Vida



            VIDA: ninguém nunca disse que seria fácil brincar de gente grande

Depois de muito tempo sem escrever, sem vontade e ideias para transmitir e com a vida totalmente voltada para outro rumo, me deparo na minha primeira semana de férias da faculdade, sentada na frente de um computador, com a página do word aberta e saboreando uma gelatina (porque, afinal, já passam das dez da noite e não se pode abusar nessa hora).

            Por volta de quase cinco anos atrás eu escrevia porque sonhava em ser uma grande jornalista. Fiz vestibular, me dediquei, me decepcionei e desisti. Enquanto um lado meu sonhava com o mundo das letras e dos acontecimentos, o outro amadurecia a ideia matinal de ser uma advogada, em que a faculdade era uma espécie de selva, com pessoas diferentes e conceitos estranhos regados a muita monotonia. Assim, vivi dois anos intensos de jornalismo até perceber que não era o meu lugar e, simplesmente, passei dois anos perdidas em um local que ainda tento me adaptar.

            Minha vida nos últimos dois anos e meio deu uma volta que eu nunca pensei que poderia acontecer. Passado é passado, não volta e não se revive. O presente é o que importa para que o futuro seja o esperado. De aspirante e sonhadora jornalista, estou prestes a me tornar advogada. De um mundo cheio de matérias a serem escritas e histórias a serem contadas, passo a me deparar com problemas a serem resolvidos e uma sala pequena. De roupas coloridas e um estilo extravagante, terei que me contentar com os tons pastéis e um estilo clássico. Resultado disso, nunca estive tão feliz na vida!

            Mas o que isso tudo quer dizer? Absolutamente nada. Significa, apenas, as etapas da vida a serem percorridas. Significa que crescer exige escolhas e renúncias. A vida não passa de um simples caminho a ser percorrido com algumas curvas e paralelas a serem seguidas. Amigos que conhecemos e compartilhamos momentos importantes passam a ser parte de boas lembranças, os sonhos podem ser trocados e as rotinas são modificadas.

O que ontem era prioridade, hoje não passa de uma futilidade boa. O que ontem era um sonho distante, hoje é a realidade a ser conquistada. O que antes se temia e se desprezava, hoje se percebe ser o lugar ideal. São os resultados de um amadurecimento, forçado ou não, mas ninguém nunca disse que seria fácil brincar de gente grande.

Em certa etapa da vida não se tem preocupações, tudo é sinônimo de festa e diversão. Somos jovens, e essa é a principal desculpa para os nossos erros, mas não importa ainda somos jovens e as responsabilidades serão deixadas para quando formos mais velhos, quando a faculdade acabar pensaremos nisso. Nessa fase, tudo o que importa é curtir com os amigos as melhores festas da cidade e região ou, para os mais pacatos, os romances como se aquela pessoa fosse a sua outra metade, ninguém nunca sabe, vai que ela é então devemos arriscar.

O problema é que o tempo voa, voa mais rápido do que se pensa, do que se percebe. O tempo é pouco e com o passar dos dias, as pessoas percebem que o tempo diminui cada vez mais, como se as vinte e quatro horas diárias não fossem mais suficientes. De jovens com cabeças de crianças, cheios de sonhos, pouca responsabilidade e uma noção bem precária do que seja o mundo, esses são obrigados a virarem mulheres e homens. Não que isso seja ruim, uma hora ou outra iria acontecer, mais cedo para uns e mais tarde para outros.

 É nessa hora que a cabeça quase pira, que a cobrança é grande, que a gente se cobra mais. Estamos quase com um diploma nas mãos, mas não sabemos o que fazer com aquele pedaço de papel, mas isso não é desculpa, esse pedaço de papel terá que gerar dinheiro, porque já está na hora de pagar as próprias contas. Ou seja, agora que começamos a ser dono do nosso nariz!

Das páginas virtuais que indicam as melhores festas ou os catálogos das lojas com as liquidações mais esperadas, as pessoas passam a frequentar as páginas de classificados em busca de um emprego, de um imóvel que poderá ser transformado em determinado ponto comercial ou de um lugar para morar e ser independente e construir uma família. As prioridades são outras, porque a fase da vida é outra, é a fase de crescer.

Viver pode ser comparado a uma borboleta, que começa a vida como uma lagarta que apenas rasteja, come e tem dificuldades em se defender e se transforma em um ser que se move por todas as partes e é independente. Viver não passa de constantes metamorfoses, de escolhas e de etapas a serem percorridas com os olhos abertos e a cabeça erguida. Viver é crescer, é uma brincadeira que todos irão participar e basta apenas saber definir qual será o seu papel dentro do jogo da vida.

 MARIANA TANNOUS DIAS BATISTA


Autor: Mariana Tannous Dias Batista


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