Politicagem Indiligente



Em tempos da politicagem caótica que assola Juiz de Fora, é uma verdadeira agonia e perniciosa lamúria ver os caminhos tomados pelas eleições municipais de 2008.

Sem necessidade de discursar aqui a respeito da velha hegemonia que assola a cidade há anos, me aterei a algo mais efêmero, a candidatos que infelizmente acham que tem autonomia ou efervescência na cidade.

Não os desmerecendo, porém conscientemente o fato de que em determinados casos promessas extrapoladas são coisas muito sérias quando se tem determinada influencia pública.

Nessas eleições temos personagens com papéis muito claros.

Temos aqueles que sempre estiveram aí e sempre disputaram entre si a tão aclamada cadeira do executivo, sem muita diferença entre um e outro, aliás, a sensação que se tem nas ruas hoje é que um deles está mais a revelia, servindo apenas de apoio a divisão de votos do outro ou simplesmente uma chapa segura para a disputa do segundo turno, não mais que isso.

O mais fervoroso deles investe pesado, mostra extrema cautela diante das câmeras e do próprio eleitorado, parece já estar certo da vitória, tomando o devido cuidado de ter como aliado-concorrente seu velho companheiro de eleições, num jogo muito bem armado e de cartas marcadas, um plano B, na possibilidade de outro candidato ter um levante de votos representativo.

O parceiro-candidato prefere se reservar ao máximo, fazendo apenas um bom papel, simples, básico, sem alardes e pouco investimento prático. Estranho pra uma imagem que tanto se debateu em outras disputas ao cargo mor municipal, atacando os remanescentes, digladiando de igual pra igual com os velhos conhecidos ou dividindo forças com hegemonias subjugadas.

Depois temos um candidato novo nos palanques, mas com um apelo político muito forte por ter o domínio da cadeia de mídia mais influente da cidade. Vários meios de comunicação a seu favor, comunicadores propiciando tendo seus prestígios próprios convertidos em votos para o patrão.

Ressalto, no entanto, que cada um pode e deve usar de todos os meios possíveis e disponíveis para alcance seus propósitos, ideologia aplicável inclusive na política, porém o bom senso deve ser um princípio basilar, principalmente quando o assunto é a administração de uma cidade com mais de 500.000 habitantes.

A respeito ainda do citado candidato, a última promessa relativa a saúde foi desmensuradamente esdrúxula, é inconcebível tratar a população como fantoches dessa forma. Já é clichê o fato da política admitir desordenadamente promessas quase impossíveis, porém muitas das promessas feitas por tal chapa vêm ultrapassando os limites do absurdo.

É ridículo apresentar propostas absolutamente inviáveis diante do cofre público deficitário de nossa cidade, esfolado pela situação precária diante dos tenebrosos escândalos advindos do executivo.

Ainda mencionam órgãos federais como a ECT numa possível parceria a tal idéia dispensável, principalmente estando o candidato na qualidade de chefe da esfera executiva.

Se essa é então a solução integral ou parcial do escabroso cenário da saúde na cidade, que tome ele próprio, como empresário, a iniciativa de tal ato perante a sociedade, já que sempre aparentemente se mostrou tão engajado nas políticas públicas em favor da grande massa. Retirando assim dinheiro do próprio bolso para enviar medicamentos nas residências de qualquer morador da cidade como estabelece em tal promessa de governo, afinal seria a única forma, mesmo na qualidade de prefeito, de prosseguir com tal compromisso.

Sem falar em tantas outras excêntricas propostas apresentadas através do partido, exibindo também idéias relativas ao transporte público, já tão arranhado em sua imagem, desde a administração passada nos escândalos a la B. Jane, e através das políticas dele próprio nas idas e vindas do fracassado terminal da zona norte; agora querem adotar serviço de metrô em nossa expansiva, porém modesta cidade; que se aconchega em bem menos hectares e bem menos habitantes, que a citada cidade-modelo do projeto, Curitiba. Mais uma idéia fracassada.

É estapafúrdio ouvir propostas desse tipo e ainda ver uma parte da população aplaudir isso. Não querendo negligenciar a escolha popular, é constitucional e imprescindível a um povo o direito a escolha dos representantes, mas dói saber que a carência da população está sendo usada da forma mais desonesta possível, talvez de uma forma até mais suja do que a usada pela velha e consagrada hegemonia política da cidade.

Vemos a ex-titular da reitoria que deteriorou o calendário universitário, afetando inclusive as designações federais em relação a universidade pública da cidade, depois de louvadamente sobreposta em seu cargo tentando emplacar com a bandeira de um partido ainda relevantemente expressivo na cidade porém um tanto desacreditado no país, mostrando uma política voltada pros jovens, pra esse levante tão apropriadamente forte, tomando um pouco da força de outros partidos intrínsecos a classe de estudantes.

Ademais candidatos fazedores de barulho, porém de pouca relevância política. Arrendando os movimentos socialistas revolucionários e os remanescentes dos movimentos estudantis, aqui com ares mornos e insossos.

Ainda nos deparamos com os já maçantes ataques aos concorrentes, sejam eles participantes atuais da disputa ou não, chega a ser inadmissível que ainda existam pessoas dispostas a tais golpes de mídia tão baixos e tão infantis.

De fato parece que a utopia apregoou as ideologias políticas de nossos candidatos, creio que as eleições municipais estejam bem longe de serem modelos de folhetim global, ainda que determinados personagens creiam estar participando de tal advento recreativo.

Sem citar nomes, cada um que se reconheça nas linhas e entrelinhas, é com extremo pesar que observo não haver nenhum candidato plausível à intitulação executiva municipal. O povo precisa reagir de forma eficaz contra essas vias políticas necrosadas. Não se eximas da ação, se eximas na escolha.


Autor: SUE ELLEN SALES


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