Problematização, horizontes e alternativas na construção de políticas públicas educacionais emancipatórias em Curitiba-PR



PROBLEMATIZAÇÃO, HORIZONTES E ALTERNATIVAS NA CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS EMANCIPATÓRIAS EM CURITIBA-PR-BR, UMA BREVE PERSPECTIVA DE ANÁLISE DO CAPITAL HUMANO

                                                                      

                                                                                 

                                                  Antônio Domingos Araújo Cunha[1]

 

 RESUMO

            O objetivo deste trabalho é pesquisar as alternativas propostas nas escolas públicas, com relação à descoberta de novos talentos, tanto no campo esportivo como cultural, o apoio institucional dado aos menores, condizente com o escopo no sistema legal e institucional brasileiro, em Curitiba-Pr-Br, visando a preparação plena para o mundo do trabalho, bem como alguns aspectos relacionados ao desenvolvimento humano.

Palavras chave: Talentos, educação, desenvolvimento humano, legislação.           

 ABSTRACT

The objective of this study is to research the alternatives proposed in the public schools, with respect to the discovery of new talent, both on the sports field as cultural, institutional support given to youngsters, according to the scope of legal and institutional Brazilian system of Laws in Curitiba-Pr-Brazil, looking for a complete preparation for the work world, as well as some related aspects concerning human development.

Key-words: Talented people, education, human development, legislation.

1. A descoberta de novos talentos

   A condição humana revela surpreendentes formas de manifestar virtudes físicas ou psíquicas, que verticalizam indivíduos desde muito cedo, com relação ao potencial esperado de um adolescente normal, e aquele que por algum motivo, manifesta em seu convívio familiar, relações sociais, ou na escola, determinadas expectativas acima da idade cronológica, com um desenvolvimento psíquico acima da média.

   O indivíduo é também dotado de personalidade, vista modernamente como a soma total das maneiras como uma pessoa reage e interage com as demais. Já a hereditariedade se refere a todos os fatores determinados na concepção, traços primordialistas, ritmos biológicos, que advém dos pais. A personalidade parece resultar de ambos os lados, o genético e o ambiental, ou seja, condições situacionais onde o indivíduo reage aos impulsos dados pelo meio social onde se insere (HOBBINS, p.88, 2002).

   Não obstante a história retratar figuras célebres, a exemplo de Mozart, o menino que compunha aos cinco anos, figura tida como espetacularmente genial, sua vida teria sido de tal forma arrasada, culminando com sua morte aos 35 anos. Shirlei Temple é outro grande exemplo, iniciando sua carreira de atriz aos três anos e saindo dela, para a carreira diplomática aos 22 anos de idade. Michael Jackson, aos cinco anos. Erin Murphy, a Tabitha da série “A feiticeira”, iniciada aos dois anos. Britney Spears, Natalie Portman, Macaulay Culkin, em Esqueceram de mim, Lindsay Loan no papel das gêmeas, Justin Bieber, o confesso estudante forçado pela mãe, Maísa Silva Andrade, a garotinha de cabelo cacheado de Silvio Santos, Larissa Oliveira, vencedora do quadro” Soletrando 2009” de Luciano Hulck[2]. Mas a responsabilidade social não se limita à descoberta de talentos, mas talentos que formam talentos. Um grande exemplo brasileiro é o regente e pianista João Carlos Martins, um formador de músicos, com projetos extensivos na periferia, formador de orquestras e de novos músicos, que começou sua carreira ainda menino, motivado por seu pai. Um exemplo de compromisso e responsabilidade social. Este grande exemplo nacional levou sua arte à Avenida em São Paulo, na Escola de Samba Vai-Vai, carnaval paulista de 2011, com o enredo “A Música Venceu”, popularizando a música clássica. Em concertos internacionais, tem emocionado multidões, mesmo tocando com apenas uma das mãos e parcialmente com a outra, problema ocasionado por ter sido vítima de um assalto na Bulgária, sendo irmão de um dos maiores juristas brasileiros, Ives Gandra Martins.

   Entre estes muitos exemplos, cabe a pergunta: Como a legislação protege estes talentos, em especial a brasileira? A Constituição Federal permite que alunos superdotados passem por séries do ensino público oficial quando a escola reconhece no indivíduo, uma inteligência acima da média, proporcionando-lhe uma mobilidade nas séries do ensino, mais rápida. O que se discute, não é a condição intelectual do aluno tão somente, mas também a potencialidade de seu corpo físico. O que efetivamente os governos tem feito em prol dos talentos que se encontram horizontalizados em suas inserções sociais, cujos pais não têm condição financeira e nem cultural de fazer frente ao fato de estarem diante de indivíduos superdotados? Quem na verdade realiza a identificação de talentos no âmbito escolar? Que critérios são usados para realizar estas promoções de nível especificado em lei? Qual o comportamento destes saltos de séries no contexto das escolas? Qual a necessidade de adotarmos políticas de proteção a estas crianças que tendem a projetar emancipação precoce? Todas estas indagações convivem no contexto escolar de milhares de estudantes brasileiros, visto que o Brasil conta com uma população eminentemente jovem e este artigo não tem por finalidade respondê-las, mas sim levantá-las.

   Como nos explica a Professora Maria Lucia Sabatella[3], também Presidente do INODAP (Instituto para Otimização da Aprendizagem) - esta instituição sobrevive de projetos sociais, junto à Prefeitura Municipal de Curitiba especialmente - os testes de QI não são os mais indicados para avaliar a superdotação. Recomenda que crianças entre dois e três anos já apresentam sinais de competências, dominando algumas áreas.  Como reconhecer esses indivíduos e a gama de fatores circundantes de suas existências, como o desenvolvimento de liderança, seja ela positiva ou negativa? Ainda, como reconhecer indivíduos considerados hiperativos e diferenciá-los de indivíduos com uma evolução mais rápida? A criança superdotada já é considerada num grau diferenciado de educação, reconhecida pela lei, ou seja, Educação Especial, ou educação inclusiva. Mas, apenas a inserção já é discutível, pois alinha deficientes físicos e mentais com hiperdotados (as). O jovem superdotado é antes de tudo, um ser humano normal, não obstante uma criança com algum tipo de limitação física ou psíquica poder ser considerada genial. Ainda, a lei brasileira, LDB, em seu artigo 59, prevê a necessidade de professores com formação em nível de especialização em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração de educandos que reúnem estas limitações aludidas, o que é altamente questionável no ambiente escolar, haja vista a diversidade dos estudantes e de seus contextos familiares, e inclusive, a superpopulação das salas de aula, bem como a sensibilidade do profissional de educação, para manejar esta heterogeneidade de seres humanos, reunidos com um só fim, ou seja, aprender, em que a premissa da discriminação seja afastada do convívio educacional. Ou seja, crianças fisicamente deficientes devem conviver com crianças normais, sendo esta uma dificuldade que será administrada diretamente pelo (a) educador (a).  

