A origem e a construção do pensar segundo Piaget e Freud
A origem e a construção do pensar segundo Piaget e Freud
Rafael Rodrigo da Silva
Introdução
Este trabalho se objetiva em um excercício de trazer as teorias de Jean Piaget e Sigmund Freud, expondo os principais conceitos dos autores vistos como fundamentais para se entender o modo de funcionamento da mente humana, o pensar.
A origem e a construção do pensar segundo Piaget
A teoria do desenvolvimento intelectual segundo Piaget possui fundamentos biológicos pelo fato do mesmo possuir sua formação em biologia. Piaget diz que atos biológicos são atos de adaptação ao meio físico e que ajudam a organizar o ambiente e os atos intelectuais são entendidos como atos de organização e de adaptação intelectual ao meio. Wadsworth em seu livro “Inteligência e Afetividade da Criança na Teoria de Piaget”, traz quatro conceitos básicos mostram o processo de organização e adaptação intelectual (esquemas, assimilação, acomodação e equilibração). Para o autor, esquemas são estruturas mentais ou cognitivas pelas quais os indivíduos intelectualmente se adaptam organizam o meio, são estruturas que se adaptam e se modificam com o desenvolvimento mental. A assimilação é o processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra um novo dado perceptual, sendo que este não resulta em mudança de esquema, porém, afeta o crescimento deles e possibilita a ampliação deles. A criação de novos esquemas se da através da acomodação. A acomodação é a criação de novos esquemas ou a modificação de velhos esquemas. Wadsworth exemplifica a acomodação dizendo que quando a criança se confronta com um novo estimulo tenta assimilá-lo em esquemas já existentes e quando isso não é possível, pode fazer duas coisas: criar um novo esquema no qual possa encaixar o estímulo (novo arquivo) ou modificar um esquema prévio de modo que o estímulo possa ser nele incluído. Logo acomodação é a criação de novos esquemas ou modificações de velhos esquemas. Existe um estado de balanço entre assimilação e acomodação o (equilíbrio), e, a passagem de um desequilíbrio para um equilíbrio é a equilibração. O desenvolvimento cognitivo é desenvolvido por fases, sendo os esquemas de adultos construídos a partir dos esquemas de criança. Na assimilação, o organismo encaixa os estímulos a estruturas já existentes, na acomodação o organismo muda a estrutura para encaixar o estimulo e a equilibração é o mecanismo interno que regula esses dois processos. Piaget em sua teoria da construção do desenvolvimento cognitivo o divide em quatro estágios. Em um artigo de Malcon Tafner “A Construção do Conhecimento Segundo Piaget” os estágios foram definidos de forma resumida, sendo o primeiro, sensório motor (0 a 2 anos de idade) onde a partir de reflexos neurológicos básicos o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio. Esse estágio é marcado pela construção prática das noções de objeto, espaço, causalidade e tempo e as noções de espaço e tempo são construídas pela ação, configurando uma inteligência essencialmente prática. O segundo estágio é o pré-operatório (dos 2 aos 7 anos), onde nessa fase, surge na criança à capacidade de substituir um objeto ou acontecimento por uma representação, sendo está substituição possível graças a função simbólica. Complementando esse estágio com Wadsworth, nesse estagio aparecem como evidencia na criança imagens mentais, a linguagem, a linguagem falada, o desenvolvimento social e afetividade, onde o pensamento e o comportamento de uma criança é egocêntrico, não possui capacidade de raciocinar com sucesso sobre transformações (raciocínio transformacional), tende a limitar sua atenção referente a aspectos perceptuais (centração) e acontece a não conservação de quantidade e de números (conservação) e ( conservação de números). O estágio onde a criança desenvolve as noções de tempo, de espaço, velocidade, ordem e causalidade acontece no estágio operatório concreto (7 aos 11 anos) e a habilidade que se destaca nessa fase é o desenvolvimento da reversibilidade, a capacidade de uma representação no sentido inverso. O operatório formal e o quarto e último estagio sendo neste estagio o momento que as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado, aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas.
