Eu, o outro, o novo contexto univers(o)idade



Eu, o outro, o novo contexto univers(o)idade

            Maria Arabela Sampaio campos                                             

            Estou em estado de êxtase! A ficha ainda não caiu. Tudo é muito novo, mas estou tentando absorver e vivenciar todas as mudanças e acontecimentos que estão ocorrendo no meu interior e ao meu redor gradativamente... Imagino quantas guerreiras como eu, podem estar vivendo essa mesma situação: ingressando numa universidade após duas décadas de afastamento das salas de aula. A adrenalina é grande! O estrago foi feio! As mudanças em meu ambiente familiar e de trabalho são facilmente percebidas. Sou cercada a todo instante de atenções e de incentivos por parte de meus familiares colegas de trabalho, filhas e esposo que acompanharam minha trajetória e estão visualizando a grande ajuda que veio do alto na realização de um grande sonho pessoal e profissional. Porque compreendem a importância desse apoio necessário e indispensável que tanto preciso agora para adaptar-me a esse momento de gente grande que pensa e vai à luta independente de seus antigos conceitos e limites.

            A longa espera após o resultado do vestibular estava chegando ao fim após os exames, a entrega de documentos, a matrícula, tudo parecia irreal. Havia o medo de descobrir que tinha sido um sonho e que a qualquer momento iria acordar e perceber que nada daquilo era verdade... Por que demora tanto?! Enfim chegou o primeiro dia, a ansiedade começava aos poucos a ser dissipada. Ao participar da aula magna, me vi entre doutores assistindo a uma palestra cheia de considerações e reivindicações, mas ainda faltava conhecer os professores, estar com os colegas de sala, pegar os horários, passar uma noite em claro lendo um livro para uma avaliação no outro dia... Coisas que um dia ouvi a respeito da UEFS, e agora que chegou a minha vez, desejo também passar por tudo que um dia ouvi. Viver, compartilhar as ideologias, as lutas, as conquistas, as realizações pessoais e financeiras que eu possa usufruir afinal, todos esses anos ouvi que não tinha uma condição melhor porque havia desistido de chegar ao cume da montanha em prol de um sonho romântico, ao optar pelo casamento, no momento em que deveria ter dado continuidade aos estudos após a conclusão do ensino médio.

            Agora faço o percurso contrário tentando resgatar o tempo perdido, ou não, porque agora tenho o suporte gratificante e necessário que não teria aos 20 anos: minhas filhas que vivem o mesmo momento acadêmico que eu e meu esposo que me incentiva dando-me suporte necessário e achando o máximo me ver entusiasmada, renascendo e realizando sonhos... Sinto que é um pouco o sonho dele também...

            Sei que não será fácil, mas estou disposta a absorver de cada professor o que ele tiver para me oferecer, vivendo essa rica experiência com amor e dedicação para que eu possa daqui a quatro anos, fazer jus aos louros da vitória.

 

Arabela 20/10/2007


Autor: Maria Arabela Sampaio Campos


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