Pré-eclâmpsia / eclâmpsia




CINTIA MACHADO (1ª)

MAURA ANTONIA (2ª)

KEILLA BUENO (3ª)

 

PRÉ-ECLÂMPSIA/ ECLÂMPSIA

INTRODUÇÃO

 

As patologias hipertensivas da gravidez, que complicam 5% a 8% de todas as gestações, colaboram expressivamente tanto para a morbimortalidade materna quanto fetal. Uma importante distinção deve ser feita entre a síndrome pré eclâmpsia/eclâmpsia, conhecida quando há elevação da pressão arterial pela primeira vez durante a gravidez, e a hipertensão preexistente (crônica). As duas situações, embora ambas diferenciadas por hipertensão sejam fisiopatologicamente diversas e têm diferentes implicações agudas e a longo prazo para a mãe e para o feto. Pré-eclâmpsia ocorre mais frequentemente e é mais grave em mulheres com hipertensão crônica do que em mulheres normotensas antes da gravidez. Complicações fetais incluem crescimento fetal restrito, prematuridade e mortalidade fetal e neonatal (PASCOAL; 2002).

O presente trabalho tem como objetivo caracterizar as síndromes hipertensivas (pré-eclampsia/ eclampsia), assim como os cuidados de enfermagem frente a essas síndromes.

 A pesquisa é de caráter exploratório, abrangendo várias referências teóricas divulgadas recentemente tanto em âmbito bibliográfico como virtual, facilitando a compreensão da temática exposta. O mesmo não é mera reprodução do que já foi dito ou escrito sobre adequado assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras. (MARCONI & LAKATOS, 2003)

PRÉ-ECLÂMPSIA/ ECLÂMPSIA

 

Pré-eclâmpsia é uma enfermidade hipertensiva característicada gravidez humana, que incide principalmente em primigestas após a 20ª semana de gestação, mais repetidamente próximo ao termo (PASCOAL; 2002).

Caracteriza-se pelo adiantamento gradual de hipertensão, proteinúria, edema generalizado e, às vezes, alterações da coagulação e da função hepática. A sobreveniência de convulsão determina uma forma grave denominada de eclâmpsia. Em mulheres nulíparas, a incidência de pré-eclâmpsia é de aproximadamente 6% nos países desenvolvidos e 2 ou 3 vezes maior em países subdesenvolvidos. O nível de proteinúria é respeitado anormal quando superior a 300 mg/ 24 horas ou pelo menos 2+ em análise qualitativa. Na pluralidade das vezes, a proteinúria é um aparecimento tardio da pré-eclâmpsia; assim, uma abordagem laboratorial apropriada deve tratar como pré-eclâmpticas mulheres grávidas com hipertensão de novo, antes mesmo do desenvolvimento da proteinúria (PASCOAL; 2002).

Segundo Garcia, etall (2010):

A pré-eclâmpsia é uma enfermidade do endotélio materno de origem placentária. Ela é específica da espécie humana e da gestação. De fato, não existe síndrome pré-eclâmptica espontânea em animais, o que não facilita a compreensão de sua fisiopatologia. Os argumentos a favor da origem placentária dessa patologia são a ocorrência exclusiva durante a gravidez, seu desaparecimento após a ablação da placenta, sua possível ocorrência na ausência de embrião, como testemunham casos de pré-eclâmpsia complicando gravidez molar e, finalmente, a ausência de conexão com o ambiente uterino, já que ela pode ocorrer em casos de prenhez abdominal.

 

A pré-eclâmpsia é uma doençade agente etiológico desconhecido, queenvolve virtualmente cada órgão esistema do organismo. Há grandeaumento na resistência vascularperiférica e hiper-reatividade avasoconstritores, recusando a vasodilataçãoe refratariedade vascularadequadas da gravidez normal. Algunsacontecimentos fisiopatológicos, incluindoplacentação anormal e hipersensibilidadevascular, podem ocorrersemanas ou meses antes do reconhecimentoclínico da doença (PASCOAL; 2002).

A eclâmpsia é o princípio de convulsões numa mulher cuja gravidez se complicou por pré eclâmpsia. Estes acontecimentos podem acontecer durante a gestação (após as 20 semanas de gravidez) durante o parto ou nas primeiras 48h do período pós-parto. Há ampla incidência de morte materna nas mulheres com eclampsia. De acordo com a sua relação temporal com o parto pode ser pré-parto, intraparto ou pós-parto: 25% dos casos ocorrem no pós-parto (LACERDA & MOREIRA; 2011).

