Bem-aventuranças do docente



BEM-AVENTURANÇAS DO DOCENTE

 

Idanir Ecco[1]

 

O significado do termo bem-aventurado relaciona-se ao estado profundo de bem-estar, de felicidade completa, como indica as duas palavras que compõe o vocábulo em questão: “bem”, nesta situação, expressa aquilo que enseja as condições ideais ao equilíbrio e ao progresso de uma pessoa, colocando-a no ápice de sua realização pessoal; “aventura”, do francês, aventure, o que vai acontecer a alguém. Portanto, bem-aventurar é tornar alguém feliz.

Considerando o contexto multifacetado da educação formal indaga-se: em que reside ou se fundamenta a possibilidade do docente em ser feliz, ser bem-aventurado? Apropriando-me, literalmente, de palavras/afirmações do Patrono da Educação Brasileira (Paulo Freire), ouso apresentar bem-aventuranças do docente, solucionando a provocação registrada acima.

Bem-aventurado o docente que assume efetivamente que ensinar não é transferir conhecimento, porque ao construir/reconstruir conhecimentos e saberes, estará edificando e renovando a si mesmo, na perspectiva do Ser Mais.

            Bem-aventurado o docente que planeja suas ações com rigorosidade metódica, porque superará o espontaneísmo e a superficialidade, elementos passíveis de identificação no contexto da educação formal.

            Bem-aventurado o docente que respeita os saberes dos educandos, porque, não somente será respeitado, como também, o conteúdo por ele ensinado estará conectado com a realidade concreta e será significativo para os sujeitos envolvidos no processo educacional.

            Bem-aventurado o docente que ensina com alegria e esperança, porque, apesar de tudo, sentir-se-á fortalecido, otimista e encantará seus educandos no desenvolvimento das atividades didático-pedagógicas.

            Bem-aventurado o docente que desperta a curiosidade do aluno, porque, concomitantemente, ampliará a sua própria curiosidade, base para o aprender e para o ensinar, pois inquieta e insere na busca.

            Bem-aventurado o docente que cultiva a humildade no seu que-fazer pedagógico, porque, ao superar a arrogância farisaica, viabilizará, eficazmente, o ato de ensinar e de educar.

            Bem-aventurado o docente que leva a sério sua formação, que estuda, que cuida da sua aprendizagem, porque, aprendendo, perceberá ser possível ensinar e, assim, além de segurança e competência profissional, terá força moral para coordenar as atividades de sua classe.

Bem-aventurado o docente que sabe escutar, porque, escutando aprenderá a falar com o outro, a dialogar com os educandos, recuperando, no processo educativo, a comunicação pedagógica criadora.

Bem-aventurado o docente que quer bem aos educandos e à prática educativa de que participa, porque sua experiência pedagógica constituir-se-á num ato de humanização e de realização enquanto educador, pois prevalecerá, em suas relações, o respeito, a confiança e a benevolência profissional.    

A grande meta do ser humano é viver sua vida, realizar o seu existir em plenitude: ser feliz. E para alcançar a felicidade não são medidos esforços; nem os sofrimentos, angústias ou limitações desvanecem o referido anseio.

Projetar-se para o mundo e para a existência é condição ontológica dos humanos. Portanto, ser bem-aventurado está ao alcance de todos, pois somos (co)criadores do porvir, apesar de interferências.

 


[1] Mestre em Educação UPF/RS e Professor da URI Erechim/RS. [email protected]


Autor: Idanir Ecco


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