Ética no ensino de filosofia
ÉTICA E CONHECIMENTO
PRESENÇA DA ÉTICA NO ENSINO DE FILOSOFIA
SILVA, Alex Angeleu da. ¹; OLIVEIRA, Derval Fagundes de.¹; CURY, Fabio Romeiro.¹; MONTAGNER, João Marcos.¹; MIGUEL, Maiara Rúbia. ¹; SALVUCCI, Mara.²
¹Graduandos da Faculdade de Filosofia da Pontificia Universidade Católica de Campinas.
² Professora titular da Pontificia Universidade Católica de Campinas.
RESUMO
Este artigo tem como objeto de estudo a filosofia e, mais especificamente a relevância do ensino de ética na educação como base fundamental no desenvolvimento de princípios e valores para guiar, nortear e orientar a conduta humana em suas relações sociais numa perspectiva de compreensão conceitual e filosófica para se atingir uma maturidade reflexiva e crítica do meio em que se vive, tornando a filosofia o “órganon” construtor e transformador numa conexão responsável, criativa e estimulante entre conhecimento ético e sua praticidade.
Além da importância da formação ética do individuo, devemos buscar a educação integral, comprometida com a liberdade e com a formação do cidadão consciente do seu papel no desenvolvimento de uma sociedade mais justa.
Isto será alcançado à medida que cada indivíduo conhecer e praticar seus deveres e obrigações e, a filosofia surge como conexão motivadora entre o aluno e o conhecimento necessário para as mudanças de uma educação autoritária para outra mais livre e democrática.
Palavras chave: filosofia, ética e ensino.
ABSTRACT
This article has the study of philosophy as objective, especially the relevance of ethical education in schools as base of principles and values developments to guide, the human conduct in their social relations in a perspective of philosophic comprehension to reach the reflective maturity and critical of the place we live, making philosophy the “Órganon” constructor in a responsible connection between ethical knowledge and your practice.
Beyond the importance of ethical development the person, we need to search the integral education compromised with freedom and development of conscious citizens about your part in the development of a just society.
This will be reach when each person start to know and practice your commitment, and philosophy comes with a motive connection between the student and the necessary knowledge to change the authority education to another one democratic and free.
Key words: Philosophy, ethical, education.
INTRODUÇÃO
O principal objetivo deste artigo é trazer um conhecimento parcial existente no ensino de filosofia, que diz respeito à ética e ensino, e como está presente no desenvolvimento da referida disciplina
O ensino de filosofia é algo novo para o ensino médio, já que foi considerada indispensável no currículo, em 2008, quando a Lei 11.684/08 revê o artigo 36 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, assim fazem-se necessários métodos de ensino e a aplicação de conceitos filosóficos.
A ética e ensino são conceitos essenciais para serem abordados, sendo que contemplam ideias de Silvio Gallo e outros que abordam modelos de ensino, produção coletiva de conhecimento, métodos de filosofar e ainda os métodos de ensino de filosofia no Brasil e no mundo, sem esquecer-se da presença da ética, tendo como base os conceitos do filosofo Aristóteles.
A partir de um levantamento teórico em diferentes obras e autores, analisando diferentes teorias acerca da aplicação da ética no ensino de filosofia, demonstrando através de alguns pensamentos de grandes filósofos e escritores essa discussão.
1. ÉTICA NO ENSINO DE FILOSOFIA
Quando afirmamos que não podemos ser detentores do conhecimento, e que o mesmo deve ser compartilhado com todos, esquecemos que deve ser utilizado métodos para que a propagação desse conhecimento possa ser realizada com êxito.
A filosofia é um dos conhecimentos que deve ser compartilhado, por isso o governo com a Lei 11.684/08 revê o artigo 36 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que estabelece a obrigatoriedade da disciplina de filosofia no ensino médio.
Em um país onde tem a maior desigualdade de renda por conta de sua desigualdade educacional, a tentativa de democratizar o ensino de filosofia pode ser um dos passos para reestruturação e ainda promove o dialogo e integração entre as diferentes disciplinas, pois um dos esforços da filosofia é caminhar em busca do sentido de tudo.
Além da importância da formação de indivíduos que saibam viver bem em coletividade e comprometidos com a liberdade, temos a necessidade da educação integral, que constitui ideias práticas que são dividas em: educação do intelecto, categoria na qual enquadra a disciplina de filosofia, que preza pelo desenvolvimento intelectual; educação física, que promove a recreação e a educação profissional, a qual prepara o individuo para o mercado de trabalho.
Para que o principal objetivo da educação integral possa ser atingido, é preciso educar o individuo de maneira que este conheça sua função por si próprio, e a filosofia é um dos fatores que contribui para concretização dessa educação.
A disciplina filosofia quando tratada com seriedade e aplicada de maneira adequada pode ser utilizada como ferramenta para formação ética das crianças e jovens.
No texto a ética e cidadania no ensino de filosofia, Silvio Gallo afirma:
“Penso que uma educação visando uma formação ética autônoma deve,necessariamente, passar por processos distintos, fundados na produção de valores próprios, na consciência de que os valores não são eternos e universais, mas historicamente produzidos por indivíduos concretos.”
