outros limitam-se as idéias de que estão ali apenas para adquirir de maneira dificultosa e burocrática os métodos que fazem uso.

Gráfico 1- Representação do nível de esclarecimento das usuárias sobre Planejamento Familiar.

 

 

Fonte: Dados obtidos através da pesquisa direta, 2011.

 

De acordo com o gráfico 1 fica evidente que maior parte dos entrevistados (32%) tem uma visão deturpada, e acham que os encontros mensais  de consultas de Planejamento servem apenas para a busca do método, ou seja comparam ao serviço farmacêutico, alguns citam ainda que a enfermeira dificulta o processo de recebimento destes métodos, precisando agendar para obtenção dos mesmos, o que evidencia mais uma vez o baixo nível de esclarecimento. Outros 22% alcançam um entendimento mais aproximado do que propõe o PSF, limitando o mesmo ao acompanhamento para prevenção de uma gravidez indesejada. 24% da amostra não souberam expor nem ao menos uma palavra-chave, alguns conotaram idéia de insegurança em expor uma opinião errada. E somente 22% demonstraram real conhecimento sobre o Planejamento, mesmo que com suas palavras, esta parcela de usuárias nos forneceu respostas satisfatórias que condizem com as definições de Planejamento Familiar abordadas por alguns autores citados neste trabalho.

 

4.2 CONHECIMENTO SOBRE OS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS E O DIREITO DE LIVRE ESCOLHA

 

   O gráfico 2 mostra a média de porcentagem de métodos  que cada usuário conhece ou lembra já ter escutado anteriormente alguém falar.

 

Gráfico 2- Representação do conhecimento dos usuários sobre os métodos.

 

 

Fonte: Dados obtidos através da pesquisa direta, 2011.

 

O nível de conhecimento adequado sobre métodos anticoncepcionais foi baixo para as usuárias, entretanto de ouvir falar, e saber da existência conforme foi observada no gráfico acima a maioria tinha conhecimento acima de 50% dos métodos citados durante o questionário que foram: tabelinha, método de temperatura basal corporal, método do muco cervical, método sintotérmico, coito interrompido, preservativo masculino, preservativo feminino, diafragma, espermicida, pílula anticoncepcional oral, pílula anticoncepcional injetável, contraceptivo transdérmico, DIU, pílula anticoncepcional de emergência, laqueadura e vasectomia.     Os resultados revelam assim, que a necessidade de maior disseminação de informações adequadas sobre planejamento familiar para as usuárias entrevistadas, visando a melhorar esse conhecimento para mudança de seu comportamento, mas antes é necessário a disponibilização dos métodos, pois se tratando de uma classe de baixa renda, não justifica a enfermeira orientar sobre o que não está ao alcance dessas usuárias.

 

 

Gráfico 3- Relação dos métodos mais utilizados pelas mulheres abordadas.

 

 

Fonte: Dados obtidos através da pesquisa direta, 2011.

 

De acordo com o quadro acima, fica evidente pelos relatos das depoentes que dentre os métodos mais utilizados foram citados a pílula anticoncepcional oral e anticoncepcional injetável como métodos de escolha na contracepção. Notamos que a maioria das mulheres tem conhecimento limitado sobre o leque de métodos anticoncepcionais existentes, e que a limitação é ainda maior em sua utilização conforme evidencia o gráfico acima. Apesar de serem disponibilizados outros meios contraceptivos pelas USFs, ou pelo menos serem preconizados outros meios há ainda grande restrição ao uso do anticoncepcional oral, o que evidencia a carência de informações sobre seus direitos sexuais e reprodutivos, bem como dos diversos métodos que devem ter a disposição

Gráfico 4- Participação na escolha do método contraceptivo.

 

 

Fonte: Dados obtidos através da pesquisa direta, 2011.

 

Como podemos observar no gráfico 4,  há ainda uma parcela significante de usuárias que afirmaram durante o processo investigatório não participar da escolha do contraceptivo qual faz uso, o que a principio nos leva a acreditar em uma falha na interação provedor-cliente, dificultando assim a transmissão de informações precisas. Entretanto não há como estabelecer que o problema existente é ocasionado pela falha profissional, levando em conta que para a opção por um método seja livre e informada, além da variedade, também é necessário dispor de número suficiente a ser oferecido, considerando as características intrínsecas de cada pessoa e a demanda local.