   Observe-se que a criança prodígio é especial por responder rapidamente em seu desenvolvimento, às expectativas dos pais e educadores, para os fins pretendidos, ou seja, a criança lamentavelmente em alguns casos é usada muitas vezes pelos educadores, para legitimarem seus métodos educativos e não porque reúnem condições fisiológicas diferenciadas, naquilo que de melhor sabem fazer, esquecendo-se da totalidade de suas outras competências a serem desenvolvidas. Educação plena pode levar a hiperatividade. Trabalho direcionado, disciplina, dedicação, são meios de obter resultados surpreendentes, que não necessariamente se interligam com inteligência superior. Um cérebro mediano, numa inserção sem critérios de divisão de turmas pode ser considerado genial. Outro fato interessante, é que os professores mudam de rotinas educativas, afastando-se de grupos de referência, bem como os pedagogos o fazem. Que projeto de continuidade existe, de acompanhamento do perfil escolar destas crianças?  Logo, a escola deve procurar se informar sobre este assunto por vários meios e os pais sempre são os primeiros a perceber esta diferença. A criança ou o adolescente pode abafar ou se sentir coagido a pensar como o grupo, simplesmente porque teme o fato de ser diferente. Ou seja, projetar-se a um nível de expectativas superior ao comportamento mediano de seu grupo social, comportando-se de maneira verticalizada, ou simular a horizontalização, por mera conveniência, pelo medo de ser diferente. Enfim, terá que conviver com isso. Também os profissionais de saúde na área da Pediatria tem eventualmente diagnosticado seres humanos superdotados como portadores de comportamento anormal, medicando-os erroneamente. Algumas crianças são medicadas com tranqüilizantes, “babás químicas” como a professora se refere, quando na verdade,  podem não necessitar efetivamente  desse tratamento. O hiperativo age por necessidade orgânica enquanto o superdotado tem um comportamento mais adequado aos contextos onde se inserem. Esclarece a professora Sabatella, que a inteligência busca desafios especialmente entre os jovens. O jovem busca quebrar os sistemas, como uma forma de demonstrar sua potencialidade. Ainda, criminosos potenciais podem ter sido gênios mal compreendidos, ou mesmo, não sabendo colocar seu potencial a favor de condições de vida aceitáveis em sociedade. Na medida em que a genialidade não é observada em tenra idade, corre-se o risco do desvirtuamento do indivíduo na questão do uso de sua inteligência. Há uma questão controvertida no amadurecimento do indivíduo, ou seja, pelas experiências que adquire ao longo da vida, principalmente as de cunho sexual. Geralmente são as mais marcantes e que conduzem a criança a pensar de maneira adulta. As meninas normalmente, envergonhadas e acuadas pelo risco da difamação acobertam estupradores em suas memórias e convivem com este drama pelo resto de suas vidas, quando não são praticantes de aborto, ou sofrem seqüelas de uma relação violenta. Existem aquelas que precocemente se profissionalizam e se emancipam oferecendo seus serviços profissionais na arte dos prazeres, incluindo adolescentes e jovens do sexo masculino. Interessante que estes atores, nesta condição, fazem faculdade, vivem a suas expensas e se emancipam da mesma forma, quando não desgracadamente encerram a possibilidade de uma vida acadêmica.  E ainda, experiências homo afetivas entre irmãos e parentes próximos podem ser reveladoras de uma opção sexual futura, mas um drama com o qual o adolescente não está preparado para viver, deixando-o confuso sobre sua própria identidade, embora já vivamos em outros tempos, com relação ao consenso social sobre estes problemas. Quem deve decidir quando começar sua vida sexual? Os pais nem sempre são os primeiros, a saber, das escolhas de seus filhos, e muitas vezes a desrespeitam quando as conhecem. Já há os que inversamente acolhem, mas sabem que correm o risco da rejeição social.  Outros, extremamente liberais, admitem a partilha do leito conjugal, prematuramente entre menores, e facilitando todo tipo de material expositivo e nem sempre científico sobre práticas sexuais, quando estes não são expostos no cotidiano nos canais de comunicação. O amadurecimento sexual precoce, eventualmente pode levar à gravidez, que traz uma mudança muito significativa na vida de um adolescente, tanto física como psicológica. É preciso cautela. A criança deve viver sua infância como fase única de sua existência, cercada de tudo que a condição requer. Qualquer exagero é antecipar a evolução que se dará naturalmente, dentro do tempo que ela precisa para responder aos apelos intelectuais dos adultos. Estes apelos não devem surgir na vida da criança como necessários, mas insights que despertem nela a possibilidade visionária de cristalizar no mundo real, experiências vividas ainda que num plano lúdico e pedagógico.

