Entendendo Um Pouco Mais A Crise Econômica Dos Bancos Americanos!



A crise mundial e a recente "quebra" do Lehman Brothers precisam ser melhor entendidas. O FED (Banco Central americano) já havia ajudado com recursos públicos dois grandes bancos, exauridos pela crise imobiliária americana, o Freddie Mac e a Fannie Mae. Foram us$ 200 bilhões de dólares, injetados para dar liquidez e evitar a crise maior no sistema financeiro americano, o efeito cascata. Algumas fontes oficiosas dizem que o governo chinês tinha quase US$ 650 bilhões aplicados nos bancos em perigo e daí mais uma forte motivação da ajuda. O governo da China é o maior credor de papeis no mercado americano. Todo o sistema é interligado e atores de diversos países transacionam entre si, este é um dos perigos da crise entrar no chamado efeito dominó.
O FED, discricionário e competente, tem feito seu papel de administrar mais uma crise originada na bolha imobiliária, iniciada na verdade em 2006. Estamos no final desta crise com a quebra dos últimos grandes bancos em problemas. A bolha estoura e alguns sentem seus efeitos, neste caso, o sistema financeiro americano que deverá levar alguns incautos banqueiros europeus e asiáticos que investiram em "papeis extraordinários", mas é só. Lembre-se que na espiral do mercado comprador sempre no seu final as taxas e os "spreads" são tentadores, o ganho alto, mas é proporcional ao risco. Quem nunca viveu momentos de oferta de papeis miraculosos, a taxas inacreditáveis, mas que na verdade são um "mico" fabuloso e estão na verdade saindo da mãos dos profissionais especuladores?A crise tem uma dicotomia, está no mundo virtual do mercado financeiro, não na economia real. A crise arrasta bancos, mas não todos, vejam o caso do Bank of América que comprou a Merril Lynch. A crise era previsível. A liquidez e prosperidade mundial desde a década de 90 aliadas a ganância de alguns bancos misturou-se a criatividade do segmento na criação de "papeis", derivativos e outros "produtos" virtuais. O mercado é comprador até perder sua força com o estouro da bolha. Isso é exatamente o que está ocorrendo com os bancos problemáticos americanos.

Alguns comparam esta crise a de 1929. Vejo opiniões diversas, mas o consenso é que não existe comparação. Podemos até dizer que é uma das mais graves crises financeiras, mas lembre-se de 1987, de 1997, de 2001 e outras menores. Crise financeira sempre é grave, mas serve para livrar o mercado de especuladores incompetentes que apostam tudo na liquidez do mercado, ganham rios de dinheiro e depois entregam tudo. Pena que sempre sobra para alguns pobres cidadãos, jogadores com certeza, mas que não podem assumir estes prejuízos.
Em 1929 não existiam as ferramentas atuais, a comunicação e a internet, a informática e a experiência dos banqueiros, por exemplo, Ben Bernanke, atual presidente do FED, é especialista na crise de 1929.
Falar que vivemos momentos iguais aos de 29 me parece errado, mas vivemos um momento sério. Falar em crise mundial sem precedentes também me parece equivocado. Passamos por ajuste na economia virtual, a economia real está segura pela força dos emergentes, China e Índia  manterão o ciclo ainda por bom tempo.
Óbvio, haverá ajuste, correção de rumos, alguns pagarão esta conta, mas o mundo sobreviverá e aprenderá mais uma vez com a experiência vivida.

A "invisible hand" do mercado protege algumas situações e seus atores, mas é cruel com determinados erros praticados por certos protagonistas econômicos.

Sempre é bom lembrar: A ciclotímia na economia é real, quando o mercado sobe muito haverá um ponto de inflexão para corrigir a tendência e também, os altos ganhos fora do padrão são proporcionais aos riscos assumidos.


Autor: Murilo Prado Badaró


Artigos Relacionados


Circuit Breaker

Mais Um Passo Na Crise Americana!

Sobre A Crise

O Salmo 23 Explicitado

Quem São Os Culpados?

Economia Brasileira

Setor Financeiro X Impacto Socioambiental