China: Renminbi à procura de uma identidade



por Alberto Forchielli*

A lentidão do renminbi en afirmar-se como uma moeda internacional tem muitas explicações. Se prevalece a puramente económica, as outras não são irrelevantes. Existe um aspecto crucial - identificável em lato senso como “cultural”- que desempenha um papel chave. Para ser usado como um meio de pagamento e reserva internacional, o Rmb deve ser aceite, reconhecido, apreciado. Até agora foi aceite por conveniência, não por convicção. A semi-conversibilidade em Hong Kong é devida ao estatuto jurídico da ex-colónia: os acordos para a sua utilização em transações comerciais com vários países refletem o pragmatismo dos acordos, não a admiração pela força da moeda. 

Ainda hoje, não obstante os progressos, a divisa chinesa é pouco usada e o domínio do dólar está praticamente intacto. A China tem corroído o poder dos EUA em muitas frentes, com o arranque do PIB, a ultrapassagem da importação-exportação e o valor das reservas, mas não naquele puramente monetário. Se os operadores não investem no Rmb, não é somente para os seus controles e se o Banco Mundial não o aceita no seu cesto as motivações são mais extensas: referem-se ao papel recebido pela China. Reconhecendo-se que o progresso é inegável, o modelo continua a ser único, de difícil compreensão ou imitação e quando termina o respeito não começa a simpatia. A percepção da China é manchada pela rigidez do sistema político, a aspereza para com as minorias, a falta de flexibilidade na política externa. Pequim conhece bem este limite e numa tentativa de difundir uma imagem amigável, lançou em todo o mundo os Institutos Confúcio. Mais de 300 centros de propagação da cultura chinesa para a divulgação de um soft power benevolente e harmonioso. Mas os institutos foram logo transformados frequentemente em centros de propaganda. Promovendo a China e não tanto a sua cultura.
A afirmação americana no pós guerra era acompanhada do american way of life, valores suportados militarmente, que contemporaneamente difundiriam esperança. A supremacia de Washington conjugava-se com as sugestões de Hollywood. Hoje, a dimensão global da China é medida pela sua ascensão económica, pela sua força política. Os seus talentos especializam-se nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália, porque sabem que os ensinamentos são o veículo para o seu sucesso.
Tal como a moeda é preciosa mas não é bem sucedida, a imagem é respeitada mas não é imitada. As dimensões do país não são coerentes com a difusão dos seus filmes, livros, arte. Tudo está em ascensão, mas menos do que na esfera económica. A resposta a este impasse irá ser procurada nos próximos ajustes políticos.

 *Presidente de Osservatorio Asia

26 de Junho de 2012


Autor: Osservatorio Asia


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