   Um exemplo disso é levantar o alerta dos preservativos entre crianças que nunca se relacionaram sexualmente. Porém é fato que as doenças sexualmente transmissíveis continuam sendo uma ameaça tanto no mundo do adolescente como na vida adulta, e quando não, na infância. Logo alertá-las para isso, pode ser incentivá-las ao uso. É um risco que se corre.  Este amadurecimento precoce para a vida sexual deve ser cercado de cuidados, de educadores, pais e/ou responsáveis, isto porque os transtornos decorrentes deste “ir ao encontro” pode ser traumático, induzindo a conseqüências desastrosas na construção do indivíduo e no desempenho de suas funções intelectuais e morais. Outros, naturistas, partilham banhos e a nudez com crianças desde muito cedo, levando os menores a encarar tudo com muita naturalidade, sendo uma opção dos pais.  Também a escolha dos amigos é muito importante, visto que o indivíduo não nasce para ser só. Muitas relações são apenas afetivas e nada mais, não obstante a má interpretação do grupo social de inserção do jovem e/ou adulto. A atração pelo outro, seja por suas virtudes psicológicas ou físicas, deve ser administrada e as crianças precisam ser ensinadas a se relacionarem. Outras já aprendem muito cedo a trabalhar com isso, sem necessitar de intervenções educacionais. As meninas se preocupam com a maquiagem desde muito cedo, quando a beleza feminina em faces jovens é o que de mais belo pode ser contemplado. Da mesma forma, cogita-se o fato de que filhos únicos desfrutam de muita atenção ou nenhuma de seus genitores, mas a tendência é um caminho de superproteção e de exclusividade na transferência de valores materiais e psicológicos, privilegiando o indivíduo com recursos que o verticalizam em sua maneira de ser e agir. Já em famílias mais numerosas, os irmãos se auto-educam com questões polêmicas compartilhadas, antes mesmo de serem alertados pelos pais ou professores. Não se pode dizer que um indivíduo isoladamente usa sua genialidade visto que através dela, influencia outras pessoas, pelo seu comportamento e pelo seu pensamento. Na Inglaterra, há lugares para alunos fumantes adolescentes conviverem com o vício no ambiente escolar. O relacionamento entre indivíduos do mesmo sexo, muitas vezes é uma forma que ainda incomoda o senso de moralidade das pessoas de modo geral, e que circunda os ambientes do lar, da escola e da sociedade, quando não dos ambientes religiosos. Demonstrações públicas de carinho, ainda que heterossexuais, podem manifestar um amadurecimento precoce para a vida afetiva, certamente acompanhado pelo cognitivo e o motor.

   A segregação dos diferentes incomoda, e as escolas devem se preocupar com o reconhecimento destes indivíduos, isto porque fazem a identidade de grupos e interferem no comportamento coletivo, positiva ou negativamente. Logo, os governos em todas as suas esferas, deveriam pensar nesta perspectiva. As crianças superdotadas são mais seletivas na convivência e não devem ser confundidas como anti-sociais. A consideração do contrário é sim preocupante. Indivíduos que agem dentro dos parâmetros de normalidade e invertem facilmente os códigos de ética dos sistemas de relacionamento de maneira quase que epidêmica, para se tornarem revelações nos grupos onde se inserem, levando-os ao reconhecimento público ou ao repúdio, quer pela sua grande empatia, quer pela sua total incapacidade de conviver e partilhar experiências educacionais em grupo.

   O que também se observa é que um talento pode encontrar formas de emancipação fora da escola, pela projeção realizada pela mídia, em razão do reconhecimento de virtudes que fazem parte de seu ser, pelo mundo do marketing pessoal e dos meios de comunicação. Mas outra tendência vem sendo observada, qual seja, a manutenção do talento estudantil, que, por falta de recursos econômicos e sociais, pode ser inserido em escolas particulares, onde o nível de serviços mostra-se superior no contexto nacional, através de iniciativas como o Instituto Social Para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos – ISMART, criado em 1999. Ou seja, o indivíduo não sai de sua pista de busca de formação, atribuindo à escola, a sua maior chave de sucesso para a emancipação futura. Este instituto se sustenta com a iniciativa privada da rede particular de ensino e de empresas privadas. Este sistema fortalece a idéia de que há um mundo melhor além da educação pública considerada “prisional” para muitos dos alunos de escolas públicas, e que a possibilidade de romper os muros dos territórios definidos pelo capitalismo já se tornou  real em nosso país, nos dias de hoje. Em verdade, o ambiente escolar público, nem sempre é aquele desejado pela criança ou adolescente. A criança não se sente parte da escola, pela situação de abandono de suas instalações e algumas vezes envergonha-se de seu local de estudo. A hostilidade quanto a aceitação das instalações de muitas escolas públicas brasileiras, devido a sua precariedade, merece atenção dos governos. Isto sem dúvida interfere na motivação do jovem educando. Como esclarece Moscovici (2003), a motivação humana é constante, infinita, flutuante e complexa. Considerando os ensinamentos de Maslow,dividindo as necessidades humanas numa hierarquia, vemos perfeitamente esta divisão no sistema educacional. O compartilhar das instalações, como por exemplo salas de aula e sanitários (as fisiológicas) , o controle do fluxo de pessoas no ambiente escolar (segurança), o relacionamento com os atores pertinentes (afetivo-sociais), a questão da emoção no relacionamento (estima), e o prazer de usufruir de um ambiente saudável (auto-realização).

   Há ainda o Conselho Brasileiro para Superdotação[4], que funciona como uma organização não governamental sem fins lucrativos que reúne pessoas físicas e jurídicas de todo o território nacional, que se interessam pelas questões jurídicas atinentes à pessoas superdotadas. O desenvolvimento de estudos por personalidades de vários segmentos sociais e culturais tem proporcionado ao meio social, maior tranqüilidade quanto ao entendimento do ser humano que reúna estas condições, numa perspectiva mais objetiva. Está claro, segundo informações coletadas junto ao Conselho, de que a pessoa genial não é mais aquela que armazena grande quantidade de informações e nem tão pouco obtém notas espetaculares ao longo de sua carreira educativa, mas sim, aquelas que apresentam habilidades acima da média, estão comprometidas com a tarefa e a desenvolvem com grande criatividade, na medida em que as oportunidades surgem para que a criança demonstrar este potencial latente.

   O que se observa nas famílias é o efeito reverso a essas competências. Por motivos emocionais, crianças, adolescentes e jovens são levados a utilizar seu potencial em forma de resistência às condições em que vivem, sendo diagnosticados como psicopatas, maníaco-depressivos, bipolares, ou até mesmo se convencendo disso, assumindo tratamentos com antidepressivos, e minando suas possibilidades pessoais de auto-desenvolvimento, muitas vezes induzidos pela própria família, que não tem como admitir suas próprias falhas estruturais e de relacionamento. Esta é uma violência ainda maior.