A educação visando à formação ética vai muito além de transmitir conhecimentos da historia da filosofia, necessita de processos na produção de valores próprios, ou seja, o método utilizado em uma escola no Nordeste deverá ser diferente de uma escola no Sudeste, já que os valores próprios possuem influencias regionais, por isso não podemos tratar os valores como universais e devem ser produzidos por indivíduos concretos: professores.
Para entendermos melhor a ética, devemos analisar o documento Parâmetros Curriculares Nacionais-Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental, onde resumidamente argumenta que, a responsabilidade é o núcleo da ação moral e para responder, é importante a existência de outros elementos, a qual se faz necessário a liberdade, pois se o individuo não pode fazer sua escolha entre a obediência e transgressão, não pode ser responsabilizado.
Por isso a consciência está diretamente ligada, ou seja, ainda que exista a liberdade, se o individuo não conhecer seu dever, ele não analisará suas implicações e não empenhará em cumpri-las, logo o individuo deve conhecer seu dever. No ponto de vista da ética, o que demanda é a co-responsabilidade, a partilha de deveres e poderes.
Nesse ponto, a questão que podemos levantar é: Como o ensino de filosofia poderá tratar a temática da ética de maneira eficaz?
Primeiro, o ensino de filosofia não pode ser pautado para construção de um “homem universal”, segundo Silvio Gallo que levanta essa problemática baseando-se no livro A Gaia Ciência, §115, onde Nietzsche afirma:
“Os quatro erros. A educação do homem fez-se através de seus erros: em primeiro lugar, viu-se sempre apenas como imperfeito; em segundo lugar, sentiu que, na hierarquia dos seres, ocupava uma posição falsa em relação ao animal e à natureza; em quarto lugar, foi inventado sempre novos quadros de valores que, durante algum tempo, considerava eternos e absolutos, de modo que ora este ora aquele impulso e estado humanos passavam a ocupara primeira posição, e era sobrevalorizado como conseqüência dessa apreciação. Se abstrair o efeito destes quatro erros, abstrair-se-à também a humanidade, a natureza humana e a “dignidade humana””
Além disso, a disciplina não pode ser pautada em ensinar a historia da filosofia, mas sim em levar as crianças e adolescentes a filosofar, a elevar o senso crítico, é preciso criar um intermédio entre o método de ensino e o individuo.
Na Itália, existem tendências da didática da filosofia, no qual os alunos são motivados a desenvolver temas e argumentos por meio da reconstrução das teses mais significativas presentes na história da filosofia, ou seja, através do acompanhamento do professor e da leitura das obras, os alunos desenvolvem sua própria argumentação.
Esse é um exemplo que encaixa na argumentação baseada em Nietzsche que o Silvio Gallo levantou, não podemos tratar o aluno como individuo universal, devemos tirar o mesmo da rotina e motivá-lo a criar seu ponto de vista em relação a certas teorias filosóficas, colocando-o em contato direto com as obras. Dessa forma, o aluno não é colocado como “individuo universal”.
Segundo ponto, a ética deve ser entendida como um meio de fazer o intermédio entre os direitos e deveres, ou seja, deve ser feita a conexão com a co-responsabilidade que garante a ação moral.
Cumprindo esses objetivos são elencados três valores básicos: dignidade da vida humana, justiça, respeito mutuo e solidariedade que leva um amplo trabalho com a filosofia para influenciar o ensino das crianças e adolescentes.
Não podemos desligar a ética da filosofia, pois como já foi explanado anteriormente, um dos objetivos é caminhar em busca do sentido de tudo, e a ética está dentro dos assuntos, no qual a filosofia busca sentido.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com isso podemos acreditar que o ensino de filosofia é um dos meios de almejar a formação ética dos indivíduos e ainda concluir o quão importante é a presença da disciplina nas escolas.
A propagação desse conhecimento vai muito além do que simplesmente a detenção de conhecimento, mas sim a importância da formação das crianças e jovens.
A ética que presa pela particularidade da mesma maneira que o ensino depende de investimentos do Estado para garantir o suporte necessário levando a instrução para os professores, a ponto de criar agentes transformadores.
Não estamos afirmando que outras disciplinas não possam desenvolver o senso crítico dos alunos, mas que por meio da filosofia chegamos mais fundo em uma problemática colocando as crianças e adolescentes em contato direto com o filosofar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Alberto Carlos. A ética no Brasil: a cabeça dos brasileiros/ Centro de integração empresa-escola – São Paulo: CIEE, 2008. 54p. (Coleção CIEE; 105).
CORNELLI, Gabrielle, CARVALHO, Marcelo & DANELON, Márcio. Filosofia: ensino médio – Brasília: Ministério da educação, Secretaria da educação básica, 2010. 212 p.:IL. (Coleção explorando o ensino; v.14)
MEC-SEF (1997). Parâmetros curriculares nacionais- terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental – Ética – Brasília: outubro (versão preliminar), p.11-12.
Nietzsche, F. (1998). A gaia ciência – Lisboa: Relógio D’Água. P. 32.
Silvio Gallo, Walter Omar Kohan. Filosofia ensino médio, V.6- São Paulo, Vozes, 2000.
