Artigo: O impeachment de Fernando Lugo e a quebra da ordem democrática



Artigo: O Impeachment de Fernando Lugo e a quebra da ordem democrática

Advogado e jornalista Roberto Ramalho

Finalmente os fascistas remanescentes dos tempos das ditaduras militares implantadas em toda a América latina com o apoio e a ajuda financeira, geopolítica e militar dos EUA, conseguiram, por meio de um processo de Impeachment votado em tempo recorde no senado do Paraguai, afastar o presidente Fernando Lugo. Cassação do ex-bispo católico foi decidida em 30 horas.

Em seu lugar, tomou posse o seu vice que assumiu a presidência do Paraguai, mas os presidentes da América do Sul não reconhecem o novo governo.

Menos de duas horas depois do julgamento político que destituiu, na noite de sexta-feira, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, por “mau desempenho de suas funções”, o vice-presidente Federico Franco assumiu o cargo, que deverá exercer pelos próximos nove meses, até a próxima eleição presidencial.

Franco tomou posse em sessão conjunta do Congresso Nacional, em meio a aplausos, pouco mais de 90 minutos depois do impeachment de Lugo, o que foi visto como um golpe pelo presidente afastado, por seus partidários e pela comunidade de países sul-americanos.

Nada mais, nada menos, Venezuela, Chile, Argentina, Bolívia e Equador anunciaram que não reconhecem Federico Franco como presidente daquele país.

Mais cedo, evitando o tom de ameaça, a presidente Dilma Rousseff já citava possibilidades de sanção, como a expulsão do Paraguai de órgãos multilaterais como a Unasul, presidida por Lugo, e também do Mercosul.

Em seu discurso de posse, o novo presidente do Paraguai (Lugo foi destituído por 39 votos a 4, e 2 abstenções) fez referência à morte de policiais no confronto armado com sem-terra em Curaguaty, um dos motivos alegados pela oposição para afastar Lugo.

Embora não tenha existido nenhuma mobilização de setores militares daquele país, alguns militares de extrema direita e políticos conservadores se mostraram bastantes satisfeitos com o que aconteceu.

E numa reação inédita, os governos dos países sul-americanos decidiram suspender o Paraguai do Mercosul e da Unasul.

A decisão não equivale de forma concreta à expulsão do Paraguai, mas é uma resposta ao que a maioria dos países classificou de "ruptura da ordem democrática" com a deposição do presidente Fernando Lugo, e que tem por objetivo pressionar por eleições o mais cedo possível.

A medida, defendida pela presidente Dilma Rousseff, pode atrasar investimentos no Paraguai e será oficializada na cúpula do Mercosul em Mendoza, na Argentina, que acontece no próximo fim de semana.

A Venezuela já suspendeu o fornecimento de petróleo e decidiu retirar seu embaixador de Assunção, medida também tomada pelo Equador.

Por sua vez, Chile e Peru convocaram seus embaixadores para consultas. Domingo, dia 24.06.12, Fernando Lugo disse ter sido vítima de um golpe parlamentar e afirmou só ter acatado a destituição para evitar um banho de sangue.

E houve golpe sim, e foi o Congresso Nacional junto com as forças reacionárias que tiraram o presidente Lugo do poder. Se a UNASUL e a Dona Dilma não podem recuar, pois estarão apoiando essa forma de golpismo. Todos os países sul-americanos não reconhecem como legítimo o novo presidente do Paraguai. Inclusive diversos países latino-americanos, como Cuba e México.

Concluindo, vejo com muito temor esse tipo de procedimento na América Latina, podendo muitos presidentes ainda virem a ser destituídos por esse tipo de processo, ou até mesmo através de golpes militares, como os que aconteceram nas décadas de sessenta e setenta, quando milhares de pessoas foram brutalmente assassinadas e outras milhares torturadas.

   

 

 


Autor: Roberto Jorge Ramalho Cavalcanti


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