   Os caminhos são, porém, contraditórios. A extensão do abandono se faz por patrões que já não precisam mais de seu capital humano e o descartam, dos cônjuges que agem de forma irresponsável, do abandono dos amigos verdadeiros, do afastamento da família, entre outros.  A outra face da moeda, de triste admissão é a prostituição e a drogadição. Recentemente, a atriz Carolina Dieckman, casada, mãe, teve suas fotos pessoais expostas em domínio público, por violação de privacidade e confundida com relação à sua convicção pessoal e profissional, por ironia de seu brilhante destino. Tornou-se talvez uma das primeiras vítimas nacionais, do talento de alguns jovens rapazes chantagistas, por descuido pessoal, visto que houve uma apropriação de arquivos de seu computador, de alguns de seus momentos íntimos. Talentos explorados por talentos.  Neste sentido, há relatos de experiências com a finalidade de praticar o “booling”, com exposição de cenas de envolvimento sexual entre estudantes de um determinado grupo social, mas também de professores expostos a situações difíceis, via montagens. A lista de acontecimentos não para. Famosos dão notícias e vendem informação. A perda da fama e conseqüente reputação da pessoa pública, como por exemplo, a cantora Gretchen, aclamada em sua carreira há algumas décadas atrás, que teria iniciado uma nova atividade profissional como garçonete nos Estados Unidos recentemente, com fotos na Internet marginalizando-a diante da mídia, como se trabalho fosse desonra. A imprensa se aproveita disso, quando não escolhe fatalmente suas vítimas, a exemplo de Lady Diana Spencer, cuja morte em Paris, foi um testemunho do assédio de fotógrafos curiososos. Certamente, o friso jurídico recai nas ações indenizatórias por dano moral e ainda as restritivas de liberdade por crimes de violação da liberdade individual do cidadão ou cidadã. Lembre-se também das inúmeras mortes de indivíduos famosos, causadas pelo uso de drogas e medicamentos, como Elvis Presley, Mickael Jackson, Marylin Monroe, Cássia Eller, Elis Regina.  Observa-se, portanto, que o desamparo não pertence apenas ao mundo do adolescente, mas atinge o adulto e também o idoso, que um dia foi reconhecido publicamente por suas competências, e recai na marginalização e vulgarização de sua figura pública, por seus erros e acertos, a exemplo da figura inesquecível e irreverente de Derci Gonçalvez, cuja trajetória é um exemplo emblemático do que se discute.

   Ao tratar o termo talento, recorre-se à Almeida (2004), que sobre ele, refere-se, com frequência, à pessoa que traz em sua bagagem um conjunto privilegiado de competências, isto é, conhecimentos, habilidades e atitudes, que a diferencia de outras. Há que se considerar que este conceito é excludente, visto que as opiniões circundam mais especificamente sobre a possibilidade de seres humanos contribuírem potencialmente para a agregação de valores às organizações, constituindo o verdadeiro capital humano, tornando-se colaboradores, através do desempenho de seus papéis, obtidos através da dedicação e inclinação de suas aptidões, aliada ao desejo de recompensa decorrente dos esforços realizados. Logo, qualquer pessoa pode ser um talento, visto que um ser humano reúne muitas habilidades na sua infinita capacidade de aprender e reter conhecimento. Surgem dúvidas se um talento nasce com estas habilidades, ou adquire ao longo da vida. Como o ser humano se adapta às condições novas de vida de forma a fazer de seus fracassos, a busca dos seus reais valores ou vocação para o exercício de suas potencialidades? Assim sendo, até mesmo as condutas de indivíduos, tidas como reprováveis em sociedade, poderiam ser tomadas como de grande talento, mas em seu âmago, o consenso comum não as admite. Atletas que usam anabolizantes, intelectuais e artistas que utilizam drogas e bebidas alcoólicas para entrar em sintonia com uma ordem maior que os limites da racionalidade podem oferecer, profissionais que praticam suas profissões à mercê da ilegalidade, movidos pela sedução da transformação humana em mito ou verdade, acadêmicos que se julgam impotentes diante de situações novas no exercício profissional, e que teoricamente não o deveriam, professores que transformam a arte de ensinar, em mera administração de conteúdos, sem superação para ambas as partes. Como ensina Cury ((2008), as janelas light são aquelas que nos fazem transpor os limites do ignorado, fazendo-nos perseguir além de nossa perspectiva de alcance, aquilo que nossas mentes concebem como possível e realizável. Já as janelas killer, são as que nos afastam de nossas metas. Um jogo de satisfações sociais sem compromisso com resultados e transformações sociais, oriundas da perspectiva do saber, via aquisição de conhecimento, ou de falsos diplomas, discursos inúteis, atitudes repudiadas, mas admitidas, enfim, premissas da distopia. O final da carreira estudantil e início da vida profissional são cercados de incertezas e a trajetória foi longa, a preparação executada, mas os resultados demandam tempo para serem contemplados. Como se já não bastassem estas escolhas, há sempre uma maneira de justificá-las, questionando-se a razão da indolência humana, da entrega do ser humano ao lado corrompido de sua existência, pelos inúmeros efeitos emocionais que sofrem ao longo de suas vidas, tais como a desagregação da família, patologias desenvolvidas e adquiridas, desigualdade social, auto-estima, realização profissional, diferenças pessoais e coletivas, tornando-os dependentes de medicamentos antidepressivos em alguns casos, ou abdicando de seus talentos maiores, por falta de projetos pessoais de vida que os motive a dar continuidade, quando não, de uma base fundamentalista extrema, no modo de agir, ou da suscetibilidade do indivíduo às doenças. Alguns deles até evadidos dos sistemas educacionais que não o aceitaram, e que os rechaçaram. 

   Um outro aspecto, não menos importante, é a construção de uma carreira, através da escolha de um trabalho ou emprego. Não são poucos os atletas, que necessitam trabalhar para manterem o esporte. Isto é, não contam com recursos financeiros, que lhes assegure tranqüilidade naquilo que fazem, especialmente pelo risco que correm no exercício de atividades físicas, digo, lesões, e comprometimento físico. Já o intelectual menor, tem que se dedicar às atividades de caráter genérico, que lhe assegure a construção de um futuro, cumprindo com todas as exigências das escolas convencionais, e raramente, quando identificada a sua genialidade, há um encaminhamento ou orientação educacional e vocacional para que seguramente se conduza pela trilha de seus objetivos, quer seja pelo despreparo dos pais, ou do próprio sistema educacional, para reconhecê-lo e ampará-lo.

