Tataira



Eu vô li conta um causo i num mi diga qui é mintira.

Eu andava puro campo, encotrei uma tataira.

Dobrei o cavalo pa traiz, fui busca uns machadêro.

Pensei qui era um Jabotá, fui vê era um Canelêro.

Trabaiemo nesse pau, um ano e catôze dia...

Vinte e cinco machadêro, dum pru zôto num si via.

A queda desse pau foi uma coisa in dismazia...

Discança de cinco légua, num iscapô uma cria.

C'um cavaco desse pau, eu mandei fazê canoa.

Fiz barco de tabuada, navio de vela e proa.

C'um a fôia desse pau, eu mandei fazê fapé.

Tomô dele cinco mir ome, e um ôto tanto de muié.

Eu levêi o mer pa casa e fui cumê cum a famía.

Cumi dele cinco ano, sete mêis e quinze dia.

U mer tava azedano, mandei fazê aguardente...

Sustentei seis mêis de festa, cum oito nação de gente.

A históra tá contada. Acredite se quisé...

Mais num prauzo de deis ano, lá in casa inda tinha mer.

A meu amigo, Poeta, João do Velho, Itapiratins - Tocantins, In memorian.


Autor: Mimi Aires


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