A morte do filósofo nietzsche.



A morte do filósofo  Nietzsche.

 

Uma foto.

Moribunda.

Representava a realidade.

Um gênio exposto sobre a cama.

Ao lado apenas a mãe.

Solitariamente olhava para o filho que morria.

Relativamente jovem e inteligente.

Era Nietzsche.

Dessa forma definia o destino de um grande gênio.

 

Dos olhos do filho desciam lágrimas.

Não pelo fato que estava morrendo.

Mas porque não poderia escrever novos livros.

Com as mãos trêmulas apertou as mãos da mãe.

Seus lábios feridos, disse suavemente.

 

É o fim, uma bactéria estava no cérebro.

Tudo porque teve uma noite de sexo.

Não existia naquela época  antibiótico.

O mundo não sabia naquele momento.

Que estava morrendo um gênio.

 

 

Essa imagem foi à passagem.

A mudança de estado.

Que é a mais absoluta ilusão.

A ideologia da mentira cumpria-se.

Silenciosamente a tarefa do consolo.

O mundo já não teria mais sentido.

 

Não existia mais a necessidade do afeto.

O caos intrínseco ao mal e a ausência de significado.

E ao mesmo tempo o princípio do bem.

A comparação da analise, o fundamento da verdade.

Apenas com a proporcionalidade das partes.

Um ato noctâmbulo, para realização da síntese.

Teve que nascer para ser, e ao ser, passou a não ser.

O mundo é apenas uma grande recordação.  

 

Disse Nietzsche.

Eis a lógica da exclusividade dialética.

Nesse instante os olhos estão fechando definitivamente.

Estava exatamente, naturalmente, deixando de ser.

Esse deixar de ser significa como se antes nunca tivesse existido.

Chorou, pois tinha tanto outros livros para escrever.

 

A existência está exaurindo e perdendo a falsa autenticidade.

Como se perde a primazia aflorada da necessidade das ilusões.

O destino é a piedade das compaixões.

Dos valores divinamente servis.

Como se a natureza tivesse alguma culpa.

Naturalmente que ela é toda errada, mas exatamente por isso é certa.

 

Não é possível  privilegiar o ser humano, deixa a bactéria agir e matar.

Por que a bactéria tem o mesmo direito na natureza, tanto quanto ao homem.

Só que a bactéria morre quando mata.

Mas não  sabe que é causa da sua morte.

 

 

A natureza é indiferente.

Quem for mais forte na guerra vence.

Por isso o homem perde.

Sobra apenas uma onda de silêncio.

Que agrega submissamente ao medo.

Sintetizando a ambígua angústia.

Sob a insígnia do desaparecimento.

 

Os últimos sinais, o niilismo tipifica a positividade.

Indicando ao contrário a essência da vida.

A dimensão do nada.

A falta de qualquer sentido, sobretudo, para aqueles que ficaram.

Perdidos nesse distante ponto do universo, sem referência.

Apenas uma estrela solitária na imensidão do infinito. 

 

Somos apenas o envelhecimento.

Isso quando conseguimos envelhecermos.

É necessário inverter a lógica da razão.

Esquecermos a tradição ao auscultar o movimento da natureza.

Por último deixamos que o instinto prevaleça.

Por meio da forma grandiosa do desprezo.

 

Somos uma passagem fútil, incerta e desnecessária.

Pedindo aos olhos da obrigação a compaixão.

Sem entendermos a dimensão do abismo.

A ponte e as margens, a solidão descritiva.

Destrói-se a construção, com vista ao aperfeiçoamento.

 

Afinal aceite a ideia cíclica do tempo.

De tal modo que o novo terá que ser igual ao procedente.

A natureza vai-se eternamente repetindo, refazendo a si mesma.

Variando as formas, diversificando os dizeres, mudando os olhares.

Mas sem jamais poder refazer se a Nietzsche.

 

Complexo as interpretações e modificando seus segredos.

Fazendo a roda girar eternamente, ninguém é por finalidade própria.

Divino ou escolhido.

Refletiu antes da morte o filósofo.

 

 

Tudo acontecendo aleatoriamente.

E o homem ordinário fugindo assustadamente.

Das ideias perversas da repetição.

No entanto acontece, não por preceitos metafísicos.

É inútil a dor e quase sempre cheia de perversidade à alegria.

Mas ela é necessária ao parto.

A ficção da mesa e a imaginação.

 

A intuição da mudança de estado.

E o tempo como algo necessariamente rápido.

A mesma lógica com todas as coisas.

A defesa especificamente do nada.

É apenas um sinal, o qual não se deve dizer.

 Mas sabemos o que representa a sombra.

Eis aqui como ela passa e representa a imagem.

Foi exatamente essa a passagem, com o filósofo Nietzsche.

 

 

Edjar dias de Vasconcelos.

 

 


Autor: Edjar Dias De Vasconcelos


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