   Como explica Almeida (2004) há os saberes adquiridos que podem ser reproduzidos em contextos distintos, mas admite a existência do autoconhecimento e a possibilidade do indivíduo descobrir as suas potencialidades, projetando sua vida numa dimensão de qualificação pessoal e busca de autonomia. Muitos adolescentes têm ocupações não remuneradas, sejam elas na área esportiva, ou cultural, pelo trabalho e aperfeiçoamento do seu corpo físico, às exigências específicas de uma modalidade esportiva, ou ainda, de desenvolvimento intelectual, seja pelo estudo de ferramentas computacionais, idiomas, dança, música, pintura entre outras. Ou seja, o adolescente tem seu tempo ocupado com atividades que lhe projetem perspectivas de realização pessoal, via atividades ocupacionais complementares ao processo educativo formal? Existem projetos governamentais que permitam esta construção dentro e fora da escola?  Existe um respeito à vocação dos contextos urbanos de inserção destes jovens atores no mundo do trabalho? Há um plano de ação para o desenvolvimento de competências necessárias em face das tendências interativas locais, em termos de trabalho humano? De que forma o processo emancipatório do menor pode ser antecipado, diante destas possibilidades aludidas?

   A identificação de um ser humano genial é mais difícil do que a descoberta de um aluno problemático, e quando não obstante esta genialidade, esta característica passa a ser um problema na construção de sua identidade pessoal. Uma criança que se comporta discursivamente demonstrando apropriação de conteúdos além da média, inspira cuidados, visto que pode estar se comportando de maneira dissimulada, ou realmente se verticalizando junto ao seu grupo de convivência. O aluno experimenta conhecimentos e quer queira, quer não queira é obrigado a administrá-los mostrando-se apto conceitualmente neste leque de ofertas de ferramentas de desenvolvimento físico e mental. Nem sempre estes conhecimentos vêm ao encontro das preferências intelectuais e/ou físicas do (a) aluno (a), o que enseja muitas vezes a desmotivação em função dos métodos utilizados pelos educadores, ou mesmo, o rigor do acompanhamento pedagógico quanto aos planos de aula e obediência às diretrizes curriculares.  Os educadores se encontram muito mais atentos aos resultados de seus instrumentos avaliativos do que na realimentação que este aprendizado pode trazer na vida do aluno, muitas das vezes. Ou seja, o professor é obrigado a documentar o seu trabalho através de uma série de procedimentos burocráticos que tomam tanto tempo de sua prática laboral, que no mais das vezes, lhe impede de observar atentamente a forma pela qual o indivíduo incorpora estes conhecimentos de uma maneira positiva, modificando e construindo seu perfil.

   Enfim, as linhas demarcatórias das instituições tais como a família, a escola, o mercado de trabalho e a sociedade, embora discutidas já na idade média, são praticamente impossíveis de serem identificadas, visto que os problemas acompanham os indivíduos em todos estes territórios compondo a sua unidade, seja lá em qual deles estiver pisando.

   Como esclarece Chiavenato (2009), o mercado de recursos humanos é constituído pelo conjunto de indivíduos aptos ao trabalho em determinado lugar e em determinada época, ou seja, a parcela da população que tem condições de prestar trabalho, empregadas ou desempregadas, mas que respondam as potencialidades demandadas pelo mercado de trabalho. Estas competências nem sempre são desenvolvidas dentro da escola convencional. Esta resposta, não é unívoca, mas sim fruto de uma longa jornada de vivência em ambientes de aprendizagem distintos. O indivíduo é o que é em sua totalidade, caso contrário, um bom ator, ou dissimulado. Porém,  deve ser consciente da necessidade de adaptar-se às regras de cada um dos subsistemas pelos quais circula, sem entrar em choque com os valores neles depositados, procurando adaptar-se à realidade do múltiplo, e vivenciando experiências proporcionadas pela convivência que certamente o torna centro de todas as expectativas, seja na sua genialidade ou na sua simplicidade de codificar e decodificar situações novas, e resolvê-las de acordo com as opções que dispõe, em seu tempo, em seu ritmo, e ao seu livre exercício. Ou seja, usando sua inteligência, a seu favor, e com isso favorecendo e qualificando as relações humanas num patamar de tolerância e respeito, mesmo diante de situações de absoluto enfrentamento e divergência de condutas e reações decorrentes do convívio social. Talvez essa seja a chave do grande portal das virtudes humanas.

   2. O amparo legal, dado aos talentos na perspectiva internacional e nacional.

   A declaração de Salamanca, Espanha, aconteceu entre 7 e 10 de junho de 1994 reconhecendo a necessidade e urgência em providenciar medidas relativas à educação para as crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino, congregadas especialmente as responsáveis pela Conferência Mundial em Educação para Todos, UNESCO, UNICEF, UNDP e o Banco Mundial. O conceito de escola inclusiva emerge deste evento, onde se reconhece a necessidade de desenvolver meios de integrar a criança, o jovem, adolescente, ou mesmo adulto, em projetos que possibilitem o desempenho intelectual destas pessoas, criando fundos conduzidos a estes fins. Este documento, pois, protege indivíduos em seus extremos, quer seja pela deficiência de aprendizagem ou pela hiperdotação, requerendo formação especial de educadores para atuarem junto a estas frentes de trabalho, com recrutamento e seleção devida de pessoal. O documento reúne perspectivas de envolvimento social, jurídico e institucional de pais e responsáveis, assim como a necessidade de interação informacional via mídia, que deveria promover medidas assertivas, como informar a população a respeito da possibilidade de formação nestas condições. e divulgação de experiências bem sucedidas. Destaca o evento, a necessidade do efeito multiplicador de instituições com esta finalidade, a nível nacional e internacional, tratamento de fatores interdependentes, como saúde, informação e combate à pobreza, cooperação internacional, encontros regionais e internacionais para discussão deste problema, projetos de equalização de oportunidades para pessoas portadoras de deficiências, considerado um procedimento padrão da ONU, A/RES/48/96, resolução esta aprovada em Assembléia Geral. Já as medidas nacionais incluem a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (Lei 9394/96), artigos 58 a 60 – 20/12/1996; Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares – Estratégias para a Educação de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais – 1998; Plano Nacional de Educação – (Lei 10172/01) – 09/01/01; Resolução Nº 2 do Conselho Nacional de Educação/ Câmara de Educação Básica – 11/09/01; Parecer Nº 17/01 do Conselho Nacional de Educação/ Câmara de Educação Básica – 03/07/01; Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica do Ministério da Educação – 2002.

