Nas trilhas dos trilhos



A história das ferrovias no Brasil pode ser resumida em duas palavras: conquistas e abandono.

Montanhas foram escavadas para que nelas fossem construídos túneis ou passagens, aterraram brejos e depressões no terreno, pontes foram feitas sobre rios, viadutos em precipícios e contenção de encostas.

Foram construídas estações ferroviárias, vilas de operários, oficinas de manutenção e criadas áreas para plantio de árvores para fornecer dormentes e carvão. 

Milhares de quilômetros de chão foram compactados, nivelados e verificados para que os trilhos não tivessem deformações verticais ou horizontais com a passagem dos trens.

Os trilhos são, ao mesmo tempo, a certidão de nascimento de uma linha ferroviária e os vestígios pelos lugares por onde já passaram estes grandes dinossauros chamados locomotivas.

Nos caminhos onde os trilhos foram retirados, enterrados ou roubados na cumplicidade entre o descaso e a desonestidade, ficaram apenas túneis e pontes como testemunhas de um passado repleto de esforço esquecido. Os dormentes e a brita usados na linha férrea também são recolhidos e usados para obras, legais e ilegais.

Um caminho ferroviário, destituído de seus trilhos, se torna apenas uma trilha, como tantas outras que foram abertas de forma espontânea pela necessidade, sem maiores planejamentos ou obras.

É a comprovação da possibilidade do retrocesso e do desperdício que a falta de visão a longo prazo pode causar em uma comunidade.

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Autor: Sylvio Mário Bazote


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