A grande aposta



A GRANDE APOSTA

 Quem disse que para se sentir sozinho necessariamente se deve estar desacompanhado de pessoas ou para se sentir completo e seguro o mundo deve estar com todas as atenções voltadas para você, a lua embora esteja rodeada de estrelas e seja a rainha da noite, aparenta sua fragilidade no meio de uma noite tempestuosa, e sua luz não consegue ser vista por estar sufocada entre as nuvens, e, solitária, não pode nem mesmo servir de alento aos casais apaixonados e aos poetas boêmios.

Nossas concepções sobre o amor irão amadurecer e ganhar a força de uma árvore de baobá com o passar dos anos, as próprias decepções que inevitavelmente passará - todo aquele que tem um coração que pulsa no peito - se encarregarão disso. Quando adolescentes sonhamos doces sonhos coloridos ao pensar na pessoa amada, pois ainda existe fé na crença da inocência e pureza do amor, e piamente acreditamos que se for uma boa mulher ou um bom homem, amando com todas as forças e da maneira mais sincera, por um milagre do destino, o mundo irá ser justo e nenhum “filha da puta” vai pisar em seus sentimentos, acreditamos na justiça do amor, e esquecemos o maior livre arbítrio deixado por Deus a nós meros mortais: O PODER DE AMAR, ou de deixar de amar.

Deixar de amar, não necessariamente significa odiar. O grande Érico Veríssimo há muito tempo já afirmava:

“O amor está mais perto do ódio do que a gente geralmente supõe. São o verso e o reverso da mesma moeda de paixão. O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença”

Entendemos com o passar do tempo, que às vezes, por mais que você seja uma boa pessoa, belo(a), rico(a), inteligente, ou possua qualquer outra qualidade que o(a) torne praticamente irresistível, algumas pessoas simplesmente nunca irão se apaixonar por você, nem também irão te odiar, unicamente irão se mostrar indiferentes....e nesse momento, com o passar do tempo, você será humilde e estará maduro(a) para entender que o AMOR como qualquer aposta pode gerar vultosos lucros, mas também consideráveis perdas, compreender que o problema não é você - e também não é a outra pessoa - e se mesmo assim você não entender, “FODA-SE”, porque o mundo também estará indiferente ao sofrimento de seu ego machucado.

 Após algumas decepções você estará arisco o bastante para não acreditar na primeira declaração de amor de uma pessoa que está em sua vida há pouco tempo, mas em contrapartida já terá usufruído a felicidade de se sentir seguro ao estar entregue nos braços de uma pessoa que realmente admira ou que um dia admirou -  aquela que tem o incrível dom de te faz se sentir única e importante  em um mundo de mais de sete bilhões de pessoas - então terá a coragem de arriscar no jogo, apostará novamente, mas não da mesma forma afoita e estabanada do primeiro amor, será  mais semelhante a um leve sopro do que a um furacão, e mesmo que aos poucos, abrirá seu coração e novamente ousará arriscar a depositar suas fichas na mesa.

 Na APOSTA, podemos na melhor das hipóteses minorar as possibilidades dos blefes, como uma empresa que faz uma análise de mercado antes de colocar um novo produto no mercado, minimizamos as possibilidades do fracasso analisando nosso parceiro em potencial, mas essa abordagem preliminar, embora interessante e necessária, também não assegura o sucesso e a rentabilidade do novo investimento.

 Esses dias, em mais uma madrugada às claras, encontrei em uma caixa de livros velhos, uma obra que tratava sobre os sinais perceptivos dos relacionamentos, de como diminuir as possibilidades de encontrar uma pessoa que não queira para você. Folheando algumas páginas encontrei um excerto muito interessante que citava um exemplo de uma mulher que reclamava do marido alcoólatra e que se tornava extremamente violento quando bebia. Questionado a ela onde eles se conheceram, descobriu-se que foi em um bar em uma noite de um dia qualquer. Analise muito bem onde procura seus parceiros, porque ele poderá ser um reflexo dos ambientes em que frequenta, se possivelmente você é louca por um homem mulherengo que frequenta lugares de prostitutas, mesmo que você o conquiste, é evidente que ele poderá encontrar problemas com a fidelidade.

Mas então o que fazer? Se dedicar ao celibato e a vida de castidade? Não. A maioria das pessoas solitárias são extremamente amargas, possuem uma ferida que não há mertiolate ou religião que cure. Às vezes se encobertam em preocupações evasivas, para disfarçar o arco-íris monocromático que é a vida de alguém que não encontrou seu ponto de equilíbrio.

Então aposte. Arrisque, minimizando as jogadas e blefes absurdos. Ponha suas maiores cartas na mesa, mas deixe sempre uma guardada, para que você sempre possa surpreender, e não tornar-se uma pessoa previsível em que o outro jogador consiga prever sua próxima jogada sem grandes dificuldades.

 E o mais importante: quando a aposta tiver alta demais, e você intuir que existe a possibilidade de quebrar o banco, mesmo que já tenha investido alto, seja humilde e deixe o jogo, suportando as perdas já existentes, mesmo sendo evidente que vai demorar algum tempo para se reabilitar novamente; TODO GRANDE JOGADOR SABE A HORA DE PARAR E DEIXAR O JOGO.

Agora, se tiver a felicidade de ganhar uma partida nesse jogo de gente grande, comemore...ame, e não tenha vergonha de dizer ou de demonstrar isso todos os dias, renove constantemente os votos de um futuro bom,  e desfrute a alegria de ter ganhado o maior premio da vida: O AMOR.

Nunca subestime também a complexidade do JOGO, saiba que este apenas se finda com a MORTE, mesmo que durante anos sua APOSTA tenha dado certo, nada garante que em um lance de má sorte ou “descuido”, por ironia do destino tudo venha a se perder.

Conheci jogadores que foram vitoriosos por mais de 40 anos, por acreditar que tudo já estava ganho, esqueceu-se das regras elementares do JOGO e perderam todas as fichas de uma única vez...e embora a mesa sempre esteja aberta para quem queira arriscar na APOSTA, se perdeu a “boa mão” vai ter de se conformar em concorrer aos prêmios menores.

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Autor: Lucas Simão Tobias Vieira


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