 

FATORES DE RISCO

Quanto aos fatores de risco segundo Inoue, 2001, destacam: Nuliparidade; Gestação múltipla; História familiar de pré-eclâmpsia, eclâmpsia; Nefropatia ou hipertensão arterial prévia; Pré-eclâmpsia, eclâmpsia prévias; Diabetes mellitus; Hidropsia fetal não-imune; Síndrome do anticorpo anti-fosfolípidio; Gestação molar; Multípara com gestação de novo parceiro com pouca convivência sexual(exposição ao esperma); Obesidade ⇒a relação entre peso materno e o risco de pré-eclâmpsia é progressivo. (IMC 35 = 13,3%); Menor risco de pré-eclâmpsia: tabagismo, placenta prévia.

 

SINAIS E SINTOMAS

Recentemente é diferenciada por pressão arterial (PA) elevada seguida porproteinúria significativa (>0,3g/24h). O aumento gestacional da PA é determinada por umaPAS ³140mmHg ou PAD ³ 90mmHg em mulheres antecipadamente normotensas após a 20ªsemana de gestação. Na ausência de proteinúria suspeita-se da patologia quando ahipertensão arterial estiver acompanhada dos seguintes sintomas: cefaléia, borramentoda visão, dor abdominal, ou exames laboratoriais alterados, especificamentetrombocitopenia e enzimas hepáticas elevadas (INOUE; 2011).

DIAGNOSTICO

Segundo Inoue (2011): Os exames laboratoriais recomendados para se diagnosticar ou conduzir o distúrbio hipertensivo durante a gestação serve a princípio para distinguir a pré eclâmpsia/ eclâmpsia da hipertensão crônica ou gestacional. Também são úteis na avaliação da gravidade da patologia, são eles:

· Hemograma completo

· Plaquetas

· Testes de função hepática = Transaminase oxaloacética (TGO) ou aspartato

aminotansferase (AST), desidrogensase láctica (DHL) , bilirrubinas, TAP, KPTT

· Testes de função renal = uréia e creatinina séricas

· Urina I

· Urina de 24 horas = proteinúria, clearence de creatinina

· Ácido úrico

 

TRATAMENTO

A redução da pressão arterial nem sempre implica na diminuição da incidência de eventos cardiovasculares. Na gestação, os objetivos terapêuticos incluem sobrevida fetal e materna, manutenção de peso fetal adequado ao nascimento, baixa incidência de complicações e prevenção de pré eclâmpsia e eclâmpsia (LACERDA & MOREIRA; 2011).

As bases do tratamento são o repouso, a conservação da função cardio-respiratória, o controle das convulsões e a prevenção da sua recorrência, a correcção da hipoxemia e da acidose materna, o domínio da hipertensão arterial grave e o desencadear do trabalho de parto, uma vez que o tratamento definitivo da eclâmpsia é o nascimento do feto e a extração da placenta (CARDOSO & MASSA, 2009). 

No que se dizem respeito ao tratamento medicamentoso, as drogas de primeira escolha para o tratamento da crise hipertensiva na gestação são a nifedipina por via oral e a hidralazina por via endovenosa. Ao escolher a medicação anti-hipertensiva na gravidez, também se deve dar preferência à utilização da metildopa. Essa droga tem melhor perfil de segurança e eficácia para a gestante e o feto. Embora não seja um hipotensor potente, é dos anti-hipertensivos que apresenta menor diminuição do fluxo placentário. Outro estudo se refere à hidralazina como fármaco de eleição, pois reduz rapidamente a tensão arterial quando existe hipertensão grave (OMS, 2005).

O sulfato de magnésio representa a primeira escolha para prevenir a aparição de convulsões em mulheres com pré-eclâmpsia severa. Está relacionada com redução significativa na ocorrência de crises convulsivas. A furosemida é um diurético importante, porém, seu uso não é recomendado quando se trata de pré-eclâmpsia (OMS, 2005).

 

CUIDADOS ESPECÍFICOS/ CUIDADOS DE ENFERMAGEM

A assistência de enfermagem na gravidez é o primeiro passo que o enfermeiro possui para prestar um atendimento de qualidade, a fim de obter um crescimento saudável do bebê e mais humanizado à gestante (PASCOAL; 2002).