A origem e a construção do pensar segundo Freud
Sigmund Freud foi um médico judeu neurologista e psiquiatra que viveu em Viena por grande parte de sua vida na segunda metade do século XIX e século XX. Freud foi o criador da Psicanálise que é o campo de hipóteses sobre o funcionamento da mente humana e o mesmo conclui que o homem não é apenas um ser racional, há impulsos irracionais que os influenciam. O conceito de inconsciente é o ponto central da teoria psicanalítica e para o autor, inconsciente é a parcela da vida mental não que estamos cientes, impulsos, idéias, desejos, medos que operam de modo velado e exercem poderosas influencias sobre nossas atitudes e comportamentos (Kahn, p. 24-25). Através de sua experiência clínica, Freud diz que o psiquismo não se reduz ao consciente e que certos conteúdos só são possíveis à consciência após serem superadas certas resistências. Revelou que a vida psíquica é povoada de pensamentos eficientes embora inconscientes, de onde se originavam os sintomas. Freud localiza o inconsciente não como um lugar anatômico, mas um lugar psíquico, com conteúdos, mecanismos e uma energia específica. Um importante aspecto na teoria Freudiana sobre o inconsciente e que segundo o autor episódios conscientes obedecem leis do processo secundário o principio da realidade e processos primários e leis do principio do prazer. Diz que nossa vida psíquica possui três instancias, o ID que seria parte inconsciente formada por instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes, o superego, que é a nossa consciências e representa nossa absorção mental dos padrões e proibições do nossos pais e da sociedade e o ego, que seria o mediador entre o ID, o superego e o mundo exterior, obedece o principio da realidade. Segundo Kusnetzoff (1982), o Inconsciente é a parte mais arcaica do aparelho psíquico. As representações contidas no inconsciente são chamadas de representações de coisa. Essas representações são fragmentos de reproduções de antigas percepções de todos os sentidos, dispostas como uma sucessão de inscrições, como um arquivo sensorial: um conjunto de elementos despidos de palavras, cuja inscrição foi feita numa época em que não existiam palavras (na primeira infância do sujeito). Por isso as representações inconscientes formam "verdadeiros fantasmas, carregados de energia proporcionada pelas pulsões" e as representações de coisa operam em conjunto com a energia pulsional. Elas possuem um fácil deslocamento e livre descarga, através do processo primário, passando de uma representação para outra por meio dos mecanismos de deslocamento (substituição e descentramento de importância dada ao conteúdo) e condensação (abreviação, omissão e combinação de conteúdos) Uma forma de explicitar que nossa mente é movida por forças inconsciente, foi através da parapraxia ou atos falhos, onde na fala, na escrita ou esquecimentos são movimentações indesejadas de nossa mente. De acordo com (Laplanche e Pontalis, 2001) os atos falhos constituem naquilo cujo resultado visado não foi atingido, onde o sujeito atribui as ações que ele não conseguiu realizar , derivadas de sua distração por acaso. Os sonhos também foi estudado por Freud, sendo este uma forma de acesso ao inconsciente, e para o autor, uma vez que o modo de funcionamento dos sonhos fosse compreendido pelo interpretante eles revelariam os desejos inconscientes mais importantes. Outra teoria a ser destacada, foi à teoria da sexualidade infantil, pois Freud ao observar os fatores determinantes dos sintomas da neurose no adulto, compreendeu que os primeiros anos da criança possuem uma importância especial, nessa fase ocorre o surgimento da sexualidade e que deixa conseqüências decisivas para a vida sexual na maturidade (Azevedo, p.25). Para o autor, o desenvolvimento psicosexual se da em três fases: a primeira, fase oral, a criança sente prazer através da boca (ingestão de alimentos e sucção do seio materno). A segunda fase é chamada de fase anal, onde o prazer está localizado primordialmente nas excreções e feses, e a terceira é a fase genital ou falácia, onde o prazer está principalmente nos órgão genitais e partes do corpo que excitam tais órgãos.
Referências
KUSNETZOFF, J. C. Introdução à psicopatologia psicanalítica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.
KAHN, M. Freud básico - pensamentos psicanalíticos para o século XXI. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
LAPLANCHE, J.; PONTALIS J. B. (1982). Trad. Pedro Tamen. Vocabulário da psicanálise. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
TAFNER, Malcon. A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO SEGUNDO PIAGET. Artigo dosponivel em: www.cerebromente.org.br/n08/mente/.../construtivismo.htm Acesso em: mar. 2010.
WADSWORTH, Barry J. Inteligência e afetividade da criança na teoria de Piaget fundamentos do construtivismo. 5. ed. São Paulo: Pioneira, 1997.