3. Os projetos governamentais existentes de apoio aos menores com perspectivas de uma carreira esportiva e/ou cultural bem como profissional.

     Questiona-se o papel das organizações na gestão de recursos humanos no sentido de fazer frente às necessidades emergentes de mercado. Neste sentido, não é outro o entendimento doutrinário, senão a invocação da Responsabilidade Social das mesmas.

   Entre os projetos de Dilma Roussef para 2012, está o de enviar estudantes brasileiros para instituições internacionais no sentido de que aprendam com países de primeiro mundo e contribuam com as inovações tanto do setor produtivo como na prestação de serviços do governo[5]. Este projeto está voltado para o público maior de 16 anos. O interessante de se fazer presente nesta discussão, é que o Brasil não conta com uma política de intercâmbios para estudantes estrangeiros tão intensamente quanto em países desenvolvidos. As famílias brasileiras tem como sonho de consumo para seus filhos, uma vivência educativa internacional, projetada geralmente para países de língua inglesa ou outras que não o espanhol. Para um Estado como o Paraná, que pretende se tornar modelo de educação, a promoção dos mesmos deveria ser intensificada, especialmente entre os países latinos, onde a língua espanhola não seria de grande dificuldade para adaptação destes estudantes, contextualizando o maior interesse pela configuração de uma unidade de pensamento na direção e nos rumos da educação nas Américas do Sul e Central, e no México, extensivo às demais nações certamente.

   Também a Presidente da República, lançou no último dia 13 de maio de 2012, Dia das mães, o Programa “Brasil Carinhoso”, que aufere ajuda de custo às famílias de extrema pobreza, no valor de setenta reais por criança, no sentido de suprir necessidades básicas dos infantes.[6] As escolas públicas tem sido pólos de combate à pobreza, recebendo e alimentando crianças de todas as idades, inclusive na distribuição do leite em Curitiba, além de bolsas e auxílios. Certamente a melhoria das creches poderia vir ao encontro deste ideal governamental, de uma maneira muito mais assertiva, administrando este investimento e canalizando recursos. O Brasil já contemplou os disparates do Programa Fome Zero, criado em 2003, que substituiu outro, conhecido como Comunidade Solidária, com apoio do Banco Mundial, na execução de um ousado programa social, que culminou com o descaminho e desvio de recursos em várias regiões brasileiras, anunciados pela mídia.

               Um outro projeto de largo alcance é de iniciativa privada, organizado pela Rede Globo de Televisão, em parceria com a UNESCO, criado em 1986, qual seja, o “Criança Esperança”, que acontece reunindo personalidades do mundo televisivo, num show anual que faz arrecadações através de doações feitas antes, durante e depois da exibição do programa, cujo objetivo é transformar o futuro das crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social. Cerca de cinco mil projetos já beneficiaram esta fatia da população num número aproximado de quatro milhões de pessoas, porém, os quatro Espaços Criança Esperança estão localizados em: Jaboatão dos Guararapes, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.[7]

4. O apoio legal dado aos jovens, futuros profissionais, pelo governo, na capital do Paraná.

   O grau de complexidade das relações de trabalho tem aumentado nos últimos anos, pela transformação das expectativas e necessidades das organizações e das pessoas, cuja tendência de tornar-se mais exigente tem se manifestado não somente em termos de qualificação e/ou formação, mas também na capacidade de resposta para as necessidades da empresa e/ou negócio. Ou seja, não apenas o saber, mas o saber fazer, focando a capacidade das pessoas em articular conhecimentos, habilidades e atitudes com o contexto onde se inserem, especialmente tendo em vista o crescimento econômico do Brasil nos últimos anos (DUTRA, p.206, 2002).

   A cidade de Curitiba apresenta uma configuração populacional diversificada, onde as classes sociais possuem territórios relativamente bem delineados quanto à ocupação habitacional, porém já se percebe os movimentos de fluxos e refluxos decorrentes da busca pelo trabalho de atores sociais que se deslocam de regiões com menos entropia, ou seja, quase rural, para a malha urbana. Uma fusão de exemplos extremos de pobreza, com os requintes das elites dominantes, num mix populacional observável. Neste sentido, convivemos com a realidade bifocal apontada por Toffler, quais sejam, a sociedade agrícola, que tirava sua energia dos homens, animais, sol, vento e água. A sociedade industrial, do carvão, do gás, do petróleo, dos combustíveis fósseis (VERGARA p.15, 2005).

   Observa-se que a cidade de Curitiba, vem nos últimos anos se tornando um pólo das indústrias em diversos segmentos, portanto, os investimentos vêm se direcionando para a formação de capital humano que responda a esta vocação, não obstante a existência de comunidades segregadas, bolsões de pobreza, sem uma definição de tendências sócio-educativas, e as que poderiam responder a uma perspectiva agrícola. Em ambas as hipóteses, a possibilidade de desenvolver talentos no manejo de recursos humanos é uma alternativa.

   Uma iniciativa extremamente louvável é aquela que instrui o trabalho de ação social do Instituto Tibagi, na capital do Paraná, que através de um sistema de parcerias, desde 1995, vem formando profissionais voltados para a indústria tendo por excelência a formação cidadã.[8] A preocupação desta instituição é treinar e desenvolver competências de jovens e adultos para o mercado de trabalho automatizado e profissional, voltado para a indústria. Mas também o Programa Menor Aprendiz, tem mobilizado um público de 14 a 24 anos que estudem em Rede Pública com milhares de ofertas de empregos onde o estudante pode aprender nas unidades onde for recrutado, trabalho este desenvolvido pelos Centros de Integração Empresa Escola, nas capitais brasileiras inclusive a do Estado do Paraná[9].

