Decretada a submissão do nordeste



Desde a fundação da SUDENE. em 1959, houve uma forte concentração de investimentos em Pernambuco e Bahia, de capital provenientes dos incentivos fiscais administrados por aquela autarquia. Apesar de ter tomado conhecimento disto, pois não faltaram estatísticas comprobatórias, o Governo Central não providenciou a correção  do desequilíbrio. No entanto, permitiu que aquela forma de incentivo, que inicialmente se destinava a corrigir desequilíbrios inter-regionais de crescimento, se dispersasse em direção setores tais como SUDAM, SUDEPE, EMBRATUR, IBDF, PIN, PROTERRA, EMBRAER, MOBRAL ETC, esvasiando as possibnilidades de se corrigir, a médio prazo, a enorme disparidade  entre os níveis de vida do nordestino, comparativamente ao dos habitantes de regiões mais ao Sul.
A bem da verdade, é lícito afirmar que o PIB per capita do Nordeste é o mais baixo de todo o País.
Convém deixar claro que, na década de 60, se os recursos pareciam excedentes, visto que em alguns momentos a disponibilidade de capital para investimento superavam o valor das solicitações dos projetos aprovados, não é menos verdade que o processo de industrialização então iniciado, partia de uma base extremamente limitada. Assim sendo, nunca houve, realmente, um excedente de capital para investimento, na Região. E a concentração dos recursos disponíveis nos dois Estados aqui mencionados, também colaborou para tornar aparente, um inexistente excesso de capital. Tivessem sido, eles, distribuidos mais equitativamente entre os Estados que compõem o Nordeste, a falsa aparência de um capital excedente nunca teria se manifestado, além de que os resultados gerais teriam sido mais satisfatórios, tanto para esta Região quanto para o Brasil.
Resumindo: A nível regional, houve concentração de recursos; a nível nacional, houve dispersão, em razão do que, a partir dos anos 70, a disponibilidade de capital para investimento, nesta área , seria sempre inferior à demanda dos projetos aprovados. Foi assim que decidiram e decretaram a submissão desta Região, traindo o espírito da Operação Nordeste, senão o do seu próprio mentor intelectual, Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira.
Mas esta submissão nordestina ao Poder Central, que contraria a princípio da Federação. é uma distorção que poderá ser corrigida por ação de fatores imponderáveis.
Eu chamo de imponderáveis a certas condições não percebidas, de desenvolvimento econômico, que depois de realizadas e constatadas são reconhecidas como fatores históricos. Foram imponderáveis, por exemplo, os fatores históricos que, antes de serem conhecidos, determinaram a transferência de fábricas de calçados do Rio Grande do Sul para o Ceará; os que conduziram este Estado à condição de maior produtor e exportador nacional de flores; ao segundo lugar como e exportador de frutas irrigadas e calçados; e os que conferem a Fortaleza, o dinamismo que a coloca na vice-liderança econômica das capitais do Nordeste, já tendo superado Recife, estando, agora, se aproximando de Salvador, que ainda mantém a primeira posição..
Isto prova que o destino dos povos não resulta, apenas, da decisão e da vontade humanas, mas também de tudo o que pode acontecer quando aqui se manifestam as realizações do mundo interior.


Autor: José Odaci Lima


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