Correio de uma moribunda



                                         Uma mesa de bar , 9 de julho de 2012 .

Querido Padeiro,

Tenha a bondade de me perdoar por não ter ciência de teu nome, sei que vens de família italiana, tenho muito apreço por tal cultura mas infelizmente não guardo nomes, acredito que seja uma perca de tempo daquelas estupidas sabe ? O ser humano se auto rotula, pra mim as pessoas deveriam ser chamadas do que elas têm cara, João, Maria, Risonho, Tristeza, Mácula, Feliz… Ora, tenha a fineza de se permitir meu caro, a mim tú já podes chamar como lhe convir.

Queira me desculpar também das vezes que reclamei por seu pão estar “cru” ou “queimado demais” talvez o senhor estivesse em um momento difícil e não se atentou, a gente tem mesmo a mania de julgar os outros, achar que só porque vemos o dia bonito os outros têm a mesma visão, a verdade é que o pôr do sol fica visível somente a alguns, quem sabe da vida de todo mundo nessa terra?

Creio que o senhor escuta aquela música do Chico de manhãzinha e já acorda com ela no pensamento, pode ser que não seja o Chico, talvez seja Caetano ou aquele Black, o que não muda é a garota, ela te encanta, te fascina, te faz querer continuar, se me permitir, dar-te-ei um conselho meu velho: “Ela não é tudo isso, e quando se der conta de tal fato ame seus defeitos , se assim fizer tenha a certeza que ela terá a fineza de nunca te deixar.”.

Não crie nós invisíveis amigo, eles machucam , crie laços , eles enfeitam a vida .

                                                                             Com Carinho,

                                                                                             Alícia.


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Autor: Camila Guerra


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