 

Segundo Barros (2006): consistem nos seguintes:

# Administrar a medicação seguindo os cinco certos;

# Observar e anotar a presença de sinais flogísticos no local da venóclise;

# Orientar a mulher sobre os efeitos da droga e o porquê da sua administração;

# Anotar os sinais vitais;

# Monitorizar os sinais vitais e eletrocardiograma durante a infusão de sulfato ferroso;

# Monitorizar pressão arterial e pulso antes da administração de drogas hipotensoras;

# Avaliar a vitalidade fetal;

# Auscultar os batimentos cardíacos;

# Controlar a dinâmica uterina;

# Atentar para contrações uterinas;

# Solicitar e explicar os benefícios do decúbito lateral esquerdo;

# Atentar para presença de perdas vaginais;

# Controlar balanço hídrico;

# Alertar para sinais convulsivos.

Planos de cuidados de enfermagem, segundo Cardoso & Massa, 2009:

 

INTERVENÇÃO

JUSTIFICAÇÃO

Acolher a C.F. e família no serviço;

Proporcionar um clima de confiança facilitador da verbalização de dúvidas e receios face ao ambiente desconhecido e à situação clínica emergente;

Estabelecer uma relação de ajuda e

de confiança com a C.F.;

Demonstrar disponibilidade e interesse, escutando activamente, e realizando aconselhamentos oportunos;

Conhecer a sua história clínica;

Detectar factores de risco, prevenir complicações e planear as intervenções de Enfermagem;

Promover o repouso no leito, a redução

dos estímulos ambientais externos e

a restrição de visitas;

Reduzir o risco de convulsão e o aumento da pressão arterial;

Realizar uma avaliação

analítica: hemograma, bioquímica e coagulação por indicação médica;

O hematócrito avalia a hemoconcentração; ácido úrico, ureia e creatinina são indicadores da função renal; factores de coagulação detectam trombocitopénia e coagulação intravascular disseminada;

Garantir a permeabilidade de ambos os acessos venosos periféricos;

É importante para soroterapia, analgesia e outra terapêutica prescrita;

Manter a perfusão de 2 g de Sulfato de Magnésio a 50ml/h;

O Sulfato de Magnésio actua no SNC diminuindo o risco de convulsão;

Despistar sinais de atonia uterina;

A administração de Sulfato de Magnésio pode constituir um factor de risco acrescido para a ocorrência de atonia uterina;

Manteralgaliação com debitómetro;

O débito urinário horário permite detectar precocemente agravamento da Eclâmpsia/ toxicidade do Sulfato de Magnésio;

Efectuar colheita de urina das 24h;

Para determinação do volume, depuração da creatinina e excreção total de proteínas;

Avaliar proteinúria de hora a hora;

A presença de proteínas na urina constitui sinal de agravamento do quadro clínico;

Determinar balanço hídrico do turno;

Para controlo rigoroso do volume de líquidos administrados e excretados;

Avaliar a presença de edemas;

Constituem sinais de sobrecarga hídrica associados a retenção de sódio e água;

Efectuarmonitorização cardio - respiratória;


 

Frequência respiratória < 16 ciclos por minuto, ou Saturação de oxigénio < 96% +

oligúria e arreflexia são sinais de toxicidade do Sulfato de Magnésio, devendo-se suspender perfusão e administrar 1g de Gluconato de Cálcio a 10% endovenoso durante 10 minutos; Taquicardia pode ser sinal de sobrecarga circulatória. A sobrecarga circulatória pode ter como consequência edema pulmonar ou falência cardíaca;

Avaliar a pressão arterial:

 

• Se pressão arterial diastólica ≥ 130 mmHg, administrar bólus de 5mg de Hidralazina, efectuando monitorização contínua. Se não houver diminuição,

administrarbólus de 10mg de

Hidralazina e manter monitorização;

A pressão arterial aumenta como resultado do aumento da resistência vascular periférica;

A Hidralazina é um anti-hipertensor de primeira linha com elevado potencial vasodilatador;


 

Se pressão arterial diastólica ≥ 110 mmHg e < 130 mmHg, utilizar procedimento acima descrito, ou administrar uma ampola de Hidralazina (25 mg) em 100cc de água destilada, durante 30 a 45 minutos acompanhada de vigilância hemodinâmica;