   Importante mencionar os esforços da Fundação Cultural de Curitiba, que tem sido um ícone de luta pela divulgação e promoção da cultura em suas diversas formas de manifestação, desde 1974. Também por esta instituição é mantida a Rede Sol, formada por artistas voluntários que desenvolvem trabalhos de convivência social, em lares, escolas, hospitais, asilos, orfanatos, entre outros. contribuindo para o desenvolvimento físico e mental da população.  

   Uma iniciativa igualmente louvável, porém não duradoura, foi à criação da Universidade do Esporte, um centro de excelência no desenvolvimento de atletas com vocação para a Ginástica Olímpica, que foi desativada. Lá estiveram, Dayane dos Santos, Diogo e Danielle Hypólito, marcando um período de treinamentos que suscitou entusiasmo momentâneo ao investimento. 

   Ainda timidamente, o esporte pa­­ranaense descobre os benefícios da Lei de Incentivo ao Esporte (11.438/2006) do governo federal, em vigor há três anos. Nos últimos seis meses, o estado teve 12 propostas aprovadas pelo Ministério do Esporte. Desde 2007, o Paraná so­­mou 18 projetos – apenas 4% das 439 propostas aprovadas em todo o país – autorizados a buscar na iniciativa privada um total de R$ 13,3 milhões. A lei determina que em­­presas podem destinar 1% do Im­­posto de Renda para patrocinar o esporte (pessoas físicas contribuem com até 6% do tributo) [10]·. Neste sentido, a atuação da Secretaria do Esporte do Estado do Paraná,  conta com unidades descentralizadas com competências direcionadas especialmente para a prestação de assistência técnica desportiva e jurisdicional aos municípios que integra, no desenvolvimento de planos, políticas municipais de esporte, bem como o desenvolvimento de projetos, e o desenvolvimento de cursos de especialização nas áreas onde atua. A Secretaria desenvolve atualmente o Programa Talento Olímpico do Paraná, apoiando atletas contemplados com bolsas, que foram indicados pelas federações de 24 modalidades olímpicas (220 atletas) e de 08 modalidades paraolímpicas (30 atletas), levando-se em conta o desempenho individual nas últimas competições. São atletas de 11 a 18 anos de idade, com potencial para participar de disputas nacionais e internacionais, com ênfase nas Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016 e/ou 2020. Considerando critérios pré-estabelecidos, a lista passou pela análise da comissão de avaliação do programa TOP 2016, formada por nove representantes de entidades esportivas[11].

   Uma outra iniciativa, é aquela desenvolvida pela Secretaria de Cultura do Estado do Paraná, que visa O Projeto “CulturAção” , do Programa Liberdade Cidadã, promovendo a inclusão social de jovens em restrição e privação de liberdade. São cursos culturais de diferentes áreas, como dança, música, teatro, desenho e literatura, ministrados em 15 cidades do Paraná. O programa visa estimular aspectos culturais, educacionais, artísticos, psicomotores, sociais, afetivos e éticos aos adolescentes dos 18 Centros de Socioeducação e das seis Casas de Semiliberdade vinculadas à Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social (SEDS). As oficinas também contribuem para a integração, inclusão e socialização, canalizando vivências de tensão e agressividade para ações construtivas, cuja escolha é feita por edital anual, promovido pela SEEC[12].

   A Secretaria de Educação do Estado do Paraná[13], igualmente reforça suas preocupações com a Educação Especial, documentando os subsídios para a construção de Diretrizes Pedagógicas da Educação Especial, na Educação Básica, incluindo a superdotação e altas habilidades (item IV do documento, orientado pela Legislação mencionada no item anterior a este[14].

