7 Minutos Na Farmácia



Entrei na farmácia. Pedi um remédio para dor de cabeça. A atendente era uma mulher. Cabelos negros, pele rosada, unhas bem cortadas, olhos ardentes como o sol. Sua postura ereta e firme me trazia uma sensação de equilíbrio, como se ela fosse uma fortaleza espiritual. Isso despertou em mim um certo fascínio. Antes de ir, pensei dizer algo mais. Hesitei. Fiz o pagamento, e dei alguns passos em direção à saída. Saí. Antes de atravessar a rua, ali parado na calçada, esperando os carros passarem, pensava em voltar, e expressar toda minha vontade àquela moça. Dei meia-volta. Entrei na farmácia, e fitando  seus olhos de águia,- nesse momento ela já havia percebido minha volta, e se recompôs- comecei caminhar em sua direção. Cheguei perto dela. Apenas o balcão nos separava. Ela perguntou, “O senhor deseja mais alguma coisa?” Pude sentir sua respiração, leve como o vento. Fixei seus olhos com ardor, e disse-lhe, “posso sentir o cheiro da sua boceta?” Meu coração disparou. Ela me olhou com olhos arregalados, parecia não acreditar no que acabara de ouvir. Com o rosto avermelhado, olhos flamejantes, e o coração palpitando, respondeu: “Senhor, tenha um pouco de respeito”.

Cuidava para que a vergonha não me vencesse, e balbuciei, “desculpe a indelicadeza, senhorita, mas é que, de repente, assim de súbito, me deu uma vontade louca de sentir o cheiro da sua boceta molhada exalar por minhas narinas”. Ela conseguia conter o tesão, que já lhe denunciara seus olhos. Imaginava que uma sensação calorosa subia-lhe as pernas. E me disse, “ é melhor você ir embora”. Nesse momento eu já não era “senhor”.

Não podia mais insistir. Mesmo sabendo que minhas palavras lhe provocara um sentimento vigoroso. Isso era percebido pelo suor de seu pescoço. Um suor viscoso que passeava em seu corpo, lentamente. Nessa altura já deveria estar com a calcinha empapada.

Sem nada mais a dizer, fui embora.

Talvez algum dia eu volte a vê-la. Seja naquela farmácia ou em outro lugar qualquer.

 

Thiago Rodrigues Braga

Abril de 2008


Autor: Thiago Rodrigues Braga


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