Resistência



            A vida, com suas multi-habilidades artísticas, ensaia, sob a orientação de técnicas indecodificáveis, os espetáculos em que atuamos desprovidos de toda consciência. Estreamos no palco da ilusão, com euforia de infante, cujo sonho é compor e interpretar magistralmente no tablado liso da felicidade. Esquetes sem aplausos, concertos sem empolgação...

            Levamos a ferro e fogo, como um castigo, cada lágrima que despenca como materialidade orgânica do sentimento de derrota. Praguejamos tudo, então. Os julgamentos maltratam. Flechas de desprezo desestabilizam a matéria e frustrações deterioram o gozo e a vontade de ser e estar no mundo, para roubar e espalhar experiências.

            Quando acordamos do pesadelo, o que parecia insuperável, não passa de uma página que, depois de vivida, está lá para ser lida. Por isso, não se desespere. Entenda que é preciso aprimorar os sentidos e educar a paciência. Assim como o cérebro, a resistência emocional, se exercitada, permanece, até a morte, em ininterrupta expansão.

            O mais importante é, diante das circunstâncias, jamais perder a doçura. Não vale a pena descer azedo, rolar salgado ou deslizar amargo pela garganta (por natureza áspera) dos que te ferem.

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Autor: Raphael De Morais Trajano


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