   Conclusão

   A primeira missão de qualquer ser vivo, é compor a sua própria história. Neste caminho, a gama de acontecimentos que o envolvem ultrapassa seu próprio limite de compreensão, visto que toda forma de vida no planeta em que vivemos é cíclica e interdependente. É com certeza por meio destas relações de interdependência que aprendemos e nos adaptamos às situações novas, perdendo ou ganhando com elas, seja no corpo físico ou psíquico. Mas este estado de arte está intimamente relacionado com o poder de influenciar e ser influenciado, motivar e ser motivado, desenvolver e ser desenvolvido, buscar e correr o risco de não encontrar respostas aos novos desafios, reinventar maneiras de conduzir interesses, e não desistir deles jamais. Para tanto, não é preciso um cérebro brilhante, mas uma mente sadia, que pela obra dos sentidos, execute o que tem de melhor. O contrário também acontece. Exatamente o que ocorre quando perdemos com as experiências vividas, ao que chamamos de fatalidades ou ironias do destino.     A cultura, esporte, lazer, educação, são invenções do imaginário humano, formas de manifestar o potencial que habita entre nós, alternativas emergentes de um mundo em transformação, que caminha pela trilha futurista das novas gerações e de novas concepções e formatações do comportamento humano em face às mudanças efetuadas por opção ou contingência. Mas um fato é absoluto. Somos diversos em nossa natureza interior, seja ela genética ou social, em nossas relações de poder e também em nossas escolhas. A decisão que tomamos no rumo que queremos dar às nossas vidas altera de alguma forma a realidade em que vivemos, porque modifica a maneira de pensar dos grupos sociais em que nos inserimos ou não, e até mesmo de maneira televisiva. Mas quem nos confere estes poderes? Uma sociedade de incompreendidos, esmagados pela supremacia dos que mais tem, e nem sempre dos que são. Somos formadores de opinião, somos eleitores, somos agentes de transformação, somos investidores fracassados ou bem sucedidos no universo das possibilidades daquilo que o capitalismo pode erguer na engenharia humana de transformar recursos em configurações dinâmicas demonstrativas de talento e coragem. Construtores de alteridade e arquitetos de novas inteligências, sejam elas naturais e/ou artificiais e que por ignorância e covardia não se realizam, não se concretizam, não se materializam. Qual o compromisso que temos diante disso? Buscar modelos teóricos que expliquem aquilo que os olhos podem ver é perda de tempo. O estudo da inteligência humana em contextos menos aculturados, como no Brasil, devido à heterogeneidade populacional e os efeitos da educação de massa, jamais revelam talentos ou hiperdotados em sua plenitude, a menos que estes se convençam disso, e ao longo de suas vidas desenvolvam estas potencialidades. Muitas vezes a sociedade se surpreende diante da realidade dos fatos, e não por ferramentas condutoras de resultados, em ambos os sentidos, tanto no indivíduo correto em suas atitudes, como aquele que consegue grandes resultados no plano econômico e social, mostrando-se versátil na obtenção de vantagens pessoais, ridicularizando a educação como forma de sucesso profissional e cidadão.  Os indivíduos se apresentam com dons eminentes em suas vidas e só esta constatação já se torna uma enorme preocupação para os pais e educadores. Serão seres humanos formados para educar e constituir suas famílias.  Dispensados, pois, quaisquer testes que o justifiquem, visto que muitos deles são manipulados e com um bom “coaching” podem aludir expectativas, ou seja, com bons mentores e tutores, a vida pode esbarrar menos por obstáculos perigosos e algumas vezes intransponíveis. Professores são aqueles que mais compartilham experiências na arte de projetar valores e desenvolver potenciais, não obstante serem esquecidos. Se a educação fosse uma prioridade dos governos, seria pública para todos. E não o é na maioria dos países do globo. Trabalhamos com uma difícil questão: o uso do potencial humano para fins humanitários e pacíficos, transcendente ao egoísmo dos governos, das comunidades e dos indivíduos. A educação lamentavelmente transformou-se em comércio e as pessoas, em objetos de manipulação ideológica. Esta percepção incomoda os estudantes e professores, quando não os desmotiva, mas ainda assim a crença numa perspectiva de dias melhores os mantém conectados ao ideal maior de uma sociedade mais justa, onde os que são mais podem ser os líderes que precisemos para inverter posturas radicais e imperativas nas várias faces do globo, onde há pobreza, miséria, e exemplos irônicos de utilização indevida das riquezas econômicas, onde nem cérebros brilhantes conseguem interpretar e por freios a tanta ignorância e desperdício. Urge, pois, um alerta, para aquilo que nos parece óbvio: a diferença entre um homem e um animal é a sua capacidade de pensar. Não há tolerância para seres que agem como animais e ainda assim são considerados talentosos, superdotados, líderes de grupos, chefes de governo, mas que necessariamente são tolerados, pelo medo, pela força e pelo poder que representam. Para o novo milênio, crianças mais esclarecidas diante daquilo que podem fazer com um cérebro único que a natureza lhes dá, é o nosso desejo, já não mais pelo controvertido presente, mas para que haja um amanhã, onde as expectativas se projetem com mais otimismo.

 

 

 

Referências

 

ALMEIDA, Walnice. Captação e seleção de talentos. São Paulo: Atlas, 2004.

 

CHIAVENATO, Idalberto. Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal: como agregar talentos à empresa. São Paulo, 2009.

 

Conselho Brasileiro para Superdotação. Disponível em <http://www.conbrasd.org/> Acesso  

em 13.mai.2012.

 

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CURY, Augusto. O código da Inteligência: a formação de mentes brilhantes e a busca pela excelência emocional e profissional.  Rio de Janeiro: Ediouro, RJ, 2008.

 

DUTRA. Joel Souza. Gestão de Pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. Editora Atlas, São Paulo, 2002.

 

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    Acesso em 10.05.2012

 

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MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo, Rio de Janeiro, 2003.

 

PROGRAMA BRASIL CARINHOSO. Disponível em <

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SECRETARIA DA CULTURA DO ESTADO DO PARANÁ. Disponível em Acesso em 14.05.2012.

 

SECRETARIA DO ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Disponível em; Acesso em; 14.05.2012.

 

TALENTOS NACIONAIS. Disponível em Acesso em. 25.04.2012.

 

VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de pessoas. Editora Atlas, São Paulo, 2005.

 

 

 

 

   

    

 

 

 

 

 


[1] O autor é Professor Superior, Bacharel em Ciências Naturais, Direito e Administração, Mestre em Gestão Urbana, e está matriculado no doutorado em Direito da Universidade Federal de Buenos Aires-Argentina.

[2] Crianças superdotadas Disponível em Acesso em: 26.04.2012.

*Nota: MENSA - Roland Berrill, um advogado australiano e o Dr. Lancelot Ware, jurisconsulto e cientista inglês, fundaram a Mensa na Inglaterra em 1946, de proteção a superdotados. .

 

[3] Entrevista concedida por Maria Lucia Sabatella à CBN.  Disponível em   Acesso em 10.05.2012.

[4] Conselho Brasileiro para Superdotação. Disponível em <http://www.conbrasd.org/> Acesso em 13. mai.2012.

[5] TALENTOS NACIONAIS. Disponível em Acesso em. 25.04.2012.

    [6] PROGRAMA BRASIL CARINHO. Disponível em <

     http://noticias.br.msn.com/artigo.aspx?cp- documentid=33766297>. Acesso em 13.05.2012.

 

[7] CRIANÇA ESPERANÇA. Disponível em: Acesso em 14.5.2011.

[8] INSTITUTO TIBAGI. Disponível em . Acesso em: 11.05.2012.

[9] PROGRAMA MENOR APRENDIZ. Disponível em Acesso em 17.05.2012.

[10] INCENTIVO AO ESPORTE PARANAENSE. Disponível em< Acesso em: 25.4.2012.

[11] PROGRAMA TALENTO OLÍMPICO DO PARANÁ disponível em . Acesso em 14.05.2012.

[12] SECRETARIA DA CULTURA DO ESTADO DO PARANÁ. Disponível em Acesso em 14.05.2012.

[13] SECRETARIA DO ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Disponível em; Acesso em; 14.05.2012.

[14]  O Instituto De Educação Do Paraná é pioneiro nos trabalhos de formação de professores, sediado na capital do Estado do Paraná, desde 1876, criado pela Lei no. 456 de 12 de abril deste mesmo ano.


Autor: Antonio Domingos Cunha


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