Analisando dados coletados notamos que apesar dessa ênfase programática dada ao planejamento familiar, concretizar tais ações é um desafio. Fica evidenciado que na área de planejamento familiar existem muitas dificuldades enfrentadas pelo profissional no que refere ao lidar com pessoas tão poucas instruídas, dificultando o trabalho na orientação para garantia ao direito da escolha. Mas existem mais outros pontos de estrangulamento, como por exemplo, deficiências na infra-estrutura para a assistência (área física, recursos humanos, equipamentos, instrumental, material de consumo e educativo e formulários de registro); logística de métodos adequados à demanda e apropriadamente distribuídos e a divulgação do serviço de planejamento familiar. Essa constatação afirmar que as dificuldades encontradas pelas usuárias se por um lado é devido a carência de recursos e métodos contraceptivos, por outro lado nos leva a crer que o nível de instrução escolar prejudica o esclarecimento destas usuárias quanto ao planejamento familiar.

 

 

 

 

5.CONCLUSÃO:

 

Por meio desta pesquisa verificou-se que o baixo nível de esclarecimento das usuárias incluídas no USF do Tomba IV está altamente ligado a pobreza e as condicionantes que existem neste meio, bem como a renda, o baixo nível de escolaridade e qualidade do ensino prestado, o que dificulta muitas vezes este usuário a exercer o direito de livre escolha do método contraceptivo, mas não é só este o problema que vem a intervir neste direito, visto que não é encontrada a variedade de opções de meios anticoncepcionais na Unidade conforme o que propõe o PSF. Assim, com a variedade limitada e com alguns desses métodos também disponíveis em pequenas quantidades o enfermeiro se ver na obrigação de priorizar casos e de “tirar” o direito de escolha de algumas usuárias, levando em conta que conforme explanado anteriormente estas usuárias tem uma renda muito baixa e não possui condições financeiras de financiar sua possível escolha em unidades privadas.

            O objetivo geral de analisar o perfil e o nível de esclarecimento das usuárias foi alcançado no presente estudo, que também trouxe resposta à questão norteadora inicial.

Os objetivos específicos também foram alcançados visto que foi possível conhecer o perfil destas usuárias, identificar os métodos que mais utilizam e o que elas levantaram como queixa no serviço prestado, porém as queixas não puderam ser consideradas visto que o seu esclarecimento sobre o planejamento familiar eram baixos, o que as levaram a fazer queixas descabidas de acordo à situação.

Seguindo o raciocínio dos autores citados e verificando o resultado do estudo realizado, é possível perceber que a educação em saúde é ponto primordial para que ocorra a adesão ao programa de planejamento familiar e qualquer outro programa de saúde que seja oferecido pelos serviços do SUS, mas que é preciso também que o público tenha uma educação base, possuam condições para captar informações e entende-las assim como é preciso também o cumprimento dos direitos que os amparam como recursos humanos, estrutura física, material de insumos e educativos adequados à demanda. Assim, com o acolhimento pela equipe de saúde e a disponibilização dos insumos necessários, a usuária terá um incentivo a mais para aderir às orientações a fim de seguir efetivamente ao programa de planejamento familiar.

 

 

 

6.REFERÊNCIAS:

 

BRASIL. Construindo e reformando as unidades básicas de saúde. 2004. Disponível em: . Acesso em: 20/05/2011.

 

BRASIL. Saúde Brasil 2008. 2009. Disponível em: . Acesso em: 19/05/2011.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Lei n° 9.263, de janeiro de 1996. Disponível em: . Acesso em: 16/05/2011.

 

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisas. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2010.

 

DÍAZ, M.; DÍAZ, J. Qualidade de Atenção em Saúde Sexual e Reprodutiva: Estratégias para Mudanças. In: GALVÃO, L; DÍAZ, J. Org(s) Saúde sexual e reprodutiva no Brasil. São Paulo: Hucitec Population Council,1999.

MONNERAT, G. L.; SENNA, M. C. M.; SOUZA, R. G. Entre a formulação e a implementação: uma análise do programa saúde da família. In: BRAVO, M. I. S. et al (org.). Saúde e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 2006.

SILVA, E; ALVES, J; SILVA, L; Perfil Epidemiológico das Usuárias do Planejamento Familiar da Unidade de Saúde da Família de Santo Antônio dos Prazeres em Feira de Santana- BA, 2003-2004. Ipas Brasil. Brasília, p.2, novembro. 2007. Disponível em: . Acesso em: 17/05/2011.

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