 

Se pressão arterial diastólica ≤ 100mmHg, iniciar terapêutica de manutenção: administrar uma ampola de hidralazina (25mg) em 500cc de Dextrose 5% em perfusão endovenosa contínua lenta. O ritmo é condicionado pela monitorização contínua nunca permitindo que pressão arterial diastólica < 90 mmHg;


 

Avaliartemperatura 1 vez/ turno;

Hipertermia não associada a outras causas poderá ser sinal de hemorragia do SNC numa situação de eclâmpsia não controlada;

Monitorizar presença de dor e administrar analgesia prescrita;

Promove o conforto, minimiza a ansiedade e reduz a pressão arterial;

Emcaso de convulsão:

  • Aspirar secreções e inserir um protector bucal;
  • Administrar O2 a 10L/min;
  • Colocar grades laterais almofadadas no leito;
  • Observar o tipo de convulsão, duração e presença de coma pós-convulsivo;

 

  • Manter a permeabilidade das vias aéreas, evitar aspiração de secreções e vómito;
  • Manter oxigenação cerebral e evitar sequelas;
  • Proporcionar segurança e evitar traumatismos;
  • Antecipar sinais de paragem cardio-respiratória;

Contactar a equipamédica;

É imprescindível para um acompanhamento clínico e tratamento adequados;

Proporcionar cuidados de higiene e conforto à utente;

Favorece a auto-estima e a auto-imagem, proporciona conforto e bem-estar;

Providenciar dieta hipossalina, pobre em gordura e polifraccionada;

Não deve conter gorduras e sal, sob pena de poder actuar sobre os valores de pressão arterial. Deveserpolifraccionada, sendoumamãequeamamenta;

Administrar terapêutica anti-hipertensiva prescrita após suspensão de sulfato de magnésio;

Controlar os valores de pressão arterial até à estabilização dos mesmos, ou até reavaliação 6 semanas após o parto;

Apoiar a díade/Tríade nos cuidados ao recém-nascido;

O apoio e a disponibilidade são fundamentais para uma puérpera com necessidade de repouso e vigilância;

Preparar a alta da tríade;

É fundamental preparar a puérpera para a importância da vigilância da pressão arterial, da manutenção de uma dieta equilibrada e da toma da medicação prescrita até reavaliação.

O companheiro e família significativa devem ser esclarecidos acerca de sinais de alerta que podem significar um agravamento da situação clínica da puérpera. É igualmente importante alertar sobre os cuidados a ter com o recém-nascido em curto prazo;

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Diante da conclusão deste trabalho nota-se que as síndromes hipertensivas em especial pré-eclâmpsia e eclâmpsia são patologias bastante comum na gestação, portanto cabe ao enfermeiro atualizar-se à cerca da patologia, a fim de prestar uma assistência de qualidade ao cliente.

REFERENCIAS 

BARROS, S. M. B. Enfermagem no ciclo gravídico puerperal. Editora Manole, São Paulo, 2006. 

CARDOSO, C;MASSA, L. C. O. A. Cuidar da puérpera com eclâmpsia. In: Nursing. A.21 N. 242 (Fevereiro 2009), p. 22-27

 

GARCIA, S. L; LONGATO, S. E; PASQUINI, T; RIBEIRO, R. G; CRUZ, M. S; RIBEIRO, D. G.Fisiopatologia da pré-eclâmpsia. RBM rev. bras. med;67(1/2), jan.-fev. 2010.

INOUE,I. T. M.D.Pré-eclâmpsia e suas complicações. Disponível: http://xa.yimg.com/kq/groups/19443425/74484436/name/preeclampsia2011.pdf. Acesso em 30/09/2011.

 

LACERDA, I. C; MOREIRA, T. M. M. Características obstétricas de mulheres atendidas por pré-eclâmpsiae eclâmpsia. Maringá, v. 33, n. 1, p. 71-76, 2011.

 

MARCONI, M.A; LAKATOS, E.M. Fundamentos de Metodologia Científica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003.

 

OMS-Organização Mundial de Saúde. Eclâmpsia. Manual para Professores de Enfermagem Obstétrica. Genebra: OMS, 2005.

 

PASCOAL, IF. Hipertensão e gravidez. Revista Brasileira de Hipertensão, v.9, n.3, p.256-61, 2002.


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