Qual a vocação de sua empresa?



O atual panorama do mercado de trabalho, em geral, é muito diferente do mesmo mercado, há vinte anos. As mudanças decorrentes no mercado não são unilaterais, mas sim de ambas as partes. Muito embora a valoração do capital humano elevou a importância do fator humano nas organizações, e pudesse acentuar as mudanças para o lado das organizações, houve significativas alterações do lado do colaborador, em face ao seu olhar sobre a organização.

Em igual importância em saber o que atrai um profissional para uma organização, é saber de que forma esse profissional enxerga a organização. Para Peloso e Yonemoto (2010) dois são os fatores de atração para uma organização: a imagem e a oportunidade oferecida. Mediante a este contexto, emerge a seguinte questão – Qual a imagem de sua empresa? Mas para responder a esta questão, faz-se necessário responder primeiramente a outra questão – Qual a vocação de sua empresa?

A priori, destaca-se de uma forma bem simplista que vocação é um chamado. Logo, a vocação de sua empresa é o seu chamado. Neste sentido, a vocação de sua empresa determinará o perfil de profissional que ela atrairá. Para detectar qual a vocação é necessário saber qual a imagem que ela emite para a comunidade e o mercado de trabalho como um todo.

Um método eficaz de conhecer a imagem da empresa é relaciona-la com uma metáfora. “Usar uma metáfora implica um modo de pensar e uma forma de ver que permeia a maneira pela qual entendemos nosso mundo em geral” (MORGAN, 1996 p.16). Sendo assim, utliza-se três metáforas a fim de relaciona-las com os diferentes modelos de empresas. E são elas: as organizações vistas como PONTE; as organizações vistas como TRAMPULIM; e as organizações vistas como ESTRADA.

Neste sentido, as metáforas contemplam o grau de maturidade e estrutura das organizações, partindo da metáfora PONTE como organização menos atrativa e menos estruturada, TRAMPULIM como intermediária e por fim, ESTRADA como organização mais estruturada e atrativa pelos profissionais. Cabe ressaltar, que as metáforas apresentadas não devem ser compreendidas com grau generalista, uma vez que “as organizações são fenômenos complexos e paradoxais que podem ser compreendidos de muitas maneiras diferentes” (MORGAN, 1996 p.17). Ressalta-se ainda, que algumas organizações não se encaixaram puramente em umas das metáforas apresentadas, podendo ser composta por mais de uma das metáforas.

A organização vista como PONTE é a empresa em que os profissionais a enxergam como uma passagem, ou seja, apresentam baixo grau de atração, o que desencadeia o desejo de permanecer nela por pouco tempo. Este modelo de organização, em geral, não oferece remuneração adequada aos cargos oferecidos e costuma contratar profissionais com qualificações acima das exigidas pelo cargo, o que futuramente pode acarretar em frustração no colaborador, detém alto grau de morosidade em absorver as mudanças do mercado de atuação, apresenta-se de forma recessiva as inovações nos processos internos, engessada em modelos mentais e paradigmas, com uma cultura altamente centraliza no gestor da empresa, baixo grau de autonomia e ausência de plano de carreira.

Entretanto, muitas dessas organizações apresentam essas características involuntariamente, ou seja, por ausência de recursos financeiros ou tempo de vida, o que impede de apresentar uma estrutura condizente com o que ela enxerga como ideal.

A organização vista como TRAMPULIM é próxima ao modelo anterior, porém, possibilita maior grau de autonomia nas tomadas de decisões, cultura menos centralizadora, apresenta maior abertura a mudanças nos processos internos e cargos mais desafiadores. Ela é enxergada como TRAMPULIM, pois o profissional visualiza a oportunidade de desenvolver sua carreira enquanto colaborador da empresa. Porém, utiliza-se da empresa como vitrine e mola propulsora para empresas maiores, por meio da visibilidade que esta organização tem no mercado.

A organização vista como ESTRADA é o oposto da PONTE. É enxergada dessa forma, uma vez que a estrada, em geral é longa e leva a destinos distantes, mas alcançáveis. Nesta organização o profissional sente-se atraído pela segurança oferecida, oportunidade de mostrar o seu potencial e reconhecimento monetário e social que poderá receber.

Mediante a esta breve exposição das metáforas, a questão se coloca novamente – Qual a vocação da sua empresa? Respondendo a essa questão, consequentemente descobre-se a sua imagem.

Nem todas as empresas chegarão a ser uma ESTRADA, mais é possível que uma PONTE possa vir a ser uma ESTRADA. A possibilidade existe com trabalho e determinação da diretoria. Uma pequena empresa dificilmente será ESTRADA, enquanto empresa pequena, mais a partir de seu crescimento a sua imagem possivelmente será alterada.

Para as organizações vistas como PONTE não se desespere, pois não quer dizer que todo profissional atraído, ficará nela por pouco tempo, uma vez que cada indivíduo possui sua lente pela qual enxerga o mundo, e, é motivo por suas necessidades. E acredite, ainda existem profissionais que enxergam uma PONTE como uma ESTRADA e uma ESTRADA como PONTE.

REFERÊNCIAS

MORGAN, G. Imagens da Organização. 1 ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 1996 p.389

PELOSO, A. C. YONEMOTO, H. W. Atração, desenvolvido e retenção de talentos. 2010. Disponível em: Acessado em 30 Abr 2012.


Autor: Ricardo Da Silva Garcia


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